sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eu quero um filme do Tutubarão!


Scooby-Doo teve filme, com seqüência e sucesso que justificaram o investimento, mesmo com os humanos da trama terem deixado a desejar, em relação aos originais do desenho e até ao cachorro renderizado. Cá entre nós, o Salsicha ficou meio psicótico.

O que nem todos lembram, e começarei a fazer bonecos voodoo se fizerem piada com minha idade, é que houve um desenho Hanna Barbera nos mesmos moldes, que teve tudo pra ser uma cópia com enredo manjado, mas teve personalidade própria, por conta dos detalhes.

Tutubarão foi criado na esteira do sucesso do filme Tubarão, de Spielberg. Vamos às semelhanças, para compreenderem as diferenças. Como em Scoob Doo, trata-se de um grupo de jovens com seu animal de estimação... Ou quase, já que o tubarão tem muita vontade própria e muita iniciativa, esta responsável por metade das encrencas em que eles caem. Em um, são quatro amigos e um cão, que viajam a esmo em um furgão financiado pelo pai milionário de uma deles, todos dão duro, enfrentam o risco de morte (mesmo os dois covardões) com alguma dignidade, e ganham experiência na solução de crimes e casos difíceis. No outro, um grupo de jovens vive como uma banda de pop-rock, que viaja de cidade em cidade, em um mundo submarino futurista, ganhando a vida honestamente com a música, porque ninguém lá tem sangue azul, enfrentando o risco de morte com dignidade e ganhando experiência na solução de crimes e casos difíceis.

O facto de concorrer directamente com a turma do Scoob Doo, talvez tenha justificado os roteiros e textos mais bobinhos do Tutubarão, que só foi produzido em 1976. Quem tiver olho clínico e discernimento, porém, verá que o desenho tem um potencial muito mais profundo, denso e até adulto, em sua composição. Sem perder o humor, é claro.

Os personagens são os seguintes:
  • Bife. Apesar do nome, ele não é gostosão e não faz o gênero galã, como Freddy. É o líder da banda e cérebro das investigações. Não tem porte atlético, não é louro, não tem muito estilo na indumentária, mas é a parte séria e mais consistente dos cinco;
  • Lingüiça. Não vem que não tem, a trema é inalienável! Como Salsicha, é o melhor amigo do não humano da trupe, gagueja um pouco em condições normais, gagueja muito quando estão em apuros, mas sabe conduzir como ninguém os talentos do tubarão;
  • Leila. Ah, Leila... A paixão platônica e única cousa no mundo submarino que põe medo no Tutubarão. Pavio curto, cabelos longos, bonita e peça vital nas investigações. Tem inteligência afiada e malícia para ajudar Bife, sua paixão, a tirá-los das enrascadas.
  • Bolha... Ah, meu Deus!... Que seria dessa menina, não fossem seus amigos? Música competente, uma moça adorável de voz anazalada, carismática, solícita, desastrada, tagarela e faz justiça às piadas de loura-burra;
  • Tutubarão (JabberJaw). É a esrtrela da série. Como um tubarão consegue respirar o oxigênio atmosphérico? Boa pergunta! A resposta é: Isto é um desenho animado, bobalhão! Muito diferente do cão, apesar de não ser suicida, ele nada tem de covarde, afinal é um tubarão! Especialmente quando Leila é quem está em perigo. Extremamente forte, cheio de truques, na dublagem brasileira ficou com a personalidade de Curly, dos Três Patetas.

Por que merece um filme?

Primeiro porque Scoob Doo provou que é viável, que há muito mais espaço nas películas para a gigantesca população de Hanna Barbera City, do que eles se deram conta. Segundo porque apesar de o chassi ser o mesmo, quatro jovens e um animal se metendo em investigações perigosas, o espírito da série é completamente diferente, e foi muito mal aproveitado nas animações. Terceiro e não menos importante, porque ajudaria a desfazer a fama injusta que o próprio Spielberg ainda hoje tenta dissipar, causada pelo seu filme e que é usada para matar indiscriminadamente todos os tubarões que aparecem pela frente.

Claro que a indumentária de mergulhador dos anos setenta, já não serve mais, ainda mais nas moças, que por cima da roupa de borracha usavam saias estranhas. O tema dá margem para abordar muitos ouros temas sérios, como um mundo onde os mares já estariam despoluídos, ou um mundo onde as calotas polares já teriam derretido e submergido grandes territórios, tornando o fundo do mar (e talvez as cavernas) o único lugar seguro para a humanidade idiota que fez o estrago.

Um início interessante, seria mostrar um tuibarão branco maior do que a média se aproximando de uma linda banhista de maiô preto, com aquela música sinistra do filme O Tubarão se aproxima cada vez mais rápido, abre a bocarra e... Agarra Leila, enchando-a de beijos, ela fica furiosa, grita a mais de 140dB e ele salta apra o colo do Lingüiça, repetindo "Uh-uh-uh! Não tem respeito! Não tem respeito!". Então o fime começaria.



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Eu recomendo: Monsters Calling Home


É, sei que parece nome de continuação de "ET, o extraterrestre", mas não é. É um sexteto com 1/3 de beleza, quatro marmanjos e duas beldades, todos descendentes de chineses: Daniel Chae, John Chong, Jennifer Rim, Sally Kang, Joe Chun e Alex Hwang. São de San Fernando Valley, na Califórnia. Actualmente a banda é sediada em Los Angeles. Um adendo: Daniel tem uma cara de corinthiano!

O gênero, segundo os mesmos, é "gangster folk oriental" e "Jesus"(!!!), mas podemos deixar a sopa de letrinhas dos rótulos de lado e vê-los como bons intérpretes de pop-rock, com altas doses de cowntry. Conheci o sexteto pelo clipe de "Fight to Keep", gravado dentro de dois carros em movimento, pelas ruas da cidade, parando inclusive para comprar um lanche no drivre-tru. A música é pop com temperos de cowntry bem dosados, muito gostosa de se ouvir e boa de se dançar, sem precisar incomodar os ouvidos da vizinhança para tanto.

Quem tem quarenta anos ou mais, vai reconhecer o estilo do último terço dos anos setenta em, praticamente, todas as canções, característica bem enfática em "Foxbeard", uma de minhas favoritas do grupo, com um ritimo progressivo, como se os cantores estivessem chorando pela gradual perda da inocência. Quem viveu os anos setenta, sabe do que estou falando e vai se sentir tocado pelos garotos.

Longe de terem apenas talento, como se nos dias correntes fosse pouco, eles têm de demonstram intimidade com a música e com os instrumentos musicais, como em "MCH", gravada ao vivo; como todos os clipes. Quem ouve sem vê-los, pensa seer um grupo de negros do Harlen, dos anos setenta, com o som tratado e limpo por computador. Nenhuma música é muito longa, mas todas têm potencial para uns 50% a mais de duração, pelo menos.

Uma canção mais calma, intimista, é "Mr. Brightside". Tem aquela tristeza de uma saudade boa, de quem viveu os anos sessenta, viu suas promessas ruírem e desde então sente falta do que não teve. Gravada em estúdio, segue a "tradição" das demais de crescer o tom no decorrer da música, para no final descer o tom bruscamente, como um soluço de resignação.

O clipe de "Growing Up" mostra um pouco mais de cowntry urbano, bem como mostra um grupo de garotos de ascendência extremo oriental, mais americanizados do que muitos americanos alagadamente típicos. Isso é óptimo, porque foi essa gente sentimental e que fez do século XX o século da América. É uma canção muito embasada nas cordas e no ritmo centro-americano.

Recomendo o Monsters Calling Home para quem tem bom gosto, aprecia a efervescência setentista e tem a mente aberta à apreciação, depois de dançar, é claro. Eles são dançantes, não é porque as obras favorecem a introspecção que não serviriam para isso. Quem gosta de obras duradouras, que não se evaporam após a moda passar, vai gostar.






Website dos monstrinhos, clique aqui
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sábado, 15 de setembro de 2012

Patricia Janecková

Fonte da imagem: http://fotka.mojidol.pl/patricia-janeckova/487634

O Verbo é composto de uma única sílaba, então não se faz necessário derramar palavras em profusão, para se tocar a alma de um homem. Há os que teimam em serem insensíveis, crendo que isso os torna mais fortes, como se a cegueira copleta fosse um bônus, por não arderem os olhos à luz mais forte.

Como um anjo em sua forma mais delicada, o Verbo se faz menina para conseguir entrar na fortaleza dos homens, sem que lhes pareça representar ameaça. Singela, frágil em seu vestido azul, em meio à névoa seca de gás carbônico pelo chão.

Cai a areia na ampulheta e o Espírito que a anima se alinha, permite-se o dom da fragilidade, que comove e aproxima os mais fortes. Não se aproximariam tanto de uma figura augusta e mais robusta. A fragilidade torna-se uma bênção.

É uma criança, pensam eles, não oferece risco, nem ofensa, nem qualquer ameaça ao nosso grupo. Porque é pequena, porque é delicada, porque é frágil, eles a toleram, a acolhem. Sentem-se fortes acolhendo o anjo que pensam ser uma figura indefesa.

A pequena Patrícia se posiciona à platéia, talvez inconsciente de que é um avatar para um anjo gigantesco se manifestar sem causar horror, por expor com sua luz as mazelas que a sombra humana protege.

Não é preciso haver muitas palavras para os propósitos do Verbo, é uma sílaba só. O olhar assustado faz parecer que desafina, mas não. O Verbo é uma sílaba só, e é só de uma que ela necessita para derrubar os muros fúteis que construímos ao noso redor, para nos proteger do que está dentro de nós.

Por ela o Verbo se faz.




Website oficial de Patricia, clicar aqui.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eu recomento; Rosa Marya Colins

Rosa Marya Colin tem uma voz bonita, meio melancólica, própria para uma diva negra. Seu grande sucesso, infelizmente o único grande sucesso, foi uma versão de Califórnia Dreaming, que cantou para uma peça publicitária em 1988 para a C&A. Foi um estrondo, mas infelizmente ela logo foi esquecida pelo grande público que, aliás, nem sabia se tratar de uma brasileira.

Começou sua carreira em 1963, no programa Hoje é Dia dos Brotos, do saudoso Rossini Pinto, pela rádio Tupi do Rio de Janeiro. Seu primeiro disco foi em 1966, "Uma Rosa com Bossa". Chegou a trabalhar na Record e, em 1968, participou da peça Hair.

Uma temporada fora em 1972/73, na volta ficou quatro anos em cartaz no Clube de Jazz Opus 2004, que inaugurou em São Paulo. Gente de outros Estados comparecia às apresentações, ou seja, o brasileiro realmente já foi mais criterioso com seus gostos musicais.

Poucas rádios, como a Executiva FM, ainda tocam a música. mas o repertório da cantora é bem amplo, a maior parte em inglês, mas também muito de Noel Rosa. A preferência clara por jazz e blues não é estranha, combina com ela e com seu timbre.

Imagino os motivos para ela não estar enchendo as burras com turnês e contractos, acredito que os leitores também tenham uma clara idéia. Alguém que canta versões maturadas de antigos sucessos, não consegue penetrar nas cabeças pubianas que predominam. Não que meu gosto seja sinônimo de virtuosidade musical.

Suas apresentações não costumam atrair a "juventude", normalmente são casais que jantam ao sabor de sua voz divesca. Se isso não lhe garante fortunas a cada música, pelo menos assegura um público mais fiel, de audição mais refinada. Se bem que canções como Calling You têm momentos de boas batidas. Profundidade, muito mais do que sonoridade, é uma de suas regras.

Faz muito mais sucesso lá fora do que aqui, infelizmente, o que não a abate. Ela não abre mão do palco, seja cantando, seja no teatro. Tem feito participações na televisão, ainda sem a devida recompensa pelo seu talento. Em 2007 fez Tia Anastácia, no remake do Sítio do Pica-Pau Amarelo, além de participar de novelas como Ciranda de Pedra e Paraíso. A Rede Globo, com todos os contras, pelo menos para isso costuma servir.

Rosa assume publicamente sua forte espiritualidade, com simpatia explícita pelo espiritismo, pelos Rosacruz, pelos estudos da Kabbalah... Talvez isto deponha contra, estamos vivendo uma guerra dogmática branca das mais estúpidas da história. Assumindo-se, ela espanta muita gente que gosta de seu trabalho, mas odeia aquilo em que ela acredita. Vão-se os manés, ficam os sem-medos.

A recomendo para quem aprecia uma diva da melhor safra, com todos os bônus de uma que sobreviveu à juventude e ainda pode ser encontrada, na activa, sem medo do trabalho.








Web site de Rosa, clicar aqui.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Lições dos animês para a vida - 01


Foi por acaso que tive esta idéia de jerico e decidi escrever na hora para não perdê-la, como tantas que se evaporaram, então não esperem um primor literário, estou improvisando.

Como as heroínas criadas até os anos setenta, como a Mary Marvel, as personagens japonesas mostram nas telas, e nos mangás, cousas que nossas avós já sabiam e tiravam de letra, embora nem sempre sem um sacrificiozinho, nada que não valesse o gosto feito.


É possível usar roupas elaboradas no dia a dia. Pode parecer até patológico para alguns, mas roupas extravagantes, como as da bélle époque, podem ser utilizadas no cotidiano com algumas adaptações, afinal as mulheres se aventuravam ao volante, no fim do século XIX, só sofrendo para conseguir ajuda com a maldita manivela para dar partida. Não tão longe, dá para se utilizar um vestido estilo anos cinqüenta, ou um tailleur esvoaçante, sem que isso atrapalhe o cotidiano. Claro que no desenho os rodopios fazem as gôndolas ficarem, miraculosamente, mais distantes, mas é questão de saber onde termina a roupa e começa o resto do mundo. Saias esvoaçantes plissadas, para deixarem a usuária à vontade, precisam de anágua. Na verdade é possível fazer combinações extravagantes sem tornar-se impraticável, como cores berrantes em um modelito de corte simples, com uma echarpe florida e pulseiras. Fica-se perua? Sim, fica-se, mas uma perua de classe. Se feita sob medida, então... Se joga que a cena é toda sua!


É possível usar roupas curtíssimas sem aparecer absolutamente nada. Que o digam as avós, que viram a mini saia nascer muito mais curta do que a maioria das de hoje, só que sem mostrar o rego, é claro. É questão de saber o seguinte, as pernas estão à vontade e o vento não respeita pudores, então as mãos precisam estar mais rentes ao corpo, para evitar imprevistos, nada além disso. Na hora de se sentar, pernas juntinhas e mãos no colo. Na hora de correr, complica, mas nada que pé-ante-pé não ajude a resolver. Ajuda muito saber que barra muito alta, precisa de tecido mais pesado e opaco, com corte mais justo nos quadris, não se deve acreditar que duas fazendas com aparentemente a mesma textura, terão o mesmo efeito. Ponha-as contra a luz e pese um pouco de cada em cada mão. Uma vantagem de roupas curtas, é que elas permitem o uso de cores cortes e estampas grandes, sem te fazer parecer mais volumosa, especialmente se fores feitas por uma costureira ou um alfaiate, aí a cousa fica perfeita.


Classe é atitude. Notaram que elas sempre parecem mais nobres e elegantes? Mesmo as mais humildes? Bem, isso nossas avós também sabiam, mesmo as do interiorzão deste país sem tamanho. A questão é saber que se está em um mundo, não no seu mundo. Ele não vai se tornar menos perigoso e oneroso por sua causa. Então trate de antecipar os eventos, olhando de forma altiva, tudo ao seu redor, sem empinar e sem abaixar o nariz. Andar com delicadeza, na maioria dos casos, é evitar tropeçar por um passo mal ou não calculado. Andar com sensibilidade, permite dosar bem a força de cada passo. Em pouco tempo isso já é feito instintivamente. Andar com altivez dá a melhor boa impressão que um desconhecido pode receber, bem como ajuda a afastar os aventureiros, pois dá a impressão de que se quer cousa séria. Aliás, uma postura realesca faz as roupas mais sexies, desde que não sejam propositalmente vulgares, parecerem elegantes, selecionando os cancidatos a Don Juan.


Não deixe seus exercícios para as máquinas. Dá muito bem para subir três andares, ou umas cinco quadras, pedalar, enfim, dá para se dispensar a ajuda mecânica na maioria das actividades cotidianas. Sabem como nossas bisavós passavam roupa? Tinham que encher de carvão um ferro de ferro fundido, pesando de três a cinco quilos, e balançá-lo até o vento entrar em volume suficiente pelos furos e atiçar a brasa, e repetir a operação cada vez que ele começasse a esfriar. Nenhuma morreu por isso, mas não precisa chegar a tanto. As moças de animês são, na maioria das vezes, praticantes de artes marciais ou um esporte. Exercícios regulares de vez em quando, mesmo moderados, fazem maravilhas pelo corpo e pelo bom humor. Comece dispensando o ônibus quando o sol estiver tênue, na transição do dia para a noite. O mais sábio é se exercitar com o que se gosta, não com o que regras politicamente patéticas mandam. Quer uma pizza? Se a pizzaria não ficar muito longe, vá buscá-la vocês mesma. Ok, quer manter o emprego do entregador, que bela e esfarrapada desculpa! Então vá convidar os amigos pessoalmente para compartilharem da pizza, mover os músculos para gastar a energia a ser reposta. Andar, carregar as compras da feira, exercitar as pernocas... Se mexe, menina!


Não tenha vergonha de tua idade. O estereótipo necessário à expressão dos animês dá bem o recado, cada um é feliz se usufrui a contento de sua fase. Não se force a parecer uma pessoa séria e austera, nem o contrário. Cada jeito de ser tem sua função no mundo, bastando saber se portar em cada ambiente, não há motivos para parecer o que os outros querem que pareça. Não tente parecer mais velha para entrar em um recinto de que tu, na realidade, não gostas. Quase cem por cento o fazem só para agradar ao grupo de pseudo-amigos. Da mesma forma, é idiotice negar o passar dos anos, acreditando que sexo com garotões vai retroagir o tempo. Não seja escrava de tua idade, seja aliada dela, quem se assume consegue extrair muito mais do que o dinheiro é capaz de comprar, e de graça. Gente autêntica tem amigos autênticos. Alegrias e tristezas, todas as fases têm, saiba dar a devida atenção a cada uma, é isso que te dá o glamour que os filmes prometem.


O que foi dito aqui, serve também para os rapazes, e acrescento: Seja cavalheiro. Certo, nem todos, neste tempo corrente, estão prontos para agir com dignidade ante um gesto cavalheiresco, mas não se encontra quem esteja se não começar a praticar. Não se iluda com a força demonstrada pela moça, todas as que estão dispostas a um compromisso, gostam de um cavalheiro, todas sem exceção. Ceder a vez, na maioria dos casos, é o bastante para impressioná-la. Isso vai arrancar risos de escárnio de muitas, mas será o filtro necessário para saber quais honrariam tua parceria, e quais te meteriam um par de chifres na primeira oportunidade. Além do mais, isso vai te amadurecer mais do que teus pais esperam de ti. Como eu sei? Meu amigo, eu sou aquele amante à moda antiga, do tipo que ainda manda flores, que apesar dos velhos tênis e da calça desbotada, ainda chama de querida a namorada.

sábado, 8 de setembro de 2012

O filho do olimpo; Demis Roussos


O egípcio de Alexandria, expatriado com a família para a Grécia, depois que perderam tudo com a crise do Canal de Suez. Ele tinha quinze anos na época, a cultura egípcia já estava bem instalada no seu subconsciente.

Ele veio ao mundo em 15 de Junho de 1946, como Artemios Ventouris Roussos. Ou seja, já tinha ascendência grega, mesmo seus pais George e Olga, esta de nome artístico Nelly Mazloum, uma lenda na dança, terem nascido no Egito.

A influência da música árabe é forte, mas ele é fã do jazz e aprendeu a tocar trombeta já aos dez anos.  Integrou o The Idols aos dezessete anos, quando precisava sustentar a família, já sendo chamado de Demis. O cansaço do vocalista para algumas canções, deu-lhe a chance e ele não desperdiçou, destacou-se na função.

Fundou a banda We Five, como vocalista principal, com composições de Lakis Vlavianos, mas o sucesso ainda o esperava na esquina, logo ali em frente. O rock progressivo de Aphodite's Childs, onde contou com Vangelis e Loukas Sideras, foi que deu-lhe a notoriedade e o prestígio que tem hoje. Não conseguiram permissão para trabalhar na Inglaterra, onde formaram o grupo, então foram para Paris, em pleno clima de revolução.

O álbum Rain and Tears vendeu mais de um milhão de cópias só na França, quando nascia a primeira filha de Demis, Emily. Após o lançamento de 666, que gerou boicotes de "cristãos" e mais polêmica fútil do que eles gostariam, o grupo se desfez formalmente. Mas os três continuavam na estrada.

O estilo operesco de Demis, no entanto, já tinha eternizado o Afrodite's Child, e o seu legado ampara os três amigos até hoje, como Afrodite cuida de suas crianças. Tanto que a parceria de Demis e Vangelis continuou, com o álbum Race to The End servindo de trilha sonora para o filme Chariots of Fire.

We Shall Dance foi seu primeiro álbum realmente solo. E foi um estrondo até na Escandinávia, que geralmente se mantinha um mundo à parte em muitos aspectos, até o advento da internet. Mas sofrido mesmo foi conseguir sucesso nos Estados Unidos, que ocorreu com o disco de ouro pelo álbum "Demis", mas também é o único que o faz ser realmente lembrado por lá.

Após o nascimento de Cyril, em 1975, ele trabalhou feito um louco, passando os oito anos seguintes em turnês pelo mundo inteiro, inclusive o Brasil, conseguindo a proeza de lotar o Maracanã. Cousa que só Sinatra tinha conseguido. Dos anos setenta aos oitenta, Roussos conseguiu uma discoteca invejável de mais de cem discos de ouro, platina e diamante. Dá para se fazer um museu só com o acervo dele.

O filho de Afrodite viu Tanatos de perto em 1985, quando o avião em que estava com a esposa, foi seqüestrado. Isso após ter dado um tempo na carreira para se dedicar à família, longe das câmeras, dos jornais, dos palcos, mudando-se para os Estados Unidos. O drama no avião da TWA o fez rever todas as suas prioridades e voltar à activa, para o deleite dos fãs.

Voltou a morar na Grécia, continua com uma vida mais pacata, mas aquele fervor de abraçar o mundo inteiro é cousa do passado. Esteve no  Brasil três vezes, a última em 2005, quando renovou sua legião de fãs locais.

O que mais motiva os fãs a pagarem para uma apresentação de Roussos, é sua actuação no palco. Há gente que decepciona muito quando está ao vivo, outros que se limitam a fazer espetáculos e playback. Como poucos, ele faz questão de que o público ouça na platéia o que acontece no palco.Além do quê, sua interpertação ao vivo faz toda a diferença, para quem já ouviu o som mecânico, ele passa outra

O que aprender com Demis Roussos? Ele se forjou na adversidade. Teve recursos para se formar, nos primeiros anos, perdeu tudo e, em vez de se revoltar e fazer asneiras, se valeu do que tinha conseguido para devolver aos pais o que eles lhe tinham proporcionado. Ele não se acomodou, foi para onde havia trabalho, se valendo muito da pequenez do continente europeu para tanto. Soube compreender os avisos que a vida lhe deu, quando do seqüestro do avião, e soube também colocar esse aprendizado em prática. Resultado, ainda temos Demis Roussos cantando e encantando gerações inteiras.







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