domingo, 31 de maio de 2009

Oi? Quem? Como assim?

Lady Gaga: se você acompanha esse blog assiduamente com certeza já ouviu falar nela. Na verdade, nem chego a ser tão exigente, basta ter dado uma olhada nos sites de entretenimento nos últimos dois meses para se ter um número enorme de informações sobre a cantora.

É o seu estilo que beira o bizarro (ou é bizarro mesmo, dependendo do humor/ponto de vista/se você não pega ônibus em frente a um bordel) que é pauta na maior parte das matérias relacionadas à cantora. Lady Gaga não é, contudo, um fruto apenas do seu visual. Até por que se fosse, ela seria apenas mais uma dessas celebridades desesperadas por atenção, aquelas que sempre são comentadas, mas os comentários não se revertem em frutos para seu trabalho (nem seu trabalho se torna alvo de comentários).

Há também quem diga que Gaga é tão visada por ser uma das poucas artistas que unem apelo visual a talento real, já que ela é uma das poucas no mundo POP que se envolvem em todo o processo de composição da música. Esses, contudo, também não chegam perto de uma explicação.

Nem eu mesmo sabia explicar por que me via tão interessado no que a cantora fazia. Tá, eu reconheço que me entusiasmo facilmente com essa coisa de celebridade, mas com a Gaga foi diferente, já que seu trabalho também passou a me interessar.

Milhares de penteados bizarros depois, só comecei a chegar a uma conclusão em relação ao fenômeno Gaga depois de tentar formar uma opinião de seu mais novo vídeo, Paparazzi. E a resposta foi que: não, o sucesso da Lady Gaga não está num mapa astral extraordinário (ela é uma simples ariana com ascendente em Peixes, o que no máximo revela uma pessoa equilibrada), ou numa sorte muito grande, o sucesso de Lady Gaga está exatamente nessa dúvida que ela causa nas pessoas, nessa quebra de expectativa, que há muito não se tinha...

Foi essa mesma característica que levou Madonna e sua “revolução sexual” ao estrelato, e que alavancou a carreira da Britney Spears (olha só a garotinha do clube do Mickey dançando em trajes mínimos e com uma cobra enrolada no pescoço!), e era a falta dessa característica que vinha tornando o mundo da música (infestado de garotinhos com anéis de virgindade e estrelas de séries infantis) tão absurdamente insuportável.

Ora, se Lady Gaga é uma cantora Cult, por que tem tanta coreografia nos vídeos? Mas se ela é uma artista POP, por que o vídeo é visualmente tão chocante?

Quer dizer, o que pensar desse vídeo? Artístico? Bizarro? Sem sentido? Somente POP? Reparem que essas mesmas questões são feitas em relação à cantora. Tanto o vídeo quanto a cantora são um mistura disso tudo. E esse é o trunfo dela, numa época em que o mundo do entretenimento está catalogado nas categorias mainstream e underground, bonzinhos da Disney e junkies que se recusam a ir para Rehab, quando estamos finalmente nos acostumando a simplesmente classificar tudo o que vemos, quando estamos nos acostumando a nos rotular de alguma forma, ela aparece, sem rótulos, sem classificações, tão caricata que parece original, tão original que chega a ser caricata. Incomoda, encanta, deixa em dúvida, é assim que vejo o vídeo Paparazzi, assim que vejo Lady Gaga...


http://www.youtube.com/watch?v=QQJ9Vi8GLok

sábado, 30 de maio de 2009

Dia dos namorados... ra, ra, ra, ra!

É a data que substituiu, no Brasil, o dia de São Valentin; 14 de Fevereiro. Como o caráter é puramente comercial, pois Junho era fraco em vendas, ficaram algumas tradições de fora.

São Valentin não é só para quem te chupa os beiços ou faz nheco-nheco contigo, é para todos os entes queridos, familiares ou não. Presentes, mensagens, flores, serenatas, enfim, cousas profundas que ficaram de fora da nova data rasa.

Já o dia dos namorados é uma época contraditória. Muitos namoros são desfeitos nas imediações desta data, quase sempre porque um dos dois (ou ambos) não pode ou quer gastar com presentes. Não se trata simplesmente de dar um presente a alguém, é a tua namorada e todo mundo exige que ela revire os olhinhos de contentação, ao abrir o embrulho, paralelamente exigem que ela retribua de uma forma ou de outra, à altura. Mesmo que ela realmente não faça questão de presente nenhum, dependendo da idade, será motivo de piadas no dia seguinte, na escola ou no trabalho, se não relatar uma epopéia consumista de dar inveja aos ianques.

Enquanto muitos namoros são desfeitos, uma multidão está desesperada à caça de alguém, qualquer um, para a data não passar em branco. Serve até uma passeata esdrúxula, no centro da cidade, para reivindicar namorados... Para mim aquilo foi só jogada de marketing para aparecer na televisão. Dessa feita, logo criarão o "Movimento dos Sem Movimento" com o lema "Queremos algo pelo que lutar". Vamos ser sinceros, avacalharam.

E o povo não sabe porque quer namorar. Na realidade, o povo não quer namorar, não em sua maioria. Só quer aproveitar um par de lábios úmidos e um par de pernas abertas. Uma desculpa para continuar fazendo o que já faziam sem alarde no resto do ano, ou para começar a fazê-lo.

Não que eu seja contra sexo, amassos, línguas se lambendo e afins. Só sou um sujeito precocemente velho e ranzinza, que já não tem paciência com datas vazias, campanhas vazias e, principalmente, gente vazia. Me deram um canal de internet porque quiseram, agora agüentem.

Os primeiros que fizeram campanha para essa data, em Goiânia, foram os motéis. E olha que praticamente todos eles ficam em Aparecida de Goiânia, que é limítrofe, para fugir da nossa fiscalização sanitária. Entraram na onda falsa de que amor é hormônio.

Cartinha bem escrita com ilustrações encantadoras e juras de amor? Não, mande uma cartela de anticoncepcionais e estará no espírito do doze de Junho.

Nas escolas as festas juninas dividem lugar nas discussões com a falta de namoro. Analisemos; meninos de um lado reclamando do quanto as meninas são interesseiras e falam bobagem, do outro as meninas reclamando do quanto os meninos são egoístas e falam bobagem. Falam uns dos outros, mas não uns aos outros, decerto que brigariam, mas a briga acaba e as diferenças são aplainadas. Um namoro ao menos sairia de imediato.

Mas essa data é meramente comercial, mais um modo de te fazer se sentir mal ou culpado por não ter dado presentes, de preferência presentes caros. Não houve troca de mensagens entre amigos para que os namoros se formassem. Sexo é empolgação, empolgação passa, se não gostar de conversar com o outro o namoro vai pras cucuias mesmo, sem remédio.
Ano que vem, aproveitando que faço vinte anos de amizade com um verdadeiro anjo encarnado, tentarei lembrar de reiniciar a esquecida tradição da troca de gentilezas sem interesses, entre amigos mesmo. Será dia quatorze de Fevereiro, um domingo, mandarei os envelopes na sexta-feira (com instruções para não abrir antes da hora) e esperarei pelas reações após a missa. Isso cultiva amizades sinceras, só para ver os amigos contentes.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tolerância é "uó"!

Duns tempos pra cá, uma onda insuportável tomou conta do mundo. E eu não estou falando do fanqui nem das mulheres-com-nome-de-comida.


Refiro-me a algo que começou com o tal do politicamente correto.
Uma chatice. Na verdade, muito pior do que isso, porque da chatice a gente tem como se esquivar. O politicamente correto é um amontoado de falso bom-mocismo, uma tremenda hipocrisia.


Como se denominar um cego de portador de necessidades especiais (ou diversamente capacitado) fosse eliminar o preconceito. Rá! Pelo contrário, todo esse falatório tem um ranço de condescendência que me revolta o estômago. É algo que diz assim: "olha como eu sou bonzinho, me considero superior, mas uso um termo eufêmico para te denominar".

Isso tudo remete a outra palavra que veio nessa esteira, e que tem um cheirinho insuportável de falsidade. É a tal ideia de tolerância, um estelionato intelectual que carrega um vírus mortal de preconceito e uma possibilidade mais que real de explosão.

Isto porque tolerar é suportar, aturar, permitir algo (um ato, uma presença, enfim). Remete a consentimento. É um disparate uma pessoa achar que ser tolerado é algo aceitável.

Eu não quero ser tolerada. Quero ser respeitada. Não concordar comigo é me respeitar também, afinal, estabelece-se o debate e estamos em igualdade intelectual.

Dizer que se é tolerante é como dizer que se tem paciência com aquele ser ali, que você considera errado, feio, torto, mas tudo bem, você é tão bacana, tão politizado, que o tolera.

Mas se a tolerância envolve essa "paciência" (que, no fundo, é um menosprezo disfarçado), envolve também uma repressão a um sentimento de raiva, um disfarçar de intenções, um abafamento de opiniões, um dique de falsa aceitação que pode romper a qualquer momento. E estourar em xenofobia, perseguições, ódios de todo tipo.

O respeito não, pois respeitar é conhecer. Sem falsa moral, sem bom-mocismo, sem eufemismos, sem condescendências.

Update: a imagem abaixo traduz exatamente o que quero dizer. De um lado, "um conto de Spilberg", em que ele recebe grana do congresso estadunidense e promete ensinar (eca!) tolerância. Do outro, o desenho animado "O espanta-tubarões". Só pra acrescentar, lembre que o tubarão principal, no filme original, tem os traços, a pinta e até a voz de Robert de Niro, conhecido por sua atuação em filmes de gânsters. Dizendo ensinar tolerância, evidencia o chargista, Spilberg vende difamação. O que o artista genialmente aponta é que há, na verdade, uma nova roupagem a um velho preconceito. Perfeito! E é exatamente isso que tolerância significa.























Por isso enfatizo:

Tolerância não! Tolerância é .

domingo, 24 de maio de 2009

Até quando cansou

Vocês também têm a mania de ficar ouvindo sempre as mesmas músicas, até enjoar? Eu tenho. Pensando nisso, e com a preciosa ajuda do contador do meu Windows Media Player, verifiquei quais são as minhas mais ouvidas do momento. Todas elas estão com mais de dez execuções.

10. Alone Again Or (Love)


Não sei se a banda Love é muito conhecida. Quando eu era adolescente, tinha uns amigos que gostavam dessas riponguices. Na época, eu não tinha paciência para ouvir Love. O nome do álbum de onde eu tirei essa música é "Forever Changes". Esse nome nunca me saiu da cabeça, acho perfeito. Um dia, procurando alguma coisa diferente para baixar, pensei no Love e viciei no disco todo. "Alone Again Or" é a primeira faixa do álbum que eu resolvi conhecer só porque tem um nome legal. E a música tem uma frase perfeita: "I think that people are the greatest fun". Concordo. Pessoas são o máximo, desde que não queiram muita conversa.




09. The Funeral of Hearts (H.I.M.)


Adoro H.I.M. porque eles são melodramáticos, de um jeito diferente. As canções falam de amor, mas as letras não são como as do Bon Jovi. Nessa aqui, que é uma das minhas preferidas, eles dizem: "when angels cry blood on flowers of evil in bloom". Não é lindo? Aliás, eu podia contar quantas vezes eles falam a palavra "sangue" no repertório.




08. Kayleigh (Marillion)


Marillion é metal farofa? Eu só conheço essa música e ela é bem parecida com outras farofeiragens da vida. Kayleigh é o nome de alguém? Acho esdrúxulo. O ruim de ouvir essa música é que ela gruda. Muito. Cuidado ao clicar na janelinha. Mas eu adoro os "do you remember".




07. Tangerine (Led Zeppelin)


Uma música "awnnnn" do Led. É a minha fixação do momento. A vida não é a mesma sem Led Zeppelin. Eu preciso ter pelo menos uma música deles "à mão". Viciando em "Tangerine", consegui me livrar do vício em "The Rain Song", que tem quase oito minutos. Não tenho tempo para isso, beijos. Confesso que sinto um pouco de vergonha alheia ao ouvir "Tangerine... Tangeriiiiine!". Quem diria que uma simples bergamota inspiraria alguém a escrever música? Deve ser culpa dos "tóchicos".




06. Perhaps, Perhaps, Perhaps (Cake)


Nunca vi a cara do vocalista do Cake, nem sei se ele é vivo e/ou heterossexual. Mas penso seriamente em pedi-lo em casamento. Só por causa dessa voz e desse senso de humor. Nunca te vi, sempre te amei. Como você se chama, a propósito?




05. Careless Whisper (George Michael)


Quando eu não estou "ripongando", estou ouvindo músicas bregas. Simples assim.




04.Say You Love Me (Fleetwood Mac)


Só conheço uma pessoa que gosta do Fleetwood Mac: a Meg. Se um dia eles fizerem um show no Brasil, só nós duas estaremos lá. Dizem que o Fleet (intimidade) começou como uma banda de blues, depois virou pop. Nunca ouvi a fase blues, mas a pop é tão legal, que me basta. Gosto de ouvir "Say you love me" quando preciso me animar.




03. All I want for Christmas (Draco and The Malfoys)


Draco and The Malfoys é uma banda americana de Wizard Rock. Wizard rock é rock temático, inspirado no mundo de Harry Potter. Quem leu os livros sabe que Draco Malfoy costumava dizer as maiores barbaridades, sem dó. Ouvir essas coisas em forma de música era tudo o que eu precisava. Draquinho é meu personagem preferido. Nessa música natalina, ele singelamente pede um presente de Natal a Voldemort: fazer com que Harry Potter desapareça. Lindo!





02. Sugar Daddy (Fleetwood Mac)

Mais uma música do Fleetwood Mac. Eu adoro a Stevie Nicks, mas confesso que Christine McVie faz as melhores canções, as mais animadas.





01. Remember You're a Girl (Kaiser Chiefs)

Todo o cd do Kaiser Chiefs é viciante. Mas "Remember" é a bola da vez. Gosto de ouvi-la antes de dormir, porque ela é muito "awnnnn".




É isso aí. Espero que alguém clique nas janelinhas e ouça as músicas, porque este post deu um trabalhão para ser feito.

O Turbilhão

Antes de qualquer coisa, mil perdões, Nanael, por atropelar o dia. Mas precisa escrever. Hoje.

O momento não é dos mais fáceis. Encarar a si mesmo no espelho, todos os dias, não é coisa simples de ser feita.

Não falo daquela olhada que se dá antes de sair, pra conferir se não há remelas nos olhos, ou se os dentes foram bem escovados.

Falo daquele olhar que se dá no próprio olho, procurando a si mesmo.

Desde o início da minha terapia, notei que é isso que eu tenho feito, todos os dias. Obviamente, não em todos os momentos, pois a vida continua. Mas sempre se dá um tempo, e nesses momentos, é que, como se diz hoje em dia pela juventude (não sou mais jovem, já passei dos 30) "o bicho pega".

Você começa a notar o quanto você errou, e erros que você jamais imaginava ter cometido, você entende que está fazendo, e sempre fez.

Jamais havia me considerado orgulhoso. E descobri que sou. Porque não gosto de pedir ajuda, não gosto de me sentir menos que os outros. Não gosto de depender de ninguem. Gosto de "estar por cima da carne seca".

E eu, que me achava tão humilde. Sem lembrar que quem é humilde de verdade, não se vê como tal.

Que eu sou muito preso ao passado, isso já não é novidade. Mas tenho que lutar contra isso. Quem vive de passado é museu. Ter uma memória fotográfica não ajuda a esquecer. Mas tenho que aprender a viver o aqui, e o agora.

Ficar ansioso com o futuro? Para que? O futuro a Deus pertence. Claro que me cabe lutar hoje para garantir um futuro (tanto neste plano físico como no outro) decente. Mas me cabe lutar hoje, e nada mais. O julgamento sobre o que foi válido ou não, o que foi bom ou não, o que deu certo ou não, cabe somente ao Altíssimo.

Até aí, tudo bem. São coisas que a gente aprende. Mas e quando tudo isso toca o coração?

Aí, meus amigos, é que, como se dizia antigamente (não é, Nanael?) "que a porca torce o rabo".

Como pensar que o "amor da sua vida" foi a sua maior fonte de auto-destruição?

Como pensar que aquele amor que talvez não tivesse tanto significado, hoje faça tanta falta?

Como compreender que um amor não volta mais, e não conseguir aceitar o luto por ele?

Como compreender os erros que você mesmo cometeu, e que afastaram esta ou aquela pessoa de você?

Como aceitar certas coisas?

E reconhecer que se você tivesse agido diferente, a vida seria diferente?

Mas isso é viver de passado. Não sou museu.

A luta diária contra si mesmo, na frente do espelho, é uma luta meio inglória.

Ninguém a reconhece. Só você. E o Eterno.

O grande perigo é se perder no meio do turbilhão de coisas que passam pela sua mente. É não encontrar porto seguro. Não encontrar ponto de apoio. Não saber mais o que é certo ou errado.

Mas o Inefável está sempre lá, pronto a te ajudar.

E o terapeuta, é o seu fio de Ariadne no labirinto do Minotauro. Durante todo esse processo de individuação. Tal qual dizia Jung.

Às vezes, pensamos que seria tão melhor se houvesse uma pequena cirurgia que corrigisse tudo isso.

Mas lutar, todos os dias, na frente do espelho...

É tão mais recompensador....

E te faz cada vez mais forte.


E no olho do furacão, eu encontro a saída.

sábado, 23 de maio de 2009

O elogio, a adulação.

Há uma fronteira tênue.

Antes de mais nada, um elogio é quase sempre um a cobrança. Se te chamam de inteligente, se dizem que gostariam de ter tua aptidão, que ficam impressionados com tuas idéias, cuidado!

Primeiro porque a maioria vai te cobrar ser genial o tempo todo, qualquer erro que para outros seria um deslize banal, para ti será uma sentença condenatória. Não estou brincando, nem é exagero. Se tens um talento, qualquer que seja, e te elogiam por causa dele, amizade, é um passo para se tornar vítima do que deveria te dar o sustento. Mais ou menos como o rinoceronte, que por causa de uma das armas mais temidas da natureza, seus chifres de marfim, está ameaçado de extinção em vários países da África. Que zebra não gostaria de afugentar uma hiena apenas balançando o nariz? Infelizmente o mercado negro também gostaria de ter esses chifres e não mede conseqüências para obtê-los.

Não digo que o elogio não seja bom. Há muitas pessoas que fazem questão de te valorizar e dar o devido crédito aos teus méritos. Reconhecem que seus carrinhos de papelão são muito melhores do que elas conseguiriam fazer com madeira. Há também, entretanto, os aduladores (insira aqui um solo de órgão a vapor para filmes de terror) que têm a mesma aparência dos fãs. Aqui a cobra fuma, e sabemos que o tabagismo mata, pois a adulação também.

O adulador não se contenta em alguém ter talento, ele quer ter esse talento a seu serviço. Ou seja, o adulador é também um invejoso da pior estirpe. Por que? Porque ele se passa por aliado muito melhor do que teus verdadeiros aliados, ele está ao teu lado o tempo todo até conseguir tudo o que quer, quando não conseguir mais, te abandona e busca outra vítima. O adulador enche teu ego até estourar, te tornando dependente dele, te afastando dos outros, por fazer com que pareçam não te dar tanto valor. Quando vê... Pum! Ele passa a te comandar.

Como ele faz isso? Enquanto te elogia, ele vasculha a tua personalidade e busca teus pontos fracos, algo que um ego inflado exibe em letras de néon. Nos pontos fracos expostos ele se instala e passa a agir, sempre elogiando, sempre enaltecendo, sempre te colocando como um dos (se não o maior) gênios do gênero.

É aí que mora o perigo do elogio, ele se transforma em adulação a mais tênue baixa da tua guarda. Lembremos daquele ditado do Espiritismo: Vigiai e Orai. De nada adianda rezar o Pater Noster pensando na calcinha rendada que viste no varal da vizinha. Antes vigie o teu ego, discipline-o, então estarás pronto para receber elogios. Se bem que, quem faz isso, não se encanta com eles.

Na ausência de um adulador, o ego invigilante toma seu lugar. Chega o momento em que a pessoa não consegue viver sem uma platéia, precisa desesperadamente de uma massagem egóica. Os artistas cênicos e músicos sabem muitíssimo bem do que falo. Suicídios no meio não são raros, muitas vezes por não suportarem um mero (e até salutar) hiato na carreira. Elogio vicia.

Mas os amigos mais íntimos e sinceros não estão a salvo de serem algozes do elogiado. Imaginem nossa amiga Luna, que sempre consegue transformar em textos de primeira os seus maus humores. Se fôssemos companheiros um pouco menos maduros e um pouco mais entusiasmados, estaríamos cobrando dela o tempo todo um texto mau-humorado e muito engraçado. Chegaria o ponto em que ela se deprimiria, porque ninguém é mau-humorado o tempo todo, nem mesmo o Zangado da Branca-de-Neve. Muito menos mau-humorado e engraçado o tempo todo, nem mesmo Jerry Lewys. Nós perderíamos nossa valorosa companheira de blog, este que inevitavelmente se dissolveria em pouco tempo.

Uma pessoa de talento é mais talentosa quando deixada em paz. Assim como Garrincha deu seus maiores espetáculos em campinhos de terra batida, descalço e longe das câmeras. Não preciso dizer o que o inflar de ego fez com ele. Aprendamos com seu exemplo. Elvis Presley deu a volta por cima quando decidiu só cantar aquilo em que acreditava, até ser morto pelas drogas que seu empresário forçada o médico a enfiar nele. Não, queridos, não foi suicídio, nem ele, nem Marilyn Monroe. No caso dela, foi uma fatalidade mesmo, na época não se cogitavam os malefícios dos phármacos sintéticos. Quase tudo o que se fala desta indústria é verdade.

Voltando ao assunto, a pressão sobre quem recebe o elogio tem um peso a mais que quase ninguém nota, o que o torna mais cruél: o próprio elogio. Quase ninguém imagina que um elogio possa fazer mal, que possa soar como cobrança, que possa deprimir, então cobra que o elogiado esteja feliz em ser elogiado. Não é por maldade, é por ignorância. Mas o elogio é uma cobrança. Nem sempre maléfica, mas é uma cobrança, e quanto maior for o mérito da lisonja, tanto maior é a cobrança para manter o nível. Imaginem que o mundo é um gibi. Imaginaram? Óptimo. agora imaginem se Clark Kent não tivesse o alter ego Super Homem. Super Homem não tem família, residência, identidade, nada. Super Homem não existe nem nos quadrinhos, quem existe é o Clark, co-identidade de Kal El. Por não existir, Super Homem pode receber todas as cobranças possíveis, pois elas desaparecem quando ele põe os óculos e volta à labuta diária para pagar as contas e sustentar a família. Ainda bem, pois ser honesto, honrado, gentil, educado, indestrutível, quase instantâneo, forte, elegante, culto, bem relacionado no Universo inteiro, bem apessoado, afinado, inteligente, jovial, ponderado, et cétera, et cétera, et cétera, leva qualquer um às portas do suicídio. Com ele seria ainda pior, porque décadas de exposição com certeza o tornaram resistente à kriptonita, ou seja, nem se matar ele poderia.

Elogio é bom, mas é como um medicamento, deve ser sabiamente dosado e ministrado. Alguns precisam de muitos elogios, alguns de um só elogio de grande magnitude, mas ninguém precisa ser elogiado o tempo todo, ainda que acredite precisar. A crítica honesta e oportuna é o melhor que os amigos podem fazer por uma pessoa talentosa, claro que acompanhada de um elogio singelo e sincero.

Texto feito para nossa amiga Fofolete, que demonstrou um imenso interesse pela minha complexa e lebiríntica personalidade.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Que tal ser a patinha feia?

Cresci sendo considerada a menina feia da família. Em meio a primas de rostinho delicado com cabelos cacheados, outras loiras-de-olhos-azuis e outras tantas com lindos cabelos negros, eu era aquela com cabelo ralinho e rosto grande.

Na escola, além de tudo, usando roupas da famosa Butique Simidão (se me dão eu uso), não atraía os olhares masculinos.

Eu era a feinha da periferia. E tinha outras esquisitices também: o sobrenome cheio de consoantes, o fato de ser protestante, pobre, não saber dançar nem imitar as cantoras rebolativas da época e, mais tarde, o fato de ser filha de pais separados. Ainda era um tabu, acreditem.

Troncuda, com os músculos fortes da ascendência indígena, era pesada, não sabia a medida da força e, lógico, era tida como grossa. Sem muita paciência para as coisas-de-menina, ficava sempre com os moleques mesmo, sendo seguidamente confundida com um deles. Isso porque, além de tudo, não usava cabelo comprido. Vocês sabem que cabelos finos + periferia = piolho. E toca joãozinho no cocoruto!

Ao contrário de todas minhas amiguinhas, não tinha namoradinhos nem, mais tarde, ia pras festinhas. No dia-a-dia, era a amiga-bagunceira-piadista-que-ninguém-queria-namorar. Sabem aqueles filmes com mocinhas rejeitadas pelas patricinhas e bonitões da turma? Pois é, pois é. Muitos suspiros rolaram. E ainda rolam em filmes assim. Fazer o quê?

Eu ainda podia me consolar com a história do Patinho Feio, e achar que um dia viraria cisne. Mas ser a esquisitinha me trouxe algumas vantagens: primeiro, livrou-me de muitas frescuras; segundo: possibilitou-me conviver e conhecer a alma masculina e, finalmente, me impulsionou para os estudos.

Então percebi que não precisava ser nem a patinha feia nem o cisne, bastava ser eu mesma.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

Eu atraio tudo quanto é coisa bizarra na internet, eu sou o imã das eguágis virtuais!

E hoje eu descobri uma promessa do cinema nacional, um filme que pode se tornar tão cult quanto Cinderela Baiana...
OS SONHOS DE UM SONHADOR - A HISTÓRIA DE FRANK AGUIAR.
Isso mesmo, minha gente. Vocês não leram errado! O Cãozinho dos Teclados ganhou um filme.
Minha pesquisa resultou no seguinte:
* O filme vai ser lançado no dia 18/09/2009
* O elenco inclui Chico Anysío, Rosi Campos e mais uns atores que eu não conheço.
* Frank Aguiar será interpretado por Gustavo Leão, um cara que já fez uns bicos na Globo.
* Será contada a trajetória do Cãozinho dos Teclados desde sua infância no Piauí até o sucesso em São Paulo.
* O orçamento: 6 milhões de reais!
Será que vão mostrar a alegria do Frank Aguiar ao ser eleito deputado? Isso é muito cinematográfico, acho que não poderia passar em branco. E a atuação como vice-prefeito de São Bernardo do Campo? E os barracos com a Renata Banhara?
Tomara que reproduzam as baixarias que os dois protagonizaram no Super Pop e em outros programas do gênero!

Como o filme pornô do Cumpádi Uóshington não passou de um grande boato, minha esperança foi toda para a cine-biografia do Cãozinho dos Teclados. Forró, uhhh, Frank Aguiar.
Conseguirá "Os Sonhos de um Sonhador" um lugar digno no cinema nacional? Se tornará um clássico tal qual Cinderela Baiana? Vamos torcer, meu povo!


Lavou... Tá nova!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Confessai-vos, irmãos!

1-Eu chorei quando o Papa João Paulo II morreu
Sério. O estranho é que, quando ele estava vivo, eu nunca perdi mais de cinco minutos da minha vida pensando nele. E então, ele se foi. E eu estava assistindo ao Jornal Nacional naquele momento. O jornal fez um estardalhaço, botou uma musiquinha comovente e pronto. Imaginem a cena patética. Minha mãe havia saído e não tinha levado a chave. Quando ela chegou em casa, abri a porta para ela aos prantos, dizendo: “O Papa morreeeeeeeeeeeeeu!”. E ela: “Minha filha, ele já estava bem velho e doente”.Morri de vergonha.

2-Eu achava que o Nanael era velho. E português
Não preciso explicar muito. Todas aquelas referências a divas do passado e aquelas graphias estranhas me levaram a imaginar isso. Sorte que eu não perguntei a ele directamente.

3-Eu chorei por causa do Axl Rose
Isso faz muito tempo. Em algum momento da adolescência, eu realmente acreditava que um dia eu ia conhecê-lo e que ele, de alguma maneira bizarra, se apaixonaria por mim. Quando a ficha caiu, me desesperei. Ainda bem que não saí correndo pela casa, gritando que meu castelo de areia desmoronou. Esse fato não é tão extraordinário, se você levar em conta o meu signo. Piscianos sonham acordados, embarcam nas próprias fantasias e eventualmente acordam. A idade conserta isso.

4-Eu não sirvo para nada
Sou daquelas pessoas que nasceram com duas mãos esquerdas. Até hoje não sei abrir latas. Nem descascar laranjas. Nem fazer minhas próprias unhas (só sei pintar). Também sou incapaz de traçar uma linha reta usando régua. Fazer contas de cabeça, só de vez em quando, em momentos muito inspirados.

5- Já pensei em entrar para o mundo do crime
Não, não quero ser uma pistoleira. Em nenhum sentido que a palavra possa ter. Mas já pensei em abrir uma consultoria para criminosos. Toda a vez que leio sobre algum crime famoso, como o da Suzane Von Whatever, ou do casal Nardoni, concluo que essa gente é muito burra. Depois, fico pensando no que eu faria para não deixar os furos que eles deixaram. Isso é influência de Agatha Christie. Será que eu me daria bem?

6-Eu já fiz simpatia
Quando eu era adolescente, era apaixonada por um fulano qualquer, que não me dava bola. Um dia, minha amiga apareceu com uma revista que tinha uma simpatia infalível. Nós duas testamos. Tinha que pegar uma vela azul, escrever sei lá o quê num papel também azul e queimar tudo na chama da vela. Não deu certo para nenhuma de nós. Acho que a culpa foi da vela. Onde conseguir uma vela azul? Eu comprei uma no supermercado – vela de bolo de aniversário.

7-Eu olho feio para os velhinhos no ônibus
Lá se vai a minha chance de ir para o céu. Não consigo deixar de pensar que, às 18h, não é o momento ideal para os representantes da terceira idade estarem voltando para casa. Essa é a hora da população economicamente ativa se espremer nos coletivos. Os velhinhos têm o dia todo para saracotear pela rua. E mais: não pagam passagem. Então, para que passar trabalho? Parece que gostam de sofrer.

sábado, 16 de maio de 2009

Iniciação à Arte Pin-up

Texto em homenagem ao Fio, que no domingo entra na terceira década de expiação neste orbe espinhoso. As pin ups postadas são para ele.


Significa, literalmente, "pendurar". Ou seja, um abrasileiramento de pin-up girl poderia ser "garota pendurada", ou "penduradinha"... Prefiro pin up mesmo.

Ninguém em sã consciência se atreve a apontar um inventor do gênero, mas é certo que em fins do século XIX, com a urbanização decorrente da revolução industrial, ele saiu da insipiência. Vocês sabem, muita gente morando muito perto, presta-se mais atenção às garotas e seu jeito de andar, imagina-se o que se passa sob aquelas toneladas de tecido, que tipo de estruturas geram aqueles movimentos tão diferentes dos masculinos. Então nasce o conceito de "next door girl", a garota da porta ao lado. As vizinhas passam a povoar os sonhos dos rapazes e a glamourização da beleza singela das moças do povo tem início. Francamente, conheço uma multidão de garotas que dão de dez a zero (com direito a gols contra) em quase todas as celebridades canastrãs que vocês vêem. Passou a ser quase um esporte flagrar as moças em situações constrangedoras, como o momento em que levantavam a barra da saia para ajeitar as meias, ou quando levavam um tombo e ficavam em uma posição reveladora, et cétera. O facto de elas ficarem constrangidas dava mais valor à cena, por denotar naturalidade e sinceridade no ocorrido. Uma pin up girl é convidativa, jamais oferecida, um tesouro ao qual se deve fazer juz.

Eclodida a Segunda Guerra Mundial, e para dar mais ânimo às tropas, a arte teve seu maior pontapé. Não se faziam vistas grossas, ilustrações de garotas em trajes convidativos e posições confortáveis ou engraçadas eram muito bem aceitas entre as tropas. Posso dizer que dos anos 1930 a 1960 temos a melhor safra de pin ups da história, apadrinhada por gênios como Gil Elvgren, George Petty, All Buell, Charles Dana Gibson, Pearl Frush, Zoe Mozert, Alberto Vargas, Vaugan Alden Bass, Ernest Chiriaka, Joyce Ballantyne, Duane Bryers, Billy de Vorss e muitos outros. Toda a tropa de elite da arte pode ser encontrada em um sítio alemão, que considero um dos melhores do gênero. Precisa dizer que está em alemão? Não, né.

Vargas é considerado pela maioria o maior expoente do estilo, chegando a participar da Playboy (quando era a Playboy) por décadas. Elvgren foi muito criticado por ter se ocupado muito com anúncios publicitários, mas era um gênio, capaz de fazer em uma hora um quadro digno de exposição. Gibson foi um dos pioneiros, quando jovem poderia bem ter feito o papel de Super Homem. George Petty, genial e longevo, extraia o melhor da beleza da modelo, preferindo sempre retratar atletas e moças do interior, mais espontâneas.

Tem surgido uma onda chamada de vintage, algo como a idade do vinho, em uma tradução livre, para designar as cousas antigas (e de qualidade) que têm voltado à voga. As pin ups também estão de volta, mas muitos se deixam contaminar facilmente pela banalização eropatológica que os anos 1990 nos legaram. Uma legítima pin up só escandaliza os sexualmente recalcados, pois sabe se comportar dentro da pouca (ou falta de) roupa, jamais faz cara de prostituta com tpm que parece dizer "Enfia logo senão chamo outro". A pin up é a garota da porta ao lado, é sexy, atraente, até desinibida, mas é moça de família e sabe se portar.

Claro que haviam as estrelas. Quando Hedi Lamarr começou a ser pintada por Vargas, houve uma grande procura de actrizes pelos serviços, pois era um tipo de erotismo que se podia levar para casa sem grandes restrições, era uma publicidade muito eficiente, Marilyn Monroe foi outra que fez tanto sucesso no óleo sobre tela quanto na luz sobre tela, também pelas mãos do peruano radicado nos Estados Unidos Alberto Vargas. Os gênios da arte geralmente se tornavam amigos de seus modelos.

Haviam as pinapeiras também. Joyce Ballantyne, Pearl Frush e Zöe Mozert são as mais famosas. Elas tinham a grande vantagem de, muitas vezes, terem sido solicitadas tanto como pintoras quanto como modelos, acabavam ganhando duas vezes. É de Mozert a famosa ilustração da menininha tendo o biquíni puxado pelo cãozinho, da Coppertone. Algumas vezes elas chegavam a ser mais ousadas que os colegas de cromossomo "Y", mas sendo mulheres sabiam evitar a vulgaridade.

Hoje há pessoas (inclusive no Brasil) vivendo de vender essas imagens, e os descendentes desses gênios vivendo de receber direitos autorais. O mercado é de gente mais refinada que a média, o que infelizmente é muito fácil ser. O número de publicações é imenso, contando história, técnicas, curiosidades, exibindo portfólio, obras completas e até fãs clubes.

Mas nós também tivemos nosso pinapeiro master. Alceu Pena, estilista e colaborados da revista O Cruzeiro, foi um dos poucos, senão o único a aproveitar a farta oferta de beldades que desde sempre povoam nosso país. Suas meninas eram chamadas de Garôtas do Alceu (com circunflexo, como se escrevia na época), e representavam tudo o que as garôtas da época queriam ser. Diversas fontes, infelizmente muito dispersas na internet, têm informações a respeito do mestre Pena. Vale à pena procurar o Pena nos links colocados.

Para ser um pinapeiro (neologia minha) é preciso ter talento. Tem que saber desenhar, gostar de desenhar e ter boas técnicas de desenho. Como já disse, a onda vintage parece que vai ficar e formar uma lagoa na ilha, então é interessante os artistas pingarem umas gotas de glicerina na água da aquarela e treinar, pois o retorno é mais lento, mas muito mais garantido do que as baixarias que as horas levam sem dó.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Papo de anjo




Ontem, faminta e cansadíssima, resolvi fazer um lanche decente. Olhando o cardápio, deparei-me com algo que atiçou minha curiosidade. Um drinque com o singelo nome "xixi de anjo".


Como assim? Eu também não sabia. Fiquei dividida entre a curiosidade e meus próprios pensamentos sobre algumas questões fundamentais:


- Do que é feita a bebida?


- Por que raios tem o nome de "xixi de anjo"? Algúem já bebeu urina angélica pra saber o gosto, ou já viu alguma, pra saber ao menos como ela é?


- Por que cargas-d´água temos comidas com nome de anjo ou que nos remetem a eles?


Aí eu pensei. Taí uma coisa comestível: um anjo. Sim, porque temos o papo de anjo, delícia feita de gemas; cabelo de anjo, um tipo de macarrão fininho que pode ser usado em salgados e doces, e agora o tal xixi, que descobri ser feito com suco de laranja e leite condensado. Suspeitei desde o princípio (/Chapolin Colorado) que tinha algo amarelo nessa receita.


E, num minuto, minha mente já divagava por esses seres que povoam histórias, quadros, galerias, filmes, quadrinhos, poemas, correntes de e-mail e orkut, mensagens-de-ppt-saltitantes-cheias-de-glitteer-com-música-da-Enya-de-fundo e, é claro, músicas. Não tem nem graça falar das muitas canções religiosas que citam esses mensageiros divinos. Só pra lembrar, a palavra anjo vem do latim angelus, pelo grego angelo (ἄγγελος ), que significa mensageiro.


Posso, porém, ficar o dia inteiro falando de canções não religiosas que falam deles, usando-os como metáforas do ser amado ou citando-os diretamente. Tem pra todos os gostos e línguas, mas a listinha das que se seguem é bem brasileira... elas têm anjo até no título!


1. Anjo - "se você vê estrelas demais/lembre que um sonho não volta atrás/chega perto e diz/anjo...". Delicada e grudenta canção gravada pelo Roupa Nova, aposto que embalou muitos corações. Como o meu. Sim, eu ainda suspiro ao som dessa música.


2. Anjo - e pra vocês verem como o cancioneiro é criativo, temos outra música com o mesmo título. "Vem meu anjo/na luz do luar... vem meu aaaanjo... venha me salvaar"... Acredito que essa seja a única canção que emplacou do Painel de Controle. E aposto que mais alguém além de mim lembra dela. Graças ao anjo.


3. Anjo - e lá vamos nós de novo. Até a Banda Eva botou nosso mensageiro de asas no título desta composição, falando de amor e anjos.


4. Um anjo - opa, essa é um pouquinho diferente: tem o artigo indefinido. Os meninos do KLB também acreditam em amor e anjos.


5. Os anjos - e agora no plural! Em mais uma letra engajadinha (eu sei que vou receber algumas pedras por essa ironia, mas não consigo fugir dela), a Legião Urbana também povoou um título seu com anjos.


Acrescentem seus próprios anjos à lista, mas por favor, não me mandem em Power Point! :P

À beira..... Dos 30

Tem coisas que a gente não entende até passar por elas.

Como ser pai (ou mãe), casar, viver fora da casa dos pais, etc.

No caso, eu nunca entendi o que era fazer 30 anos. Vários amigos já chegaram lá, e sempre dizem que "dá um baque".


Luna, Nanael e Adriane que o digam. (brincadeirinha, tá?)

Mas é um fato: quando você chega à essa idade, ou está à beira dela (farei 30 no domingo, dia 17), você sente um certo baque, mesmo.

Claro que como isso vai te atingir, varia de pessoa pra pessoa. Mas todo mundo, quando chega nesse ponto, para e pensa "O que eu fiz até agora?"

Não me cabe, até mesmo pelo momento de vida que eu estou passando, ficar expondo tudo o que eu penso nesse momento. Até porque geraria um texto grande demais e que ninguem ia ler.

Mas me cabe dizer que isso vai passar.

Essa "pequena crise dos 30" na verdade é um balanço geral. A gente já tem um certo amadurecimento, já tem uma certa experiência de vida, já teve uma certa cota de sofrimento e de prazeres. E cabe a nós fazer esse balanço, ver o que está certo, e o que está errado. Tornar ainda melhor o que está bom, e "limar" o que é ruim ainda.

Claro, sempre vão haver frustrações, e coisas pra gente se orgulhar também. Bem como coisas que sentimos a necessidade de fazer, e não fizemos.

Mas isso faz parte de todos nós. Dor e sofrimento, alegria e felicidade. Que me remete a um dos meus primeiros textos, em que falava sobre equilíbrio, e sobre o Yin e o Yang, o Taoísmo. Que é viver em equilíbrio.

Reconhecendo que se não somos todo BEM, tampouco somos todo MAL.

Somos ambos, em equilíbrio.

E o equilíbrio é que nos faz bem, é o que nos traz bem-estar.

IN MEDIO STAT VIRTUUS, como diziam os antigos.

Para os que estão à beira dos 30, ou os que já os completaram, relembro o povo Vulcano de Star Trek:



LIVE LONG, AND PROSPER!


PS: Sim, eu sou um nerd trekker. :P

quinta-feira, 14 de maio de 2009

OTB - Promoção de malas.

- Bom dia, senhor. Aproveite nossa promoção de malas.
- Não, obrigado. Estou em São Paulo a negócios, vim de Goiânia a minha novinha.
- Não este tipo de mala. Estamos com uma super promoção de gente mala para presente de grego.
- Heim?
- Sim, gente mala. Cunhados, genros, noras, sobrinhos, chefes, sogras, vizinhos e todo tipo de pestinhas. É para renovar o estoque.
Ele decide aceitar o convite da vendedora e entra na loja. Ela apresenta uma vendedora fanha de telemarketing, mas como a procura é muito grande, há ágio em vez de desconto e a fila de espera chega a três meses, dependendo do modelo...
- E quem compra operadoras de telemarketing?
- Quase sempre empresários que querem despachar quem liga para o SAC. Este é o nosso modelo mais sofisticado, já versão 2010. Pode vir com o rosto de Grace Kelly, Nicole Kidman, Romi Schneider... qualquer celebridade talentosa e bonita de verdade. Ao telephone ela finge ser uma baranga com tpm, mas ao vivo é a mulher mais carinhosa do mundo. Custa a partir de cem mil reais, mas nunca tivemos uma reclamação por defeito de fabricação, garantimos por vinte e cinco anos sem limite de uso.
- Muito interessante. Me vê então duas, uma Marilyn Monroe para me secretariar e uma Audrey Hepburn para atender o rapaz do telemarketing que liga pra minha casa, mas elas têm que ser poliglotas. O que mais vocês têm?
Leva-o para a seção de parentes. Ele se lembra da sogra, que tanto tentou até arruinar com o seu casamento. Pede para ver um novo marido para a ex e uma nora para a megera...
- Temos exactamente o que o senhor procura. Quer se vingar da cascavel que envenenou sua ex mulher? Temos este genro modelo Ricardo Cadillac 500 Polegadas. Grande, forte, inteligente, se dá bem com todos, exceto com a mãe dela. Garantimos que eles se casam em um ano, e que o casamento dure pelo menos vinte e cinco anos.
- Tem referências de quem já tenha comprado um desses?
- Sim, mas é sigiloso. Posso dizer que o Presidente Lula ganhou vários de amigos, mas teve a má idéia de usar como assessores.
- Ah, está explicado! Mas é um mala de uso familiar!
- Esse foi o erro. Era pra ele dar Secretarias para a oposição e nossos malas familiares iriam junto, mais que isso eu não posso falar.
Encomenda um tipo Sean Conery e manda entregar com um Mercedes conversível para a ex. Agora vão à nora. A vendedora mostra uma série de modelos e ele escolhe uma Sophia Loren...
- Nosso modelo bipolar é o top. Pode vir com sete tons de cabelos, três números diferentes de seios, quadril e cintura. Na frente das visitas é uma moça fina e recatada, mas se transforma em uma lavadeira ao primeiro desaforo que a broaca soltar, e se torna uma verdadeira devassa quando o marido está a fim, transa na sala mesmo para quem estiver vendo. Seu ex-cunhado vai amar, mas a mãe dele...
- Mas eu não quero que ela morra! Quero que ela sofra!
- Então podemos incluir um diploma de enfermagem, como cortesia.
- Beleza. Anote; Seios: 100 cm; Cintura: 60 cm; Quadril: 105 cm. E capricha derrière.
- Pois não, senhor. Mais algum modelo? Um dissolvedor de grupos, por exemplo?
- Como assim?
- Caso queira separar um grupo aparentemente coeso, temos uma seção de malas sem alça e lubrificadas capazes de destruir até mesmo o fã clube mais nerd da Sailor Moon.
Mostra-lhes pessoas aparentemente inofensivas e simpáticas, com belezas abaixo da média e compleição mediana. Ele fala de um senador e ela mostra o modelo ideal. Uma mala que, conseguindo uma vaga de secretária, desintegra toda a base oposicionista em três tempos. Ele se interessa, mas pede garantias. Ela o leva a uma sala reservada e mostra o currículo de uma que conseguiu até ter independência financeira...
- Nossa! Estou impressionado! Eu levo! Mas, quem foi que esse modelo nipônico separou?
- Os Beattles.

sábado, 9 de maio de 2009

Quem não dança, dança.


Pé à frente, retrocede, outro pé, retrocede. Agora o corpo todo; meio giro, retrocede, o outro lado, retrocede. Agora mescla; meio giro e pé para frente, retrocede, o outro lado, retrocede.
Se for capaz de repetir só uma das instruções acima, pode ir para a pista porque já está dançando.
Desde muito antes do Rei Davi, a dança é sacra, pode tanto te transformar em um ícone de sociabilidade e simpatia, quanto em alguém que ninguém teria coragem de apresentar aos pais. Depende do que se dança.
Não vou falar daquelas boçalidades dementadoras que jogam o cérebro no intestino, Artemis não merece isso, muito menos em seu dia. Falarei Da Dança.
Meus conhecimentos de psicologia são (quase todos) empíricos, resultado de observação e prática. Sou um homem pragmático, fui eliminando aquilo que não produz resultados e formando meu cabedal. Esse cabedal é bastante regado a música e dança, as quais lamento muito que as escolas negligenciem como se fossem meros entretenimentos.
A dança socializa, gera vínculos e aproxima as pessoas de uma forma que quase nenhuma outra actividade consegue. Alguns vão falar das torcidas de futebol, ou de qualquer outra competição, mas em competições a união termina quando moderados e radicais se desentendem. Na dança isso não existe, os pares sabem que se interdependem para evoluir bem, que o tropeço de um tira a ambos de um concurso. Não há espaço para estrelismos.
A dança de caráter social permite estrelas, mas então já não é competição, não há torcidas. Só se torce o próprio corpo e a noção de espaço e tempo. Estes, por sinal, quase desaparecem e aquele gari passa a ser assediado por reis e nobres. Foi dançando que a Cinderela conquistou o príncipe, não pensem que ter um rostinho bonito e sapatos de pele de gamo teriam sido suficientes.
Quem dança anda melhor, tem mais segurança nos próprios passos e nas próprias decisões, pois precisa delas para um pé não atropelar o outro e o rodopio não terminar em tombo. O corpo memoriza os movimentos e passa a executá-los ao longo de uma caminhada comum, dando graça e desenvoltura ao pedestre. O que também poupa a coluna, que foi feita para todo tipo de movimentos e não só o abaixa-e-levanta dos sedentários, movimento lento e repetitivo que desgasta precoce e irregularmente as vértebras. Dançar alonga naturalmente a musculatura e melhora a noção de equilíbrio, reduzindo e atenuando os efeitos de uma queda ou uma pancada.
Um dançarino de salão, mesmo daqueles que só vão uma ou duas vezes por semana, tem a postura naturalmente erecta, sabe melhor conduzir e tratar uma mulher, pois sabe que os pés dela também doem se forem pisados. Sabe se portar melhor no trabalho, pois tem noções de evolução e harmonia, conseguindo orquestrar melhor seus afazeres. Aperta mãos com firmeza e suavidade, sem forçar e sem afrouxar, desce escadarias sem precisar olhar para baixo o tempo todo, sabe onde termina o degrau, passando a imagem de ser um líder para quem assiste à sua descida.
Uma dançarina nas mesmas circunstâncias se torna graciosa e elegante quase sem perceber. Percebe a necessidade de dar um passo de cada vez, para não se atropelar, sabe ser convidativa sem ser oferecida. Quando anda, gira o quadril com a naturalidade com que os sedentários deixam a barriga crescer, as pernas grossas e bem torneadas evoluem em semi-círculo e os braços balançam suavemente sem que pareçam estar sendo jogados. Desde escadarias sem precisar olhar para baixo o tempo todo, sabe onde termina o degrau, passando a imagem de ser uma nobre para quem assiste à sua descida.
Dançar civiliza. Pessoas agressivas e frustradas conseguem fazer fluir suas mágoas sob controle, bem direcionadas, tornando productovo algo que só teria a destruir.
Dançar integra. Pessoas irascíveis ou reclusas passam a ver a necessidade de interagir com os outros, respeitar os limites do próximo e ceder um pouco nos próprios.
Dançar pacifica. Aprende-se a admirar a beleza nas cousas mais simples e singelas, tornando-as caras e necessárias, de onde os desejos de vingança e justiça com as próprias mãos esmorecem.
Dançar irrita os idiotas. Gente mal amada e pseudomoralista tem aversão à dança. Sabe que quem dança com regularidade dá menos trela para seus chiliques e suas retóricas vazias, como dizer que "Não Dançarás" é o 11º Mandamento. Quer irritar esses manés? Dance.
Dançar derruba barreiras sociais. Bons dançarinos não olham para cor, time, religião, biotipo ou bolso, somente para a competência do par. Se este souber o que está fazendo, é ele mesmo.
Dançar reduz a conta na drogaria. Medicamentos contra depressão, reumatismo, para a circulação, menopausa, tensão pré menstrual, prisão de ventre, acne, má nutrição, bloqueios de criatividade, insônia, enfim. Dançar só não é bom contra óbito, quando Lady Death chega, não há mais o que fazer; mas quem dançou vai muito mais aliviado.
Dançar é barato. Na verdade, dependendo da competência dos dançarinos, nem aparelho de som é necessário. O par combina a música, sincroniza e vai se lembrando enquanto dança.
Dança deveria fazer parte da grade de educação física de todo e qualquer colégio. Os professores das disciplinas ordinárias agradeceriam. Teriam alunos mais calmos, disciplinados e atentos, sem a agressividade que a "educação física" normal incentiva.
Dizer que dançar não é uma actividade intelectual é ignorar que o cérebro faz parte do corpo, e que ele precisa trabalhar para que a dança saia bem feita. Além de demonstrar uma imensa ignorância; Nunca ouviram falar em tango? Embora tenha na Argentina o seu maior pólo, é de origem alemã. É exacta, precisa, forte, disciplinada, quase marcial. Quem assiste a um espetáculo de tango, vê duas pessoas imprimirem nos próprios corpos um controle digno dos melhores cirurgiões do mundo, só que em movimentos amplos e sedutores.
A idade avançada diz quem dançou ou não, na juventude, a desenvoltura de um corpo condicionado á dança é de surpreender qualquer geriatra que não dança, um geriatra dançarino não se surpreende senão por a dança não ser uma prática generalizada, dados os benefícios que ela oferece de graça.
Que mais? Que mais? Mais nada. se eu for falar de dança tudo o que se deve falar, o blog será só meu e terei que actualizar com textos gigantescos todos os dias. Então, vão dançar.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pra não passar em branco...

Pra não passar em branco, não vou esquecer de dizer que eu amo minha família.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de dizer que amo meus amigos.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de dizer que amo os meus amigos-colegas de blog.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de fazer algo de bom, hoje.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de fazer o que me faz bem.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de lembrar de bons momentos.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de pensar em coisas boas pro futuro.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de tomar atitudes positivas frente à vida.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de deixar de ser negativo frente à vida.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de agradecer à Deus todos os dias por estar vivo, e vivendo.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de viver cada momento, mesmo que seja fazendo nada, olhando pro teto, mas gostando disso, e sabendo que isso também é viver.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de fazer muita coisa.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de não fazer nada, que também é aproveitar a vida, e admirar o quanto ela é linda.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de que eu posso cometer erros.

Pra não passar em branco, não vou esquecer de que eu devo acertar, sempre que possível, mas não me martirizar se não conseguir.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que sou filho de Deus, falível.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que tenho responsabilidades com minha família, com meus amigos, com meus amores, com a minha vida, com Deus.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que finalmente eu noto o quanto a vida é boa.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que existe miséria, tristeza e sofrimento, sim, mas tudo é passageiro; seja nessa vida, seja na outra.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que só o bem é pra sempre.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que eu não tenho vergonha de dizer que Jesus habita no meu coração e na minha vida.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que eu não devo forçar ninguem a pensar como eu.

Pra não passar em branco, não vou esquecer que eu tinha que escrever um texto hoje.

Pra não passar em branco, não vou esquecer...


... que sempre se tem tempo pra tudo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Crônicas sobre rodas (*)

(*) desculpe se alguém já usou esse título... mas ele é irresistível!



Dramas da vida real, diretamente de um ônibus lotado pertinho de você!



- E o marido da Fulaneyde, Sicranny? Teve um ataque do coração!



- Eu soube, Beltrane de Fátima! E ainda quer voltar pro futebol.



- Diz que ela mandou avisar os amigo dele pra pegar leve e não deixar ele se empolgar.



- Verdade, mas ele tem que se cuidar, né?



Enquanto isso, a cobradora confere as moedas nas sacolinhas de crochê que fez e canta, empolgada, junto com seu raidinho, só no virundum:



- Tô indo agora/ tomá banho de cascata/quero adadadada nas mata/ onde o sócio é o deeeeeeeeeeeeeeeeus...



E o moço ali do lado com seu emepetrês nas alturas com o fânqui do momento. Dá pra ouvir longe, mas o mundo precisa saber que ele tem emepetrês.
Um senhor, que estava sentado, de repente levanta a voz anasalada e fala se-pa-ra-di-nho:



- Senhora, sua bolsa está me ma-chu-can-do!



- Hein? (diz a moça, muito assutada, que portava uma bolsa de mão dessas pequenas, a tira-colo, incapaz de ferir quem quer que seja)



-Sua bolsa está me ma-chu-can-do! Eu pa-guei e quero con-for-to!



Um engraçadinho olha o ataque histérico do (digamos assim) homem sentado e canta:



- Vou de táxi, cê sabe!



- Vai de avião, ô, se quer conforto!



- Podia ter segurado a bolsa dela!



- Eu tenho ses-sen-ta e um anos!!!! Nãããão vou dar meu lugar pra ela! Ela que pegasse o ônibus mais cedo! E a conversa de vocês está me o-fen-den-do!



- Pardon moi, Je suis très désolè, mounsier! (disse eu pro dito-cujo, única frase em francês que mais ou menos arranho e que calou a boca do pobre homem no restante do trajeto).



Enquanto isso, pululam as gozações ônibus a dentro. Cada um que passava, o povo dizia:



- Cuidado com a bolsa! Vai machucar o homem!



Ou então, de novo:



- Vou de táxi, cê sabe!



Quando ele levantou, a moça, já animada pelas pessoas à volta dela, disse:



- Abram alas pra ele!



- Cuidado, hein, sua bolsa vai maxucar os outros! Disseram alguns.



Um senhor com um raidinho de pilha sintoniza sua AM preferida. A garota testa os diversos tipos de campainha de seu celular. Pra quê ela foi fazer isso???? Os dois moleques do lado tiveram a mesma brilhante ideia e riam e comentavam um com o outro sobre os toques-que-tinham-baixado.



- O preço das verdura subiram tanto, né?



- Tem que abrir a janela, olha essa gripisuína!



- Esse povo parace que é daçúcri! É só cair umas gotas que todo mundo quer fechar a janela!



- E essa baderna! O governo não faz nada!



- Esses políticos são tudo uns corrupto mesmo.



Enquanto isso, alguns contam de sua vida, seus filhos, seu chefe...



Mais um dia de trabalho, mais algumas horas sobre rodas.

Miss Brasil 2009

Acre - Elkar Portela

Melhor que a do ano passado, mas isso não quer dizer muita coisa.


Alagoas - Kamyla Brandão


Me recuso a falar mal de qualquer coisa que venha do Estado de Alagoas. É a terra do Véio que Cumeu e não Pagou, minha gente!!!

Amapá - Enyellen Sales


Eu meio que me assusto. Que maquiagem uó!



Amazonas - Cecília Stadler


Versão melhoradinha da Miss Roraima.

Bahia - Paloma Vega

O nariz batatinha dela é bem criticado, mas acho melhor do que um nariz Michael Jackson!


Ceará - Khrisley Karlen



Troféu Sandy



Distrito Federal - Denise Ribeiro



Tida como umas das favoritas. Pra mim, tá quase na categoria das misses travecadas.



Espírito Santo - Bianca Lopes



Todo ano tem miss vesga. ES ocupou a vaga em 2009!


Goiás - Anielly Campos



Troféu Silicone.

Maranhão - Thaís Portela


Atarracada.

Mato Grosso - Mônica Huppes


Traveco detected.




Mato Grosso do Sul - Pilar Velásquez




Tem um nome chique, nã? Acho digno!


Minas Gerais - Rayanne Morais


Rayanne é mobralizada. Ganhou o apelido de "Leslon" depois de falar numa entrevista

que se sente "leslongeada" por ser miss e blábláblá. Também declarou possuir "cabelos virgem".



Pará - Rayana Breda




Tá digna na foto, mas em alguns ângulos ela lembra o biscoito Trakinas.


Paraíba - Flora Meira


Versão piorada da Penelope Cruz.

Paraná - Karine Martins



Babyliss uó!

Pernambuco - Isabela Nascimento

Tá mais pra rainha de escola de samba...


Piauí - Vanessa Barros


Reparem na cara de felicidade! Deve estar curtindo o passeio em São Paulo. Ela realmente só foi passear...


Rio de Janeiro - Fernanda Gomes



O cabelo não tá valorizando. Talvez se usar uma chapinha de melhor qualidade...


Rio Grande do Norte - Larissa Costa

Estranha. O sorriso não ajuda.


Rio Grande do Sul - Bruna Felisberto


Caso clássico de destruição nasal. Mais um pouco e ela vira o Voldemort!


Rondônia - Lorena Garcia



A melhor da região norte, mas isso não significa muito.

Roraima - Ana Luiza Oliveira

Troféu Chuta que é Macumba


Santa Catarina - Francine Arruda


A cabeça é mais clara que o corpo. A máquina de bronzeamento deve ter pifado.


São Paulo - Sílvia Novais

Após vencer o Miss São Paulo: “Não me acho bonita, mas isso que está acontecendo comigo [de vencer os concursos] talvez esteja provando que eu sou” - OI?


Sergipe - Luna Meneses



Cabeção.



Tocantins - Natália Bichuete



Tocantins mudou de Miss 3 vezes em tipo um mês. Todas as mudanças foram para pior.

O Miss Brasil 2009 vai ao ar sábado, 22 horas, na Band.
















quarta-feira, 6 de maio de 2009

Operação Tapa-Buraco

- Garçom! Tem uma mosca na minha sopa!






- Mas como?





- Não sei. Eu desviei o olhar por um segundo, para pegar a colher e, quando olhei, lá estava ela, boiando... Morta! Com suas asinhas já inertes, sem aquele zumbido doce e meigo de sua infância...





- Meu Deus! Chore! Desabafe que te fará bem. Amanhã providencio a missa para ela.


- Garçom! Minha sopa tem uma mosca!





- Mesmo? Posso ver?





- Claro!





- Oh! Mas que cuti-cuti! Está grande!





- E travessa. Adora se esconder detrás das rodelas de cenoura.





- Qua lindo! Daqui a pouco ela é que vai chamar o garçom para reclamar que tem você na sopa!





- É, o tempo passa.





- Meus parabéns à Senhora sua Sopa, moscas bonitas e bem cuidadas como a de vocês são poucas.





- Mosca! Há um garçom na minha sopa!





- mas como?





- E ele trouxe o prato errado!





- Que desrespeito!





- Eu até comeria, mesmo errado, pois estou com fome, mas o prato também está frio!





- Não se encontram bons funcionários, hoje em dia! Deixe eu ver!





- Agora o safado está querendo gorjeta!





- Chega! Não vou mais tolerar isto! Vou chamar o Esquadrão Classe A!





- Não! Classe A é bonitinho, mas é caro. Chame um Ford Fiesta mesmo.

- Brad Pitt! Há uma Angelina Jolie na minha sopa!





- Desculpe, senhor, te mandaram o meu almoço por engano.





- Tudo bem, isso acontece. Me traga a Isabella Rossellini que pedi.





- Decerto que, sim, senhor. Já faço a troca.





- Você parece forte, corado! Come Angelina Jolie todo dia?





- De três a quatro vezes por dia. Ah, a sua Isabella Rossellini está pronta. Vou buscar.






- Garçom! Aí! Tem um elefante cor de rosa na minha sopa, aí!





- Pô... Tipo, era pra ter um jacaré azul! Foi mal, aí.





- Tá susse! Manda a sopa certa desta vez, valeu.





- Podes crêr, brother. Se liga que tu vai viajar na sopa do Raul.




- Só...



- Garçom! Minha sopa de letrinhas está em inglês!




- Oh, my god! I'm sorry, mister.