sábado, 26 de maio de 2012

Fala, Lois.


E falo mesmo! Mas tenha certeza de que não ficarei nas palavras, Nanael, esses caras vão se arrepender de terem sido defecados!

Gostem eles ou não, e eles não gostam, eu sou a ESPOSA do Super Homem, aka Clark kent, Lorde Kal-El para gente insignificante como eles.

Gostem eles ou não, e eles não gostam, meu marido é HOMEM, com o melhor que o cavalheiro à moda antiga tem a oferecer. Ele não discrimina, não julga, não faz porra nenhuma do que esses sacripantas fazem parecer que um hétero honesto faz. Ou ele não seria amigo da Bat Woman, que é nossa comadre com o caçula.

Clark conseguiu me acalmar nas várias vezes em que esses editores de pasquins coloridos o difamaram. Já o colocaram como covarde, como traidor, como um moleirão que apanha de um marginal espacial, até o fizeram morrer para ganhar vendas, já que talento para bons roteiros eles não têm!

Tudo começou nos anos sessenta, quase setenta, quando as histórias em quadrinhos começaram a ficar mais realistas, incluindo dramas pessoais e frustrações dos heróis. Ok, ninguém é perfeito, as coisas pareciam ir muito bem por esse caminho. Até meados dos anos oitenta, eles fizeram algumas bobagens, logo resolvidas dentro das próprias estórias. Mas a personalidade e a pessoalidade de cada herói, continuavam preservadas.

Começou a ficar ruim, quando mataram Todd e fizeram o Bruce apelar para artimanhas sujas, nivelando-o aos bandidos que deveria combater. Me perdoem, mas há uma diferença enorme entre mostrar as fraquezas de uma pessoa, que bem podem ensinar muito a quem sabe aprender, e simplesmente destruir o caráter dessa pessoa. Veladamente, eles estavam alimentando o boato de que Bruce e Dick eram amantes. Por que? Porque eles simplesmente não são capazes de conceber amor desinteressado. Para eles, só existe motivo para gostar daquilo que dá algo em troca, e quando eu digo "algo" incluo as pessoas, que para essa gente não passam de objectos vivos.

Eu sou jornalista desde as primeiras aventuras do MEU HOMEM, conheço essa gente de perto. Aliás, Perry fez questão de me mostrar toda a sujeita do mundo editorial logo nos primórdios da minha carreira, para eu não me iludir e não cair nas armadilhas em que alguns colegas encerraram as suas. Perry é um sacana, mas ele valoriza a prata que tem em casa, e sabe com quem está lidando.

Não, não sou homophobica, emophobica, punkphobica nem astrophobica. Eu tenho os pés no chão. Eles vão incentivar manifestações acusatórias contra qualquer um que seja contra um "super homem gay, e se manifeste de modo relevante. A pessoa será acusada de homophobia e eles se aproveitarão da polêmica vazia para venderem mais das porcarias em que transformaram os quadrinhos ocidentais. Não é à toa que estão levando na rosca, da Marvel e dos japoneses. Nenhum dos meus amigos gays, e tenho uma pancada deles para me ajudarem nos bastidores da alta costura, foi consultado se queria ver MEU HOMEM dando o rabo... Como se houvesse carne capaz de fazer isso.

Na verdade, eles sentem falta é de um gay super poderoso consistente e com estórias decentes... e finais picantes. Nada que atente contra a moralidade, mimimi, mimimi e mimimi. Um deles até rabiscou um herói que batizou de "Golden Rainbow". Um herói super forte, voador, à prova de balas, capaz de se alimentar da luz solar, extremamente inteligente e esperto, malicioso no que precisa, enxerga infra vermelho e ultra violeta... enfim, um personagem viável que foi oferecido e recusado. Para quê investir em um herói novo, gastar com publicidade, ter que construir uma reputação, se eles podem difamar um já com prestígio e ganhar em cima da polêmica safada que vão gerar? Fazer isso com o maior herói de todos os tempos, então, maravilha! Depois que o público cansar, e já tiverem enchido o rabo de grana fácil, recomeçam do zero e volta tudo de novo, como sempre fazem os incompetentes.

Eu vou te contar, bem que fiquei desconfiada daquelas surras inverossímeis que ele teve que fingir que levava! Daquela morte idiota, tão idiota que não pôde ser sustentada e foi seguida de algo que deve ter sido feito por alguém que fumou maconha falsificada! Daquela tanguinha roxa RI-DÍ-CU-LA! Estavam era tramando isso há muito tempo! Preparando o estômago dos fãs para a calhordice que fariam em seguida! Eles estão contando com o poiticamente patético para se preservarem. Bem que Diana me alertou sobre isso! Que gente daquela laia não consegue ver nada sem colocar sexo no meio, de preferência que seja algo comprometedor.

Mas isso não fica assim! Ah, não fica mesmo! Estive há uma semana no Japão, conversando com o Vegeta. Contei o que estão fazendo com guerreiros valorosos e ele, em vez de louro, ficou ruivo de raiva. Ficou quase tão furioso quanto eu na TPM. Fiquem avisados que os mangás vão se aproveitar disso e tomar muito mais leitores deles, e eu vou ajudar a vender!

Da mesma forma que tiveram que recomeçar Batman como defensor da lei, terão que engolir quedas ainda maiores de vendas, depois do surto que a polemica besta vai dar. O lema deles para isso: "Não basta aceitar, tem que querer ser ou é declaradamente contra". Radicalismos com rótulos de causas justas sempre dão resultados rápidos, mas também fogem fácil ao controle, o que para gente sem talento não quer dizer coisa alguma.

Gostem eles ou não, e eles não gostam, MEU HOMEM vai continuar dizendo "up! up! and away" e não "up! up! in my back"... Vocês terão notícias minhas. E aquela lambisgóia que vão colocar com o meu nome nas revistinhas pornô-politicamente-patético, já aviso, NÃO SOU EU! Ela que se cuide na saída.

O que foi? Vão me chamar de homophóbica? De reacionária? Aproveitem e me chamem também de pedante, de arrogante, de exibida e de mulher feliz. Me processem! Mais um, menos um, na vida de uma jornalista... Tô me lixando.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Benze, Fátima, benze!


Fátima Bernardes merecia melhor sorte. Depois de adiamentos, muitos boatos sobre ir para a geladeira, muitos boatos envolvendo Patrícia Poeta e muitos boatos sobre ela estar sendo enrolar ad eternum, acontece um pimba em seu programa.

O aposentado  Humberto Maços Guimarães, faleceu aos setenta anos em decorrência de um infarto. Não, ao contrário do que muita gente pensa, o futebol habitual não foi a causa do acidente cardio vascular. O cidadão nem era para ter entrado na gravação, mas foi reconhecido pelo amigo Marcius Melhem, que lecionou na escola onde ele trabalhou e o convidou para jogar.

A produção, que gravava a partida para uma matéria, lamentou e disse não ter havido tempo para socorrê-lo.
Paralelo a isso, o programa não tem data certa para estrear. mas que importância teria isso, se é só uma fatalidade? Toda! Na mídia, toda fatalidade tem peso, e a pobre Fátima, que sem ser um anjo é uma pessoa sensível e cidadã honesta, corre o risco de levar o estigma de ceifadora de entrevistados. E Melhem como o corvo da ceifadora.

Ana Maria Braga, que perderia espaços com a estréia da ex-apresentadora do Jornal Nacional, ficou famosa por ter supostamente desejado a morte do ex-marido de Susana Vieira... e ele morreu! Tem ex-bbb falando asneiras no Tweeter, jogando mais lenha na fogueira, atribuindo o óbito a uma praga da loura. Se for verdade, logo aparece charge trocando o Louro José pelo Zeca Ururbu. Maldade, sim, não acredito que ela tenha intencionado uma tragédia para a colega, por mais rusgas que tenham, se tiverem; mas vindo do meio artístico, eu não ponho minha mão no fogo.

Não é a primeira e não será a última picuinha brava dentro da Globo, muita gente boa nos foi tomada da teledramaturgia por causa de egos inflados e orgulhos feridos. Fátima Bernardes é só mais uma a contrariar gente grande, apenas querendo levar sua vida.

Desistir? Duvido. A moça nasceu em uma época turbulenta, que no Brasil foi seguida de outra ainda mais turbulenta e, pasmem, as turbulências ainda não terminaram. Ela estudou em uma época em que ainda era preciso saber para passar de ano, em que havia instituições que ajudavam os mais carentes a ingressar em um curso técnico, nunca colocá-los lá sem merecimento. A emissora já perdeu muita gente valiosa para a concorrência, não acredito que vá se arriscar perder ainda mais espectadores colocando-a indefinidamente em modo de espera... Porque ela não vai esperar.

Enquanto a pendenga não se resolve, Fátima, reza!


sábado, 19 de maio de 2012

Quem (ou o que) foi Tex Avery.

As crianças sãs são trazidas pela cegonha, via aérea, com todo o conforto e segurança do vôo de baixa altitude. Avery, pelo contrário, veio por terra, em solavancos, no bico de uma ave dodó. Não em uma trouxa pendurada no bico, mas montado no bico do dodó.

Em 26 de Fevereiro de 1908, Em Taylor, no Texas, o dodó arrombou a porta e disse "Essa tranqueira é de vocês", indo embora logo em seguida, em um Oldsmobile Curved Dash lilás e verde. Mary Augusta Bean, a Jessy, e George Walton Avery olharam para aquele garotinho, se olharam, se perguntaram se não teria sido melhor ter transado, como qualquer casal, mas aceitaram o rebento. Criaram-no com amor, embora muitas vezes a vontade de torcer seu pescoço curto tenha aflorado. Pobres, tiveram que ensilhar-lhe a se virar ainda cedo.

Frederick Bean Avery não falava muito de sua vida, preferia curtir com a alheia. Mas só conseguiu viver de desenhos, de que sempre gostou, já adulto... digo, maduro... digo... Ah, vocês entenderam! Era dono de uma criatividade fora do comum, capaz de imaginar situações que mandariam qualquer um para o hospício.

Concluiu os estudos em 1926, no North Dallas Hight School. A frase infame e irritante do Perna-Longa, "What's up, doc?" é uma frase dele. Trabalhou duro, em serviços rudes, para conseguir estudar no Instituto de Artes de Chicago, quando tentou em vão, emplacar suas tirinhas nos jornais. Se ainda existem, são relíquias guardadas a sete chaves. Muitos dos editores que o rejeitaram, ainda estavam na activa, quando ele estourou.

Trabalhou para Walter Lantz no início dos anos trinta, onde aprendeu as técnicas de animação e começou a romper com o romantismo realístico ditado pela Disney, que era copiada por praticamente todos na época. Sim, se é o que está se perguntando, o Pica-Pau tem forte influência de Avery. Seu talento para animação era imenso, ele era capaz de desenhar uma seqüência de vários segundos em qualquer ângulo, na hora, para qualquer incrédulo ver, e depois folheava os desenhos para mostrar como a animação ficou. Por causa do respeito à inteligência e da velocidade das cenas, os pais se sentiam à vontade para assistir ao filme com os filhos.

De meados dos anos trinta até os cinqüenta, ele reensinou o mundo a fazer animação, de modo que agradasse a todos os públicos, desde os petizes mais tenros, até os adultos, que sabiam ler nas entrelinhas e também choravam de rir. O que ele fez, basicamente, foi seguir à risca seu próprio ditado "No desenho, você pode fazer qualquer coisa". Com ele, a Warner Bros saiu da sombra da Disney, fazendo desenhos absolutamente rompidos com a realidade, capazes de fazer um quadro de Dali parecer plausível. Os intelectuais adoraram, porque ele rompeu com padrões normativos sem descambar para o mau gosto, falando directo aos pais sem precisar tirar os filhos da sala de cinema... Sim, por algum tempo, os desenhos animados foram exibidos exclusivamente no cinema.

Os melhores personagens da Warner têm a genética de Avery que, no melhor estilo "Perco os dentes, mas não perco a piada", deu personalidade ao Perna-Longa, criou Patolino e praticamente todo o elenco de Looney Tunes, ainda hoje o carro-chefe de animação dos estúdios. Desentendeu-se com Leon Schlesinger e saiu de lá, ficando bem pouco tempo desempregado. A Metro-Goldwyn-Mayer deu a maior cota de liberdade, e Tex soube retribuir. Tom e Jerry foram muito enriquecidos com seu legado. Criou Droop e sua turma, como o lobo e a mocinha, esta que encarnou muitas personagens de contos-de-fadas em versão adulta. Inclusive satirizando personagens de contos de fadas que ainda não tinham ganho seus longa... E alguns que tinham passado pela lente de cristal da Disney, como a Cinderela. Chapelzinho vermelho ganhou versões sexies como artista noturna, mas ainda apresentáveis às crianças. Nada do que elas não viam nas praias, mas explicado de modo que pudessem entender.

Licenciou-se em 1950, por causa do excesso de trabalho. Não que gostasse, o trabalho era o seu vício, mas sinais de overdose já apareciam e alguns personagens ficavam mais maldosos.

Voltou para a Lantz em 54 e saiu em 55, por disputas salariais, e encerrou sua carreira no cinema animado, passando a assinar animações publicitárias. Orgulhoso, preferiu enfrentar a depressão que isso causou a dar o braço a torcer e renegociar. Mas a depressão só cresceu com o tempo, ele foi se tornando mais reservado e quieto na vida pessoal.

Seu último empregador foi o estúdio Hanna-Barbera. Willian Hanna e Joseph Barbera, vejam que cousa, eram dois de seus pupilos, com quem trabalhou e a quem ensinou muito. Lá, era responsável por escrever os desenhos de sábado, quando as crianças podiam acordar com tranqüilidade, sem se preocupar com o horário da escola. Embora mais manso, continuava a cassoar das leis da física.

Vocês sabem que a depressão tem seu preço, não sabem? Avery pagou. Desencarnou em Burbank, califórnia, 26 de Agosto de 1980, em decorrência de um câncer no fígado... Sinal de que ainda tinha muito ressentimento guardado. Dizem as más línguas, que o câncer não agüentou as gozações de seu hospedeiro e decidiu matá-lo de uma vez.
Muita gente pergunta porque o Perna-Longa simplesmente não mata Hortelino. É a influência de Avery, que preferia desprezar e humilhar os inimigos, deixando-os vivos e loucos, como faz o coelho, que zonba e come cenouras, enquanto o caçador bate com a cabeça em uma pedra. Aqui vocês também podem identificar a richa da Warner com a MGM, que é freqüentemente insinuada em episódios do Tiny Toon. O longa "Uma Cilada Para Roger Rabbit" resgatou, além de personagens quase esquecidos, como Betty Boop, o estilo Avery de fazer animação. Jessica Rabbit é a heroina averiana por excelência.

Baixo, rechonchudo e meio careca, Avery satirizava a si mesmo em personagens avulsos, que encarnavam o cidadão pacato, tímido e sempre envolvidos em encrencas... na verdade era um desabafo. A sátira de Avery, era o próprio Avery na vida real. No Brasil, ironicamente, um dos personagens mais icônicos de Avery fez pouco (quase nenhum) sucesso, o Screwball Squirrel.


Ah, sim, alguém aí quer saber porque ele ganhou o apelido de "Tex"... é porque ele tinha uma 'texta' muito proeminente. Entendeu, ou quer que eu desenhe?

Para mais referências, sob seu risco e responsabilidade, clique aqui, aqui, aqui e aqui.




Website de Tributo a Tex Avery, clique aqui.
Website sobre Tex Avery na MGM, clique aqui.
Perfil de tributo a Avery no Facebook, clique aqui.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Hoje é dia do Fio

http://www.paijoaquimdearuanda.com.br/images/Id_Oshossi.gif?57 

Martinho sulista de falas cortantes
Esvai suas agruras em linhas
Desfaz seus pesares lutanto
Revisita-nos de quando em quando
Relembrando sorrindo as rinhas
Por cousas já desimportantes

Quantas vezes mudaste de casa, ó, galego?
Quantas vezes te incomodaste com o de fora
Quando por dentro é que te negas o sossego?

As frias pradarias de betume que hoje percorres
Entre vales de pedra e vagalumes de fogo
Que buscas do que não te suprimos?
Se lutas em tatame contra os teus próprios limos
Se temes perder o que é somente um jogo
É porque te incomoda o que socorres

Até quando serás um cigano, ó, galego?
Pede ao Preto Velho um ponto de luz
Que te vendo aflito, também não temos sossego

Entre os ecos desta casa vazia
Tremendo ao frio que a lareira não debela
Recordo das brumas de promessas d'outrora
Quando não percebia o aproximar deste agora
Que tantos sonhos de então me cancela
Daquilo pelo que tnto fazia

Por que te negas o repouso, ó, galego?
Se mesmo o albatroz precisa pousar um dia
Não permita ser a liberdade outro apego

 

Hoje é aniversário do talicoiser desgarrado Eduardo Mendes, o Fio.

sábado, 12 de maio de 2012

Ritchie! Saúde!


O Brasil dos anos oitenta pode ser resumido em um só cantor: Richard David Court, o Ritchie (saúde!). Como muita gente já desconfiava na época, pelo sotaque, ele não é brasileiro, mas ao contrário do que muita gente pensa até hoje, ele não é alienígena.

Veio ao mundo por Beckenham, Condado de Kent, sul da Inglaterra, em 06 de Março de 1952. Morreu na imaginação de gente desinformada assim que a fase áurea(?) do rock nacional passou. Não, ele não foi vassalo do Super Homem. Filho de militar, viveu como cigano, morando temporadas em vários países, inclusive Alemanha e Itália, o que certamente acimentou sua boa receptividade à cultura alheia, inclusive às culturas do Brasil. Foi em um coral na Alemanha, aliás, que ele foi apresentado e se apaixonou pela música. Interno de Tomore School e Sherborne School, para depois cursar literatura em Oxford. Abandonou o curso aos vinte anos, para tocar flauta na banda Everyone Involved... Os pais dele ficaram extremamente felizes, afinal a universidade em questão é bem popular e o curso era grátis. Bem, os garotos gravaram um disco em protesto contra a construção de um viaduto  sobre o Picadilly Circus, ganhando uma fortuna com a distribuição gratuita. A mãe dele ficou tão feliz! Durante as gravações, conheceu mpusicos brasileiros, como Rita Lee e Liminha, quando eles ainda se suportavam, e foi convidado para conhecer o Brasil.

No fim de 1972 ele despencou em São Paulo, onde formou a banda Scaladácia. Não ter o visto de permanência foi o que impediu Ritchie (saúde!) de assinar um contracto, porque eles estavam fazendo sucesso e foram rondados pela Continental. O grupo acabou em 1973... Pois é.

Casado com a arquiteta e estilista Leda Zuccareli, mudou-se com ela para o Rio de Janeiro. Sim, casado, então a mãe dele estava um pouco mais feliz. Continuou ligado à música, principalmente dando aulas de inglês para músicos brasileiros, que queriam parar de só repetir o que ouviam e saber de vez o que estavam cantando. A Arca do Sol foi um trauma, ele era flautista da banda e foi sumariamente demitido, quando 'sugeriu' que queria passar para o vocal.

Na Vimana, com Lobão, Luiz Simas e Lulu Santos, finalmente soltou a voz... em inglês. Chamo a atenção para este facto ter ocorrido em 1975, ou seja, toda a muvuca aconteceu em menos de três anos. Lançaram um compacto pela Som Livre em 1977, que desagradou Lulu e o fez deixar a banda.

Voltou para Londres em 1980, a convite, para arranjar e ser vocal do álbum Let The Thunder Cry, de Jim Capaldi, voltando em 1982 para o Brasil.

Bernardo Vilhena compôs seu primeiro trabalho todo em português e gravou o compacto Menina Veneno, com ajuda de Liminha, pela CBS. Foram mais de quinhentas mil cópias. Em 1983 o disco Vôos de Coração, quando ainda não se tinha preguiça de fazer um circunflexo, vendeu um milhão e duzentos mil exemplares, fora os milhões de fitas pirateadas. "A Vida Tem Dessas Coisas", um quase-manual de como se cantar uma garota, foi o hit. Ganhou o Troféu Imprensa em 1984, no ano seguinte "Só Pra o Vento" foi tema da novela 'A Gata Comeu'.

Desentendimentos com Leleco Barbosa, filho do Chacrinha, lhe fecharam muitas portas. Vocês sabem, quem some é logo esquecido, e a popularidade de Ritchie (saúde!) declinou. Daí a aparecerem boatos de que ele morreu, foi um pulo da gata que comeu a fama dele. Shows e aparições em programas de televisão quase que desapareceram. Não que o britânico seja santo, longe disso, mas está longe de ser um mau sujeito. Ele cutucou a vaidade da mídia brasileira, que é sensibilíssima, e foi punido.

Passou a trabalhar ajudando na criação de websites, especialmente as páginas musicais. A do Lulu Santos, por exemplo, que é considerada uma das melhores até hoje.

Voltou a cantar, à convite de Rafael Ramos, em 2002 com canções inéditas, fazendo parcerias até com o Tremendão Erasmo Carlos. Embora inéditas, fazem jus à tradição do pop-rock nacional. Mas se o público pedir, ele canta "um abajur cor de carne, um lençol azul...". Desde 2008 ele tem sua própria gravadora, com o primeiro resultado saindo em Julho  de 2009, em CD, DVD e Bluray 'Outra Vez (ao vivo no estídio), com regravações e e músicas novas.

Neste ano, sem muito alarde, na verdade quase sem alarde nenhum, lanço o álbum "60", em que interpreta canções dos anos sessenta. Me chamou especial atenção a canção "Summer in The City". São sessenta anos de idade e trinta de carreira oficial. E quem pensa que ele está acabado, por ser um branquelo magricela já com certa idade, morda a língua.

Para muitos, ele é considerado um brega, por causa das temáticas românticas e cavalheirescas de suas canções mais famosas, mas não o devemos confundir com a pornographia que se apropriou do termo. Vejam os vídeos abaixo, com a música "A Vida Tem Dessas Coisas", o recente e o original.


Website do Ritchie (saúde!), clique aqui e aqui.
Myspace dele, clique aqui.

sábado, 5 de maio de 2012

Otaku, uma carreira promissora

Cosplay perfeitamente utilizável.

Muita gente se espanta ao ver o quanto os otakus gastam com suas fantasias, seus cosplaies. O que muitos não imaginam, porém, é que ser cosplayer pode ser uma carreira vistosa, como de qualquer modelo de comercial.

Como já toquei no assunto, neste texto aqui, volto para dar dicas práticas de como ser um sucesso como otaku, seja com cosplay ou cospobre. E como disse na ocasião, há cosplay que pode ser utilizado tranqüilamente no cotidiano.

Só advirto que não existem apenas cosplayers de personagens japoneses, até porque o termo e a tradição nasceu entre os aficcionados por histórias de ficção científica, nos Estados Unidos, no fim dos anos trinta, mais provavelmente em função da 1st Worldcon, New York, quando os jovens Forest J Ackeman e Myrtle R Douglas, aparaceram fantasiadas no meio da multidão. Preciso dizer que causaram furor?

Primeiro, deve-se escolher um personagem, ou um tipo de personagem, que melhor se adapta à sua pessoa. Não adianta, por exemplo, querer fazer cosplay do Mestre dos Magos tendo dois metros de altura. Inviável. Faça o Vingador, que é filho do velhote e um dia, quando a série tiver continuações decentes, com os garotos crescendo, voltará a ser o que era. Também não dá para ser uma grosseirona sem modos e tentar ser a Betty Boop.

Não precisa ser idêntico ao personagem, embora alguns sejam, o importante é a caracterização do cosplay. Uma boa maquiagem elimina praticamente todos os pontos que te desagradariam, na hora de se montar. E por falar em montar, a Muriel do Laerte Coutinho é um cosplay forte e inexplorado pelos otakus. Poderia até ser uma dupla, um de Hugo Barrachini e o outro (ou a moça, se for o caso) de Muriel.

Para o desespero dos fundamentalistas, jamais encontrarão adamantium em supermercado para fazer as garras de um bom Wolverine, então é preciso substituir o material. Sai muito caro fazer em aço de alta liga e afiar, muito caro e muito perigoso, porque equivale a ter seis espadas retráteis (uma espada é tudo, menos inofensiva) que podem disparar quando fores coçar, inadvertidamente, tua cabeça suada pelo capuz quente. Sugiro comprar tubos de PVC rígido, moldar à quente, lixar, dar acabamento com tinta-cromo e montar as luvas. Ainda é meio perigoso, mas é um perigo fácil de se controlar, porque o PVC rígido também é um material bem forte.

Citei o exemplo do mutante, por ser dos mais populares e difíceis de caracterizar com perfeição, mas vale para todos: Thor, Homem de Ferro, heróis japoneses, enfim, tudo o que leva alguma armadura ou dispositivo preso ao corpo. É um material barato, durável, fácil de trabalhar e auto-extinguível, não propaga o fogo. Porque acidentes, meus queridos, acontecem. Alumínio é uma boa opção, para quem tem muito cuidado, porque ele amassa, rasga e expõe bordas cortantes.

A escolha do material, aliás, é de suma importância, incluindo aqui os insumos para caracterização facial, como a maquiagem. Assim como há cosplayers ganhando a vida como otakus, há modelos ganhando a vida por se parecerem muito com bonecas, mesmo a maioria já tendo deixado a adolescência para trás. Seja qual for o material escolhido, desde que não seja papel de embrulhar pão, é possível obter bons resultados com a ajuda de um artesão que conheça o que está sendo trabalhado. Do papelão ao aço inoxidável, todos têm suas vantagens e desvantagens, não só no preço. Quanto mais sofisticado, melhores serão os resultados, mas também mais caros e mais mão-de-obra especializada eles demandam; o que não significa que uma armadura de papelão não fique boa, mas é mais difícil ficar e durará bem pouco.

Não economizar onde não precisa, como a mão de obra, é ponto arterial. Um profissional ruim destrói o melhor material. Um bom alfaiate ou uma boa costureira, pode fazer uma Mulher Maravilha de dar inveja à DC. Uma costureira meia-boca te fará parecer uma fugitiva do piscinão, depois da chacina. Por isso vem outro aviso: Poupe. Poupe no cotidiano, para realizar teu sonho em um bom festival. Se sabes aonde queres chegar, e tens idéia de como chegar lá, junte os recursos necessários, tal qual os integrantes de uma escola de samba economizam o ano inteuiero para terem suas fantasias, no carnaval. Aqui o aprendizado valerá para administrar sua carreira de modelo cosplayer.

Cuide-se. Eu disse que não precisa ser idêntico ao personagem, mas se apareceres gordo, sonolento e indolente, vestido de Super Homem, logo aparece um Lex Luthor de vardade e te manda uma kriptonita na cachola. Os trekkies te esfolam vivo, se fizeres besteira no evento vestido como tripulante da Enterprise. Vão aquelas dicas que todo mundo conhece e quase ninguém pratica:
  • Alimente-se bem, para ter energia e parecer sempre bem disposto no evento. Saiba comer, o que comer, quanto comer e quando comer.É uma carreira que queres, não é? Então comece construindo a si mesmo, antes de construí-la.
  • Exercite-se. Ainda que o personagem seja o Garfield, um bom tônus muscular te dará o alicerce para seres visto e bem visto pelos participantes e visitantes do evento. Se for personagem feminina, ainda que tua compleição seja mais robusta, manter a forma é imprescindível, até como forma de prolongar a carreira daquele cosplay, porque algum dia terás que escolher outra personagem.
  • Freqüente fóruns virtuais, para se actualizar, trocar idéias, conhecer novidades e ser visto. Evite se envolver em discussões políticas, religiosas ou desportivas; isto não é alienação, essas discussões raramente são tratadas com a maturidade e serenidade que precisam, só causando desgaste e encruamento nas posições já firmadas.
  • Freqüente os eventos. É preciso que te vejam para a tua fama nascer e vicejar. Mas escolha bem os eventos, porque ir a todos, indiscriminadamente, vai queimar teu filme. Faça uma pesquisa séria, para saber onde e quando se darão os mais importantes. Mas também prestigie os eventos de cosplay onde eles não têm tradição, isto fará muito bem à tua imagem e ajudará a divulgar o lazer sadio.
  • Conheça o personagem que vais representar, não só vendo episódios e lendo as revistas, mas veja o que seus criadores dizem, em que condições eles foram criados, que traços de personalidade têm e poucos enxergam, as maledicências a seu respeito, enfim; Não dá para ser um bom Batman comportando-se como o Tink Wink, e vice-versa.
  • Um bom cospobre chama atenção como um cosplayer profissional. A questão aqui é fazer bem feito com materiais baratos, mas bem acabados, limpos e sem cheiros. Não pense que vais arrancar risos de simpatia com uma tampa de pizza manchada de óleo e molho de tomate, ou indo sujo e maltrapilho. Mesmo que vá só para se divertir, tente causar uma boa impressão e ganhará mais do que tiver ido buscar. Mas não relaxa, ou te chamarão de cospodre.
Caso tenhas o teu próprio personagem, salvo se cor uma cópia descarada de outros, aproveite para divulgar e vender teus fanzinhes. Isto não é visto no meio com maus olhos, pelo contrários, bons otakus detestam ver uma boa idéia sendo sub aproveitada. capriche no acabamento, distribua cartões de visitas com tirinhas, faça-se conhecer. Quem sabe, no próximo evento, alguém se fantasia de vocês.

Também não precisa montar apenas heróis e personagens de quadrinhos, o mundo artístico, especialmente o rock'n roll, está cheio de figuraças que dão tanto trabalho quanto satisfação, na hora de representar. Fora figuras históricas, quase sempre esquecidas, e que as escolas bem que poderiam incentivar.





Para quem quer montar personagens já existentes, existem lojas no Brasil especializadas em otakus, não precisam mais mandar vir do Japão ou encomendar àquele mestre armeiro que mora na oitava montanha do sétimo céu do deus do vento.

Aqui há alguns sites interessantes, que podem ajudar os marinheiros de primeira viagem: