sábado, 5 de maio de 2012

Otaku, uma carreira promissora

Cosplay perfeitamente utilizável.

Muita gente se espanta ao ver o quanto os otakus gastam com suas fantasias, seus cosplaies. O que muitos não imaginam, porém, é que ser cosplayer pode ser uma carreira vistosa, como de qualquer modelo de comercial.

Como já toquei no assunto, neste texto aqui, volto para dar dicas práticas de como ser um sucesso como otaku, seja com cosplay ou cospobre. E como disse na ocasião, há cosplay que pode ser utilizado tranqüilamente no cotidiano.

Só advirto que não existem apenas cosplayers de personagens japoneses, até porque o termo e a tradição nasceu entre os aficcionados por histórias de ficção científica, nos Estados Unidos, no fim dos anos trinta, mais provavelmente em função da 1st Worldcon, New York, quando os jovens Forest J Ackeman e Myrtle R Douglas, aparaceram fantasiadas no meio da multidão. Preciso dizer que causaram furor?

Primeiro, deve-se escolher um personagem, ou um tipo de personagem, que melhor se adapta à sua pessoa. Não adianta, por exemplo, querer fazer cosplay do Mestre dos Magos tendo dois metros de altura. Inviável. Faça o Vingador, que é filho do velhote e um dia, quando a série tiver continuações decentes, com os garotos crescendo, voltará a ser o que era. Também não dá para ser uma grosseirona sem modos e tentar ser a Betty Boop.

Não precisa ser idêntico ao personagem, embora alguns sejam, o importante é a caracterização do cosplay. Uma boa maquiagem elimina praticamente todos os pontos que te desagradariam, na hora de se montar. E por falar em montar, a Muriel do Laerte Coutinho é um cosplay forte e inexplorado pelos otakus. Poderia até ser uma dupla, um de Hugo Barrachini e o outro (ou a moça, se for o caso) de Muriel.

Para o desespero dos fundamentalistas, jamais encontrarão adamantium em supermercado para fazer as garras de um bom Wolverine, então é preciso substituir o material. Sai muito caro fazer em aço de alta liga e afiar, muito caro e muito perigoso, porque equivale a ter seis espadas retráteis (uma espada é tudo, menos inofensiva) que podem disparar quando fores coçar, inadvertidamente, tua cabeça suada pelo capuz quente. Sugiro comprar tubos de PVC rígido, moldar à quente, lixar, dar acabamento com tinta-cromo e montar as luvas. Ainda é meio perigoso, mas é um perigo fácil de se controlar, porque o PVC rígido também é um material bem forte.

Citei o exemplo do mutante, por ser dos mais populares e difíceis de caracterizar com perfeição, mas vale para todos: Thor, Homem de Ferro, heróis japoneses, enfim, tudo o que leva alguma armadura ou dispositivo preso ao corpo. É um material barato, durável, fácil de trabalhar e auto-extinguível, não propaga o fogo. Porque acidentes, meus queridos, acontecem. Alumínio é uma boa opção, para quem tem muito cuidado, porque ele amassa, rasga e expõe bordas cortantes.

A escolha do material, aliás, é de suma importância, incluindo aqui os insumos para caracterização facial, como a maquiagem. Assim como há cosplayers ganhando a vida como otakus, há modelos ganhando a vida por se parecerem muito com bonecas, mesmo a maioria já tendo deixado a adolescência para trás. Seja qual for o material escolhido, desde que não seja papel de embrulhar pão, é possível obter bons resultados com a ajuda de um artesão que conheça o que está sendo trabalhado. Do papelão ao aço inoxidável, todos têm suas vantagens e desvantagens, não só no preço. Quanto mais sofisticado, melhores serão os resultados, mas também mais caros e mais mão-de-obra especializada eles demandam; o que não significa que uma armadura de papelão não fique boa, mas é mais difícil ficar e durará bem pouco.

Não economizar onde não precisa, como a mão de obra, é ponto arterial. Um profissional ruim destrói o melhor material. Um bom alfaiate ou uma boa costureira, pode fazer uma Mulher Maravilha de dar inveja à DC. Uma costureira meia-boca te fará parecer uma fugitiva do piscinão, depois da chacina. Por isso vem outro aviso: Poupe. Poupe no cotidiano, para realizar teu sonho em um bom festival. Se sabes aonde queres chegar, e tens idéia de como chegar lá, junte os recursos necessários, tal qual os integrantes de uma escola de samba economizam o ano inteuiero para terem suas fantasias, no carnaval. Aqui o aprendizado valerá para administrar sua carreira de modelo cosplayer.

Cuide-se. Eu disse que não precisa ser idêntico ao personagem, mas se apareceres gordo, sonolento e indolente, vestido de Super Homem, logo aparece um Lex Luthor de vardade e te manda uma kriptonita na cachola. Os trekkies te esfolam vivo, se fizeres besteira no evento vestido como tripulante da Enterprise. Vão aquelas dicas que todo mundo conhece e quase ninguém pratica:
  • Alimente-se bem, para ter energia e parecer sempre bem disposto no evento. Saiba comer, o que comer, quanto comer e quando comer.É uma carreira que queres, não é? Então comece construindo a si mesmo, antes de construí-la.
  • Exercite-se. Ainda que o personagem seja o Garfield, um bom tônus muscular te dará o alicerce para seres visto e bem visto pelos participantes e visitantes do evento. Se for personagem feminina, ainda que tua compleição seja mais robusta, manter a forma é imprescindível, até como forma de prolongar a carreira daquele cosplay, porque algum dia terás que escolher outra personagem.
  • Freqüente fóruns virtuais, para se actualizar, trocar idéias, conhecer novidades e ser visto. Evite se envolver em discussões políticas, religiosas ou desportivas; isto não é alienação, essas discussões raramente são tratadas com a maturidade e serenidade que precisam, só causando desgaste e encruamento nas posições já firmadas.
  • Freqüente os eventos. É preciso que te vejam para a tua fama nascer e vicejar. Mas escolha bem os eventos, porque ir a todos, indiscriminadamente, vai queimar teu filme. Faça uma pesquisa séria, para saber onde e quando se darão os mais importantes. Mas também prestigie os eventos de cosplay onde eles não têm tradição, isto fará muito bem à tua imagem e ajudará a divulgar o lazer sadio.
  • Conheça o personagem que vais representar, não só vendo episódios e lendo as revistas, mas veja o que seus criadores dizem, em que condições eles foram criados, que traços de personalidade têm e poucos enxergam, as maledicências a seu respeito, enfim; Não dá para ser um bom Batman comportando-se como o Tink Wink, e vice-versa.
  • Um bom cospobre chama atenção como um cosplayer profissional. A questão aqui é fazer bem feito com materiais baratos, mas bem acabados, limpos e sem cheiros. Não pense que vais arrancar risos de simpatia com uma tampa de pizza manchada de óleo e molho de tomate, ou indo sujo e maltrapilho. Mesmo que vá só para se divertir, tente causar uma boa impressão e ganhará mais do que tiver ido buscar. Mas não relaxa, ou te chamarão de cospodre.
Caso tenhas o teu próprio personagem, salvo se cor uma cópia descarada de outros, aproveite para divulgar e vender teus fanzinhes. Isto não é visto no meio com maus olhos, pelo contrários, bons otakus detestam ver uma boa idéia sendo sub aproveitada. capriche no acabamento, distribua cartões de visitas com tirinhas, faça-se conhecer. Quem sabe, no próximo evento, alguém se fantasia de vocês.

Também não precisa montar apenas heróis e personagens de quadrinhos, o mundo artístico, especialmente o rock'n roll, está cheio de figuraças que dão tanto trabalho quanto satisfação, na hora de representar. Fora figuras históricas, quase sempre esquecidas, e que as escolas bem que poderiam incentivar.





Para quem quer montar personagens já existentes, existem lojas no Brasil especializadas em otakus, não precisam mais mandar vir do Japão ou encomendar àquele mestre armeiro que mora na oitava montanha do sétimo céu do deus do vento.

Aqui há alguns sites interessantes, que podem ajudar os marinheiros de primeira viagem:

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