sexta-feira, 27 de julho de 2012

Eu recomendo: Ayumi Hamasaki

Calendário escaneado por: http://www.ayubrasil.com/

Dona de uma beleza fina e de uma voz sofisticada, Ayumi Hamasaki ou 浜崎 あゆみ, é mais uma das jóias que nossa "cultura" pubiana mantém longe do conhecimento do grande público, que infelizmente talvez não esteja preparado para receber pérolas, não sem tentar mastigá-las. Nasceu em Fukuoka, em dois de Outubro de 1978.

Essa moça a mim relevelada pelo J-Station, aqui, é cantora, compositora, modelo, empresária e actriz, ou seja, uma artista completa. Com suas letras bem construídas, melodias bem calculadas, um estilo todo próprio de cantar e se produzir, ela tornou-se a imperatriz do pop no Japão, com forte prestígio na China, Coréia, Cingapura e Taiwan. Lembrando que o Japão é uma monarquia imperial.

A moça tem temperamento forte. Quando decide brigar, as faíscas saltam longe. Em 2004 brigou com a gravadora Avex, por se sentir insatisfeita com o tratamento e posição hierárquica que ocupava lá dentro, Quem conhece os japoneses, sabe do que eu estou falando. Claro que a peleja se refletiu nas vendas e na publicidade da cantora, que amargou um curto período de declínio... Mas vá, não foi uma queda livre, ela recuou um ou dois degraus para subir por outra escada.

Divorciou-se recentemente, para a esclerosada mistura de alegria e tristeza dos fãs. Tristeza porque uma separação é sempre traumática, alegria porque ela está disponível... É os garotos sempre sonham muito alto. A intimidade com os fãs é percebida no apelido que lhe deram, Ayu. É uma mulher acessível, que gosta de sentir a presença de seu público muito além das platéias em seus shows pelo extremo oriente.

Sua estréia, já mulher feita, foi em 1998. A idade contribuiu muito para que seu trabalho já começasse maduro, com um padrão de qualidade elevado. Só no Japão, em plena época de downloads e compartilhamentos, já vendeu mais de cinqüenta milhões de discos, tem o maior número de singles no topo das paradas, o maior número de primeiros lugares consecutivos no Oricon, entre outros recordes que se tornaram rotina.

Sua história é marcada pela dureza. O pai abandonou a família quando ela tinha três anos, para nunca mais dar notícias. Como a mãe sustentava a família, foi educada pela avó, com todos os rigores de uma matriarca que conheceu os horrores da guerra e viveu para contar. Estreou como modelo aos sete anos, para ajudar a família, o que a levou a se mudar para Tókio aos quatorze, já com algum conhecimento da malandragem do meio, menos susceptível ás armadilhas da metrópole. Sua estatura mignon a prejudicou, teve uma curta carreira como actriz, ficou insatisfeita e foi morar com a mãe, que então também morava em Tókio.

Cabeçuda, foi declinando na escola, por não ver utilidade das matérias em sua carreira. Virou dançaria de boate, mas não deu o braço a torcer. Perceberam o naipe da cidadã? Pois é. Um belo dia, após ouví-la cantando em um karaoke, aliviado por ouvir uma voz tão bela e afinada em meio a tanta cacophonia com pretensões a Karen Carpenter, o produtor Max Matsura a conheceu por um amigo comum. Foi uma luta, muita insistência até ela aceitar gravar um disco, porque desconfiou das intenções do sujeito. Viram como é cabeçuda? Imaginem, duvidar das boas intenções de um produtor de artistas! Que absurdo!

Ela começou a fazer aulas de cantos, mas encrespou com seus instrutores e foi mandada para Nova Iorque, mantendo contactos diários, a decisão mais acertada das vidas de ambos. Ela desabrochou e se mostrou muito melhor do que ele esperava, dando a mão à palmatória; Ela estava certa o tempo todo, os instrutores estavam errados. Ela voltou ao Japão muito melhor, como artista e como pessoa. Japonês é dramático por cultura, Ayu é o drama em pessoa.

Rainbow,  do fim de 2002, foi seu primeira com uma música música em inglês, acreditou e acertou que só com o japonês não conseguiria passar tudo o que tem a dizer, mesmo com todo mundo comprando seus discos assim mesmo. Sem medo de experimentar, e pagar pelas conseqüências, culminou no "A Best 2", onde gravou duas versões musicais. White é a versão optimista, que fala de amor, esperança e tudo o que pode levantar o astral de uma pessoa. Black é o oposto, embora não seja exactamente depressiva, é introspectiva e melancólica, te derruba no sofá e te faz meditar sobre a vida que levaste até agora. Fez sua primeira turnê realmente internacional, embora restrita ao extremo oriente, para promover o trabalho, e obteve o êxito esperado.

O que ela tem feito actualmente, inclusive para superar o divórcio? Trabalhado. Tem trabalhado muito, inclusive para mostrar ao genitor, se é que o último tsunami não fez o favor de levá-lo embora, que ele não passa de um saco de esperma e não faz falta nenhuma. Ah, não entendes japonês? É fácil encontrar letras traduzidas no sites de música, além do quê, é bem mais agradável ouvir aquela voz adocicada e saber que canta cousas bonitas, do que o festival de onomatopéias pubianas que invadiram o Brasil, estas sim, sem significado de porcaria nenhuma.


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sexta-feira, 20 de julho de 2012

A síntese do cavalheiro: Tony Bennett

Existem productos que se vendem sozinhos. São aqueles que, com poucas actualizações ao longo do tempo, que não lhes tiram o caráter marcante, dispensam maiores campanhas publicitárias, poupando assim o seu público de ser enganado pelas agências. São productos que aliaram a altíssima qualidade com o carisma e a facilidade de compreensão, combinação rara e geralmente desprezada por marqueteiros ditos antenados. O cantor Tony Bennett é um desses productos.

Seu nome não nega a ascendência, Anthony Dominick Benedetto nasceu em Astoria, no Queens, Nova Iorque, no auge dos anos loucos, em três de Agosto de 1926. A quarta-feira negra se deu pouco antes de ele se entender por gente. Talvez por saber bem das conseqüências de uma economia especulativa, preferiu trabalhar até onde ag6uentasse, e continua firme até hoje, dando shows pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil, em 2009, sua única visita profissional ao país. Como não poderia deixar de ser, Goiânia ficou de fora.

Um dos poucos artistas dos quais é arriscado falar mal em público, porque os fãs sabem quem ele é e geralmente consideram-no um membro da família, o filho de Anna e John Benedetto se envolveu com a música desde cedo. O tio Dick, dançarino de sapateado, em uma época em que milhares deles dançavam por comida, lhe deu a primeira oportunidade. Está desde os dez anos na estrada.

Um dos, se não o, mais marcante episódio de sua vida, foi a Segunda Guerra Mundial, em cujos estágios finais lutou contra a pátria de seu pai, em Novembro de 1944. Uma guerra pode te destruir em vida, bem como pode te transformar em uma criatura infinitamente mais evoluída, isso independe de capacidade de luta, pouco depende da maturidade psicológica e nem sempre uma boa religiosidade ajuda, é preciso ter alguma sorte de cair nas condições correctas, como um comandante que não almeje a glória pessoal a qualquer custo, integrar um batalhão coeso e bem relacionado, bem como contar com o "acaso". Voltou em 1946.

Apesar do talento patente e da competência posta à prova pelo tempo, ele não é um cantor meramente intuitivo, estudou pintura e música na Hight Scholl of Industrial Art, onde desenvolveu suas técnicas próprias. Aluno dedicado, que caiu de amores por sua arte desde o início, mas com os pés no chão, sabia que a fama pode ser (e quase sempre é) efêmera. Após a guerra entrou para o American Theatre Wing, onde estudou belo canto, ou seja, se aprimorou ainda mais; teve toda a sorte de que já falei ser necessária e voltou da Europa um homem novo, embora com as mesmas raízes do rapaz que foi lutar. Aceitou de bom grado as sugestões de seus professores, para o refino de seu talento, como imitar outros cantores, inclusive seu futuro amigo Frank Sinatra; aquele que se recusou a se hospedar em um hotel, por ter barrado como hóspede um de seus músicos, que era negro. Algo que ambos tinham em comum, era a intimidade e pessoalidade com seus colegas, não preciso dizer que isso ajudou muito a criar grandes amigos e inimigos; as ligações com a máfia, não necessariamente com seus negócios, são verídicas.

Começou seu sucesso já maduro, aos vinte e seis anos, em 1950, assinando com a Columbia Records. Casou-se em 1952 com Patricia Beech, estudante de jazz e sua fã. Normalmente fãs e ídolos não se dão bem no m atrimônio, a intimidade revela traços que os holofotes ofuscam. Tiveram dois filhos, D'Andrea em 1954 e Daegal 1955, ano de seu primeiro long play. Sua competência, acimentada nos clubes noturnos, era atestada em uma época em que os microphones eram muito menos sensíveis que os de hoje, exigindo uma voz empostada e potente, não um ou outro, mas ambos. Além de amigo, era o parceiros mais lucrativo de Sinatra, a quem conseguia incentivar e dar um pé nos fundilhos, quando desanimava. Então já era um cantor internacional. Na época era um feito para poucos.

Seu prestígio se manteve mesmo quando o rock surgiu oficialmente, em 1955, ano em que a solidez das carreiras foi posta à prova, alguns aderiram e outros sucumbiram á criação de Bill Harley. Bennett não só resistiu, como foi um porto seguro para os que, por muitos anos, ficaram assustados com a novidade barulhenta.

Nos anos sessenta, com a invasão britânica, capitaneada por Jhonn Lennon e seus corsários malucos, mais gente caiu e ele permaneceu, ficando como que um tecodonte entre os que hoje são os dinossauros do rock. Mas mesmo ele e Sinatra não poderiam sair ilesos da investida dos Beatles, começaram a ser vistos como cantores quadrados, com músicas de velhos, ídolos da vovó e assim por diante. Só recuperariam o brilho original nos anos noventa, quando o povo percebeu que a garotada de então não dava (e continua não dando) conta do recado. A gavadora e amigos o pressionaram a entrar na onda, ele tentou e o resultado foi desastroso.

Activista dos direitos civís, arriscou o pescoço recusando-se a cantar na África do Sul em 1965, apoiando uma passeata pelo fim do apartheid, que só aconteceu mesmo em 1994, sob protestos veementes dos conservadores. Mas ele viveu para ver o regime cair e mostrar, com toda a população humana do país sendo reconhecido como cidadãos, que a áfrica do Sul não era tão desenvolvida quanto a antiga situação se iludia para acreditar.

Longe de ser um bicho-grilo, Bennett  é um cavalheiro à moda antiga, do tipo que manda flores e chama de "minha querida" a sua esposa. Mas estamos falando de um ser humano, como tal ele falhou. Teve problemas com cocaína nos anos setenta, em 1979 chegou perto de uma overdose, alegadamente causada pela depressão e pelo desespero, ele chamou os filhos dizendo "Olha, estou perdido aqui! Parece que as pessoas não querem mais ouvir a minha música!". Todos os cantores clássicos estavam em relativas dificuldades, foi uma década de tanta experimentação, que ser singelo e despretensioso tornava-se um diferencial gigantesco, mas a pecha de antiguado ainda manchava a imagem de Bennett. Agravava o processo de divórcio, que se estendeu de 1965 até 1971, sendo acusado, e processado, de adultério por Patrícia. Seu filho D'Andrea, o Danny, limitado musicalmente, mas um excelente administrador, passou a cuidar dos negócios do pai.

Ressurgiu em 1986, quando voltou à Columbia Records e sua carreira voltou a brilhar. Não que tenha sido interrompida, mas o velho soldado voltou a ver seus esforços darem frutos. Ironicamente, Danny percebeu que o mesmo público que rejeitara seu pai, em nova geração agora o reconhecia como monstro sagrado da música popular. Passou a trabalhar junto à, e aqui este expressão é cabível, juventude. Foi quando a cultura retrô e vintage começou a ganhar corpo e as cousas boas do passado passaram a ser reconhecidas, deixando-se as ruins no túmulo de onde podem ficar até serem consumidas pela terra.

Bennett ajudou muita gente, mas muita gente mesmo! As figuras mais recentes foram a saudosa Amy Winehouse e a performática Lady Gaga, que em dueto com o bardo, mostrou que tem muito maias talento do que o marketing e o personagem permitem transparecer. O repertório dele é vasto, mas "I Left My Heart in San Francisco" de 1962, ainda é seu hino.

A lista de condecorações é extensa: Medaçhão de Bronze de New York City (1969), sua estrela na Calçada da Fama, seu none na seleta Big Band and Jazz Hall of Fame, sete "Doutor Honoris Causa" de 1974 até hoje, fora haver quatro livros oficiais só a seu respeito, inclusive a auto biographia, enfim, é um nobiliarca na república mais sólida do mundo.

Pai de quatro, de dois casamentos, com Patrícia Beech e Sandra Grant, esta de 1971 a 1984, e hoje casado com Susan Crow. Bennett enterrou um sem-número de amigos, e de inimigos também. Estes nunca tiveram muita voz. O cavalheiro desfruta do respeito de uma geração que estava desescarnando quando ele começou a cantar, e não conheceu seu auge sobre a terra. Somando-se a isso o séquito de fãs que conseguiu manter, e amigos que ajudou, pode até soar estranho quando ele diz que sua ambição é ficar velho. Mas é verdade, não há ambição maior para quem retomou uma parábola ascendente, com tendência para uma reta vertical, do que envelhecer e ver suas amarguras ficando lá atrás, no passado, enquanto desfruta dos louros de seu trabalho. Apesar de tudo, de todo o sofrimento, de todos os lutos, de todas as lutas, ele reconhece que a vida foi boa.


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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Rod Stewart, o leprechaum cantante

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Inglês com ascendência escocesa, um amor arrebatado pela Irlanda e cidadania americana. Desta gororoba fleumática temos um dos maiores cantores de todos os tempos, Roderick David Stewart, ou simplesmente Rod Stewart, um dos patriarcas do pop rock.

Deu-se o luxo de ser londrino em dez de Janeiro de 1945, quando a Inglaterra provou que ainda tinha intacto o orgulho da época colonial. Seis meses antes do fim oficial da guerra, o que para muitos teria sido um presságio de sua influência e seu sangue quente, no pop rock. Rod tem muitas características latinas em seu comportamente, além da paixão pelo Celtic Football Club e de ser mulherengo incorrigível, tem muita facilidade em levar as ofensas para o lado pessoal. Também fala besteira e se arrepende como um italiano.

É o caçula de Robert e Elsie Stewart, que se mudaram da Escócia ara a Inglaterra, onde o pequeno Roderick deu seus primeiros acordes, chamando por leite quente. É o único inglês dos quatro irmãos. Como deveria ser com todos os garotos que demonstram talento claro para algo, a família o estimulou ao mundo musical, sem saber do sucesso monstro que faria em poucos anos, e duraria até os dias correntes. Mas não teve moleza. Queria ser artista, não queria? Pois conheceu a vida dura como pintor... de silk screen e até como coveiro. Foi preso em um protesto pelo desarmamento nuclear, foi deportado da Espanha por vadiagem, enfim, o cara viveu a vida adiodado nos anos sessenta, até tomar juízo... Mas não muito, ou não seria cantor.

Começou a cantar nos palcos ainda nos anos sessenta, no grupo Jimmy Powell & The Five Dimensions, ainda com o melhor que o frescor da década tinha a oferecer, mas entrando em uma época de decadência do optimismo em que o mundo precisaria de gente com essa bagagem. Sua carreira solo era, na época, parapela à participação no grupo Jeff Beck Group, e depois no The Faces, mas não chegou a entrar para o The Bookies. Foram várias bandas e rod ganhando fama e experiência, para poder rico e prestigiado sozinho. Aliás, começou a fazer sucesso demais para os integrantes do The Faces, que se morderam de ciúmes e chutaram o pau da barraca.

Freqüentador assíduo das paradas de sucesso, onde já tem cadeira cativa, sua marca registrada é a voz rouca e potente, que dá o tom melódico e meio saudoso mesmo às canções mais agitadas. Ele canta do coração para fora, porque tem emoção para emprestar ao que canta. Mas como vocês já viram, essa emoção toda tem uma queda pela encrenca, e ele já se desentendeu muito com jornalistas, chegando a ganhar o "troféu limão" de seus desafetos. Em que isso afetou seu prestígio? Em nada.  O mulherengo continuou a cantar dentro e fora do palco como sempre fez.

Pai de oito, após três casamentos, Rod sabe o frio que dá na espinha só de pensar em ver um filho sofrendo. Ele mesmo já teve câncer, que ameaçou arruinar sua carreira, deixando-o mudo ou morto, o que para ele são a mesma cousa. Apóia a instirtuição médica City of Hope, que entre muitas outras, se dedica ao estudo e tratamento de cânceres.

Alternando picos e planícies, está trabalhando sempre, há mais de meio século, com alergia de apopsentadoria. Tem um lema trabalhõlatra: "Nenhum trabalho é muito grande, nenhum trabalho é muito pequeno e todos devem ser feitos com ternura, amor, humor, paixão e determinação". Essa determinação toda se ouve nas canções, e se vê nos shows caprichados. Mas ela foi em parte responsável pelo câncer na tireóide. Excesso faz mal, sempre. Ele não se importa em ser chamado de coveiro cantante, mas fica irritadiço se detratam seu trabalho. Se o alvo fer sua família, então...

Um modo seguro de se dar bem com ele, é andando na linha. Levar o trabalho à sério e a vida na brincadeira, sabendo relevar seus momentos de mau humor e reclusão, e estar sempre disposto a acompanhá-lo por mais um passo. Em suma, tem que ser amigo dele, ou então cai fora. Um sujeito alegre, fanfarrão e amigo dos amigos é o que ele tem a oferecer. Conviver com Rod Stewart pode ser um céu ou um inferno, a escolha é tua. Lembre-se de que a estrela ali é ele. Ele é hoje um dos homens mais elegantes do show business, algo como um tarzan musical, que deixa claro no penteado que se adaptou à civilização, mas não se esqueceu de suas origens selvagens.

Seu caçula é o ainda bebê Aiden, o segundo com a esposa Penny Lancaster, que os despeitados não cansam de lembrar que poderia ser sua filha. E ele não cansa de esfregar nas caras invejosas que dor-de-cotovelo tem cura. Enquanto todo mundo se apega aos seus rompantes, cada vez mais controlados com a maturidade, ele aproveita a vida e a família.

Extrovertido, uma vez declarou abertamente seu amor pelo Fluminense, nos anos setenta, quando estava no Rio de Janeiro. Não, não ouviram errado, no Brasil ele torce para o Fluminense Futebol Clube. Passionalidade pouca é bobagem!

No IMDb, clique aqui.
Website oficial dele, clique aqui.
Myspace do cantor, clique aqui.
Website da City of Hope, clique aqui.

sábado, 7 de julho de 2012

Príncipe Adam virou plebeu


Quem tem trinta ou mais anos, se lembra bem da série (mal) animada He-Man, com histórias simples, cheias de trocas de farpas e ironias finas entre mocinhos e bandidos, sempre com um fundo moral que era explicado ao fim de cada episódio. Também se lembra que Adam acabava agüentando a fama de boiola, para forçar a voz a permanecer mais pueril, tangenciando o afeminado, além da camisa cor-de-rosa-calcinha decotadíssima, que só não mostrava até o umbigo por causa da outra camisa que havia por baixo. Tudo justíssimo, praticamente segundas-peles com uma opacidade que só a tecnologia de Etérnia para produzir. Fora aquela tanguinha de peles que, ui!

Na verdade a mistura de idade média com sexies 80's, e um toque de barbarismo-fashion, era a vestimenta típica daquele planeta. Até os militares causavam palpitações, como Teela, a capitã da guarda real em seu maiô de farda,  filha de Duncan, o mentor das forças armadas reais, que acumulava isto à autoridade de pai adoptivo. Teela era a paixão platônica e tutora de Adam, por quem ele não podia demonstrar muito mais do que carinho fraterno, sem correr o risco de a voz engrossar de repente e ele se transformar em He-Man sem querer, tudo para manter um segredo que poderia colocar em risco toda a família real e seus parentes. Vou te contar, viu! Quem disse que vida de herói é fácil? Peter Parker que o diga!

Bem, o desenho apresentava todas as limitações que a tecnologia da época impunha a episódios diários, sempre feitos para vender brinquedos. Muitas cenas e paisagens pareciam ser e eram reaproveitadas de outros episódios, todo mundo se parecia muito, todo mundo era muito sarado, todas as mulheres eram maravilhosas e nisto que quero que eles perseverem, o desenho era muito mais curto do que o mínimo razoável para a trama se desenvolver, entre outras encrencas. Houve, porém, um episódio em que ficou patente a enorme potencialidade do desenho, quando He-Man, ou Adam, ou He-Madan, o coitado já deve estar com crise de identidade, caiu na armadilha do Esqueleto. Durante um salvamento, um agente disfarçado por magia do bone-in-blue fingiu ter sido morto por esmagamento, quando uma construção que He-Man atingiu caiu. Acontece que o cidadão que se fingiu de vítima, é de uma raça que não tem o órgão coração, e aparentemente respira por fermentação, com isso ele apresentou todas as características de um homem morto. Esqueleto, também disfarçado, para não levar mais porrada, chegou choramingando "MEU IRMÃO! VOCÊ MATOU MEU IRMÃO!".

Desolado e decepcionado consigo mesmo, Adam adbicou de ser He-Man e jogou a espada em um precipício sem fim. Foi uma novela até descobrirem a verdade e ele, como Adam, pegar um veículo voador e ir ao precipício, na esperança de que sua espada indestrutível tivesse se fincado em algo. Bingo! ficou presa na teia poderosíssima de uma aranha gigantesca, que pela saúde, parecia comer suicidas todos os dias. Sim, ele ficou preso na teia, tentando alcançar a espada, enquanto a aranha se aproximava. Até que ele conseguiu alcançá-la, gritou "PELOS PODERES DE GRAYSKULL! EU TENHO A FORÇA!" E põe força nessa bagaça!! Deu um cacete na aranha, foi resgatado pelo amigo voador Stratus, depois deu um cacete no Esqueleto, e todos viveram felizes até as trolhas do próximo desenho.

Ainda houve um filme sobre ele, "The Masters of the Universe", em que o Esqueleto invade a Terra, He-Man não é tão forte assim, enfim, um filme que mereceu ser esquecido pela Sessão da Tarde.

A boa notícia é que a DC Comics, cansada de levar pau dos fãs dos heróis clássicos, decidiu variar e levar pau também dos fãs de He-Man. Mas a idéia parece ser boa... Sim, descer o pau neles é uma boa idéia, sempre, mas falo d'outra cousa, bella. A boa idéia aqui, é a mini série que estão lançando em gibi. Esqueleto descobre uma forma de levar Etérnia para uma realidade alternativa, onde ele, e não Randor, é o soberano do planeta. Adam passa a ser um lenhador honesto, trabalhador, e livre da obrigação de fazer papel de biba. Como Nada tem perfeição, a realidade artificial não poderia ser perfeita. Ninguém lembra de verdade de suas vidas sob o sábio e justo reinado de Randor, mas ninguém pode impedir que o subconsciente trabalhe. Adam tem sonhos com uma espada poderosa, batalhas épicas, um poder e uma força física impossíveis para uma criatura normal. Também há a Feiticeira, mãe secreta de Teela, a criatura mais plena de magia e desprendimento de toda a Etérnia, que aparece e começa a trabalhar para devolver a He-Man a sua consciência heróica, enviando-o a uma jornada épica. Ele é atraído até Gray Skull e tudo lhe é revelado, quando ele passa a enfrentar todos os perigos do mundo para despertar os Defensores do Universo.



Aliás, a tática de apagar registros não lembra a de políticos carismáticos? Pode não ser coincidência, já que a indústria do entretenimento americana sempre foi muito engajada, especialmente em tempos de crise, como agora.

O risco é eles viajarem na maionese e tirarem as boas qualidades de caráter, senso de honra e amor ao próximo, que a educação rígida de Adam lhe deu. Bem como fazer de He-Man apenas um marombeiro fortão com altas doses de coragem, em vez de o homem mais forte do universo, que mesmo assim resolvia as questões mais com o cérebro do que com os músculos. Tal qual fizeram com os heróis clássicos. A intenção é fazer de esqueleto um vilão realmente aterrador e cruel, digno de sua aparência, mas no vilão eles sempre capricham.

Pode ser também que tenham aprendido a lição, depois de fazerem de Lanterna-Verde homossexual, transferindo para os palmenrenses a fama que era dos sãopaulinos, e decidam fazer um recomeço, algo que dê maturidade às qualidades tolhidas pelo formato semanal/diário dos desenhos dos anos oitenta. Aliás, os gibis de US$2,99 vêm justo para comemorar os trinta anos de He-Man. Adequado, não? Estava mesmo na hora de Adam se livrar daquela infância forçada. O certo é que aqueles roteiros meio bobinhos, até ingênuos, ficaram para trás. Agora não bastará He-Man levantar Esqueleto e jogá-lo para longe, terá descer o cacete de verdade. Ferimentos, gemidos de dor, tudo o que se tornou comum nos quadrinhos de heróis de hoje, estará lá.

Na realidade, He-Man original foi feito para ser brinquedo, quando era um bárbaro de uma tribo de um planeta primitivo, até que Esqueleto aproveita uma fenda dimensional para invadir Etérnia, de um planeta onde todo mundo tem cara de caveira. He-Man se alia ao Castelo de Gray Skull, ganha força capaz de trocar socos com o Super Homem, e passa a combater o invasor. O Adam como príncipe, precisando esconder uma identidade secreta, veio com a animação. Há uma versão, por falar nisso, que não foi comprada pela emissoras nacionais, só passa pela tevê paga, que parece ter amadurecido um pouquinho só, mas mudou algumas cousas que talvez tenham minado um pouco do carisma da série.

No gibi, o roteiro é de James robinson, desenho de Phillip Tan e arte-final de Ruy Jose. Restará agora, explicarem como a princesa Adora, a She-Ra, foi seqüestrada de Etérnia e ninguém jamais fez absolutamente nada para resgatá-la. Mas isto é para outra mini série.


Website da DC Comics/He-Man, clique aqui.