sábado, 27 de março de 2010

Elegância Simples

Não sou um ícone no assunto, mas aprendi com a vida, e com gente realmente elegante, o suficiente para passar de modo conciso e objectivo o que quero dizer.

Não tente agradar. Adulação pode parecer natural em uma época em que todos têm medo de parecerem politicamente incorrectos, ainda mais que o simples não gostar pode render um processo para quem declara não gostar. Mas se formos pautar nossas vidas pelos neuróticos, ficaremos tão doentes quanto eles. É direito de qualquer um não gostar e dever de todos respeitar a posição alheia. Não agrida, mas seja natural. Até porque se fingir que gosta, vão acabar te empurrando algo que vai te fazer passar mal.

Não exceda o seu espaço. É perigoso se arriscar a dar uma cotovelada em alguém de quem não se conhece a índole. Gestos amplos são para quem tem domínio do próprio corpo e excelente noção de espaço e tempo, além de senso de oportunidade. Isto é para poucos, bem poucos. Dançar permite expressar em movimentos amplos, rápidos e fortes, por isto exerce tanto fascínio. Por falar nisto...

Dance. A dança disciplina, refina os modos e fortalece tanto os músculos quando o controle sobre os mesmos. Dançar sociabiliza, produz benefícios físicos, psicológicos espirituais, o Rei David que o diga. Não é preciso freqüentar aulas de dança, nem se tornar um Fred Astaire, o andar firme e suave de quem dança habitualmente já sai do anonimato.

Não abaixe a cabeça, não empine o nariz. Andar com os olhos nivelados evita tombos e cabeçadas, mostra que estás com os pés no chão e tens planos em andamento. É uma demonstração de atitude firme sem agressividade. Não seja arrogante com os humildes, nem humildes com os arrogantes; é uma lição milenar que tem todo o fundamento do mundo. Não devemos nos contaminar, mas devemos falar o idioma que o outro entende, por mais desagradável que nos pareça, ou a comunicação não se dá. Além do quê, tratar bem quem se apresenta em uma aparência de inferioridade social arregimenta bons amigos, as pessoas humildes jamais se esquecem de quem lhes disse "bom dia" com simpatia, principalmente se o cumprimento sai de quem está subindo na vida. Jamais se esqueça: É o povo que sustenta a elite, não o contrário, por isto é de bom tom tratá-lo bem e atentar à próxima lição...

Empregados não são sua propriedade. Respeitar seus limites não é perda de autoridade. Exigir demais deles é criar inimigos que circulam pela tua casa, pela tua empresa e conhecem a fundo todos os teus hábitos. na primeira oportunidade, um empregado ressentido não vai hesitar em entregar os pontos fracos do mau patrão ao seu desafeto.

Pratique a discrição. Não ande com mais do que o necessário, ostentação só atrai a simpatia dos exploradores, que vão te abandonar assim que conseguirem o que querem, ou outro tolo mais rico acenar com o dedo. Há uma grande diferença entre ter vários celulares para atender a compromissos absolutamente distintos, e tê-los porque ninguém mais os tem ainda. Se te incomoda um telephone tocar no meio de um filme, ou da aula, imagine vários aparelhos apitando ao mesmo tempo. Ostentação é o sinal verde para gatunos agirem.

Não grite. Não pense que a tua surdez é contagiosa, os outros estão ouvindo e ninguém gosta de ser maltratado.
Modere seu consumo. Não é conversa de bicho-grilo. Muita gente compra porque pode comprar, sem aproveitar devidamente o que comprou. Muita gente come porque o estômago ainda não sinalizou que está cheio, pois ele leva vinte minutos para fazê-lo. Muita gente bebe porque ainda não se sentiu bêbada, e depois pega o carro. Comprar poucos objectos de valor artístico, tecnológico, histórico, cultural, é garantia de não se arrepender da compra. Um carro que passa de geração para geração tem um valor que o tempo e as crises não levam, só quem tem sabe. Há diferenças entre preservar uma coleção e trocar de carro pelo status de ter um novo a cada seis meses é, inclusive, o caráter que resulta do hábito . Compre tudo o que precisar, mas dependendo do teu projecto de vida (se o tiver) a lista pode até desaparecer.

Dê o que lhe sobra. Não vai lhe fazer falta mesmo.

Estude sempre. Não falo simplesmente de freqüentar aulas ou simpósios pomposos com diplomas floreados. É crescente a quantidade de fornandos que não sabem conjugar correctamente um verbo no presente. Estudar mantém o cérebro sadio , te dá motivos reais para viajar, experimentar novidades, comprar algo ou simplesmente tratar de um assunto. Facilita assim raciocinar e aceitar diferenças, facilitando o hábito da boa educação e da cortesia.

Se informe. Não é obrigação de ninguém saber de tudo, mas do que faz diferença na vida das pessoas é necessário. Saber que a pessoa passou por um trauma, uma separação ou um luto, evita tocar a ferida sem necessidade. Mas se puder ajudar, prontifique-se. Fofoca de pseudocelebridades não é informação útil.

Trabalhe. Trabalhar só é vergonhoso onde a corrupção é tida como cultural e natural, o que não é verdade. Saber o quanto custou o quê, de onde veio o dinheiro e quanto custa ganhá-lo é uma lição de ouro para os filhos. Se puder trabalhar até o fim da vida, não se aposente, a tua sanidade vai te agradecer por isso. Uma pessoa útil é mais admirada por quem realmente importa.

Aceite ajuda. Isto não só resolve o teu problema, como também faz o outro se sentir útil, e na maioria das vezes é o que impede alguém de dar cabo de si mesmo. Mas não use isto como pretexto para explorar alguém, exploradores deste naipe têm tapetes escorregadios.

Ajude. Isto não só resolve o problema do outro como o faz se sentir querido, e muitas vezes é o que o impede de dar cabo de si mesmo. Mas não vicie o outro na tua ajuda, ajude-o a sair com suas próprias pernas da situação.

Durma. O corpo precisa ficar no modo de espera por algumas horas, é tão necessário que a falta de sono é considerada doença. Sem ver o mundo material ao seu redor a contento, não vais conseguir discernir direito o que fazer ou não.

Sorria. Dói, muitas vezes dói muito e eu sei o quanto. Mas é necessário se apresentar bem, uma carranca estraga qualquer figurino, ao passo que um sorriso singelo ofusca um corte mal feito.

Dê sempre o seu melhor. Se não adianta dar tudo de si, imagine se não o fizer. Quem dá sempre o seu melhor no que faz, brilha sempre.

No final das contas, de um assunto para o qual não existem páginas suficientes, o básico da elegância se resume ao que as mulheres nos dizem, em tom de humor cáustico: Tente Perturbar Menos. O resto se aprende fácil.

P.S: Desculpem os dois textos no mesmo dia, mas considero o tema muito pertinente para ficar só no meu blog.

Poderosa Bullock


Ganhou a framboesa lá de baixo e todo mundo riu, mas depois a academia com o Oscar a premiou, assim ela preenche todo o vão, do mais baixo ao mais alto escalão, sem dar pelota para cotovelos doidos dos invejosos de plantão. Oh, Poderosa Bullock.

Não se dá com elogios, nem os ouve e vai embora, bajulação não paga conta. Anda glamourosa e moleca ao seu carro, esnobando os paparazzi que estão ganhando seu pão, deixando um rastro de queixos pelo chão. A moça gosta de transparências, das pernas grossas a respirar, da cintura se articulando e o sorriso provocando; é só para olhar. Oh, Poderosa Bullock.

Que beleza de mulher, que corpo bem formado, voz comum, mas muito bem entonada, o rosto da colegial que não mudou quase nada, a desinibição de uso profissional. Uma boneca sem laçarotes que não se nega à labuta, não foge da briga e não recusa as flores. Por muitos anos ainda os marmanjos vão babar, as mulheres a copiar e a imprensa a registrar, só para a verem na página e no ar. Oh, Poderosa Bullock.

Quem se ri de seus filmes não consegue imaginar, ela está sempre trabalhando e muito mais tem para trabalhar. Se parece muito meloso ou simplesmente sem sal, pelo trabalho ele recebe e garante ao mês um bom final. Tanta gente só espera e aceita mega produção, tanta gente empinando o nariz para quem não tem nome feito, para ela o trabalho é para ser trabalhado, aprendeu com a mãe alemã. Para quem vive da imagem, por sua postura ao trabalhar, notem que ela está sempre em todo lugar. Oh, Poderosa Bullock.

Tanto se concentram nos paparicados, invadindo até seus banheiros, sua vida é bem mais preservada. Os que sabem, sabem que ela não revela tudo, que a Sandra que aparece pode ou não ser a dona da casa. Por muito que apareça ela sempre se esconde, por mais que se publique seu rosto ela não aparece, sua casa está aberta e o povo não a conhece. É uma diva misteriosa. Oh, Poderosa Bullock.

Talento sem técnica é cavalo bravo, técnica sem talento é cavalo manco. Ela nasceu com um e conquistou o outro, seu cavalo é veloz, forte e discreto, sabe se esconder da predação e se atirar à corrida para sobreviver, bem como atacar com fortes coices os lobos, pumas e coiotes, cada um que se atrever. Quem domina seus recursos merece ouvir dizer: Oh, Poderosa Bullock.

O tempo dará razão a quem tem. Quando muitas iniciantes sumirem, quando as purpurinas caírem, quando a peneira do sucesso deixar muita gente para trás, quem tem a cabeça feita e os pés no chão poderá lançar sua biographia, contando como sobreviveu. Porque o mundo artístico é perverso, ingrato e só respeita se for devidamente domado, e só doma quem se domou pela devida educação. Então os desafetos vão se curvar à dama que olha de cima e vão recitar: Oh, Poderosa Bullock.

Quem rir disto hoje, até pode se divertir, mas advirto que o mundo não pára e os pólos estão mudando. Quando se derem conta também se jogarão aos seus pés recitando: Oh, Poderosa Bullock.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Ca-di-quê isso?



Uma prima minha, quando criança - e toda criança passa por essa fase, adorava perguntar o porquê de tudo. A forma como ela perguntava era tão engraçada que virou uma marca da família: "Ca-di-quê isso?" ("por causa de quê isso?") era o jeito de seus porquês, até hoje usado por nós - e alguns amigos.
Escrevi isso pois estava pensando num monte de porquês que não me saem da cabeça. Então, cadique isso...
... de se fazer etiquetas de roupas tão irritantes que às vezes nos fazem estragar as peças, no desespero de arrancá-las fora? Afinal, do que elas são feitas? De fios de urtiga brava urdido com pó de mico?
... de a imprensa chamar atos covardes e brutais em diversos crimes de "ousados" e "cinematográficos"?
... de a mesma imprensa muitas vezes crucificar a vítima?
.. de, ainda por cima, mostrar o rosto da vítima (e às vezes o corpo) em toda parte, mas seguidamente ocultar o rosto do (s) bandido (s)? - Mostra o rosto, Poliçada [/WagnerMontesfeelings]!!!!!
... de, apesar de já haver previsão nesse sentido, os desvios de dinheiro público não são equiparados a crimes hediondos?
... de haver essa expressão "crime hediondo"? Existe "crime bonzinho"? E não existe previsão legal para aumento e diminuição de pena o suficiente no Código Penal? [Advogada mode on/ crime de menor potencial ofensivo devia ser logo caracterizado como contravenção, era tudo tão mais simples.../ Advogada mode off].
... de as pessoas hoje em dia não entenderem ironia nem quando o autor do texto afirma que é ironia (sendo absolutamente desnecessário tal aviso, diga-se)?
Tenho mais um monte de cadiquês. E vocês, sabem responder algum ou tem outros para perguntar?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Música japonesa

Abro esta publicação fora de tempo para uma notícia interessante, após semanas de textos tensos; Existe música japonesa não folclórica, e é bem audível, na verdade algumas são bastante agradáveis e selecionei três exemplares da fauna local.

Wonder Girl - Nobody




Fica ou não clara a declaração de amor às cousas americanas, em especial a Audrey Hepburn. Eles preservam a cultura ocidental melhor do que nós mesmos.

Yui - Tokyo




Yui - Cherry



Romântica e despretensiosa. Ela deixa claro também o caso de amor dos japoneses com os anos 1980, provavelmente também porque foi a época em que conseguiram ameaçar a hegemonia dos Estados Unidos.

Lisa Ono - Corcovado




Lisa Ono - Moon River



Aqui um caso declarado de amor às cousas brasileiras. Para quem não sabe, o Brasil faz parte da América. É considerada a melhor cantora de bossa nova da actualidade no mundo. É provável que ela quase nada saiba do que está cantando em português, é também provável que saiba, o facto é que eles amam nossas culturas muito mais do que nós.

Querem mais? Vão ao You Tube, foi lá que cavei estas pérolas.

domingo, 21 de março de 2010

Falando a ouvidos surdos...

Deus não trouxe matança na Idade Média. A Igreja, sim.

Numa revolução, você destitui um poder para SE TORNAR o poder.

Funk não é música, salário mínimo não é dinheiro e Fusca não é carro (perdão, Nanael, mas não é).

Religião não é o mal do mundo. Mas seus líderes, sim.

As maiores verdades de Jesus Cristo estão no Evangelho de São Tomé.

A vida vai terminar (do jeito que é) uma hora ou outra. Então faça alguma coisa nesse meio tempo.

Não há bem que não perdure, nem mal que não se acabe. Não importa o quanto você esteja impaciente ou o quanto você seja ansioso. O sofrimento uma hora acaba.

Música é entretenimento, sim. Música. Não pagode, funk ou axé, que são meros pretextos pra se conseguir intercurso sexual.

Sexo é bom, mas com amor é melhor ainda. Então pra que ficar desperdiçando tempo com algo casual?

Dinheiro é bom. Mais dinheiro é ainda melhor. Mas dinheiro demais te afasta das pessoas que REALMENTE importam.

Filosofia é algo legal pra estudar. Mas se fiar em visões de pessoas que morreram há 10 séculos pra analisar o mundo de hoje é, no mínimo, estupidez.

A Humanidade não mudou em 10 séculos. Mas o mundo no qual ela está inserida, sim. Por conta dessa mesma Humanidade.

Mudar é possível. Mas não deixar de ser você é essencial. Mude atitudes. Mas seja quem você é.

Em tudo o que você fizer, você será responsável. Sim, você é um produto do meio, sim, o mundo fez milhões de coisas a você. Mas o que VOCÊ faz com isso, é responsabilidade sua.

Titanic é um LIXO de filme.

Existem momentos em que você realmente não pode fazer NADA. Nessas horas, relaxe e aproveite as coisas boas que a vida tem pra oferecer.

Afinal, só Deus sabe o que vai acontecer.

E eu não dou a mínima se você discorda.


Yes, I'm coming back home...

sábado, 20 de março de 2010

Da não liberação das drogas


A alegação de que a descriminalização reduziria o poder do tráfico esbarra na mesma questão dos jogos de azar, o próprio Estado oferece e dá concessões de jogos, mesmo assim os cassinos clandestinos continuam existindo. É assim com qualquer vício. Não se trata de questão social, o indivíduo parte para a clandestinidade para lucrar mais, fazer o que bem entender sem ter que dar satisfações, até ser descoberto e preso, é claro. O traficante não quer um meio para sustentar sua família, ele quer dinheiro e poder, não importa a que custo.

Quando se fala no assunto se esquece, ainda, que não bastaria autorizar e sair ao primeiro supermercado para comprar um maço do baseado. Tratamos aqui de entorpecentes fortes, que na legalidade estão sujeitos a regras rígidas. Já vi pharmácias de manipulação tradicionais fecharem e seus responsáveis técnico e legal serem presos, enquadrados em tráfico de entorpecentes, porque um balconista mau caráter vendeu mais anabolizantes do que todo o Estado de Goiás seria capaz de consumir, para uso terapêutico.

Na hipótese da legalização, os productos só poderiam ser produzidos ou importados, distribuídos, manipulados e vendidos no varejo por estabelecimentos credenciados. Seria necessário ter um livro electrônico para registro de entrada e saída de matéria-prima e doses prontas, registro de talonários de receitas B2, presença de um pharmacêutico durante todo o período de funcionamento do estabelecimento, alvará sanitário, caderneta de registro de irregularidades, responsáveis técnicos capacitados, enfim, toda uma estrutura que custa caro erguer e manter, e que reduz muito os bons lucros que o ramo de medicamentos permite. Um estabelecimento legalizado dá satisfações até mesmo do modo (não estou brincando) como a mobília é disposta.

O fornecimento de matéria-prima só poderia ser feito por indústrias legalizadas, que têm custos altos. Não tanto quanto os lucros, mas têm. E quando eu digo "custos altos", é como comparar um jogador de basquete com um jóquei. A legislação é dura e actualizada com freqüência. Quem se acostumou a ganhar muito sem sequer tratar direito o consumidor, não vai abrir mão do lucro fácil e rápido para se adequar às normas sanitárias e tributárias, principalmente às tributárias. O poder vicia, raras pessoas estão preparadas para ele e os traficantes não estão, por isto são dependentes dele.

Agora, na remotíssima, praticamente folclórica descriminalização para uso recreativo, a lei seria novamente um entrave. A constituição preconiza a igualdade de todos perante a lei. Se os traficantes puderem oferecer livremente seus entorpecentes, então os laboratórios também poderão. Se tu podes comprar um papelote de qualquer pó na esquina, então as tarjas de controle serão banidas. Drogarias e pharmácias poderão vender livremente e por preços menores, substâncias alucinógenas, anorexígenas, enrtorpecentes e outros. Por que? Porque eles têm estrutura para isto. Uma indústria compra toneladas diárias de substâncias químicas e princípios activos, com isto o custo unitário de cada dose é baixíssimo. Uma empresa legalizada tem condições e obrigação de oferecer garantia daquilo que vende. Quantos usuários já não reclamaram de haver farinha no meio do pó, ou morreram de imediato porque havia veneno misturado! Um estabelecimento legalizado seria duramente penalizado até mesmo por um mal-estar não descrito nos efeitos colaterais, constantes na bula. Ah, sim, haveria uma bula informando até mesmo o que fazer em caso de adversidades. O preço inclui a verba para indenizações. Na legalidade se exige um padrão mínimo de qualidade e seu monitoramento permanente, tanto a matéria-prima quanto o producto acabado devem permanecer em condições climáticas favoráveis à sua preservação. No caso do uso ilegal, se cair na rua todo mundo foge para não levar a culpa. Climatização e limpeza não estão nos planos de um traficante, indenização então, nem pensar.

Com o poder da mídia a seu favor, as empresas legalmente estabelecidas poderiam fazer uma campanha maciça, vibrante, algo como "Seu barato não pode sair caro" ou "Viva para o próximo barato". Esmagariam rapidamente os vendedores ilegais, que assim teriam que passar a ser empregados ou arranjar outro emprego. Francamente? Eles arranjariam outra actividade ilícita para ganhar dinheiro fácil e poder dar demonstrações de poder. Talvez passassem a assaltar drogarias para continuar vendendo a preços competitivos.

No caso do usuário, ele poderia alegar que ninguém tem nada a ver com a sua vida somente se vivesse em uma caverna, no deserto, longe de todo mundo. Mas enquanto estiver em meio social, vai onerar o erário público. Vai consumir força policial, jurídica e as já precárias prestações de serviço da Saúde Pública, porque não se sujeitaria aos trâmites do uso legalizado. Um viciado entorpecido pode ser considerado como um bêbado bastante piorado, com todas as conseqüências inerentes para a comunidade. Doses de entorpecentes registrados são controladas para fazer o efeito necessário e manter o paciente vivo, e mesmo assim ocorrem casos fatais. Entorpecentes ilegais são preparados para suprir a necessidade de doses cada vez maiores, não importa a que preço.

Por tudo o que disse, ainda que o Fungando Henrique Cheiroso seja garoto-propaganda, as drogas actualmente ilícitas não poderão ser liberadas tão cedo, não enquanto não houver controle sobre o tráfico e de modo algum para fins recreativos. Não se trata de ser careta nem de querer tolher a liberdade alheia, mas de saúde e segurança públicas. Se trata de ser o que se passa a ser aos dezoito anos: adulto. Reconhecer que o mundo não existe para suprir nossos prazeres e que estes devem ser conseqüências de alcançar um objectivo, não o objectivo. Isto faz parte de ser adulto.

Sou particularmente a favor do uso terapêutico dessas substâncias, sei muito bem o bem que o uso correcto proporciona. Mas no contexto em que vivemos não dá. Controlar o crime organizado pode abrir caminho para legalizar o uso útil das ervas hoje proibidas, o que depende muito dos usuários, mas simplesmente liberar não vai reduzir a criminalidade. Sim, é certo que existem empresas de fachada, legalizadas apenas para camuflar o tráfico, mas mais hora, menos hora elas caem. Sua existência não constitui argumento pró descriminalização.

Se alguém quer fazer uso de entorpecentes de modo seguro, com o devido amparo, que procure um psiquiatra. No decorrer do tratamento as doses serão ministradas com critério médico, até ele saber exactamente o que fazer. Asseguro que em pouco tempo ele traz a tua maturidade à tona e a vontade passa. Vida de adulto não é tão chata como fazem parecer, chato é adolescente ganhar idade, querer liberdade e não querer assumir os ônus da vida adulta.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Cantando a garganta

Estou com a minha pobre garganta - principalmente amígdalas e faringe - inflamada. É o preço da queda absurda de temperatura desse nosso amado sul. Na imagem, meus queridos aliados de sempre.

Entonces, comecei a elocubrar - ui - sobre algumas músicas com este estranho substantivo. E, é claro, lançar-me à arqueogooglia, meu passatempo preferido.

A primeira menção gugleana é Garganta, uma mistura de rimas com aquela estranheza óbvia e voz "contralteada" típica de quem quer passar por cantora-muderninha-com-sexualidade-alternativa-da-vez. Fãs, por favor, podem me tacar pedras.

Em seguida, a despretenciosa e cheia de segundas intenções Pinga na garganta. Poeminha de quinta série (atual sexto ano), mas diverte.

Algumas Anas Carolinas depois, vem a -pelo menos pra mim - desconhecida Corda na garganta, que me pareceu um libelo anti-capitalista, com rimas imensamente pobres - intencionais?. O uso do infinitivo denuncia que é lusitana. Dá uma espiada: "Concorrência é para eliminar/A ganância é um estado de querer/Quanto mais eu vejo/Muito menos quero ver [...] A importância é a lei que faz mover/Importância é a lei de dominar/Ignorância/puro prazer/Combinação perfeita/Concorrência é para eliminar/A ganância é um estado de querer [...] O nó da corda está a apertar/O nó da corda está a apertar/O nó da corda está a apertar".

Continuando a fuçar, encontrei um pouco mais do mesmo anterior e depois me deparei com... "Solte a Garganta". E, antes que continuasse a achar novamente as duas primeiras, resolvi mudar um pouco o foco quando percebi que o "sertanejo" está cheio de "gargantas soltas" e de "gritos na garganta". Esta frase, por sua vez, é clichezão: tem em "Brilho da Noite"; em "Galo na Cabeça", uma elegia ao Atlético Mineiro; em "Sobrenatural", outra minha ilustre desconhecida; outro exemplo "sertanejo" é "Na sola da bota" e, pra finalizar, cito um "sambinha" - mais um desconhecido meu -"O samba tem pique novo".

Enfim, se eu soltar tanto o grito na garganta como nas várias canções acima, daí mesmo é que não vou sarar tão cedo.

Alguém aí quer contribuir com músicas sobre o tema?

sábado, 13 de março de 2010

Venceu? Para o lixo!


Medicamentos não são productos comuns, tanto que quase todos não podem ser devolvidos à drogaria ou à pharmácia, como se faria com um pacote de biscoitos. O estabelecimento pode aceitar o medicamento e trocá-lo por outro, mas não pode colocá-lo de volta para vender, precisa necessáriamente ser encaminhado para o descarte adequado: incineração. Terá que assumir o prejuízo.

Incinerar, aliás, é o único destino que temos para resíduos fármacos e cirúrgicos. Há empresas especializadas no assunto.

Um medicamento é um princípio activo altamente sensível ao ambiente e à temperatura, é praticamente impossível prever no que vai se transformar quando jogado no lixo comum. O certo é que vai poluir o solo imediatamente, assim que seu invólucro for rompido. Do solo segue para o lençol freático, contaminando a água que nós vamos beber. Desnecessário dizer que a evaporação tornará até mesmo o ar local tóxico.

A prefeitura de Goiânia fez, com alarde, uma campanha para o recolhimento de medicamentos vencidos. Em princípio todos os postos de saúde e a Vigilância sanitária recolheriam medicamentos de contribuintes para dar o destino correcto. Apesar do alarde a campanha não foi direcionada adequadamente e levou a imprensa a divulgar que seria só por um curto período, o que não era verdade, mas se tornaria logo em seguida.

Meses depois os postos de saúde já não "sabiam da campanha". Seus funcionários, que antes recebiam os resíduos da população, então nunca tinham ouvido falr a respeito. Restou a Vigilância Sanitária que, em um ano, também parou de aceitar.

Agora a parcela consciente da população, que infelizmente é pequena, terá que retomar o insalubre esquema de amarrar os medicamentos vencidos em sacolinhas e torcer para que a parte perigosa se degrade antes de o plástico ser dissolvido. Ou antes que a falta de cuidado dos operadores rasgue as sacolinhas.

Uma alternativa, para a clientela mais assídua e com alguma intimidade com o estabelecimento, é conversar com a administração da drogaria e ver se a empresa aceita receber o resíduo, para que seja incinerado junto com o deles. Acontece que isto custa dinheiro, será difícil para o cidadão comum conseguir essa cooperação, ao menos não sem fazer uma baita compra no lugar.

Ignorando que agentes patogênicos poderão ser beneficiados, com mutações de bactérias, bacilos mais resistentes, et cétera, a prefeitura vira as costas enquanto programa inalgurações barulhentas e fartamente coberta pela mídia.

Aos que reclamam, eles dizem para a pessoa fazer um contracto com a incineradora. Isso, como já disse, é caro. Não é para o cidadão de classe média, que custeia os programas assistencialistas do país. Imagine para quem supostamente seria assistido, talvez nem saiba que remédio pode fazer mal.

Conheço gente que estava recolhendo medicamentos da família inteira, para entregar nos postos de saúde, mas agora ficará sem ter o que fazer. Lhe direi para conversar com o gerente da drogaria da qual é cliente antiga e tentar um acordo. Aliás, é o que digo a todos vocês que não têm, como nós, um prefeito interessado na saúde pública e no meio ambiente. Provavelmente vocês se verão obrigados a comprar mais, não necesáriamente medicamentos, mas cosméticos, talcos, alimentos funcionais, enfim... Ficou para nós fazermos o trabalho do Estado, como sempre.

sexta-feira, 12 de março de 2010

I HATE YOU!

Você nunca me trata do jeito que eu espero.

Você confunde minha cabeça com promessas que não vai cumprir.

Você me leva a pensar que eu sou coisas que eu não sou. Você faz com que eu tome atitudes que eu não quero tomar.

Você não liga pra mim. De verdade. Você só gosta do que eu faço você sentir.

Eu tenho o dom de fazer isso. Não se sinta especial, não é só com você.

Quantas vezes eu quis bater na sua cara. Mas com força. Pra machucar, de verdade. Arrancar sangue de você.

Fazer você sofrer.

Fazer você se arrepender do que me fez. Do que me fez perder. Do que me fez sonhar. Do que me fez lutar sem esperança.

Você não me trouxe nada de bom, e mesmo assim, eu te amei.

Eu me sinto bem com você. Mas você não faz nada. Eu só gosto de ter você por perto. Só gosto de saber que você está ali.

E isso me basta.

Mas chega. Eu quero mais!

Não quero mais você. Não quero mais as suas promessas. Não quero mais dividir meu mundo com você. Não quero mais você na minha vida.

Quero ser eu, e não interessa se VOCÊ gosta ou não.

Eu quero mais. Quero é ser feliz!

Você não me traz bem algum. Só me faz sentir pequeno.

Eu sei que não sou grande coisa. Mas sei que sou algo. Sei que tenho qualidades, tanto quanto tenho defeitos.

Eu quero a VIDA.


E saia da minha frente!


quarta-feira, 10 de março de 2010

As melhores frases nunca ditas *

* pelo menos não por quem dizem que foram



Volta e meia faço um post aqui colhendo resultados de pesquisa gugólicas. Teve uma que a Meg me pediu continuação. Gostei da idéia, tanto que desenvolvi outros posts brincando de guglear... e hoje vou fazer o desejo da freguesa, voltando ao assunto "frases".

As pessoas, como já disse no post citado, a-do-ram catar frases açucaradas no Gugou. Dá pra ficar diabético com elas. Também tem as de reflexão, de amor... se essas frases vierem assinadas por um autor tido como intelectual, ou famoso, então fica melhor ainda. Está cheio de textos inteiros apócrifos e de um autor atribuída a outro na rede-mundial-de-computadores. Vamos ver alguns casos, por temas.

Mulheres

" À medida que envelheço e convivo com outras, valorizo mais ainda as mulheres que estão acima dos 30. Elas não se importam com o que você pensa, mas se dispõem de coração se você tiver a intenção de conversar." (frase do texto "Mulheres de 30", ainda sem autor definido, mas apontado como sendo de Arnaldo Jabor, um dos campeões de apócrifos)

Erros

"Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo (...)". (trecho do texto Quase, de Sarah Westphal Batista, cujo nome deu lugar a Luís Fernando Veríssimo, outro mais-mais dos apócrifos e da atribuição de um texto de determinado autor a outro).

Vida

"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?" (trecho ainda de autoria indefinida, que dizem ser de Charles Caplin e imitado pelo Chico Anysio no Fantástico, se alguém achar a prova do crimel favor postar o linque).

Evolução

"Não é a mais forte das espécies que sobrevive, nem a mais inteligente que sobrevive. É a mais adaptável à mudança", que os administradores amam colocar na conta de Charles Darwin.

Brasil

"O Brasil não é um país sério", uma das mais famosas frases que dizem ser do presidente francês Charles De Gaulle, que morreu negando sua autoria.

E você, conhece alguma famosa frase nunca dita pelo suposto autor?

segunda-feira, 8 de março de 2010

Oscar 2010



1) Penelope Cruz
Decepcionou mais uma vez, hein? Mas achei um pouco melhor que no Globo de Ouro.

2) Diane Krueger
Enrolou papel higiênico no meio do vestido e foi pro Oscar.

3) Demi Moore
O vestido é ok, é bonito. Mas gente...Que corpo é esse? Abalou total. Quantos anos ela tem? Mais de 50, eu acho. Humilhou meio mundo de baranguetes juvenis (oi, Lindsay, beijo).

4) Charlize Theron
O que é isso? Precisava mesmo colocar essas rosinhas nas peitcholas? Pior vestido da noite.

5) Sandra Bullock
Melhorou 100% do vestido do Globo de Ouro. Bem bonito, principalmente na parte de cima.

6) Anna Kendrick
Adorei tudo, tecido lindo, modelo lindo e até mesmo a cor é linda (não costumo gostar de rosa). Ouvi dizer que essa menina aí fez Crepúsculo também, confere? Olha, deixou a Kristin-whatever no chinelo (tava com um vestido azul marinho bem uózinho essa daí).
BTW...Meu segundo preferido.

7) Vera Farmiga
Mais ou menos como a Diane. Só que ao invés do papel higiênico ela meio que se empolgou com papel crepom brilhante e deu nisso aí que vocês estão vendo.

8) Maggie Gyllenhaal e Rachel McAdams
O da Maggie é um estampado feio (do tipo de pano que você compra num balaio de tecidos na Avenida 7). O da Rachel é um estampado maravilhoso - o vestido mais lindo da noite. Usaria totalmente.

9) Hellen Mirren
Hellen é dignidade! Hellen é glamour! Quando eu tiver meus 60 e poucos (daqui há uns 50 anos - brimks) eu quero ser como a Hellen.
Ela sempre arrasa. Tão vendo como as coroas podem ser divas no carpete vermelho? Fica a dica pra umas e outras aí que gostam de usar terninho na premiação (Diane Keaton, te amo, mas terninho não rola, viu?).

Este também é o meu post de estreia no PRA QUÊ MAIS UM BLOG, MARIA DE FÁTIMA? : meu novo blog com a Debs.
Lá a gente vai focar em esmaltes, frescurinhas e problemas mentais em geral. Visitem :)
Continuarei dando as caras no Talicoisa (tenho dificuldade em me desapegar, fazer o quê), mas esporadicamente [/patricinhasdebeverlyhills] já que agora eu sou uma escrava das universidades. É por causa disso, inclusive, que fiz essa montagem trash aí ao invés dos posts cheios de fotos dos outros tempos.
Beijo, Brazyl!!!

sábado, 6 de março de 2010

Da siacabância I


Meu turvo olhar se perde nas brumas densas do episódio que se desenrola. Lamento não ter feito o que não pude, sei da gravidade que se acomoda por detrás de cada sorriso, bem como estou ciente de meus próprios agravos.
Urgia a comunicação imediata que demandavam nossas companheiras, bem como é sabida a justiça de suas reivindicações. Ciente porém das mínimas condições de liberdade que me assistem, não levo culpa pelo que ora lamento. Sou franco, por vezes rude na rigidez que me caracteriza, mas assevero que não trago rusgas nem frustrações que se refiram às amigas tão amadas.
Quando me sento ao monitor que me assessora neste momento, não espero manifestações em prol (tampouco contra) de minhas singelas explanações. Interessa unicamente que as sementes que tantos ignoram, maldizem ou até mesmo deturpam, encontrem ao menos um vaso em que ao menos uma possa germinar, pois que de então em diante já não pode ser detida. Não tenho expectativas de sucesso, meus pés estão aterrados e solidamente alicerçados no chão, onde ando lentamente no tempo de Cronos. A ausência incômoda de tantos colegas me causa uma tristeza gélida de solidão involuntária, mas não sei que repentes tomam seus dias e que conseqüências eles resultam. Acostumado a ver um texto a cada dia, às vezes mais, também me enchia os olhos o amplo vazio que a cada semana se avolumava, chegando ao ponto de, por vezes, só minhas mal traçadas linhas salvarem a semana.
Sou ciente de minha baixa popularidade e ela não me incomoda. É muito difícil me compreender, mesmo para quem tenta. Não se trata de elitismo acadêmico, mas de complexidade psicológica, que em nada me ajuda e de nada me serve nas relações pessoais. Tão somente ônus, nenhuma bonificação.
Minhas intenções na blogosphera nada têm a ver com prazer, com folguedos, com entretenimento. Muito menos me ponho aos grilhões da obrigação fútil de publicar um texto a cada semana, em cada blog, custe o que me custar. Tenho sim noção precisa da responsabilidade que assumi quando aceitei abrir um e participar do outro. Mas leiam bem o que digo, é minha responsabilidade, tão somente minha. De modo algum poderia exigir de outros a rigidez disciplinar com que trato meus assuntos, assim como sob hipótese alguma poderia condenar alguém por querer se divertir em sua própria página, vai saber se é aqui o único ponto de escape que alguns encontram. Adoptar esta actividade como diversão, obrigação, missão ou qualquer outra cousa é opcional, aliás é este o espírito mais nobre e característico do conceito de blog. Não reivindico curtição, pois curtumes cheiram muito mal e meu estômago é dos mais finos, ao contrário de seu portador. Quero unicamente, e tenho, com a graça e generosidade da Luna, um canal que me permita disseminar minhas sandices, para que em época propícia descubram que a doença é a cura, em verdade.

Nutro, à margem das evidências torpes às quais não me entrego, um fio de esperança de reunir nossos blogueiros novamente, desta vez em condições adequadas à siacabância individual e coletiva, de modo que possa ter mais com quem dividir a responsabilidade de manter de pé algo que valha a pena manter de pé.

Lego ao tempo o tempo que me cobra de espera, para que a poeira desça e se vislumbre o horizonte que ainda se esconde, assim percebendo com menos parcialidade quantos caminhos e quantos pousos nos serão permitidos até o fim desta jornada.

Desta capital de clima sufocante, da qual raramente me ausento e jamais por períodos dilatados, mando sempre minhas preces aos meus, onde quer que se encontrem. No que me diz respeito somos uma família não consangüínea. O que os afeta no mínimo me incomoda. O que lhes abre os sorrisos no mínimo suaviza minha fronte. Os ombros que sustentam estes membros em frenética actividade semi-literária, também se prestam ao acolhimento de suas dores e seus pesares. Não se furtem o legítimo direito que lhes assiste.

Desde já, do vosso amigo Nanael Soubaim.



Nós vos amamos de qualquer jeito, fiotas. Não sumam de nós.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Morra o povo brasileiro


Antes que me apedrejem, o título é meramente provocativo. Agora vamos às explicações.

Recentemente, recebi mais um daqueles inúmeros e-mails que aparecem volta e meia desancando o povo brasileiro: um bando de pequenos corruptos, que não sabe votar, pedichão, que "sempre dá um jeitinho", que troca o voto por um par de chinelos, que perde tempo vendo copa do mundo e "Brigui-bródi", gente feia, analfabeta, que só gosta de lixo.

E quem fala isso? Brasileiros. Todos. Mas ninguém se coloca entre o povo. Ninguém é povo. E vá você alertar para a falácia, vá. Vão dizer que você não tem senso de humor, que não é crítico nem consciente.... então resolvi usar esse espaço pra rebater algumas acusações contra esse povo ao qual pertenço. Como sou brasileira nata, sou parte do povo brasileiro. Não é patriotismo bobo, é lógica semântica, apenas.

Um dos insistentes argumentos reapareceu quando das cheias em Santa Catarina, as recentes, de 2009. Os saques, incluindo de coisas supérfluas, foi usado como exemplo de como o povo-brasileiro-é-corrupto-sem-educação-quer-levar-vantagem-em-tudo e talicoisa. Aí tentei lembrar às pessoas que na Louisiana tinha se dado a mesma coisa. Mas lá é um bando de gente sem educação e sem cultura também, diziam uns; um bando de latinos (rá! E tu que falas és o quê, nórdico?), um bando de latinos-negros (caraca, é nessas horas que se vê o preconceito), diziam outros. É uma região pobre, falavam ainda alguns. Como se ricos e formados não roubassem, mas isso é outra história.

Então o Chile, normalmente citado como modelo educacional, é devastado pelo terremoto de oito ponto oito na escala Richter, com epicentro lá no Pacífico. E a população (de todas as classes sociais e formação) saqueou, invadiu, incendeou, pegou até geladeiras. Ninguém fez piadinha com o povo chileno (não que eu ache correto, por favor). Falaram de desespero da maioria e de alguns que extrapolavam e queriam, sim, lucrar com o ocorrido. Mas, diferente do que fizeram com o povo brasileiro, não se tachou um grupo todo por causa de alguns.

Comparando as duas situações, eu só queria entender o porquê dos brasileiros gostarem tanto de falar mal de si mesmos. E mais, falar mal de si mesmos como se tivessem acima de tudo, como se falassem de outras pessoas.

Entendo que existem piadas e trocadilhos de outras nações acerca de si mesmas, é natural e até saudável rir de suas próprias manias/trejeitos/outros. Mas essa agressividade realmente me é um bocado estranha, ainda mais com esse traço esquizofrênico dissociativo, ou seja: de se colocar fora de um grupo ao qual a pessoa pertence. E, antes que me chamem de alienada e tals, não sou contra críticas construtivas.

Ah, só pra finalizar: programas-lixo fazem sucesso por toda parte. E não é só a classe baixa e com pouca instrução que assiste.


segunda-feira, 1 de março de 2010

Se lembra quando a gente...


... teve a ideia de criar um blog, e todo mundo embarcou na onda, mesmo com medo de não corresponder às expectativas?


...ficava ansiosa quando chegava o seu dia de postar?


...corria para ler quando os companheiros de blog postavam textos novos?


...estava sempre tendo ideias para textos, pedindo ideias para textos, dando pitacos nos textos e comentando os textos?


...fazia mil e uma mirabolância no layout, até conseguir chegar a um definitivo? Teve até aquele azul com uma mancha amarela, que não agradou a ninguém.


...brigava por tudo e por nada?


...fazia altos barracos no "Fórum do Garotas que dizem ni"? Comparando com o Big Brother atual, a gente achava que era "os de coração bão", mesmo que os outros nos vissem como os vilões da casa.


...procurava divulgar o Talicoisa em todos os lugares possíveis?


...tinha leitores assíduos, que até comentavam?


...convidava todas as pessoas "de coração bão" que a gente encontrava no Fórum para entrar para a nossa gangue?


...foi convidado para participar de um programa no Multishow? A nossa participação acabou não acontecendo, fazendo com que a produtora do programa decretasse que nós não temos "coração bão". Eu fui a única que pagou esse mico, falando sobre um tema que não me interessa em absoluto, tirado de um texto que nem era meu. Tudo para divulgar o blog. #FAIL.


...tinha textos inéditos todos os dias?


...fazia janelões no MSN que duravam a madrugada toda?


... fazia janelões no MSN, ponto.


...se entendia bem uns com os outros?


...tinha siacabância?


...tinha orgulho de pertencer ao Talicoisa, mesmo ele sendo um blog em um bilhão?


... abria a página do blog e não achava que estava faltando alguma coisa?


... achava que estava faltando alguma coisa, mas dava um jeito de preencher a lacuna?


... chegou um dia a acreditar/que tudo era pra sempre/ sem saber que o "pra sempre"/ sempre acaba?


Pois acabou.


Chegou a minha hora de dar tchau.


Continuando a canção "nada vai conseguir mudar o que ficou"... É com pesar que me despeço, continuo gostando de todos vocês, mas quando uma coisa deixa de fazer sentido, ela deixa de fazer sentido.


Obrigada por tudo e até mais!