sábado, 6 de março de 2010

Da siacabância I


Meu turvo olhar se perde nas brumas densas do episódio que se desenrola. Lamento não ter feito o que não pude, sei da gravidade que se acomoda por detrás de cada sorriso, bem como estou ciente de meus próprios agravos.
Urgia a comunicação imediata que demandavam nossas companheiras, bem como é sabida a justiça de suas reivindicações. Ciente porém das mínimas condições de liberdade que me assistem, não levo culpa pelo que ora lamento. Sou franco, por vezes rude na rigidez que me caracteriza, mas assevero que não trago rusgas nem frustrações que se refiram às amigas tão amadas.
Quando me sento ao monitor que me assessora neste momento, não espero manifestações em prol (tampouco contra) de minhas singelas explanações. Interessa unicamente que as sementes que tantos ignoram, maldizem ou até mesmo deturpam, encontrem ao menos um vaso em que ao menos uma possa germinar, pois que de então em diante já não pode ser detida. Não tenho expectativas de sucesso, meus pés estão aterrados e solidamente alicerçados no chão, onde ando lentamente no tempo de Cronos. A ausência incômoda de tantos colegas me causa uma tristeza gélida de solidão involuntária, mas não sei que repentes tomam seus dias e que conseqüências eles resultam. Acostumado a ver um texto a cada dia, às vezes mais, também me enchia os olhos o amplo vazio que a cada semana se avolumava, chegando ao ponto de, por vezes, só minhas mal traçadas linhas salvarem a semana.
Sou ciente de minha baixa popularidade e ela não me incomoda. É muito difícil me compreender, mesmo para quem tenta. Não se trata de elitismo acadêmico, mas de complexidade psicológica, que em nada me ajuda e de nada me serve nas relações pessoais. Tão somente ônus, nenhuma bonificação.
Minhas intenções na blogosphera nada têm a ver com prazer, com folguedos, com entretenimento. Muito menos me ponho aos grilhões da obrigação fútil de publicar um texto a cada semana, em cada blog, custe o que me custar. Tenho sim noção precisa da responsabilidade que assumi quando aceitei abrir um e participar do outro. Mas leiam bem o que digo, é minha responsabilidade, tão somente minha. De modo algum poderia exigir de outros a rigidez disciplinar com que trato meus assuntos, assim como sob hipótese alguma poderia condenar alguém por querer se divertir em sua própria página, vai saber se é aqui o único ponto de escape que alguns encontram. Adoptar esta actividade como diversão, obrigação, missão ou qualquer outra cousa é opcional, aliás é este o espírito mais nobre e característico do conceito de blog. Não reivindico curtição, pois curtumes cheiram muito mal e meu estômago é dos mais finos, ao contrário de seu portador. Quero unicamente, e tenho, com a graça e generosidade da Luna, um canal que me permita disseminar minhas sandices, para que em época propícia descubram que a doença é a cura, em verdade.

Nutro, à margem das evidências torpes às quais não me entrego, um fio de esperança de reunir nossos blogueiros novamente, desta vez em condições adequadas à siacabância individual e coletiva, de modo que possa ter mais com quem dividir a responsabilidade de manter de pé algo que valha a pena manter de pé.

Lego ao tempo o tempo que me cobra de espera, para que a poeira desça e se vislumbre o horizonte que ainda se esconde, assim percebendo com menos parcialidade quantos caminhos e quantos pousos nos serão permitidos até o fim desta jornada.

Desta capital de clima sufocante, da qual raramente me ausento e jamais por períodos dilatados, mando sempre minhas preces aos meus, onde quer que se encontrem. No que me diz respeito somos uma família não consangüínea. O que os afeta no mínimo me incomoda. O que lhes abre os sorrisos no mínimo suaviza minha fronte. Os ombros que sustentam estes membros em frenética actividade semi-literária, também se prestam ao acolhimento de suas dores e seus pesares. Não se furtem o legítimo direito que lhes assiste.

Desde já, do vosso amigo Nanael Soubaim.



Nós vos amamos de qualquer jeito, fiotas. Não sumam de nós.

4 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Ah, sim, o texto no outro blog, desta vez, é diferente: http://nanaelsoubaim.blogspot.com/2010/03/do-interesse-estrangeiro-pelo-nosso.html 8)

Adriane Schroeder disse...

Amei o texto, amo os Carpenters.
Até tento - de muito longe - conseguir chegar no tom da Chris...

Anônimo disse...

relaxe

Nanael Soubaim disse...

Estou precisando :^)