sábado, 17 de fevereiro de 2024

Me interessei pelas japonesas

  

4k hdr japan travel 2024
Walk in Shinjuku(新宿)Tokyo Japan
Relaxing Natural City ambience 04/02/24


        Após tirar teias de aranha, mofo e santinhos de políticos acumulados na caixa de correios, dou as caras novamente. Não vou encher seus olhos com lamúrias e atrocidades, vou directo ao artigo curtinho.

 

         Nos últimos anos tenho me aproximado da trindade USA, Índia e Japão, este que prima por preservar a cultura ocidental como os falsos tolerantes não nos permitem, afinal eles estão no comando das mídias... por enquanto... Nessa aproximação tenho assistido vídeos de passeios por Tóquio e cidades interioranas japonesas, estas que na maioria dos casos beiram o paradisíaco, algumas como se tivessem sido transportadas dos anos 1960 e incorporado as tecnologias de hoje, outras ainda parecem ter sido tiradas de uma obra dos Estúdios Ggibli.


Nos últimos meses as cantoras japonesas têm-me sido sugeridas pelos canais de vídeo com mais freqüência, então decidi ouvir algumas e não me arrependi. A maioria é de obras dos anos 1980 e apesar do ritmo, tem letras com níveis variados de doce, mas em geral bastante adocicadas. Sem delongas, selecionei algumas para sua apreciação. Aproveitem.

Kaoru Akimoto - Cologne 1986


No auge dos anos 1980, Meiko Nakahara cantava "Dance in the memories" em inglês e japonês.

https://youtu.be/p3FsbF_Aito?si=EczNcOz49Ej2whB9


Kaoru Akimoto canta Dress Down em 1986.

https://youtu.be/RoYV25zTldI?si=jpyhmsn7O4WH-W54


Anri — 杏里 Driving My Love - Legendas em português. Puro romance.

https://youtu.be/IsEZqlGnlBw?si=w-xQGQhdD56AvYQ6


Reiko Takahashi – Sunset Road. Tem a letra em inglês na descrição.

https://youtu.be/gATsNrzcr1s?si=YnqH8se85Y2PdXg3


Meiko Nakahara - Futari no Rainy Day 1983

https://youtu.be/hM0OSZwbXKc?si=62J9N1tA_obO49kk


Wink e a década que se recusava a terminar. 1989.

https://youtu.be/nspXcSLwAA8?si=YGLEyuKA028eSdpi


Momoko Kikuchi - Mystical Composer, postado literalmente ontem.

https://youtu.be/1ubGeKtorDY?si=X1sh8wLrlxDnlj51


Nilo com Misty Rain, para não ficar só nos anos 1980.

https://youtu.be/iPFp9PqUrPo?si=9xAI7Rkd4wg61pBG

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXXI

    Fim da viagem. A estação 281 se despede de nossos amigos da forma mais morna e digna possível. Agradecemos aos ghost drivers que nos acompanharam nesta estrada. Tenham um feliz e próspero ciclo novo.


A beleza principesca de Patrícia May aflora (...) Até mesmo chorando seu primeiro luto. É depositada no memorial do herói Jeremy Nelson a urna com as cinzas da diva de bilhões, a musa de gerações, a última representante viva da era de ouro do cinema mundial (...) falecida no conforto de seu lar, cercada pelos pupilos que mudaram sua vida. O mundo se despede em prantos da majestade estrelar Jose de Lane, ficando com Patrícia, agora, a liderança de facto e formal da mais poderosa organização de inteligência do mundo. Hoje, até a meia noite de cada fuso horário, todos os cinemas do planeta estão fechados (...) Mais de dez milhões de fãs inconsoláveis sobrecarregam o município de Washignton. Bart não suporta a dor e em dois dias, antes de a multidão se dispersar, dá um segundo e duro golpe no cinema mundial. Tobby deixa o comando do Boa Noite Mundo com Julia e Ingrid, até estar novamente em condições.

Desnecessário dizer o quanto Patrícia fica deprimida e reclusa, e que Elias não fica melhor. Dura uma semana (...) tem responsabilidades demais para ter o luxo de um luto duradouro, e a organização não é a maior delas. Precisa de seus fãs e eles de si. No primeiro show pós luto, ela ressurge em toda a sua glória e esplendor, mostrando por que Josephine a tinha como sua sucessora também no estrelato. A Dead Train dá a Minneápolis uma amostra da juventude que os anos não tolheram (...) Voam de volta a Sunshadow estranhando não passar em Los Angeles. No palacete, deixado de herança para Patrícia, só estão os empregados e dois sobrinhos da diva. Josephine está aprendendo com Naomi o serviço de proteção à sua sucessora, enquanto ela e seus comparsas descem em Sunshadow para uma pausa na turnê; a primeira em mais de uma década.

Mal pisa no chão e lhe contam de três chefes de Estado que cometeram suicídio, após lerem o último livro de “The Spy Novel”, e descobrirem que seus inimigos também leram e souberam ligar os pontos que Elizabeth e Prudence entregaram sem querer...

- Meu Deus, três problemas a menos para mim! Vamos comemorar!

Finalmente uma festa, e Patrícia May sai de sua primeira crise depressiva. A menina puxa Zsa-Zsa, que abre o braço e sai arrastando os outros para a pista de dança. Quando os seis começam a tocar Bla-bla-band, descobrem que os meninos têm uma coreografia pronta, debochada como a canção (...) Os adultos não se agüentam, pegam os pequenos, os carregam pela sala e pulam com eles na piscina. E as roupas molhadas mostram que a idade chegou, sim, mas (...) não fez estragos. Os hábitos salutares da juventude funcionam, hoje, como uma confortável aposentadoria, apesar dos dissabores que os seis enfrentaram durante a vida.

Com os anos a receita dos seis amigos de Sunshadow só se consolida, vindo de Aretha o estopim para manchetes sensacionalistas, ela dá o primeiro trisneto para Patríca e Renata. Com a criança vem o último livro de The Spy Novel, que acabou durando vinte e quatro tomos, a pedidos encarecidos dos leitores (...) Três infartos e dois suicídios como saldo. Aproveitando os últimos acontecimentos, ela chama a cúpula da organização para uma reunião na biblioteca, com comunicação por emaranhamento holográfico. Patrícia põe a mão na vertical, diante do rosto e Princess inicia a pauta da organização...

- Hell Heaven, repita aos seus comparsas o relatório que me apresentou nesta manhã.

- Meus amigos, a roda maldita está nas suas últimas voltas...

A surpresa é generalizada, mas todos ouvem com sobriedade. Os últimos disseminadores de ideais deturpados estão isolados, é questão de tempo para que morram ou se matem. É animador, mas ainda há um ponto a relevar, e Brain se adianta...

- A Rússia ainda não está recuperada. Tenho idéias do que fazer, mas a decisão é sua.

- Eu sei...

- Irmã, tô velha, mas ainda faço estragos. Pode falar o que a gente precisa fazer...

Ela ri. Finalmente um momento de descontração...

- Não, Barbarian, desta vez não precisa quebrar ninguém. Eu prometi a Vladimir que cuidaria da Rússia, e vou cuidar. Precisamos fazer uma campanha subliminar em todo o continente russo e entre seus simpatizantes em outros países, algo como “Uma Rússia forte em um mundo forte”, para eles deixarem a culpa de lado e assumirem a responsabilidade pela sua parcela de contribuição. O trabalho deve durar de dez a quinze anos, com mais cinco para consolidação, então devo entregar à minha sucessora a responsabilidade de me passar relatórios regulares de seus progressos. Angel, você e Knockout vão governar de facto a Rússia até o trabalho terminar...

É minuciosa, as duas ouvem com atenção e combinam de planejar tudo assim que voltarem do próximo show. E que show! São seis anciães dando banho nas bandas jovens (...) empolgando os trisnetos e tataranetos de seus primeiros fãs (...) sem a trapaça de hologramas sonorizados para enganar o público. As pausas e os improvisos provam que os ghost drivers ouvem o que acontece no palco.

Voltam ao hotel flutuante de Palm Beach para descansar e terem seu sono sagrado, amanhã voltam a Sunshadow no 747 Enterprize que só eles têm (...) porque eles compraram a Boeing, à vista. Voltam de manhã bem cedo, após o treinamento diário, para o centro tecnológico mundial, sua amada e mítica Sunshadow. Lá eles têm uma folga, depois voltam ao trabalho duro e se dedicam aos preparativos para a comemoração que não esperavam estar vivos para ver, mas Renata reitera que participarão dele (...) discutem com a nova formação os festejos para o centenário da Dead Train (...) tratam do ponto mais delicado, revelar Phoebe, Sandra, Carly, Giovanni, Dean e Jerry como seus sucessores; que já encontraram e estão trabalhando seus próprios sucessores...

- Meus queridos, nosso tempo está chegando, não dá mais para adiar. Os fãs já se acostumaram com as intervenções de vocês, suas composições, suas declarações oficiais e sua presença constante nas enrevistas fechadas. Precisamos decidir como e quando será isso, mas terá que ser logo...

Enquanto falam, os seis se lembram de sua história conjunta (...) Enquanto seus sucessores conversam, eles se entreolham, notam que estavam pensando mais ou menos na mesma coisa e desatam a rir. Ah, valeu cada segundo! Como valeu!

&

- Angel, revise e confirme a informação... Window, repasse e cruze tudo... Chocolate, está tudo pronto?

- Pronto, Princess, notificação confirmada.

- Meu Deus... Eu estou viva pra ver isto... Queria tanto que Jose estivesse aqui!

Entre lágrimas, mas se controlando (...) Princess anuncia oficialmente que a roda maldita está extinta. Reitera o aviso a todos os colaboradores na Terra, na Lua e nas estações espaciais; a ameaça que pairava desde a idade antiga, está definitivamente extinta. Podem começar a reconstruir o mundo, ele está irrevogavelmente salvo (...) Mais de um século e meio de trabalho árduo e arriscado, mas a organização conseguiu limpar a humanidade, e o mal que ela carrega diminuirá com o tempo, consumido por si mesmo.

Avisam ao presidente, ele pode finalmente se ocupar só com os assuntos americanos, e iniciar a unificação do continente. Outra conseqüência é que podem começar a vazar pistas sobre a existência da organização (...) Caberá à CIA mentir de forma pouco convincente, para de início fazer acreditar que se trata de uma divisão de elite da agência (...) Quanto às suas famílias, os adultos já podem saber de muita coisa. Primeiro são os comparsas de banda, os fundadores e a nova formação. As quatro explicam de forma didática e resumida quem são, o que fazem e o que tem acontecido nestes anos todos (...) Renata é a menos ignorante a respeito, mesmo assim arregala os olhos como se visse um alien brotando de um mamão que deveria ser sua sobremesa. O que podem contar em mais detalhes é das missões próximas, como o trabalho que fizeram contra o fundamentalismo dogmático no interior de Michigan.

Ao final, diante de oito bocas abertas, as agentes se sentem leves, como com uma tonelada a menos nos ombros...

- Quer dizer, tudo isso na nossa frente e a gente não viu – indaga Enzo?

- Bem debaixo do seu nariz afilado, meu querido. O perigo esteve literalmente ao nosso lado, rente, muitas e muitas vezes. Não atacou porque estávamos com vocês. Agora a gente precisa conversar sobre como contaremos às nossas famílias, mas só aos adultos.

É dada uma recomendação especial para Enzo contar a Silvia sobre os perigos que ameaçavam Karen há até dez anos (...) Pois contam primeiro para ela, então a própria ajuda a contar para a mãe, que quase infarta. Silvia se agarra ao rebento, se esquecendo de sua idade e ela não sai da casa dos pais até anoitecer, quando Alice vai buscá-la.

As reações não são muito melhores nas outras casas (...) praticamente toda Sunshadow conhece a extensão do poder e da influência de Patrícia, compreendendo a freqüência de suas crises depressivas. Como sempre, fica entre os concidadãos o que ainda não foi levado a público. A CIA recebe sinal verde e comunica aos demais serviços secretos que a revelação já pode começar (...) que algumas de sus operações terão que perder o status de secreto (...) algo que teriam que fazer cedo ou tarde, só estão antecipando o inevitável.

Em Sunshadow, uma Patrícia ainda alerta, mas muito mais leve vê seus planos para os próximos anos, o que inclui a integração de todos eles nas comemorações do centenário da Dead Train. E é isso que a imprensa começa a evidenciar, a (...) possibilidade de Phoebe, Sandra, Carly, Giovanni, Dean e Jerry darem sobrevida à banda, quando seus fundadores faltarem. Pois os seis se adiantam e publicam em seus perfis que sim, causando um tsunami no jet set, que dura até o show em Las Vegas, onde a coletiva pega fogo. Voltam ao hotel com aquela turba ainda fazendo perguntas, mas agora é com Klauss que eles se entendem. O velho Tamasauskas (...) deixou o comando nas mãos de Naomi. A jovem viúva e agente mantém seus gêmeos sempre por perto (...) O casal de maluquinhos reforça com a mãe o que aprende na escola.

E por falar em maluquinhos, Glenda chega com seu ônibus, com suas dezesseis assombrações à bordo, para uma visita à médium absoluta. A vida na cidade é um pouco bagunçada por fenômenos que as acompanham (...) Eles lotam a praça do trem morto, com ou sem fenômenos, às vezes procurando algo que os bilhões de turistas anteriores tenham ignorado (...) Sunshadow progride sob o comando de Willbur River Jackson, mantendo a receita de Daniel Stewart. Os salvadores da cidade estão na Máquina de Costura, acertando os detalhes dos próximos shows e chutando traseiros, com a casa cheia de netos e bisnetos.

Os anos foram generosos com eles, e o são também os próximos, quando do 115º aniversário da verdadeira mandatária de Sunshadow. A festa se alastra pelo globo terrestre, com a contagem regressiva para o show comemorativo dos cem anos da Dead Train. Todos sabem que os fundadores não participarão do show de duzentos anos da banda, nem eles querem (...) Seus corpos, embora correspondam ao que precisem, começam a dar sinais de cansaço que, bem, se esperava que dessem há sessenta anos. São seis anciães esbanjando charme e carisma, dando o espetáculo com o padrão de qualidade que se tornou referência para todos os profissionais de entretenimento...

- Wow! Um século! Cara, é sério que vocês agüentam a gente há um século? Eu não tenho palavras para agradecer sua companhia nesta jornada tão longa! Não sei quanto tempo ainda temos pela frente, mas vocês tenham certeza de que todo ele será dedicado a fazer essa paciência toda valer à pena. Muito obrigada.

O encerramento do show é sísmico, regado a um pouco de lágrimas de um público que sabe que o que ela disse é verdade (...) E os seis amigos de Sunshadow ainda tocam a festa pelo mundo por mais seis anos (...) primeiro Renata, a quem compete acompanhar os amigos, depois Enzo, então Rebeca, Ronald, Robert e finalmente Patrícia para garantir que ninguém fique pelo caminho.

&

A capital do mundo unificado está repleta de turistas. Todo o conselho mundial está lá, para as comemorações do patrimônio da humanidade em seu terceiro século de actividade (...) Alma, Lana, Benita, Hugo, Ferdnand e Marcelo. Os continuadores da legentária Dead Train iniciam o show a meio quilômetro da praça do trem morto, onde estão as cinzas de seus antecessores (...) Transmitido para as missões da Lua e de Marte, os seis garotos de Sunshadow fazem o sistema solar tremer, começando pelo clássico “Dead Train”.

Patrícia dá mais uma olhada lá em baixo, então volta feliz e serelepe para os amigos de jornada (...) vão cantar para setenta bilhões de espíritos ávidos por suas músicas revigorantes. Rita novamente se adianta e anuncia...

- Atenção, senhores passageiros! Subam à bordo do trem da vida eterna, porque vai começar mais uma viagem no DEAD TRAIN!

FIM

Dead Train in the rain CCLXXX

    Rèquien. A estação 280 mostra como é quase impossível não absorver parte ou o todo da personalidade de com quem se convive, é uma troca automática. Todos à bordo, o trem vai partir.


O prédio do museu do modelo fica pronto, construído por uma prototipadora gigante, cuja estrutura foi incorporada ao imóvel. Summerfielders observam, alguns para vigiar em nome do ressentimento que ainda sobrevive, outros na esperança que de (...) empregos estáveis; resultará em muitos. Elias está viajando a negócios para o Japão, pelo que deu carona a Sakura e Kenji em seu Boeing, hoje com um urso estilizado em coloridos pontos cruz na pintura. Então a vistoria fica a cargo da esposa e da banda, aumentando o público nos limites da propriedade. Tudo foi feito com fidelidade ao conceito de Kurt (...) Cobogós de inspiração orgânica dão o toque brasileiro nas sacadas e em várias paredes internas. Tudo aprovado, podem iniciar a fase de acabamento (...) Alguns shows separam o término da estrutura física e a inauguração do museu. Enya se esforçou para levar modelos que já tinham sido completamente esquecidas pela mídia, que hoje se pergunta quem são, sem se dar ao trabalho de digitar alguns nomes no motor de busca.

A alegria é seguida de um luto, um mês após. Norma está com Robert. Foi rápido, ela tomou um pouco de chá, deixou Hope brincando com Robert Richard, sentou-se na cadeira de balanço e meia hora depois o monitor de pulso chamou socorro médico; ela já tinha ido embora. Rebeca e Robert sabiam que isso aconteceria a qualquer momento (...) São poupados enquanto o luto passa, nos negócios e na organização, onde Sandra assume suas funções (...) Os cuidados recebidos e o tempo se encarregam dos curativos, voam para um show em New York com a banda completa, levando Airtrain e  Airwagon. Vão para Boston, depois Orlando e voltam para Sunshadow, para uma pausa na agenda musical do ano.

Um dia desses, Patrícia May dá um susto, entra no Peel P50 (...) liga e dispara pela cidade. São apenas dez minutos de aventura, interrompida por Phoebe, que volta com o carrinho debaixo do braço...

- Woho! Meu carro tá voando!

- Vai, faça festa, mas saiba que vai ter bronca.

- Mas eu não fiz nada!

- Não fez? Pegou sorrateiramente o carro da Aisha, saiu disparada na contramão, interrompeu o trânsito, deixou sua irmã desesperada... Mocinha, você está encrencada!

- Me explique isso, mocinha!

Vai ter castigo. Nancy a coloca no quarto para aprender a valorizar a liberdade, mas a malandrinha faz de conta que a cama é o ônibus da banda e faz misérias imaginárias ao volante...

- Debby, você está vendo isso?

- Vamos ter que arranjar algo para ela fazer, porque ficar sozinha... Ela sabe que é uma princesa?

- Eu sou?

Tratam de manter a petiz ocupada, para isso convocam toda a família, inclusive a irmã clone, com quem consegue controlar melhor sua sede de independência (...) as semelhanças ficam mais marcantes, a menina passa a imitar os gestos de sua doadora.

Na reunião com os comparsas, apesar do susto, as gargalhadas tomam o ambiente (...) a menina cresce, com ela as semelhanças com a irmã e sua facilidade em conseguir a cooperação dos amigos. Com eles ela vê a estréia da franquia “The Titanian Dragons”, à presença do autor e sua adorável consorte, já multimilionários. Ainda se lembra do triste início de vida, mas para isso tem acompanhamento profissional  competente. Como de costume, ninguém sai depois dos créditos, as cenas extras vão dar pistas do que vai acontecer depois (...) Ao que parece, Star Hunter ficou no passado.

A manhã seguinte é de treino pesado, como sempre, com Patrícia May aprendendo a se defender, porque vai precisar. Alguns pastores resolveram reiniciar a perseguição, agora contra a menina, enquanto os ufólogos defendem a todo custo a continuadora da nova era para a humanidade. Volta a dormir lá mesmo, até a hora de ir para a escola. Patrícia está amando isso...

- Eu sei, eu disse que não queria, que seria um fardo muito pesado, mas eu estou amando cuidar dela. Eu vejo todos os meus defeitos nela e cuido de me corrigir, para que não se espelhe neles.

- Minha mãe ainda pergunta se não pode considerá-la uma neta.

- Sem chance! Pammy não é minha filha! Mas desde quando ela precisa de motivo pra cuidar e mimar uma criança?

- Segura a onda aí, Greg, sua mãe já tem três netos e três bisnetos, se ela quiser que clone a Claire – diz Rebeca.

O trabalho conjunto se desenrola com leveza e risos (...) O primeiro filme produzido pela Culture Train conseguiu lançar heróis made in Brazil no mercado mundial, e está sondando outros em segredo; Capitão São Paulo, de Eric Lovric, é um deles.

&

Sandra chama o pai para uma conversa na biblioteca de Patrícia (...) Lá encontra a madrinha, Arthur, Rebeca, Phoebe, os Richards, Krumb, Tobby, Bart, Nelson e Josephine, acompanhados de um rapaz chinês...

- Precisamos de sua ajuda, meu querido. Este rapaz foi fuzilado pelo regime, está morto e agora precisa começar vida nova. Não conseguimos imaginar ninguém melhor do que você para ajuda-lo a recomeçar a vida com a família.

- Mas minha família está morta, eu vi a execução!

- Assim como você, ela está morta – corrige o velho Gardner.

O rapaz de Wuhan chora. Lhe explicam, atiçando a curiosidade de Elias, que seus parentes estavam desacordados, de pé com a ajuda de esqueletos metálicos (...) Teria sido o preço por tentar revelar a corrupção de um membro do partido, que o acusou preventivamente e sem provas de ser subversivo e inimigo dos ideais da revolução, não fossem colaboradores infiltrados na burocracia...

- E ainda há imbecis que idolatram esses canalhas – se lamenta Elias. Vocês querem que eu o ajude a se adaptar à vida ocidental e crie uma identidade nova, certo?

- Sim, meu querido. Ele já passou por plásticas com implantes para ficar totalmente diferente.

- Qual o seu nome?

- Wang Hu, senhor.

- Errado. Você é nova-iorquino, neto de chineses, filho de descendentes e seu nome é Jean Liu. O que você fazia em Wuhan?

- Eu fabricava cópias piratas de smartphones caros.

- Não. No Bronx você aprendeu a reconstruir carros personalizados a partir de sucatas sem valor, veio porque eu te contractei para montar e personalizar os kit cars que vendemos. Richard, ele vai precisar passar por um treinamento intensivo na fábrica. Lembre-se, eu o recomendei. Agora vou chamar o pessoal de New York para dar veracidade a tudo isso... Montgomery, quero você e sua turma de desastrados aqui ainda hoje! A CIA sabe disso?

- Não – diz Sandra, orgulhosa. Nem precisa.

- Graças a Deus...

Mais choro do ex-chinês e festa na biblioteca, menos do brasileiro, que observa e estuda com rigor o morto que vai vomeçar vida nova (...) corrigindo os cacoetes e investindo em um sotaque novo (...) Pai e filha saem juntos, enquanto o rapaz é levado para aprender a construir automóveis.

Os sete colaboradores chegam à tarde e, como ele tinha dito, são sete cavaleiros do apocalipse. Mestres no trabalho que executam, trabalham rindo e debochando, mas fora dele tropeçam nos próprios pés (...) Aisha avisa de uma ameaça que alguns figurões orientais fizeram, para que ele pare de ajudar fornecedores rebeldes...

- Eu subestimo o poder deles? Com quem esse boçal lambe-botas de tiranos pensa que está falando? Taiji, é Elias! Pare de oferecer ajuda a Dong-wan, compre de uma vez a fábrica pelo preço que ele pedir. Agora não é mais um fornecedor rebelde, é um fabricante com exclusividade para a corporação.

É festa na Máquina de Costura. Renata repete “Ele é mais parecido com você do que comigo” e Patrícia fica mais feliz. As ameaças se sucedem, mas eles sabem que se colocarem um pé que seja no continente americano, entrarão em uma guerra que dizimará rapidamente suas reservas, e os tibetanos esperam justo algo assim para se rebelarem. O sujeito é obrigado a pedir desculpas e, por ordens de Elias, a pedir perdão a Aisha (...) Sanaa estava pronta para tirar pessoalmente satisfações (...) Elias tem se tornado mais poderoso e solicitado, suas infuências e relações (cautelosas) com chefes de Estado e monarcas já são quase impossíveis de manter em sigilo.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXIX

    Autovitória. A estação 279 sinaliza o fim de alguns traumas e complexos que sucumbem após décadas de agressão íntima. Embarquem, o trem vai partir.


No dia seguinte o casal está na Culture Train, lendo com cuidado o contracto bilíngue (...) sem letras miúdas, para a alegria dos dois míopes. Tudo certo, eles assinam e têm em sua conta conjunta o primeiro milhão e meio de dólares prometido. Como se sentem? Sentem-se ricos, principalmente porque esse milhão e meio é só o primeiro (...) É tudo tão absurdamente grandioso (...) que se sentem amamentados por uma baleia azul. Fazem turismo pela fazenda, com centenas de photos, se estupefando pelos museus, mas é no cantinho sagrado de Glenda que a bruxa para, para ela é como se tivesse passado sem receber por um portal dimensional. Ela se sente em casa, sendo estudada pela outra Eddie. Quando a brasileira pensa que não terá mais surpresas, na volta à cidade é visitada por Lidia...

- O prazer é meu. Preciso falar com você sobre sua responsabilidade para com o seu país.

- Eu tenho?

- Sente-se. Você percebeu que esteve na presença de várias crianças índigo e cristal?

Ah, a nossa boa Lidia! A Lidia que todos conhecem tão bem! Capaz de iniciar uma conversa com uma reprimenda sem a menor hesitação (...) mas não além do limite, a apache sabe até onde deve ir. A carioca sai da conversa com as idéias bem mais claras e organizadas (...) A semana de estadia vai ser mais proveitosa do que os dois imaginavam! Renato conhece o resto da turma dos Rodrigues da cidade, visitando os responsáveis pelo abrasileiramento de muitos hábidos sunshadowers, que lhe inspiram com sua história desde o convite para trabalhar em Michigan, até o dia em qua pediram moratória para continuar na terra e ajudar a bisneta cristal. Ela acompanha a parceira de música e vida dupla, em uma visita ao escritório de Elias (...) O encontram com um rascunho e um pequeno aparato, que parece ser um solenoide de vários estágios, muito longo, com vários estatores e um cilindro de neodímio.

Ele testa uma última vez, o pequeno ímã vai como uma bala para o alvo de massa amortecedora, olha para Phoebe, pensa um pouco...

- Isto seria possível no espaço?

- Será. Com décadas de pesquisas e investimentos pesados, será.

As duas se sentam à mesa e se põe a ouví-lo (...) Embora saibam ambas que a engenharia seria extremamente complexa, o conceito que ele expõe é simples; anéis magnéticos gigantes acelerariam a nave, atraindo e depois repelindo para o próximo anel, até ela atingir a velocidade desejada. A posição de cada estação aceleradora seria corrigida por foguetes de energia atômica ou equivalente. O arranjo permitiria que a nave fosse bem mais leve e barata (...) e os anéis, em órbitas ao redor do sol, seriam aproveitados enquanto durassem, o que uma boa engenharia poderia fazer com que chegasse a milhares de viagens.

Em mensagens cifradas, ainda do escritório, as duas conversam com Richard a respeito, mostrando o modelo que ele fez com sobras de perdas e peças de reposição. O velho Gardner, observa, raciocina e sentencia com “Vamos planejar um lançamento de foguetes com propulsão híbrida, para testar a idéia”. Liga para Nelson e Krumb, vai tratar directo com os donos dos porcos. O mínimo que os colaboradores dentro da NASA dizem é “Vale à pena tentar” (...) Eddie e Renato vêem a lenda se tornar realidade, Patrícia reúne um grupo de sua mais estrita confiança e, como diz Luppy, vai salvar o mundo. Star ouve com atenção, o conceito é tão simples que ela compreende sem maiores explicações, que só são necessárias quando entram nos detalhes de engenharia que permeiam o resultado de um momento de profunda introspecção. A redução de custos operacionais é o fator mais atraente para o governo, por isso planejam um modo de os amigos da CIA visitarem Elias e descobrirem tudo (...) é a única forma segura. Tudo decidido, todos se põe a fazer o que lhes cabe.

&

Na confortável cama de casal do quarto de hóspedes, Eddie aproveita que Renato ainda não dormiu, por estar muito ocupado com a enxurrada de comentários e compartilhamentos nas redes sociais, e planos para a nova vida de rico...

- Fiquei preocupada com a Nancy...

- Por causa das filhas clones mortas?

- Sim, por isso. Ela tenta disfarçar pra não preocupar os outros, mas a aura dela tá carregada de dor e mágoa! Eu falei com a Glee...

- “Glee”? Já estão íntimas assim?

- Ei, me escuta! Falei com ela, parece que a Nancy não quer interferências... Ela acha que precisa suportar tudo sozinha. Só que eu não sou da família! E como sou muito abelhuda, vou fazer algo a respeito. Não me perturbe, meu corpo vai dormir, mas eu não!

Na manhã seguinte ela explica que precisou colocar fios terra astrais no casal, para descarregarem o excesso de frustração e raiva, que foi muito complicado penetrar naquelas carapaças dendurecidas pela perversidade de que foram vítimas ainda jovens demais, mas doravante os dois conseguirão lidar melhor com suas muitas perdas estúpidas.

Trabalho terminado também para Renata, que dá por encerrado o drama de Marina por Enzo. As duas saem para o início do dia com sorrisos de triunfo, Marina sobre si mesma (...) a mulher apaixonada deu lugar à fã ardorosa, o que Victoria sempre foi. Encontra Sanaa puxando Lana, que não larga sua boneca de cara sem forminha. Entram ambas para a alegria da avó estressada, com as boas notícias. Tudo para aliviar a carga que a amiga carrega, especialmente após uma jornada dura salvando o mundo... de si mesmo. Os outros netos e as bisnetas chegam aos poucos, enchendo a casa de alegria e alisando aquele cenho cansado. Eddie e Renato, durante as conversas com Aubrey e Marcel, tomam conhecimento desse peso de responsabilidades (...) Eddie pensa em investigar e recebe uma ligação de Glenda...

- Nem tente. Ela é muito mais poderosa do que você pode imaginar. Se tentar investigar neste plano, ela descobre antes que dê o segundo passo; se tentar nos outros, a avó dela descobre antes que dê o primeiro. Espere para ganhar a confiança dela, o que você fez por tia Nancy e tio Ritchie, já conta a favor.

Regras colocadas de forma clara e inequívoca, ela volta aos planos originais para aproveitar a estadia (...) Voltam ricos para o Rio de Janeiro (...) receberam um know how precioso para a nova fase de sua editora. Decidem manter alguns segredos e demorar algum tempo para se mudarem para uma casa grande com quintal e jardins, que seus cães vão cavar sem piedade. Quanto menos gente souber o que têm agora, melhor.

Marcel trabalha com a Culture Train para traduzir e lançar o quanto antes o primeiro livro da saga, enquanto uma equipe de roteiristas o transpõe para a linguagem de cinema. Claro que algumas expressões e piadas terão que ser adaptadas ou mesmo trocadas por equivalenetes (...) Relatórios regulares são mandados para os mecenas, que comentando com a família, acabam inspirando os outros artistas do clã, como Elizabeth, Prudence, Aisha e Sabaya...

- Nós quatro! Um livro de intervalo a oito mãos, o que me dizem?

Topam. Cada uma vai escrever cinqüenta páginas com seu ponto de vista sobre o que for acertado, depois as quatro se unem, estudam os textos e juntam tudo numa salada só (...) Se algo der errado, Aisha é a espiã de verdade entre elas.

terça-feira, 18 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXVIII

    O herói e o dragão. A estação 278 marca a virada de página para muita gente, quase todas para melhor. Embarquem, o trem vai partir.


“Eles não estão velhos demais para os shows?” estampa uma capa de revista, e a página inicial de seu website. “Você não é burro demais para escrever uma coluna de um periódico tão influente?” é a resposta, que poderia ter saído de Nancy, de Rebeca, Sandra, até de Giovanni, mas foi de Marcel, que está concluindo seu (...) último filme na franquia Star Hunter, após quase quinze anos dando vida ao herói criado em 1948. No momento ele está lendo os livros que emprestou de Renata, do brasileiro clonado de Matthew por emaranhamento tardio. Já conversa com alguns colegas, directores e productores, todos já avisados de que ele bancará sozinho as filmagens de “The Titanians Dragons; The Argos Battle”, se não houver adesão do estúdio. Quer aproveitar sua maturidade e fazer o velho campeão de coliseu Sylvester, os outros papéis estão todos em aberto, mas com vários artistas em vista, alguns inclinados a aceitar fazer parte do manicômio, digo, da legião dos Dragões de Titânia. Em primeiro lugar liga para Matthew, para ele ajudar na conversa com Renato Rodrigues e acertar as licenças, está disposto a dar um modesto, mas efetivo sinal de um milhão e meio de dólares. Matthew o chama para conversarem...

- Eu aconselho, sinceramente, a primeiro traduzir e lançar esses livros aqui, mesmo que as filmagens já estejam em andamento. Saca, um vai ser marketing para o outro.

- Será um bom negócio! Vamos falar com a Glee, eu argumento que a tradução já está em andamento, ofereço um adiantamento de cavalheiro e ele não terá como recusar.

No Rio de Janeiro, chegando vivo em casa, no quinto andar de um velho edifício na Tijuca, após escapar de sete balas perdidas, o autor nem imagina o que se passa em Sunshadow. Ele voltou dos correios, de onde mandou mais dois livros para um leitor que comprou pelo site. Contabiliza as moedas que sobraram da epopeia e desaba no sofá, ao lado da esposa e dos sete cachorros, um deles mastigando o cartão de crédito. Ah, não pretendiam e nem podiam comprar mais nada neste mês, que não chegou à metade. Se conformam e se namoram, até o smartphone dele apitar...

- Renato não está neste momento, deixe seu recado após o sinal: Peeeeee! Agora... Que porra, não pode ser cobrança! Não antes de dez dias de atraso... EDDIE!

Cem mil reais surgem repentinamente em sua, até então, anêmica conta bancária. Em seguida uma mensagem de texto (...) dizendo “Isto foi um sinal de boa vontade. Podemos falar de negócios?” e ele quase desmaia. O casal segue as instruções, já com uma lista de coisas a fazer com o dinheiro (...) e vai ao computador, conversar olho no olho com lendário Matthew Tamasauskas e o eterno Star Hunter, Marcel Flag. As proporções são muito díspares! Matthew nunca foi e nunca quis ser um homenzarrão, Marcel tem quase dois metros bem marombados.

Não há muito o que falar! Começam agora a trabalhar, em uma semana embarcam e toda a parte legal será tratada. À tarde mandam rodar os livros e gastam o resto com bobagens. Em Sunshadow uma máquina midiática de cujo tamanho eles nem saberiam mensurar, começa a se mover para lançar os livros e começar o projecto do primeiro filme da saga. Aubrey gosta da iniciativa do amado, se dispõe a ajudar nos custos da filmagem (...) Renata também soube, por Matthew, da ousadia do actor, conversou com os comparsas e Patrícia mandou a irmã dar o recado...

- Você não vai ter que esperar pela resposta do estúdio, o primeiro filme é presente de casamento da nossa família e da banda pra vocês.

Ele pensa em ligar para o estúdio e dispensar a verba, mas fará melhor, fará uma surpresa. Enquanto isso, no trabalho conjunto, Patrícia chama a atenção de Phoebe para um caso...

- Abu está me contando aqui sobre um certo Abdullah Karayilan Khan...

- Me lembro dele, era o motorista de um dos caminhões.

- Ele agora é dono da transportadora.

Um minuto de silêncio, alguns segundos de intervalo e ninguém mais segura os risos, Inclusive dois particularmente sonoros, à porta da copa, Marcela e Yasmin (...) Melinda manda uma mensagem, avisando que estão novamente insistindo pela divulgação do patrimônio de cada integrante da banda (...) Os seis têm muito mais do que as estimativas das revistas de economia especulam, especialmente Patrícia (...) passou de um trilhão...

- Mande eles empilharem moedinhas numa base só, até juntarem o que acham que temos.

A chatice da imprensa acabou por alegrar o ambiente, claro que involuntariamente. Voltam ao trabalho enquanto o casal arruma as malas (...) e esfrega sua felicidade nas caras dos que se recusaram a publicar aqueles livros. Assim que conseguem os vistos, recebem em casa as passagens da primeira classe. No dia, pagam extra para levar uma caixa cheia de livros, não podem perder essa oportunidade ímpar de divulgar suas outras obras e as de amigos. Os leitores e fãs dos dois vão à despedida, no Galeão (...) Marcel é avisado e logo repassa para Patrícia, como ela pediu.

O vôo é tranqüilo, usam o wifi do avião para mandar notícias e imagens durante a viagem, mostram a curvatura da terra pelo horizonte atlântico, vêem um arco-íris formar um anel multicolorido lá em baixo (...) A moça gruda na janela, arregala os olhos e...

- Renato! Tem um dragão gigante lá em baixo! E ele tá olhando pra mim!

Ele estica o pescoço, mas por ser um trouxa, não vê nada além da cidade. Ela explica que ele é maior do que a área externa do Maracanã, com as asas abertas, e ele acena...

- Agora eu sei como o nomorado da Hermione se sente!

Ela conversa brevemente com o dragão, que quer falar seriamente consigo impreterivelmente hoje (...) Renata e Matthew com Aubrey e Marcel os esperam, chamando atenção da imprensa, da imprensália, dos arremedos de fofoqueiros e dos fãs.

Assim que o casal aparece na entrada do salão 2, alguém grita “O velho Tamasauskas tem um filho secreto!” (...) Mais uma bronca para Matthew, mas um marketing valioso para os visitantes (...) os dois são tirados do alcance da imprensa, são hóspedes de Aubrey e Marcel. Naomi e Glenda estão lá, terminando de colocar os acepipes de recepção na mesa. De cara as duas bruxas se reconhecem e fazem a algazarra de cumprimentos, falando de coisas que só elas vêem, e algumas que mais gente vê...

- Ele é meu dragão. Quer conhecê-lo?

- Ué! Eu quero!

Mas só após as apresentações e as preliminares dos negócios. Não é nada de complicado (...) verão amanhã os detalhes, quando então assinarão os contractos e um belo milhão e meio de dólares vai para o casal, como sinal oficial do negócio (...) Renata e Matthew acompanham a filha a puxar a bruxa para falar com seu dragão, atravessando o mar de xeretas sem noção. Enquanto se aproximam, Amhrán na Farraige se levanta e saúda a visitante com um “Bem-vinda de volta, minha filha” que Renata também ouve.

Aquele dragão do tamanho de um condomínio de luxo, trata a visitante com um carinho paternal, enquanto lhe passa os segredos de que ela necessita para a próxima fase de sua vida, o que inclui ser bilionária. Lhe ensina muitos feitiços avançadíssimos, ainda não publicados na Terra, e promete conversar com seu dragão, para dar-lhe a inspiração de que necessita. Renato, sem entender nada, pergunta se perdeu alguma coisa...

- O mesmo que eu – responde Matthew. Sempre saio boiando dessas conversas.

- De vez em quando eu tenho que perguntar “Eddie, eu já posso comer”?

Voltam à rua, mas sofrem um desvio, Renata os guia até a Máquina de Costura (...) Fester e Henry são os focos de imprensa no meio daqueles paparazzi sem noção, e os únicos que poderão entrar na casa.

E lá estão eles, com Renata completando, o legendário e prestigiado sexteto, os paradigmas da pop music, a maior banda da história em carne e osso, os vovôs que constrangem netinhos. A tietagem é bem recebida e eles transmitem do jardim, mais tarde, o programa para seu canal de vídeos...

- Boa tarde, fãs do Alcteia, este é o seu “Chá das Cinco”, directo de Sunshadow!

- Aha! Uhu! Estamos em Sunshadow!

- E adivinha que jardim é esse, Ricky Nobre?

- Ai, meu Deus, não pode ser!

Eles contam o que aconteceu desde que desembarcaram (...) Patrícia e Rebeca precisam se afastar, receberam um chamado da organização...

- O caso é grave, mas ainda está sob sigilo; tentaram matar Putin.

- Pormenorize.

É altamente complexo, o agressor foi morto, mas localizaram nove ramificações em países vizinhos, inclusive na China. Até onde sabem, o partido comunista chinês não tem participação nenhuma (...) Chamam Star, ela chama Dead Hope e as quatro deliberam o que deverá ser feito. Os amigos dentro da CIA são avisados e recebem uma gravação falsa (...) assim poderão avisar seus superiores sem levantar suspeitas, mantendo o sigilo necessário. Por agora é tudo o que pode ser feito (...) Para o cidadão comum, aquilo jamais aconteceu.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXVII

    Ciclos. A estação 277 acelera um pouco e encerra desfechos que já eram esperados, mas não sem a leveza dos risos. Embarquem, o trem vai partir.

Naburo é encaminhado para conversar com Elias (...) Eles não se conheciam, o maestro pretendia que houvesse o encontro... mas não desse jeito, com aquele pequeno touro o encarando por cima dos óculos, de cenho franzido, como se fosse avançar a qualquer momento. Mas não é o que acontece...
- Por favor, não a magoe. Ela ainda está muito traumatizada e tem dois filhos pequenos, que ainda dependem totalmente da mãe. Ela aceitou?
- Quase... ela pareceu interessada, mas ainda precisa de um tempo para pensar...
- Esteja em minha casa hoje, para o jantar. Ela estará conosco.
Ele sai altivo até a casa de Sakura, lá suspira e desaba. Pensou que fosse apanhar. Mas está tudo bem, sua longa solteirice já tem um réquiem em andamento. A pretendida está terminando os assuntos da BYOP Brasil, de onde recebe notícias escabrosas, que deixariam qualquer um de cabelos em pé (...) Os americanos ao redor ficam apavorados com os relatos (...) mas para ela é só uma parte do cotidiano.
Volta para a Máquina de Costura de cabeleira ao vento, tentando se desligar do trabalho (...) Ainda estranha poder andar sem medo pelas ruas. É recebida por Lady Spy, vê apenas Luppy e Marcela na casa, se preparando para o fim de seu expediente. A adolescente conhece a história de Fabrícia, se solidariza consigo, enquanto recebe o medicamento (...) quando os gêmeos chegam com as marroquinas da escola, é quase hora de ir para o jantar. Quando sai, deixa uma ponta da apreensão na casa, Aisha contou do modo como Elias encarou Kenzo por trinta segundos que pareciam trinta horas. Arthur olha para a esposa...
- Mandamos alguém proteger o Naburo?
- Impossível, Sandra está lá, do mesmo lado do pai. Vamos comer, ficar de barriga vazia não vai aliviar a barra de ninguém.
Na manhã seguinte as boas notícias que esperavam, Kenzo sobreviveu e Fabrícia lhe deu a chance, tudo sob o olhar severo do antigo colega de faculdade. Ele volta à rotina de trabalho, tem uma agenda extensa hoje, o que inclui uma reunião com o arquiteto escolhido para projectar o museu do modelo.
Na Máquina de Costura os seis amigos se reúnem para terem notícias mais seguras desse romance nascente. O romance engrena com os dias, os meninos começam a ter em Kenzo a referência masculina de que o assassinato lhes privou (...) Zigfrida marca um ponto positivo para a evolução da moça, conversa com suas parceiras e todas concordam que uma pessoa completamente diferente, é um bom avanço. A sueca aproveita a estadia na cidade para conversar também com os colaboradores, a respeito da complexidade que a geopolítica tomou, e como a vida doméstica parece ter acompanhado isso, a começar pelos aparelhos...
- Lembram-se quando a gente comprava uma tevê, ligava na antena e na tomada, girava um botão e já podia assistir? Já viram a algazarra de protocolos para começar a assistir nas de hoje? Um dígito errado e tem que começar tudo de novo! Isso quando não trava o sistema operacional! É a mesma lambança em que o mundo está mergulhado.
- É uma abordagem bem interessante! Se as coisas ficassem menos complicadas de operar, talvez as pessoas se conformassem menos com as complicações desnecessárias do mundo de hoje – reflete Brain.
- Então está na hora de parte da nossa tecnologia restrita migrar para o mercado – diz Princess.
Todos concordam. Chamam a cúpula da organização e começam a tratar do assunto, depois chamam os outros quatro fundadores da banda (...) resta agora escolher quem serão os felizardos que receberão a primeira geração da tecnologia dos gadgets train. Pedem que Phoebe e Sandra selecionem, afinal elas estão envolvidas no projecto de integração organismo e cibernética (...) A fã voluntária faz parte desse bolo. Ela já consegue controlar computadores que estejam a menos de vinte metros, ver por infravermelho à noite, determinar a composição da atmosphera ambiente, entre outras habilidades bastante interessantes, que Barbara tem em maior número e intensidade (...) Encerrada a sessão, voltam às suas vidas civis, para que a sanidade seja preservada. Richard Volta ao Lincoln ultra luxo com Richard e Phoebe, os três têm o que fazer na fábrica. Pedem licença aos turistas e repórtes tomados pelo encantamento e seguem caminho, deixando bocas abertas e olhos arregalados para trás.
&
Albert encerra, irritado, a ligação. Uma das irmãs queria fazer média com uma amiga esperançosa, saber se ele não tinha “casos extraconjugais, como todo homem”. Ele suspira, põe a cabeça sob a torneira aberta, depois seca os longos cabelos e volta às crianças (...) Ele conta até cem em aramaico, que aprendeu com a esposa, abre a porta e dá de cara com Nancy...
- Você nos assustou com o modo com gritava, mas eu gostei do que ouvi. Conte para Phoebe...
- Mas...
- Conte para ela, confie em mim.
No fim da tarde ele conta e ela dispara a rir. Ele compreende, ninguém em sã consciência tentaria competir com ela, mas não é isso...
- Cara! Eu não acredito que ouvi essa infantilidade de folhetim melodramático! É muito infantil!
- As amigas delas são muito infantis. Só não pensei que depois de adultas, continuassem a ser.
- Não existe crescimento sincronizado, meu amor. Alguns crescem muito rápido, alguns crescem na média, alguns nem tentam crescer.
- Essas parecem ter feito o caminho de volta, só falta sujarem fraldas!
Nancy Conta a Marcia, que como esperado ri da pretensão da fulana, acreditando que qualquer homem tiraria os olhos de sua Baby para ter um caso com uma reles e desprezível mortal. Mas ela sabe que desposar uma deusa, não impede que um homem se envolva com uma ogra...
- É triste, mas é a realidade! Albert ainda está se comportando, mas ele é humano, não posso confiar cegamente nele!
- Eu não me preocuparia, querida, ele está completamente envolvido e enfeitiçado. Abaixe um pouco a guarda, você não pode levar as coisas tão a sério, ou corre o risco de exagerar de novo.
- Ainda tenho medo, tia Nancy. A Baby demonstra aquela segurança toda, mas é tão sensível quanto as babies...
- Para isso serve uma família, nós nos escoramos uns nos outros e podemos andar com a mesma desenvoltura, como se não estivéssemos machucados.
- Não sei se isso é um consolo, mas é verdade.
Jeannie não tarda a tomar conhecimento, puxar a filha pela orelha e dar uma dura na amiga dela. O único casamento dos três irmãos que deu certo, e ela quer estragar em nome de uma amizade que, se não se engana, nunca foi lá essas coisas (...) Ao contrário de cinco casamentos que resistiram ao tempo, às adversidades, aos atentados e ao estresse da vida corporativa. Os casais se certificam de que Marcela tomou correctamente todos os medicamentos ao longo do expediente, fazem exames simples e então a liberam para voltar com a mãe para casa (...) Patricia se volta para os outros de coração morno, com a imprensa clicando cada passo dela, naquele vestido médio cinturado, pink com cinto idem, de gola simples e mangas curtas. Elisa e Ana Clara voltam do apartamento da filha que agora é das duas, já que o pai nem deu as caras quando ela foi enganada.
As marroquinas solteiras ajudam a providenciar os acepipes para a confraternização, aproveitando as histórias dos primeiros tempos da banda (...) Naomi observa de seu posto, enquanto vislumbra as convulsões do planeta e a chegada de quem morreu muito cedo por causa delas. De bebês a anciões, a foice fria da morte não tem poupado ninguém (...) E ela leva Helen, que ainda estava forte e cheia de planos, deixando James inconsolável nos braços dos colegas de infância. Ele sabia que isso aconteceria cedo ou tarde (...) mas ambos preferiam sabiamente focar atenções e esforços nos planos futuros, o que de certa forma ajudou a protelar o desfecho.
A imprensa, a uma distância elegante, contabilizando as perdas do ano, se pergunta se algum daqueles seis será o próximo. Afinal, não são mais garotos...
- Eu sei o que vocês estão pensando. Podem tirar seus cavalinhos da chuva, vocês vão ter que nos aturar por muito tempo – avisa-lhes Renata.
Eles acompanham o colaborador e colega de escola com seus filhos e netos, querem ver como poderão ajudar a passar pelo período de luto e recomeçar sua vida.
O tempo ajuda, as crianças ajudam, inclusive com sua estreia. Jubileu se despede de seu ventre e Melinda desaba exausta. Meia hora depois Mirella inicia a descendência de Star Hunter, com Brenda rascunhando loucamente para fazer a arte mais tarde. Josephine e Nelson estão lá (...) Claro que a heroína e quadrinhista aproveita isso também, colocando a rainha e o rei do planeta Awot-Moh Feir vindo à terra para prestigiar seu primeiro súdito terráqueo, que já nasceu com super poderes incríveis, como amolecer o coração embrutecido de um rei que chegou a passar trezentos anos em uma guerra (...) Liga para o roteirista e dá as dicas, depois conversam sobre detalhes.
Uma bisneta também ajuda, James fica menos deprimido, até chora de alegria quando o filho a batiza como Helen. A renovação de gerações toma conta da região, enquanto a construção do museu do modelo é iniciada quase na divisa com Summerfields, dando esperanças à Plastic Village (...) Josephine deixa Paris em polvorosa, o aparato de segurança supera o dedicado a chefes de Estado, o que por tabela garante mais privacidade a Mandy e seu corpo de balé. Os compatriotas nem imaginam a verdadeira razão de todo esse cuidado. Enquanto o festival se desenrola (...) as filmagens na área da mansão aumentam o glamour e o caixa do Ballet Canard Noir, e dão mais status aos bailarinos, inclusive Suha. Eles voltam a Sunshadow como um estrondoso sucesso de público, crítica e caixa, com convites para festivais e pedidos de visitas à sede do balé.
É tudo alegria, tudo satisfação, até Elizabeth e Prudence chegarem com aquelas caras...
- Mommy... você pediu... Quer dizer, mandou, ameaçou com corte marcial...
- A gente vai terminar com a bélle époque e... e precisamos de um laboratório...
Patrícia larga a leitura e fica alerta, aquilo era tudo o que mais temia ouvir nos próximos três anos, mais até do que o alastramento dos conflitos no oriente médio...
- Na verdade a gente já estudou um pouco da ruptura da paz aparente, quando o arquiduque Ferdinando foi assassinado em Sarajevo...
O coração da diva dispara...
- E então... A gente terminou mesmo o livro, bem mais cedo do que esperava...
- Já mandamos pros betas... Agora precisamos preparar o próximo...
Os olhos arregalam como se estivesse diante o fracasso total dos planos gerais...
- A gente vai começar hoje a planejar o laboratório pra primeira guerra...
- NO!!! Vocês não vão fazer nada! Não vão dar um passo sem a minha expressa permissão, hecatombes ambulantes! Fiquem aí, quietas, EU vou providenciar esse laboratório para vocês! Nelson, é uma emergência!
Ele já esperava por isso. Convoca o alto comando (...) para evitar que as duas eclodam a terceira guerra mundial para terem seu laboratório (...) o caso parece piada, mas é sério, é alerta vermelho! Em vinte e quatro horas as nações mais poderosas do mundo concluem o plano para uma operação conjunta, que dará às irmãs o conhecimento necessário para escreverem sobre todas as guerras que quiserem (...) Nelson e Krumb sabem do que elas são capazes. No dia seguinte são chamadas pelo irmão, ele as levará para o Pentágono, aonde voltarão ao menos uma vez por semana pelos próximos três meses (...) para o bem da humanidade.
À tarde, em reunião com os comparsas e a nova geração, além de gargalhadas...
- Nós tentando salvar o mundo e eu com duas ameaças iminentes dentro de casa! Isso, riam! Mas elas pretendiam comprar tanques e aviões de guerra antigos, para o laboratório!
- Putz! Então elas queriam mesmo fazer estrago – diz Rebeca!
- Por isso me preveni, ameacei fazer estragos em seus traseiros, se dessem um passo sem minha permissão!
Eles se lembram das baitas mulheres de quem ela está falando e voltam a rir. Voltam mais leves à parte chata de seu trabalho, o que inclui o país do pesadelo contínuo. As péssimas notícias de costume são sucedidas de decisões para manter a corporação funcionando naquela região (...) todas essenciais.
Elizabeth e Prudence são levadas pelo irmão ao Pentágono em poucos dias (...) Os inimigos que já arregimentaram estão esperando pelas próximas operações secretas que vão escancarar, mesmo sabendo que não podem fazer nada contra elas. Voltam empolgadas e correm para seus aparelhos, iniciando com vinte recheadas páginas o novo livro de The Spy Novel. No decorrer das instruções, incluem coisas que nem imaginavam que existissem (...) Nesse meio tempo elas fazem um livro avulso (...) enquanto a infanta tia começa a pôr suas unhas de fora e liderar as outras crianças, muitas vezes no jardim do trem morto (...) Como o mundo não é mais aquele em que sua irmã clone cresceu, não podem ficar totalmente à vontade e nem longe dos adultos.
Apesar do nome, ela faz aniversário poucos dias antes de Patrícia, quando conhece a sensação de ser homenageada. O que ganha do pai? Um trenzinho que ele e a irmã clone fizeram (...) Lá fora as flores crescem sobre as cinzas das falecidas, não deixando os adultos se esquecerem que por mais preparados que estejam, não são infalíveis. Nos anúncios do inverno aquelas plantas se recolhem e dão novamente o recado (...) mas se anunciam novamente nos primeiros meses do ano novo, dando à menina a alegria de ver plantas brotarem e crescerem. Mas também há luto. Lobsang (...) é cremado com pompa e circunstância, cercado de rituais de desapego e honras militares, como membro da casa do Pato Preto. Palhaço chora mais do que os humanos do mastim tibetano, em uivos lúgubres e contagiosos.
Outras mortes ocorrem, no Brasil para queima de arquivo, em algumas partes do mundo tão logo The Spy Novel encerra a paz da bélle époque, alguns figurões têm ataques fulminantes após lerem os primeiros capítulos (...) Descontrai o ambiente a tempo de Glenda chegar com um pedaço de cão sem raça definida, cinza com pintas cor de marfim pelo corpo, mas garante a Rebeca e Ronald que...
- É só uma mudinha de sequóia.
- Uma sequóia... Oi, Sequóia – cumprimenta a baixinha seu novo cão.
- Vamos arranjar o cantinho dele. Você o trouxe, você vai ajudar a escolher.
Com todo prazer a bruxa vai e dá palpites certeiros. O casal volta a sorrir, então Lobsang vai embora feliz, trabalhar com os exus que protegem os umbrais de Sunshadow. Estão prontos para o próximo show, em Washignton DC, quase dez anos após o último.