sábado, 31 de maio de 2008

Ela roubaria este livro

Eu sei que só de escrever a palavra best-seller eu já dou condições para que as mentes férteis e línguas ácidas da turma do "não li e não gostei" (da qual eu faço parte, lê-se Paulo coelho) trabalhem á mil por hora na grande arte da esculhambação generalizada e sem fundamento (e que eu adoro).

Porém hoje eu me dignei a comparecer em uma lan house cujos teclados fazem o mesmo barulho de uma máquina de escrever - e a letra T exige um esforço enorme para aparecer- para defender um livro das maledicências que seu número de semanas no topo da lista dos mais vendidos da Veja pode trazer.

O meu primeiro argumento em defesa de A menina que roubava livros é que sim ele é um best-seller, mas ele é limpinho, ele não foi escrito por que a moda editorial mandava tal. Isso mesmo, ele está entre os mais vendidos, mas não ele não fala de Maria Madalena e Jesus, A vida árabe hurts ou de como usar sua mente pra conseguir qualquer coisa.
Outra coisa, a história É interessante, nada de muito linear, com personagens que são a mesma coisa o tempo todo. Na verdade, a vida de Liesel (a protagonista) é o resultado do que aconteceu na vida de todos os outros personagens, o que torna o enredo bastante intrincado e com vários níveis.

A estilo de narração também é notável, o narrador é personagem, porém um personagem distante, um funcionário que só age quando seus serviços são necessários, ele está ali, mas não está sempre participando ativamente da história. Ah, outro detalhe, o narrador(a?) é a Morte, e nos dar uma visão totalmente inusitada e perspicaz- por vezes fria- do fim da vida.
Outra coisa muito interessante na narração é que ela não está carregada daquele estilo sistemático e totalmente clichê de tentar prender o leitor consagrado por Danielle Stell e Sidney Sheldon, na verdade, a Morte nos adianta muitas das coisas que iram acontecer, até mesmo coisas que estragariam o livro, porém o interesse não morre, o que prova que o que nos prende são os personagens e a escrita do livro, não a curiosidade de saber o final (como nos livros do Dan Brown).

Mas a coisa que mais nos trás prazer em todas as 480 páginas é o apelo humano presente no livro, a humanidade e o amor - que andam em falta ultimamente- dos personagens. Sem precisar fazer drama exagerado - como em O caçador de pipas-, o autor mostra como o humano pode ser bom, como ele pode se dar o luxo de pequenas felicidades em plena Alemanha Nazista. A menina que roubava livro é uma leitura excelente, tudo bem, ele contém alguns elementos best-seller, como vocabulário fácil, porém ele é diferente de tudo o que está aí e nos impõe várias reflexões, tudo isso sem ser escrito pelo Augusto Cury.

Para o pessoal do não li e não gostei... Leiam e passem a gostar.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

il vous apartien

voila 

Voilà mon coeur , c. 1989 Bordado e cristais sobre feltro, 22 x 30 cm
Col. Adriano Pedrosa

Há alguns dias, buscava algumas referências perdidas, qualquer coisa que indicasse algo de minha história esquecida. Foi quando reencontrei este trabalho do Leonilson ao revirar meus livros, anotações, cadernos de desenho e diários. E com um sorriso, percebi que a força sutil desta pequena obra ainda me toca.

Expor o coração é ato doloroso: Submete-o ao ceticismo e ao julgamento. Um coração que é um punhado de cristais bordados com linha azul, sobre uma lona pintada de dourado. Não há chassis: Ele é pregado na parede, pelos furos na borda superior. No verso da obra, a inscrição: ele lhe pertence. Com que coragem ele colocou ali seu vaso frágil de sentimentos mais íntimos?

Aqui está meu coração, faça dele o que quiser.

Caravaggio,   Monet, Renoir (e tantos outros mestres-heróis) me enlevam, surpreendem. Trabalhos como o pequeno Voilà mon coeur me trazem à fragilidade preciosa do ser humano. E com cristais e linha azul, borda em mim uma coisa que não tem nome.

Leonilson, artista plástico paulistano, morreu em 28 de maio de 1993 aos 36 anos, em decorrência da Aids. Ao ser indagado por Adriano Pedrosa (crítico e amigo do artista) sobre este trabalho, responde, simples: Ouro de artista é amar bastante.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Notícias de todo dia

Gugu pode trocar SBT pela Record.
Antes fosse: Gugu se aposenta e jura nunca mais aparecer na TV.

Duas Caras grava beijo gay.
Além dos casamentos/nascimentos/mortes isso do beijo gay virou tradição de fim de novela. Acho que quando tiver o tal beijo gay ninguém vai nem acreditar.

Falcão e Maria Rita são vistos aos beijos.
Não foi por isso que ele e a Débora Secco terminaram? Até minha vó achava que esse babado era antigo...

Novas fotos sensuais de Miley Cyrus.
Minha priminha é fã de Hannah Montana. Pelo menos, no meu tempo as Chiquititas não faziam isso.

Namorada de Cristiano Ronaldo faz topless.
Se a namorada fosse traveca o bafafá seria muito maior.

Amy Winehouse agride fotógrafos.
Bater em fotógrafo está para Amy assim como sair sem calcinha está para Britney.

Cléo Pires sai com a mãe no Rio de Janeiro.
Uau.

"Se mudo o cabelo, viro assunto em 5 jornais", diz Justus.

Modéstia, né?

E o Grecin?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Eu sei, mas...


Eu sei que um copo de coca-cola não é café da manhã de gente decente.
Eu sei que, se eu tiver uma dor de cabeça leve à noite, não posso dormir sem tomar remédio e esperar passar.
Eu sei que, se eu ignorar a dor de cabeça leve e for dormir, acordarei com uma dor de cabeça monstruosa.
Eu sei que, quando acordo com a "dor de cabeça monstruosa", não devo usar perfume.
Eu sei que, se eu usar só sapatos baixos, durante uns dois ou três dias seguidos, me dá dor nas pernas.
Eu sei que, se eu passasse menos tempo na Internet, teria mais tempo para ler.
Eu sei que dormir tarde nos finais de semana desregula o relógio biológico.
Eu sei que dormir maquiada faz mal para a pele. Sem falar que a gente acorda parecendo o Marilyn Manson.
Eu sei que banhos quentes ressecam a pele e agravam a caspa.
Eu sei que perfume de alfazema não é chique.
Eu sei que dormir com o cabelo molhado pode causar gripe. Ou pneumonia, em homenagem ao Fabio.
Eu sei que devo lavar as frutas antes de comê-las.
Eu sei que devo comer frutas, para variar.
Eu sei que não devo remoer pensamentos. Não há nada que eu possa fazer para resolver uma pendência de 1995. Não enquanto a máquina do tempo não sair da ficção.
Eu sei que não devo me contaminar com o mau humor alheio.
Eu sei que as plantas não sobrevivem sem água.
Eu sei que, se eu arrumasse minhas coisas um pouco a cada dia, não teria uma montanha de bagunça para arrumar no final da semana.
Eu sei que o registro do chuveiro não é o lugar mais apropriado para pendurar calcinhas.
Eu sei que não posso evitar que as pessoas que eu amo sofram.
Eu sei que a vida não é filme, que príncipe encantado não existe e que é mais fácil eu ser atingida por um raio do que ganhar na mega-sena.
Eu sei que, sem jogar, não ganharei na mega-sena jamais.
Eu sei que ouvir música alta, com fones de ouvido, contribui para que eu vire a velha surda, daqui a alguns anos.
Eu sei que maus pensamentos não atraem coisas boas.
Eu sei que, para mudar alguma coisa na vida, é preciso começar.
Eu sei, eu sei, eu sei.
Dizem que errar é humano, mas insistir no erro é burrice. Eu insisto nestes e em outros erros, todos os dias, logo... Não se atreva a completar a frase! Você também erra!
(Em defesa da alfazema, ela pode até ser simplezinha, mas é refrescante, cheirosa e ainda afasta os maus fluidos!)

sábado, 24 de maio de 2008

Maldade dela...

Bom, primeiro quero avisar que esse post é uma espécie de resposta a um texto da , Maldade sua.

***
Ai os filhos... Nos obrigam a cada coisa, de onde é que aquela garota tirou que (em pleno dia de semana) eu teria tempo de deixar tudo pra fazer dentro de casa e vir ao Sebo? Como se ela não tivesse bastante tempo livre pra fazer isso, mas não, ouvir música enquanto pensa que está me enganando com o papo de que está estudando é um compromisso inadiável!
Qual era o nome do livro mesmo? Alguma coisa -não-sei-o-que-para-teens, até parece que eu tenho idade pra ao menos passar perto de algo com o nome teens escrito, agora todo mundo vai pensar que eu sou uma daquelas tias que nunca crescem e juram que são adolescentes para sempre. Tudo isso pra quê? Se pelo menos fosse um livro informativo (e que melhorasse algo naquele boletim)... Mas óbvio que ela não leria nada desse tipo... O tipo dela é: o mais inútil e mais difícil de se achar... Sempre foi assim, quando era criança e todos queriam uma boneca das Chiquititas, ela não queria, berrava por um brinquedo que ela tinha visto não sei onde e que havia parado de ser fabricado, e agora ela me vem com essa tal de (como é mesmo?)...
...
Ah, tá ali... Droga, lá em baixo é que fica a letra u, de uíca... tenho que me abaixar pra pegar essa droga. Êta dificuldade, ainda mais com esse meu peso... Mas fazer o quê? Se eu não compro, ela me vem com aquela ladainha do "você-prefere-minha-irmã" que eu não aguento mais ouvir... Hmmmm, cadê o livro?
...
Ih, lá vem uma moça, maaagra coitada, acho que ela quer pas--
Ai, mas que mal educada , nem pediu licença e fez uma cara, aposto que é daquelas metidas a intelectuais que vivem "batendo um papo sobre coisas de vanguarda" dentro de cafeterias... Será que os pais delas não percebem que essa garota é visivelmente anoréxica, deviam procurar ajuda...
...
Ai meu Deus, olha só a hora, e ainda tenho que fazer o almoço! E ainda nem achei o livro, a única saída é me expor à humilhação suprema, perguntar ao caixa sobre um livro TEEN!, e eu nem tenho nenhum teen do meu lado que justifique a procura, que coisa mais constrangedora!
...
Ai não, olha só quem tá do meu lado! Miss transtorno alimentar, passar essa vergonha na frente dela... Mas é o jeito, pelos filhos se faz tudo, mesmo que ele não mereça e venha tirando péssimas notas... Aí vou eu...
-Vocês têm livros de u...íca? (que droga ser branca, estou visivelmente ruborizada)
....
Anotação pessoal, nunca mais passar perto dessa livraria.
Anotação pessoal 2, sempre que vir uma anoréxica com pinta de intelectual, baixar a cabeça.
Anotação pessoal 3, ser mãe é bom, mas é muito difícil.
***
Faz tempo que não dou as caras, néam? Meu PC, que já é praticamente um personagem deste blog, morreu, e dessa vez minha mãe pegou ar (ficou brava em nordestinês) e não vai mandá-lo pra o conserto, mas a parte boa é que ela comprará outro!!!
Adeus PC coidipobre, olá PC novo...
Volto próxima semana com a homenagem das mães...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Corági!!

E hoje eu fui fazer minha primeira tatuagem. No pé. Colorida. Estava morrendo de medo. De verdade. Mas acabei me surpreendendo.

Não é nada que não se possa suportar. E, sim, dói menos do que depilação da virilha. É incômodo, mas nada além disso. O que incomoda mais, na verdade, é o barulhinho maldito do aparelho. Lembra muito dentista, o que me deixou um pouco apreensiva. Mas logo passou. O tatuador é gente boa e ouviu a Kiss durante todo o processo, o que também colabor
ou para eu ficar calma. Porque eu cheguei no estúdio suando frio e pálida! Mas nem precisava tanto.

Duas horas depois, minha tatuagem ficou pronta e eu muito satisfeita com o resultado. Não tive um ataque cardíaco, o que me deixa bem feliz. E é isso, Melzinha agora tem um belo beija-flor no pé.

E nada mais de interessante tenho para escrever.

Tá parecendo aqueles blogs em formato de diário virtual. =P

Whatever. Por hoje é só, pessoal!


segunda-feira, 19 de maio de 2008

Dos sofrimentos de uma hobbit

Ser hobbit não é fácil. Não estou falando dos hobbits verdadeiros, da Terra Média. Estou falando de nós, mulheres de tamanho diminuto e de peso igualmente exíguo. Eu, por exemplo, sou totalmente hobbit. Minha altura (melhor seria dizer “baixura”) é 1,52m. Meu peso não chega a 40kg. Ser magra é o máximo, é o que todos proclamam aos quatro ventos. Pode até ser. O problema é que, a magreza, aliada a pouca altura, só traz dissabores.

Uma hobbit nunca consegue comprar um par de calças e vesti-las na mesma noite. Depois de sair da loja, tem que levar a peça para casa, experimentar de novo e marcar as bainhas das pernas e os ajustes da cintura. Feito isso, é necessário levar as calças para a costureira. Algumas lojas fazem pequenos consertos nas peças, mas esta hobbit que vos fala não confia em qualquer costureira.

Uma hobbit não consegue, tampouco, usar roupas “tamanho único”. Aliás, um parêntese: tamanho único? Desde quando as pessoas são todas iguais? Tamanho único significa que a mesma peça deve servir na Preta Gil e na Kate Moss. Estão brincando com a nossa cara, não é? A minha experiência diz que tais roupas têm mais chance de servir na Preta Gil. Sim, o tamanho único é mais para mais do que para menos... E a hobbit vai embora da loja, mais uma vez desapontada...

Uma hobbit quase sempre precisa dobrar as mangas de blusas de lã, pois estas não podem ser cortadas e ajustadas. Ao comprar uma jaqueta ou um casaco, também precisa mandar a costureira cortar as mangas... Quem tem braços tão longos, meu Deus? Quem? Aliás, por que a hobbit não manda fazer todas as suas roupas na costureira? É uma idéia, mas quem tem tempo e disposição para isso?

Uma hobbit tem a plena convicção de que o mundo é dos gordos e altos. Sabe aquele cinto lindo da vitrine? Pode esquecer, não vai servir. Ou até vai, dando duas ou três voltas. Quem tem a cintura desse tamanho, meu Deus? Quem?

Uma hobbit, tendo sorte, consegue comprar roupas na seção infantil. Mas é preciso garimpar, para não correr o risco de levar para casa uma calça da Polly ou uma regata das Bratz. Encontrar um jeans sem pespontos cor-de-rosa também é uma bênção. Não existe nenhuma vantagem: as roupas de criança custam o mesmo que as de adulto. Sem falar no mico de ir ao provador e encontrar uma menina de dez anos com o dobro do seu peso. E constatar que ela já é bem mais alta que você.

O maior drama da vida desta hobbit, porém, é outro: os pés. Não, eles não são peludos. Como ela não é igual aos hobbits da ficção, ela usa sapatos. Pior do que isso: ela ama sapatos. Compraria todos os calçados que vê pela frente, se tivesse dinheiro e se encontrasse o seu número.

Acontece que esta hobbit calça 33. Muitas lojas só vendem sapatos a partir do 34. Isso é de uma exclusão social sem precedentes na história deste país. Quem calça 33 pode muito bem participar do Movimento das Sem Sapatos. Imagine o drama de quem vê um scarpin maravilhoso na vitrine e nem entra na loja, porque certamente não vai encontrar um que lhe sirva!

Como os bons dramas são cheios de reviravoltas, às vezes acontecem algumas surpresas. A loja tem o scarpin tamanho 33, mas, adivinhe? Não serve mesmo assim! O sapato tem a fôrma grande! Fica largo! Cai do pé!

Tudo piora quando os calçadistas resolvem inventar sapatos 33/34. Quem calça dois números ao mesmo tempo? Quem? Ou é uma coisa, ou é outra! É escusado dizer que essa numeração bizarra desfavorece quem calça o número menor. Por causa dessa palhaçada, esta hobbit nunca pôde comprar uma Melissa. E poxa, como ela gostaria de ter uma! Poderiam fazer 32/33, então. Garanto que caberia nos pezinhos hobbitianos.

Por isso, sempre que esta hobbit encontra um sapato que lhe sirva, ela compra. Precisando ou não, tendo dinheiro ou não. Porque nunca se sabe quando terá essa sorte novamente. É como diz aquele ditado de pobre: “não tenho tudo o que amo, mas amo tudo o que tenho”.

Ser hobbit não é fácil. Mas tem lá o seu charme – e sua dose de sofrimento, que é para dar uma certa graça à vida.

(Texto dedicado à Meg, que também é hobbit)

domingo, 18 de maio de 2008

Fim do Inferno Astral...

Até ontem, tava complicado.

Dificil mesmo.

Sabe o que mudou, de ontem pra hoje?

Absolutamente nada.

Ganhei alguns presentes, uma oportunidade de trabalho surgiu....

Mas ainda tá tudo igual.

O medo sempre é constante, que seja apenas fogo de palha.

As melhoras não conseguem ser constantes e duradouras.

Mas....

Como dizem os franceses, "C'est la vie"...

E é por aí que a vida segue....

Whatever....

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Outubro, 1982. Outubro, 2006.

Obrigado, Pai. Por me permitires mais uma vez esse abraço, naquela noite escura.

Descemos a rua, engasgados. A calçada era mais cinza e os carros passavam mais rápido. Não sei se garoava. Ela, que nunca gostou de andar, caminhava comigo naquela noite. Era preciso. Ela me deu o braço e eu quis ter de novo 10 meses de idade e caber no seu colo. Não podia: ela caminhava comigo, mas o caminho era meu.

Ela me deixou chorar, só naquela noite. Eu tinha que acreditar na existência dourada do sol, mesmo que em plena boca nos bata o açoite contínuo da noite. E se lutar contra os moinhos é inevitável, eu decidiria como enfrentá-los: estavam em mim.

Cada um dá o que tem, ela diz sempre. E me mostrou o quanto tenho. O caminho é meu, mas andamos juntos, a cada dia. Ela me deixou chorar, mas só naquela noite.

(Na foto: Mamãe, Vovô e eu, Outubro/82. No texto: Mamãe e eu, Outubro/06.)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A minha mãe é tudo de bom...

... porque ela ouve rock no último volume e canta animadíssima comigo.

... porque ela me ensinou a gostar de Madonna quando eu ainda era um pequeno ser dentro dela.

... porque ela me escuta enquanto choramingo sobre minhas aventuras amorosas.

... porque ela sempre me apoiou em tudo o que fiz, principalmente na escolha da minha profissão.


... porque ela come manga com sal.

... porque ela cozinha como ninguém, mas não é muito fã de ficar horas no fogão.

... porque ela é moderna e a gente usa as mesmas calças jeans.

... porque ela compartilha meu vício por sapatos.

... porque ela é minha melhor amiga e sabe de tudo que acontece na minha vida.

... porque ela adora queimar meu filme quando apresento um namorado, mostrando minhas fotos de criança para o pretendente.

... porque ela é linda e passaria por minha irmã com facilidade.

... porque ela também acha que o Marcello Antony é tudo de bom.

... porque ela chora comigo quando assistimos filmes românticos.

... porque ela vibra comigo durante os jogos do Corinthians, mesmo não tendo time definido. E canta as músicas junto comigo e a torcida.

... porque ela participa de todos os momentos da minha vida.

... porque ela é minha maior fã.

... porque ela acredita que um dia vou ser apresentadora do Jornal Nacional.

... porque ela sempre lê o Tali-Coisa, elogia e comenta os textos dos demais participantes.

... porque ela sente o maior amor do mundo pelas filhas.

... porque ela faz amizade com todo mundo, desde os porteiros até a caixa do mercadinho.

... porque ela me ensinou a vencer os obstáculos da vida.

... porque ela é exemplo de determinação.

... porque ela é a melhor mãe do mundo!

Te amo, mamis!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Mega Mother Fashion Creepy: Desfile de Mamães com Defeitos de Fábrica.

Certamente o presumível pra uma semana especial sobre mamães, seriam textos simpáticos e com fortes doses de “awwnnn” no conteúdo (estas não podem faltar de modo algum).

Mas decidi trafegar por um viés um tanto sórdido, que seria justamente o aspecto sombrio de determinadas Rainhas do Lar.

No intuito de acertar, inúmeras patroas erram feio com sua prole. E algumas, num claro intuito de errar feio com sua prole, cometem atrocidades que não teriam sido melhor arquitetadas nem pelo Homem do Saco.

Pois bem, a primeira desse desfile atroz, é a Mamãe Língua de Trapo:

Este modelo tem o falador frouxo e adora trocar figurinhas com as amigas a respeito do comportamento dos filhos. Nesta ela denuncia hábitos secretos dos pimpolhos, tais como a mania de espalhar roupas sujas pela casa, transformar a cozinha num cenário do filme Twister, ou de arrancar os cabelos da irmã mais nova com uma pinça.

Seguindo a linha, apresentamos a Mamãe Marvel:

Esta mamãe considera-se resultado de uma reação química intergalática, que fez com que ela adquirisse super poderes. Sua missão é proteger seus filhos a todo custo, não importando a dimensão da ameaça. Dessa forma, a Mamãe Marvel proíbe o filho de sair sozinho, brincar na rua, comer frituras depois das onze; dá na cara de agressores da escola, enfrenta quem quer que seja pra que o filho jamais saia de baixo das suas asas. Da sua capa super-sônica, digo.

Continuando o MMFC, temos a Mamãe UltraViolence:

Essa é a mãe Laranja Mecanicista Tarantinesca que distribui socos e pontapés ao menor sinal de insubordinação. É típico deste modelo, amarrar criaturas ao pé da mesa, visando mantê-la aos seus carinhosos cuidados. Em casos mais extremos, atiram os rebentos em rios ou cascatas e/ou ainda de sacadas de prédios.

Dando continuidade, temos a Mamãe 'Prendam Suas Cabritinhas':

Essa mãe só é observada quando a mesma dá a luz a filhos machinhos heteros convictos. Sua conduta repousa na alcovitagem indiscriminada. Estas incentivam a fornicação sem medo de ser feliz, desde que seja com amor e camisinha. A frase típica é: “Meu filho é macho! Quem tiver filha-mulher, que prenda suas cabritinhas”

Finalmente temos a Mamãe Jovem Guarda Vive:

Esse tipo recusa-se a crer que não é mais uma moça e insiste, para total desespero dos filhos, em freqüentar suas mesmas festas e baladas. Tem orgasmos quando é confundida com irmã se sua própria filha, e dá piscadelas para pitboys sem apoquentar-se com o amanhã. Esse modelo assassina os filhos de vergonha e entra pro nosso ranking com louvor.


Ora, se a sua mãe se enquadra nesse super desfile, contenha o ímpeto de ligar para a Defesa Civil ou PROCON. Porque todas as mães, sem excessões, e independente de suas imperfeições, trazem consigo o amor incondicional a seus filhos e no final das contas, é isso que importa. [A dose de "awwwnnn" que não podia faltar ;) ]

terça-feira, 13 de maio de 2008

Fatos sobre a minha mãe

Ela é bastante invocada, é a personificação do “não leva desaforo para casa”. Uma verdadeira Chuck Norris do mundo materno;

Ela já passou por diversas situações estranhas e fez coisas que a maioria das pessoas não teria coragem: tipo correr atrás do ladrão que acabou de afanar sua carteira, pegar de volta e ainda bater no cara;

Ela é viciada em picles, come um pote inteiro freqüentemente;

Ela trata os cachorros daqui de casa como se fossem bebês, e criou um modo peculiar para se referir a eles: coisas como “dsse (um ruído estranho/meigo) bebê”, “dsse bichinho”, “dssessa cutie”;

Ela só é a mãe em 50% do tempo, na outra metade a gente inverte um pouco os papéis;

Ela ouve hip-hop e não consegue ficar um dia sequer sem entrar na Internet. E tem amigos no mundo todo (até mesmo no Azerbaijão!).

Ela vive dizendo que quando ficar velha não quer me dar trabalho, e que eu posso colocá-la sem problemas em um asilo. Mas o asilo tem que: ser limpinho, ter Internet, alfazema (sério, esse item é fundamental para ela) e aceitar animais de estimação;

Ela faz amizades em filas de banco, de supermercado...

Ela é a pessoa mais corajosa que eu conheço, e eu me contentaria se tivesse apenas a metade de toda essa fibra;

Ela diz que eu merecia ter uma mãe melhor. Como se isso fosse possível...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Quem é essa mulher?

Hoje eu tenho a missão especial de falar um pouco sobre a minha mãe. Mas, falar o quê? É difícil descrever uma pessoa. Ainda mais alguém que convive conosco diariamente, que a gente já “absorveu” e que já faz parte de nós mesmos.

Eu poderia falar sobre as coisas da infância. Que nessa época da minha vida, a minha mãe se sacrificava pelos filhos. Saía para trabalhar antes das seis da manhã e quase não tinha tempo para vaidade. Até que um dia eu perguntei: “Mãe, por que tu não usas saia?”. E ela começou a usar, só para me agradar e ficar bonita aos meus olhos.

Ou então, poderia relembrar aquela mãe brava, que só precisava lançar um olhar mortífero para nos fazer estremecer e parar com a bagunça. Ou a mãe suave, que cantava com a gente. Também havia a mãe precavida, que mandava a gente ir ao supermercado sozinhos e depois ia atrás, com medo de que acontecesse alguma coisa. E a mãe divertida, que contava histórias do tempo em que era criança - e perdia o ar, de tanto rir.

Por outro lado, eu poderia falar das suas manias estranhas. Que ela não suporta “aqueles filmes com cantoria”. Que ela detesta cozinhar, mas faz pratos divinos. Que hoje, passado o tempo das vacas magras, ela tem roupas maravilhosas – e sempre compra mais, porque nunca tem o que vestir. Que ela é antipática e não se importa nem um pouco com isso. Que ela odeia atender telefone. Que ela vive dizendo “puta que pariu”. Que ela quer ter netos, mas não quer. Que ela tem ciúme dos cachorros, mas nega até a morte. Que ela xinga no trânsito e em jogos de futebol. Que ela me diz para andar sempre com lingerie decente, porque “vai que te acontece alguma coisa e tu vais parar no hospital com calcinha sem elástico”. Que ela acredita em Deus, na Virgem Maria, na Umbanda, no Espiritismo e em Fadas, Gnomos, Duendes, Cristais e em tudo o mais que pintar. Que ela odeia tirar fotos.

Eu poderia dizer tudo isso e perceber que eu sou muito parecida com ela. Não vou negar até a morte, vou é me encher de orgulho. Porque minha mãe é musa. Uma musa meio doida, meio desbocada e bastante geniosa, como só as musas se atrevem a ser.

domingo, 11 de maio de 2008

Especial Dia das Mães: 1 e 2


Dona Vania (a n°1) e Christine (a n°2)


A número 1 é a da esquerda. Ela me gerou.

A número 2 é a da direita. Ela foi gerada pela número 1, também. Mas em alguns momentos, foi muito mais mãe.

A n°1 não teve um pai. Até hoje, ela me pede pra ajudar a procurá-lo. Mas a gente nunca consegue. Muitas vezes, ela brinca sobre o pai ter sido um rico fazendeiro, ou um milionário.

Brinca sobre irmãos que ela sabe que tem, mas nunca conheceu. Sobre tios que nunca souberam dela. Sobre uma família que nunca a acolheu.

Ela não foi uma criança desejada. Sofreu muito com isso. Sofreu pra nascer. Deu suas cabeçadas quando adolescente (e quem não dá?) até conhecer meu pai. Casaram, etc. Nasceu a n° 2, e depois eu.

Ela tem dois olhos verdes que diz que são furta-cor. Tem bochechas macias, gostosas de apertar.

E um beijo que cura qualquer dor. Seja no corpo, seja na alma. E um abraço que faz o mundo sumir à sua volta.

Tem um coração do tamanho do mundo. Mas também é teimosa como uma porta, quando quer.

Enche o saco, às vezes... Mas qual mãe não enche?

Elas temem que a gente se fira, no mundo. Mas sem se ferir, quem é que vive e aprende alguma coisa?

Ela é que até hoje me mantém vivo. Por não me deixar desistir. E sempre dando aquela força de mãe.

A n°2 nasceu da n°1. Nasceu sadia, forte. Bem cuidada. Com familia, pai, mãe, pedigree.
Era não só a primeira filha, como a primeira neta. Ganhou todos os presentes, ganhou todos os mimos. Ganhou uma infinidade de álbuns de fotos (eram coisa cara na época).

Foi planejada, desejada, querida. Não deu tantas cabeçadas assim... Infelizmente.

Porque ainda não entendeu certas coisas da vida. E chega a me procurar por conselhos.

A MIM.

Mas no meu pior momento, em que a n°1 não sabia muito oque fazer, ela foi quem segurou minha mão. Ela que perdeu noites de sono com um irmão que já tinha 21 anos de idade e controle
nenhum sobre si mesmo.

Ela que me levou pra onde eu precisava ir. Ela quem me guiou. No momento mais negro, ela foi a minha força.

Ela me deu a Luz, na segunda oportunidade de vida que Deus me deu.

Essa é a minha irmã.


E essas são minhas duas mães.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Preparação para Colonoscopia...

... ou como ver sua dignidade descendo pela descarga.

Nos idos de Novembro/2006: 3 dias de preparação, sem laticínios, grãos nem corantes vermelhos (ou seja, pode água, oxigênio e gelatina de abacaxi). As últimas 12 horas de jejum COMPLETO, COMPLETINHO. Um litro inteiro de uma gororoba chamada Manitol pra ser tomada em meia hora (pra uma última lavagem interna - de você e do vaso sanitário). O troço é mais doce que batata doce e deixa a boca seca. Mas não pode tomar água. O jeito é bochechar água gelada e cuspir, com muita dó, o sagrado líquido deliciosamente insípido, inodoro e incolor. Dos 98% de água que compõe meu corpo, uns 30 foram pelo cano, literalmente. Quem cunhou a expressão "tô cagando e andando" devia estar em pleno preparo para uma colonoscopia e teve de se ausentar do banheiro. Porque não dá (eu quendo eu digo não dá, é porque NÃO DÁ) pra sequer se levantar do trono.
E claaaro que ao chegar na clínica vai se esperar duas gerações e mais uma Era Glacial pra entrar na sala. E eu lá, bochechando água, na tentativa de convencer meu corpo a não entrar em desidratação.  Nesses momentos a gente nem se importa com a camisolinha azul claro de hospital (aquela aberta atrás... e tudo fez sentido nesse momento!). A picada no braço é um cafuné, se pensar que seremos reidratados depois de horas de jejum e caganeira. Aquele soro geladinho entrando pelo braço foi mais refrescante que a coca-cola mais gelada na praia mais escaldante.
Percebi que o sedativo já fazia seu trabalho quando resolvo comunicar ao médico, sem qualquer pudor (com a bunda de fora, quem o teria?): -"Sabe, Doutor, não sei se estou completamente... er, vazio, sabe?" A resposta veio com um sorriso: -"Não se preocupe, a máquina tira!" Meu comentário confirmou a eficácia da dopagem: -"Pô Doutor, e o senhor nem me paga um drinque antes?" Graças a Deus o sedativo aí tratou de me apagar e só acordei no carro, quase em casa. Do exame mesmo, nada me lembro.

Dias depois, na sala do Gastro. Ele checa o laudo. Analisa as imagens mais íntimas que alguém já produziu de mim (e não estamos falando de sentimentos). A sentença? -"É Fábio, não deu nada!" Nada. Nem uma lombriga dando tchau pra câmera. Mas fiquei com fotos bacanas do meu intestino. Semana que vem eu mostro aqui!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

AUDREY HEPBIRTHDAY

No último dia 4, Audrey Hepburn teria feito 79 anos , não fosse aquele 20 de janeiro de 1993 ...

Meus primeiros contatos com ela foram puramente profissionais: a atriz e o espectador. Sua beleza transbordava nas cenas de A Princesa e o Plebeu. Teria sido difícil não se encantar com a graça da Bonequinha de Luxo. Ou com a opulência radiante em My Fair Lady.

Mas talvez sua imagem de mulher transplante a de atriz. Quando lembro dela, o que me vem à mente é antes de seu inquestionável talento e de sua trajetória, a sua beleza e delicadeza de mulher.

E não a conotação de mulher que talvez tenhamos hoje, mas uma de pureza resguardada. Audrey remete à graça e a simplicidade do ser feminino, do ser humano.

Lamento não ter tido a oportunidade de, numa sala de cinema, apreciar o talento e a graça de Hepburn juntos e em grandes proporções.

Pra nós, em registros, o teu legado de inigualável formosura.

Parabéns, Audrey.

[Texto MEME a convite do meu amigo, Nanael Soubaim]

terça-feira, 6 de maio de 2008

Raças Humanas...

Amanhã eu tenho que entregar um trabalho sobre Nina Rodrigues, na verdade é sobre um livro dele: As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil, então, só consigo pensar nesse assunto.
Fazendo um apanhado bastante básico: Raimundo Nina Rodrigues nasceu no Maranhão (Dave Land) em 1862, na década de 1880 ele veio para Salvador para estudar medicina (na faculdade do povo que só toca berimbau), depois de alguns períodos no Rio de Janeiro e no Maranhão ele voltou e assumiu cargo na Faculdade de Medicina da Bahia...

Alguns anos depois foi publicado seu primeiro livro (As Raças Humanas...), no qual ele defende a tese de que por se configurarem raças inferiores, mais atrasadas, negros e índios deveriam receber atenuantes, a responsabilidade penal não seria a mesma da raça branca. O livro foi dedicado a Lombroso, cujo trabalho acerca do “criminoso nato” lhe serviu de inspiração.

Como não havia homogeneidade racial (ele divide o Brasil em quatro grandes áreas), deveria existir um código criminal para cada raça. Era o final do século XIX e o Brasil começava a receber imigrantes em massa, o contexto era favorável para a política de “embranquecimento” da sociedade (bastante defendida por Sílvio Romero, e, posteriormente, por Joaquim Nabuco – um super entusiasta da imigração européia), embora o próprio Nina Rodrigues considerasse pouco provável que a raça branca conseguisse preponderar. Um código unificado não servia (ia contra princípios fisiológicos), já que as tais raças atrasadas não tinham discernimento.
Isso hoje em dia soa tão irreal, a genética já encarregou de derrubar o conceito de raça, e este não vai fazer a menor falta nos dicionários.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Momento "Eu não entendi é nada"

Enquanto isso, na Serra do Clack Bum...

Caveirinha: -Vamo de novo?
Doméstica: -Ai, mas você só pensa nisso, homem. Assim não dá.
Caveirinha: -Eu achava que você me amava...
Doméstica: - Mas eu amo!
Caveirinha: -Tá bom, então vamo de novo!
Doméstica: -A gente já tá o dia todo aqui. Bora fazer outra coisa...
Caveirinha: - Só mais uma vez! Por favor!
Doméstica: - Caveirinha, você tá me usando! Eu acho que você só tá comigo pra isso!
Caveirinha: - Só mais uma vez!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Doméstica: -Tá bom... Mas você tem que me prometer que depois a gente vai fazer outra coisa. Não agüento mais.
Caveirinha: - Você não me ama mais!!!! Eu sei!!! No começo, você não reclamava, até pedia mais!
Doméstica: - É que eu enjoei... A gente faz todo dia... Cansa!
Caveirinha: - Chega! Vou procurar outra mulher pra jogar Banco Imobiliário comigo!

E ele sai, batendo a porta e deixando a pobre Doméstica aos prantos.

(Não se preocupe, Doméstica! "Quem sai batendo a porta, sempre quer voltar", já dizia o sábio filósofo Araketu).

domingo, 4 de maio de 2008

Porque a gente não sabia?

Adão e Eva simbolizam dois grandes povos, existentes no alvorecer da humanidade.

Melquisedec era um grande mago.

A Atlântida caiu por corrupção do povo. As Guerras Mágicas, onde a magia pela primeira vez foi usada para o mal, destruiu essa civilização por completo. Explicando melhor, a magia era ensinada indiscriminadamente, o que levou pessoas de má índole À usar a magia de forma negativa. Surgia a "Magia Negra".

Moisés estudou nos templos do Faraó. O Livro Sagrado do Hermetismo Egípcio se chamava "Caibalion". O livro místico judaico se chama "Kabalah". Será só coincidência?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Valei-me, Prozac.

Acho que só não morri de gastrite por causa do Prozac nosso de cada dia...
Olha, 85,7% do tempo sou um sujeito agradável, paciente, gentil e generoso. Até o dia em que eu acordo com os cornos virados... E até o barulho do zíper da mochila me faz querer socar a parede - com a cabeça. Tem dias que eu literalmente não me agüento. O "ótimo", é que as pessoas não percebem esse meu estado e não mantêm a distância recomendada de 12,8 metros de mim. Aí é um festival de furar fila, jogar lixo no chão, mascar chiclete de boca aberta, toque de celular da Rirhanna (ê, ê, ê, under my umbrella, ê, ê, ê - gente, essa mulher tá bêbada ou gravou essa música depois de tomar anestesia na gengiva? ) palitar os dentes, suvaqueira no ônibus e outras atrocidades. Tudo na minha frente.
Fico pensando que Deus é um cara esperto mesmo. Além de não dar asas às cobras, também não dá gás de pimenta aos irritados.

O Prozac - ou fluoxetina - é gentilmente cedido pela farmácia do SUS - Unidade do Mandaqui.

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Em tempo: Amaci Hair é o nome do produto abaixador de cachos E levantador de auto-estima. E resolveu minha chatice com o cabelo, já que tive de raspá-lo. (Mentira: ficou legal, tirou o voluminho chato. Experimenta, menina.)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A notícia como espetáculo

Jornalismo é uma das minhas paixões. Sempre foi. Não foi difícil escolher a faculdade que faria, porque já tinha convicção da profissão que gostaria de seguir. São vários os motivos pelos quais a decisão foi tomada com facilidade. Um deles é que eu sempre achei que o jornalista tem um importante papel na sociedade. É ele que conta o que de mais importante acontece no bairro, cidade, país, mundo.

Mas, apesar de eu ser jornalista, tenho uma visão bem pé no chão do que essa profissão acarreta. Se existe algo em que eu não acredito - e durante a faculdade os professores nos orientaram a isso - é na imparcialidade. O jornalismo não é imparcial e não deve ter a pretensão de ser. A parcialidade surge desde o momento da escolha daquilo que é importante para o público saber e o que não é. A partir daí, a conhecida audiência é que fala mais alto.

José Arbex Jr., um dos jornalistas que mais admiro, escreveu um livro que explica como a audiência rege a atividade jornalística nos dias atuais. Em Showrnalismo, a notícia como espetáculo, Arbex ensina a ler a mídia. É um livro cético e crítico, mas leitura obrigatória para aqueles que querem entender um pouco melhor o que acontece hoje nos meios de comunicação. “‘Fatos’ e ‘notícias’ não existem por si só, como entidades ‘naturais’. Ao contrário, são assim designados por alguém (por exemplo, por um editor), por motivos (culturais, sociais, econômicos, políticos) que nem sempre são óbvios. Mas essa operação fica oculta sob o manto mistificador da suposta ‘objetividade jornalística’”. A isenção é algo complicado.

Falei tudo isso para chegar ao caso da menina Isabella, que domina todos os veículos de comunicação há um mês. Não vou entrar no detalhe da crueldade do crime, dos acusados ou da postura de advogados e promotores envolvidos no caso. Isso não é da minha alçada. O que posso comentar é sobre a cobertura que vem sendo feita ao longo dos desdobramentos do caso. Cada resultado da investigação, cada movimento é divulgado como se fosse a descoberta do ano. Os acusados, a mãe da menina e os familiares tornaram-se os protagonistas de uma tragédia que bate em nossas portas todos os dias. É praticamente impossível ligar a televisão, abrir um jornal ou uma revista e não se deparar com esses personagens. Eles estão inseridos no nosso dia-a-dia, quer você queira ou não. E tudo isso por que? Por causa da incessante e incansável cobertura jornalística do caso. Fiquei mais impressionada no dia que aconteceu a simulação do crime. Algumas emissoras acompanharam desde o início da manhã até o fim dos trabalhos da polícia e perícia. Alugaram apartamentos para ter uma imagem melhor, disponibilizaram uma enorme equipe de jornalistas e cinegrafistas para acompanhar tudo. E, junto a esses, mais centenas de jornalistas se acotovelavam para conseguir a melhor imagem.

Existe um filme, A montanha dos abutres, que também mostra como a busca doentia por audiência pode resultar em tragédia. No filme, a chamada “imprensa marrom” atua exatamente da maneira que os meios de comunicação estão agindo no caso Isabella. Vale a pena conferir as imensas semelhanças que existem entre um filme de ficção e um acontecimento da vida real.

A resolução da morte de Isabella virou um show, um espetáculo que todos querem saber o final. Parece que nunca nenh
uma outra criança foi assassinada de maneira cruel e desumana. Enquanto a mídia dá destaque para a menina Isabella, quantas outras crianças não sofrem abusos e são mortas pelo Brasil e mundo afora? Esse é o jornalismo que temos hoje. Mas esse não é o jornalismo que defendo e que quero seguir. Se eu acredito em um jornalismo de qualidade? Sim, acredito. Porque quero acreditar que a paixão que me fez escolher essa profissão tenha feito muitos outros enveredarem por esses campos. José Arbex Jr. escreveu que vivemos em uma sociedade do espetáculo. Eu espero um dia escrever que essa máxima foi derrubada e que o verdadeiro sentido do jornalismo finalmente veio à tona.

E no espetáculo da vida, quem são os verdadeiros palhaços?