segunda-feira, 12 de maio de 2008

Quem é essa mulher?

Hoje eu tenho a missão especial de falar um pouco sobre a minha mãe. Mas, falar o quê? É difícil descrever uma pessoa. Ainda mais alguém que convive conosco diariamente, que a gente já “absorveu” e que já faz parte de nós mesmos.

Eu poderia falar sobre as coisas da infância. Que nessa época da minha vida, a minha mãe se sacrificava pelos filhos. Saía para trabalhar antes das seis da manhã e quase não tinha tempo para vaidade. Até que um dia eu perguntei: “Mãe, por que tu não usas saia?”. E ela começou a usar, só para me agradar e ficar bonita aos meus olhos.

Ou então, poderia relembrar aquela mãe brava, que só precisava lançar um olhar mortífero para nos fazer estremecer e parar com a bagunça. Ou a mãe suave, que cantava com a gente. Também havia a mãe precavida, que mandava a gente ir ao supermercado sozinhos e depois ia atrás, com medo de que acontecesse alguma coisa. E a mãe divertida, que contava histórias do tempo em que era criança - e perdia o ar, de tanto rir.

Por outro lado, eu poderia falar das suas manias estranhas. Que ela não suporta “aqueles filmes com cantoria”. Que ela detesta cozinhar, mas faz pratos divinos. Que hoje, passado o tempo das vacas magras, ela tem roupas maravilhosas – e sempre compra mais, porque nunca tem o que vestir. Que ela é antipática e não se importa nem um pouco com isso. Que ela odeia atender telefone. Que ela vive dizendo “puta que pariu”. Que ela quer ter netos, mas não quer. Que ela tem ciúme dos cachorros, mas nega até a morte. Que ela xinga no trânsito e em jogos de futebol. Que ela me diz para andar sempre com lingerie decente, porque “vai que te acontece alguma coisa e tu vais parar no hospital com calcinha sem elástico”. Que ela acredita em Deus, na Virgem Maria, na Umbanda, no Espiritismo e em Fadas, Gnomos, Duendes, Cristais e em tudo o mais que pintar. Que ela odeia tirar fotos.

Eu poderia dizer tudo isso e perceber que eu sou muito parecida com ela. Não vou negar até a morte, vou é me encher de orgulho. Porque minha mãe é musa. Uma musa meio doida, meio desbocada e bastante geniosa, como só as musas se atrevem a ser.

11 comentários:

Carla M. disse...

nunca sabemos se amamos as mães por que nos deram a vida ou por que tem tanta vida em si... mas as amamos.

Melissa de Castro disse...

Adorei. Falar sobre mães é muito difícil, mas você conseguiu fazer de forma muito bonita, Luna.

E na hora da lingerie decente, eu achei que o "acontecer alguma coisa" era... er... outra coisa. =P

Luna disse...

Pois é, Mel. Mas nessas outras coisas, a minha mãe não fala. O negócio é andar prevenida sempre.

Anônimo disse...

É por isso que não gostamos quando falam de nossas mães, nem a gente consegue faze-lo com a perfeição que merecem... rs

Rafaela disse...

Também jurava que o lance da lingerie decente era por outro motivo ;)

Melissa de Castro disse...

Pessoas pervertidas, eu e Meg. =P

Anônimo disse...

Luna adorei o texto sobre sua mãe.
De lingerie eu nunca falei para minhas filhas mais da camisinha na bolsa sim.Primeiro temos que nos amar para depois amar os homens com camisinha sempre.Temos que estar sempre prevenidas porque na hora das palavras doces,beijinhos e carinhos mais ousados eles sempre esquecem a dita cuja .E meninas atenção camisinha na bolsa. Beijos a todas

fabio_ disse...

Hahahaha! Oi Mãe da Mel!
Já minha mãe é mais dramática: "Se você morrer na rua com essa cueca desbotada, vão te enterrar como indigente!!"

Melissa de Castro disse...

Mães de Fabio e Luna deveriam conversar mais, eu acho...

Luna disse...

As nossas mães adoram fazer um drama. Imagina se eu me acidentasse (bate na madeira) e fosse pro hospital? Quem iria reparar na minha calcinha, né? Só a minha mãe (e a do Fábio) é que pensa nessas coisas.

Frankulino disse...

Dé, sua mãe é um cruzamento da minha mãe comigo...



(ficou meio édipo o comentário acima, mas whatever...)