(*) desculpe se alguém já usou esse título... mas ele é irresistível!
Dramas da vida real, diretamente de um ônibus lotado pertinho de você!
- E o marido da Fulaneyde, Sicranny? Teve um ataque do coração!
- Eu soube, Beltrane de Fátima! E ainda quer voltar pro futebol.
- Diz que ela mandou avisar os amigo dele pra pegar leve e não deixar ele se empolgar.
- Verdade, mas ele tem que se cuidar, né?
Enquanto isso, a cobradora confere as moedas nas sacolinhas de crochê que fez e canta, empolgada, junto com seu raidinho, só no virundum:
- Tô indo agora/ tomá banho de cascata/quero adadadada nas mata/ onde o sócio é o deeeeeeeeeeeeeeeeus...
E o moço ali do lado com seu emepetrês nas alturas com o fânqui do momento. Dá pra ouvir longe, mas o mundo precisa saber que ele tem emepetrês.
Um senhor, que estava sentado, de repente levanta a voz anasalada e fala se-pa-ra-di-nho:
- Senhora, sua bolsa está me ma-chu-can-do!
- Hein? (diz a moça, muito assutada, que portava uma bolsa de mão dessas pequenas, a tira-colo, incapaz de ferir quem quer que seja)
-Sua bolsa está me ma-chu-can-do! Eu pa-guei e quero con-for-to!
Um engraçadinho olha o ataque histérico do (digamos assim) homem sentado e canta:
- Vou de táxi, cê sabe!
- Vai de avião, ô, se quer conforto!
- Podia ter segurado a bolsa dela!
- Eu tenho ses-sen-ta e um anos!!!! Nãããão vou dar meu lugar pra ela! Ela que pegasse o ônibus mais cedo! E a conversa de vocês está me o-fen-den-do!
- Pardon moi, Je suis très désolè, mounsier! (disse eu pro dito-cujo, única frase em francês que mais ou menos arranho e que calou a boca do pobre homem no restante do trajeto).
Enquanto isso, pululam as gozações ônibus a dentro. Cada um que passava, o povo dizia:
- Cuidado com a bolsa! Vai machucar o homem!
Ou então, de novo:
- Vou de táxi, cê sabe!
Quando ele levantou, a moça, já animada pelas pessoas à volta dela, disse:
- Abram alas pra ele!
- Cuidado, hein, sua bolsa vai maxucar os outros! Disseram alguns.
Um senhor com um raidinho de pilha sintoniza sua AM preferida. A garota testa os diversos tipos de campainha de seu celular. Pra quê ela foi fazer isso???? Os dois moleques do lado tiveram a mesma brilhante ideia e riam e comentavam um com o outro sobre os toques-que-tinham-baixado.
- O preço das verdura subiram tanto, né?
- Tem que abrir a janela, olha essa gripisuína!
- Esse povo parace que é daçúcri! É só cair umas gotas que todo mundo quer fechar a janela!
- E essa baderna! O governo não faz nada!
- Esses políticos são tudo uns corrupto mesmo.
Enquanto isso, alguns contam de sua vida, seus filhos, seu chefe...
Mais um dia de trabalho, mais algumas horas sobre rodas.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Crônicas sobre rodas (*)
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2 comentários:
O Sujeito pedir para a moça recolher a bolsa, vá lá, mas fingir que participa do Soletrando em volume suficiente para o ônibus inteiro ouvir... A Mercedes faz carros também, meu filho.
Nanael, a bolsa da mulher era praticamente uma carteira, e bem fininha...
A gente vê e ouve coisa em ônibus que, como dizia minha vó, "sete carros não carregam"...
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