segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Avada Kedavra Pride



Essa é a Hermione Granger, ops, Emma Watson. Como podemos ver, ela está curtindo um sol com o namorado (focalizem que boquinha sexy). Não dá, não dá...Que barriga é essa? Ewww. Verminose define!
Eu tenho total consciência de que a Hermione não é nem de longe uma personagem descrita como bonitona e talicoisa, mas ewww...ecaaww. Isso meio que acaba com a magia, não acham?
É um choque de realidade ver a Hermione "Nerd" Granger na praia parecendo um dementador com esquistossomose.


Eu passo, viu? Prefiro as fotos da Emma na Vogue:


Bom mesmo era no tempo da Audrey e das outras divas: nenhuma artista colocava os pés na rua sem estar com a aparência minimamente digna. Pode até parecer radical, afinal com certeza eu já apareci meio tosca em algum lugar - todos nós. Mas nada me tira da cabeça de que é obrigação desse povo aparecer bem, não faz parte da profissão? Essa realidade de barrigas de lombriga e de calcinhas pra fora acaba com o glamour. Sem mais.

sábado, 28 de novembro de 2009

Coitadinhos Culturais

É uma época triste esta em que vivemos. Aparentemente tudo está mais barato, fácil e rápido, talvez por isto mesmo seja triste.
Enquanto criticam contradições e preconceitos de décadas anteriores, as pessoas criam novos sob as vestes de "resgate histórico". Não falarei dos sistemas de cotas, que têm o prodígio de legalizar o que a ciência e os magos negam: a existência de raças humanas; e ainda transformar em assistido quem teria condições de lutar por si mesmo, se os métodos fossem mesmo o da justiça. Também não falarei das inúmeras bolsas oficiais, cujo uso meramente político está transformando membros de um povo tradicionalmente trabalhador em indigentes, que se recusam categoricamente a aprender uma profissão para se tornarem independentes da ajuda. Também deixarei para outra ocasião a contradição que permite a uma criança sob plena pressão hormonal votar em pleitos federais, mas a impede de aprender uma profissão e arcar com suas faltas, ainda que na medida de sua compreensão. Da desastrosa maneira como a educação está sendo desmontada já falei e voltarei a falar em momentos oportunos, no plural mesmo.
Trato hoje da cultura nacional de massas. O Brasil já foi celeiro de valor inestimável no campo musical, hoje é uma tragédia continental de artistas inexpressivos que precisam de apelações baixas para alçarem vôo. Não falo da apologia à promiscuidade e ao banditismo que ditos estilos de cunho pretensamente popular imprimem, isto é tão notório quanto tolerado pelos pais e divulgado pela televisão. A tragédia vem justo de nossa moribunda MPB, que já rivalizou com a liberdade da POP Music em plena ditadura. Eram tempos muito difíceis, quando o próprio governo estimulava o gosto pelo estrangeirismo. Os brasileiros contavam tostões enquanto Bee Gees emplacavam sucessos seguidos com o apoio do cinema. Mesmo assim faziam sucesso, criavam músicas históricas. Roberto Carlos homenageou Caetano Veloso, então exilado, em plena vigência do AI-5, com uma música que se tornou uma jóia cultural, não só pelo valor histórico.


Me pergunto se não foi justo a grande dificuldade o fertilizante de obras-primas que os incompetentes de hoje são incapazes de reproduzir, mesmo com softwares de correção vocal, inexistentes à época. As imensas dificuldades obrigavam o artista a perseverar, conquistar não só o púbico jovem, mas também quem pagava suas contas. Os pais podiam até não gostar, mas tinham que dar o braço a torcer para o nível das canções. E mesmo os generais davam o braço mesmo a torcer. Era necessário colocar a mão na massa, panfletar, conseguir um público local, convencer uma rádio a tocar a fita cassete. Na época não havia como gravar algo no computador e divulgar o demonstrativo pela internet. Não havia internet e computadores ainda eram cousas de Estados e grandes corporações. Era necessário convencer a gravadora a fazer a matriz para imprimir, a quente, as músicas em um disco de vinil maior que algumas rodas de automóvel. Era extremamente difícil, não bastava ter dinheiro.


Haviam as aberrações de apelo pubiano que conseguiam mais rápido, mas não mais fácil. Hoje se pode gravar em casa e vender os álbuns no show, na época, se alguém dissesse isto, viraria piada no "Viva o Gordo".


Eu não saberia dizer o nome de um só grupo em evidência, mas sei o quão ruim ele é. Eu ouço, aliás, na marra, pois a mesma facilidade para se gravar se estende aos quilowatts de som que se coloca em um automóvel com poucos quilowatts de potência mecânica. Sei o que se faz hoje e que não há papel higiênico suficiente para limpar tudo.


Músicos com tendências regionalistas reclamam da falta de apoio estatal, que seus antecessores nunca tiveram; da concorrência de mídias estrangeiras, que seus antecessores enfrentavam sem choramingar; do desinteresse do público, que seus antecessores venceram com bravura. A maioria dos músicos ditos intelectuais toca como se a platéia fosse formada por centenas de seus clones, de modo que só eles mesmos possam compreender. Estão apelando à memória como se o público fosse um computador.


Algo que os antigos músicos aprenderam (e alguns deles se esqueceram) é que o público é fisgado pelo coração. A intelectualidade funciona até certo ponto, mesmo nos povos mais frios, se a obra não despertar alguma emoção ela desaparece como surgiu.


A proliferação de rótulos cretinos, como "sertanejo universitário", (só para citar uma praga da minha região) não melhorou a qualidade. São artistas inexpressivos que ganham evidência por algum tempo, são facilmente confundidos com outros productos do supermercado phonográphico e geralmente voltam a tocar para pequenas platéias. Isto quando tratamos de gente que começou a cantar de baixo, os que já começam como arrasa-quarteirões simplesmente desaparecem, graças à Deus.

Mas nenhuma categoria se compara aos que se dizem representantes de "guetos", de parcelas excluídas da população, et cétera. Já nem leio o que se fala a respeito deles, já me cansei dos discursos pseudomarxistas, das posturas pseudomarxistas e dos protestos pseudomarxistas.



Quando se metem a resgatar culturas ancestrais (indígenas e caboclas, no meu caso) agem como se o público tivesse obrigação de compreender e aceitar o que cantam. Em Goiás já é rotina gente aproveitar recursos públicos para fazer troça de músicas folclóricas e antigas cantigas de roda, fazer o lançamento em eventos cheio de "personalidades da sociedade" (contradição elitista) e contar com espaços quase que de cotas nos jornais. No dia seguinte reclamam que não foram indicados para o Emmy Latino. Vocês, de outros Estados, com certeza não os conhecem. Vão à igreja mais próxima e acendam uma vela em agradecimento por isto.


Asseguro que no começo eu apoiava, acreditando ingenuamente na legitimidade e utilidade cultural do "movimento". Mas foi ingenuidade mesmo, quase tudo o que saiu é muito ruim, em nada devendo às bandinhas aborrescentes dos Estados unidos.


Relendo o texto, notei um certo humor cinico que eu não pretendia passar, mas ficará assim mesmo. A questão é séria porque a falta de boas obras faz o público aceitar qualquer lixo que aparecer. Estou elaborando uma idéia de um texto sobre música francesa, cuja nova safra ofusca facilmente o bando de estrelas preguiçosas que temos no Brasil de hoje. Publicarei assim que estiver pronto, com links e ilustrações condizentes. provavelmente terei que dividir em dois textos, mas valerà à pena.


Podem me chamar de "pelego", de "nazista", dizer que eu não tenho diploma e por isto não poderia tratar de assuntos assim, será inócuo. Sei o que o Brasil tem de bom, e música não se inclui neste rolo, com raras excessões. Porque música é feita por músicos, não por partidos políticos. Entendam esta passagem como quiserem.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Moda, subcelebridades e outras coisas inúteis

Estava eu devaneando sobre qual assunto eu iria escrever quando relembrei dum post do agora-em-coma Tenho Dito, sobre moda e afins.


Ali comentei, entre outras coisas, que a moda é uma das formas pelas quais procuramos nos diferenciar e que são inventadas tendências e estilos para criar nichos de mercado (oi, você achava que era livre expressão?), com a elite-da-vez querendo se diferenciar da pobralha-de-sempre e esta querendo imitar aquela. Aliás, a dona Zelite, essa culpada por todo mal que há na terra, sempre que tenta ser subúrbio, ser autêntica, ser periferia, coloca uns looshos e faz um pobre-de-butique, sabe como?

Assim, quer brincar de pobrinha, mas no conforto e na segurança de seu círculo. Atoram uma periferia, mas desde que esta continue firme no seu lugar.


Neste mundo midiático de celebridades instantâneas (que frase feita mais sem-vergonha...), a moda, o vestuário tem que necessariamente fazer parte da exposição. Algumas dessas não são nada sem seu vestuário e (eu odeio essa palavra) atitude. E é aí que entram as esquisitices e as posturas pré-fabricadas. Sim, porque dá pra reconhecer um "estilo próprio" artificial criado pela gravadora/empresário/stúdio com certa facilidade. Pode-se definir algumas celebridades conforme sua idumentária. Quem você encaixaria nas categorias da listinha abaixo?


1. Melancia no pescoço. Quanto mais estranho, melhor ou "sem minhas roupas sou só um/a cantor/ator/uadéver de quinta categoria". Bolhas de sabão, plumas, paetês, chapéus, roupa-ousada-de-fendas que parece mais uma fantasia de múmia, daquelas de deixar o Mum-Rá (linque abaixo) morrendo de inveja, tachas, perucas e outras coisas assim fazem parte do dress code desse povo.


2. Sou uma vagaba. Quanto menor, mais apertado, com mais fendas, melhor. Do tipo que faz o vestido da Geyyysyyyy parecer uma burca fundamentalista. Não só mulheres-fruta usam este tipo de... digamos assim... vestimenta. Tem as "celebs" das estranja também.


3. Sou alternativo/a. Ah, a esquisitice hippie, cabeça, intelectual e zzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...


4. Rebelde-metaleiro. Muita revolta mercadológica. Dá vontade de colocar uma banda de hévi-métau de cor-de-rosa e/ou saiote só pra chocar a platéia.


5. Adolecente de meia idade. Tem aos montes, uns chegam a ser até divertidos.



"Antigos Espíritos do mal... transformem esta forma decadente para Mum-Rá, o ser eternoooooooo"


Crie você mesmo sua catiguria!

Agora, se você quer cantar a moda e o que vestir, essa é óbvia, mas MUITO boa. Acho que todo mundo conhece o samba " Com que roupa?", do Noel Rosa. Quem não conhece,lincaêsuasgostosa [/TDUD?], que tem um video do próprio cantando-a.

A profissão ideal para mim e para a Luna

Encontrei uma reportagem que finalmente deu explicações sobre o porquê do esmaltes levarem esses nomes (gosto de alguns, detesto outros, principalmente os do tipo "vermelho paixão", "vermelho fogo", "vermelho ardente", criatividade passou longe).


Quem dá nome aos esmaltes? O blog LP conta

Algodão Doce, Allure, Amante, Canoa, Carícia, Cigana, Deixa Beijar, Dengo, Epopéia, Fofo, Gabriela, Gaia, Gatinha, Gilda, Hera, Ilusão, Jackie, Leme, Luar, Magia, Obsessão, Odara, Paz, Polar, Preguicinha, Renda, Sonho, Tanga, Tufão, Vendada, Via Láctea: assim como você, os esmaltes tem um nome. E são nomes às vezes até óbvios, mas na sua maioria chamam a atenção.

Para Mel Girão, que batiza os esmaltes da Risqué (e a diretora da unidade de beleza e higiene da Hypermarcas), faz muito sentido: "Na loja as consumidoras podem se guiar pela cor que desejam, mas na manicure elas normalmente pedem o esmalte que querem passar pelo nome". E o lugar de onde saem esses nomes tem a ver com a cor - ou não. No caso da linha que a marca lançou no último desfile de Ricardo Lourenço, por exemplo, eles faziam referência ao tema da coleção de primavera-verão 2009/2010 do estilista, o café. Vai daí que, de repente, você quis sair por aí com as unhas pintadas de Expresso ou de Menta!

Fofo? Ilusão? Na Impala, um homem que atende por Victor Munhoz é o responsável por dar nomes pras cores. Coordenador de produto, ele diz que na última vez que fez o processo de batismo, precisou de um mapa da região litorânea brasileira. A ideia foi pensar em balneários pouco conhecidos: razão pro laranja vibrante virar Aleixo e o coral discreto virar Xaréu. Essa não foi a única linha com nomes temáticos: Cida e Luzia são parte de uma homenagem a algumas das manicures célebres do país; Elis e Gal, de esmaltes com uma cobertura especial de brilho proporcional ao das cantoras de MPB; e Valentina e Barbarella vêm de grandes ícones do cinema. "Por isso que a nossa Penélope não é rosa, é a Cruz, mesmo", explica. Um problema? Nomes estrangeiros. "O esmalte é um tipo de produto que atende da classe A até a E, então evitamos nomes em inglês como o Pin-Up''. Os mais difíceis de pronunciar acabam vendendo menos!

Na Colorama, a equipe de marketing faz com que você ligue os nomes de esmalte com o seu estado de espírito - ou com o estado de espírito que você quer passar para a semana, até a nova visita ao salão de beleza. "O esmalte entra nesse universo para tornar tudo mais lúdico e interessante", explicam. Os exemplos são Batom Vermelho, que representa a busca pelo vermelho sedutor; e Atrevida, uma cor mais animada e arrojada. "Imagine se no mundo colorido e divertido dos esmaltes os nomes se limitassem a Vermelho 1, Vermelho 2, Vermelho 3...". Nem em pensamento!

Mas esqueça tudo que você leu até agora para entender como são criados os nomes da Big Universo. Clarissa Ezaki, gerente comercial da Orion Cosméticos, explica que Gilmar Leite Siqueira dono (e químico responsável) da marca, é chegado em astronomia. Por isso é que dá para encontrar no catálogo deles frasquinhos chamados Cosmos, Sideral, e Fenix. É por isso também que dá para encontrar no mercado o esmalte Hadron que, na verdade, é o mesmo nome de um acelerador de partículas. Mas há casos e casos: o cobiçado Jade, verdinho que apareceu na passarela de outono-inverno 2009/10 da Chanel, ganhou um similar da marca com o nome...Jade. "Não dá para evitar, as pessoas chamam as cores de esmaltes pelo nome", justificou Clarissa. Viu só? Como você batizaria um esmalte que você criou?

http://msn.lilianpacce.com.br/home/nomes-de-esmaltes/

Observações:

1) O Aleixo sempre fez com que a gente se lembrasse do Franj.
2) Dá pra ter noção do vício quando sabemos exatamente quais são os esmaltes que foram citados no texto. Eu tenho vários desses, a Luna deve ter praticamente todos!

sábado, 21 de novembro de 2009

Aos bons amigos

Aos bons amigos informo que não estou morto. Afirmo que respiro, me movo e locomovo. Que não vertam prantos por um óbito meramente conceitual, de foro íntimo e circunscrito à minha pessoa, nada mais. Deve-se perecer em algum aspecto para que algo melhor nasça, ou, pelo menos, para que o restante sobreviva.

Minhas lamúrias, bons amigos, não se resumem aos devaneios abatidos pelas balas do tempo, posto que não tiveram o alimento imprescindível dos resultados mínimos, assim tendo o vôo limitado às altitudes mais próximas. Alvos fáceis da rudeza cotidiana e sua mira perfeita. O vôo sem destino nem pouso é letal mesmo para os albatrozes, que dirá um beija-flor mínimo e adoecido.

Afirmo bons amigos, que se me abate o desânimo do peso a vergar a coluna e ferir os ombros, continuo a caminhar em passos largos. Não me convém ceder à dor e ao cansaço; não tenho tempo para eles. O tempo, aliás, nunca foi um companheiro amistoso. Lépido e jocoso quando um bom momento se anuncia, mas de uma indolência letárgica quando da despedida. Esta a se delongar até o horizonte nu.

Afirmo bons amigos, que a vida ainda não mostrou a que veio, ou à que vim. Os anos precoces que me feriram a face se precaveram; Pollyanna jaz natimorta. Nem seu suspiro me foi dado ouvir. Mas caminho ainda assim, parar não é escolha, mas desta abdicar. As traças temporais e os cupins da enfermidade espreitam os exauridos para se apoderarem de seus meios, tão logo parem para repousar. Só se repousa em vera acepção no desenlace, se houver méritos.

Afirmo bons amigos, que a angústia de ainda viver não me tolhe o sorriso, mas me custa cada vez mais ofertá-lo. Os músculos do rosto doem, eles encontram na sisudez seu estado de repouso. É no cenho contraído que este rosto oleoso preserva suas energias. Não me cobrem, pois, peço-vos, demonstrar a alegria de que não sou munido, aquela que eu demonstro é um mero e embaçado reflexo da que vocês me emprestam.

A melancolia que me toma agora não é intrusa, ela é parte de mim, de minha natureza, de minha visão de mundo, das impressões que tenho da vida. Não será ela que me levará aos umbrais mais escuros, pelo contrário, a prefiro à euforia cega que é a única alternativa. Se ambas dilapidam minha saúde, a primeira me permite refletir e evitar perdas maiores. Se melancólico, uma faca na mão é apenas uma faca, não uma arma.

Não, bons amigos, não é uma carta
de despedida. Tampouco darei cabo de uma vida que me apresentaram à força. É a expressão de alguém que tem a firme convicção de terem sido bons tempos os que se distanciam. Não que sejam realmente bons tempos, talvez o sejam e eu não tenha percebido. São tempos em que eu ainda tinha esperanças de que fossem bons, e que o porvir seria melhor. Decerto que por imensa teimosia de minha parte, não vi que o caminho contrário é o que sigo. Não por meu arbítrio, mas por ser o único que me coube receber, o outro não serve em meus pés.

O arbítrio, bons amigos, não é uma opinião que se emite sem maiores conseqüências. Nem sempre me é permitido fazê-lo, e ao fazê-lo as podas ágeis que me tolhem a liberdade agem. Eu poderia, decerto, reagir e quebrar as tenazes que me prendem e dificultam a respiração, mas para tanto teria que abrir mão do caráter que tanto esmero me custou. O perderia sem ter o que lhe valha, nem mesmo metade.

A tempestade, bons amigos, é mais segura do que a calmaria falsa que me ofertam de tempos em tempos, que permite aos aduladores saltarem sobre suas vítimas. Os ventos fortes que castigam minha nau os mantêm em suas respectivas embarcações, e estas a uma distância segura. Já me acostumei à tempestade e talvez não me adapte à bonança. Já tenho cristalizada a condição de alerta, minha condição natural é a de sentido. Admito, todavia, que não é uma condição confortável, desaconselho aos aventureiros. A vida que levo não perdoa indisciplinas e não mede punições, aplicadas com vontade.

Não é por prazer, bons amigos, é por compromisso que vivo. Vivo por obrigação. O prazer me atiçou a curiosidade na juventude, mas hoje o vejo com desdém, um artigo supérfulo que não almejo e não faz parte da minha vida.
Se lhes parece árida a paisagem que descrevo, é nela, com ou sem pesares, que posso crescer e em nenhuma outra. Os jardins irrigados me encheriam de fungos e apodreceriam minhas raízes. Já não me acostumo à amenidade e não a tolero por tempo prolongado.

Mas não é, bons amigos, ruim a vida por compromisso, tampouco muito boa. É a que tenho, a de que disponho e da qual não posso abdicar senão quando findar sua missão. Admiro as cores que este mundo já não tem, os sons que já não emite e os aromas que minhas narinas ainda hoje saberiam identificar, se também não tivessem cedido lugar à fútil fantasia dos que exibem agressividade como status. Mas de tudo isto também só tenho lembranças brumosas, pois o usufruto foi uma vontade não concedida. Os molhos, o queijo e a pimenta não acompanham meu fusilli escuro.

Embora dividamos o mesmo planeta, meu mundo é outro. As paisagens glaciais de vez em quando apresentam alguma tundra. Desperdiçar recursos tem um preço elevado, pois a reposição é penosa. Não há vidros em minhas janelas, de modo que só posso visualizar o horizonte abrindo-as ou saindo de meu abrigo, mas só enquanto o vento gélido não me compromete a sobrevida. O sol jamais se levanta mais que um quarto de céu, neste meu mundo; isto no alto verão. No inverno o lábaro de ébano me propicia o espetáculo da aurora boreal, quando as temperaturas me permitem abrir as janelas e pôr os olhos ao céu.

Afirmo bons amigos, que a cíclica depressão que me acua já não assusta, a exposição excessiva e continuada a tornou impotente à minha presença, embora ela continue existindo e trabalhando. Estou acostumado a conviver com ela e sua família, trabalhando sob seus efeitos. Estou acostumado a trabalhar muito para pouquíssimo (por vezes nenhum) resultado, foi como aprendi a perseverar. A abundância também não está em meu portfólio. Na aridez de sentimentos e emoções sempre densos, aprendi a viver com o mínimo. Indisponho-me sempre que excedo esta cota.

Afirmo bons amigos, que a solidão resultante desta equação mórbida não é de toda ruim. É uma forja que me aquece até quase a liquefação, para então me golpear sem piedade e mergulhar minha lâmina em salmoura fria. O resultado é o que se espera de um bom aço, para o bem e para o mal. Reconheço que feri e firo seres amados no intuito ingênuo de resguardá-los. Mas asseguro que actos e palavras que emanam de mim, antes a mim ferem e a mim por último cicatrizam. Nisto me refugio em minha solidão inaparente e inacessível à maioria, onde as penitências e a piedade divina me curam o espírito.

Afirmo bons amigos, que não se trata de uma vida dura. É uma vida de privações, algumas voluntárias. É uma vida. Só serve para mim e para ninguém mais, e só ela me serve. Não se tira perenemente de um quartel o oficial que nele habitou a vida inteira, ele não se adapta à frouxidão de regras que apraz os civis. Salvo saídas esporádicas para breves incursões, a loucura de uma nostalgia patológica o acometeria rapidamente. Do mesmo modo que um profissional liberal convicto não se adapta à rigidez de regras e horários.


Afirmo bons amigos, por fim, que a nostalgia germinada de minha melancólica personalidade não me corrói. É um ácido concentrado para o qual me adaptei imediatamente, e sem o qual adoeceria em poucos dias. É deste ácido, não da água ou do ar, que tiro o oxigênio que sustenta minha permanência neste orbe. Não foi desta (talvez na próxima) vez que redundei em um terrestre pleno e bem resolvido. Talvez a terrestria não seja, ainda, a minha identidade, mas terá que ser a partir de algum momento. Aquilo, pois, que lhes envenenaria e lhes parece ser tão triste, bons amigos, é só o que eu tenho para me manter vivo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

The World Needs a Hero III

E voltamos a falar de heróis...

Não consigo prosseguir sem citar uma frase inesquecível de Homer Simpson: "Se você está realmente aí, em algum lugar, eu realmente preciso da sua ajuda, Superman!"

Finda a pequena digressão para fins terapêuticos, voltemos ao texto.

Quando se estuda Mitos, sejam eles de que origem for, acaba-se chegando a certas conclusões. Uma delas, que eu vou evidenciar mais neste texto, é a conclusão tirada por Carl Gustav Jung.

Em todas (ou quase todas) as culturas existem mitos, contos, folclores que se repetem. Estórias que mudam de nome, de lugar, de personagens. Mas trazem a mesma mensagem. Sempre o mesmo momento de decisão, sempre o mesmo símbolo.

Pra citar um exemplo básico (e um pouco tosco), tomemos Ogum, Deus do Ferro e da Guerra na nação africana Nagô. Na Mitologia Grega, temos Ares (ou Marte, para os romanos) no mesmo papel. E ainda Thor, na mitologia nórdica.

Claro que nesses 3 casos, os mitos de cada uma dessas divindades são diferentes. Mas em todas, eles são Heróis. E Jung falava exatamente desses pontos em comum. Do mesmo jeito que existem os heróis, existem os vilões. Existe a vítima. Existe o Sacerdote. Existe aquele que se sacrifica, etc, etc, etc...

A essas repetições, Jung chamou de Arquétipos.

Pra facilitar a compreensão e diminuir consideravelmente o texto, vamos dizer que essas estórias se repetem em todas as culturas, demonstrando que o comportamento trazido pelos personagens das estórias repete-se em todas as culturas dominantes. Dominantes, porque se mantiveram.

Os Heróis nem sempre são bons, nem sempre seguem o mesmo padrão cultural, nem sempre seguem as mesmas atitudes.

Por exemplo, Jesus Cristo foi um Herói que deu a vida para a redenção da Humanidade. (E só pra constar, pessoalmente, Jesus não é apenas um herói arquetípico. Apenas estou falando sobre isso no texto.)

Já seu equivalente africano, Oxalá (ou Orixalá), num dado momento da lenda, se embriaga e quase estraga a construção do mundo, que ficou nas mãos de Exu. Exu que é (para muitos) equivalente ao Hermes grego.

As equivalências e concordâncias são tantas que escapam ao controle do mero acaso.

Mas no fim das contas, porque realmente precisamos de heróis?

Porque eles nos mostram o que fazer, nos mostram que não devemos desistir.

São eles que constroem a atitude moral de um povo, de uma civilização. E se chegamos até aqui, é porque vários deles construíram, um após o outro, condições e regras morais que nos mantiveram vivos e seguindo em frente.

Digam o que quiserem, mas Moisés fundamentou todo um mundo que seguimos até hoje.

Jesus Cristo complementou ensinando que apesar das regras, o Amor deve estar acima de tudo.

Sim, temos o Oriente. E Buda, Krishna e Maomé fazendo o mesmo papel. Sim, Maomé não é exatamente do Oriente, mas o Islamismo é muito forte por lá.

Sem contar as culturas tribais que ainda se mantem, mesmo no nosso mundo "globalizado", como as tribos africanas, aborígenes, e indígenas, em toda a extensão das Américas. Que ainda que tenham sido cristianizadas, ainda mantem sua cultura, misturada a cultura européia. Mas ainda restam algumas coisas.

Num mundo globalizado, onde tudo tende a se misturar, as pessoas estão sem saber que Heróis seguir. Não sabem se se mantem presas aos antigos heróis, ou se apegam aos novos que estão sendo distribuídos.

Se perdem moralmente.

Por isso, nós precisamos de um herói. Com urgência.

Carl Gustav Jung: "Sim, Fio. Concordo com você."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Muito obrigado, Barney!

O melhor cachorro do mundo morreu hoje. Foram 5 anos incríveis. Vai vendo.

Quando a bolinha de pelos pretos chegou aqui, ninguém tinha idéia do que dar pra ele comer. Nem de um espaço pra deixar ele dormir. Nem de um nome pra dar. Nomes, ele teve vários. Toda semana inventávamos um novo. Tinha crise de identidade no primeiro mês, o Barney.

Foi fácil perceber a hiperatividade do bicho. Ele curtia roer os calçados das visitas desavisadas. Corria, se escondia, pulava super alto e latia pra caralho. Ao longo dos anos ele se especializou em roubar meias dos sapatos guardados, pra chamar atenção. E se parou de roer calçados alheios, nunca aprendeu a fazer as necessidades no lugar certo. (Isso pq os donos, claro, nunca souberam definir o tal ‘lugar certo’).

O Barney tinha uma série de desvios de caráter. Ele aprontava como um garoto danado. Ele desenvolveu várias técnicas super elaboradas pra tirar a gente do sério. Mas era cheio de personalidade e sabia direitinho como se safar das que aprontava. Era só acionar a famosa ‘cara de cachorro pidão’ – o Barney era pós-graduado nessa aí. E era isso que fazia com que a gente esquecesse das travessuras no ato e só conseguisse pensar no quanto ele era companheiro, no quanto ele era grudado na gente.

Pra ele ficar triste, era só deixá-lo sozinho em casa. Chorava desconsoladamente. E era um choro de dar dó. No começo, quando a gente voltava pra casa, ele mantinha certa distância como se quisesse dizer “I ain’t no Pastor Alemão, porra!”. Mas depois ele sacou que não dava pra ter companhia sempre. O raciocínio, agora entendemos, era óbvio: se ele oferecia companhia em tempo integral, queria o mesmo em troca. Justo.

Ainda que reconhecêssemos a inteligência do Barney, acho que a subestimamos. Afinal, foram de autoria dele algumas das lições mais importantes que recebi em 23 anos.

O fato é que era impossível ficar indiferente perto do Barney.

E é ainda mais difícil ficar indiferente agora, longe dele. Se foi novinho, sem deixar filhotes e sem conhecer o mar. Mas deu várias provas de que foi o melhor cachorro do mundo, mesmo que o senso de fidelidade dele não tenha sido suficiente pra evitar que eu sinta a tristeza que sinto agora.

Valeu, amigão! Vou te amar pra sempre. (L)

sábado, 14 de novembro de 2009

Crônica de Lambretta

Era uma Lambretinha comum, do tipo que até há dez anos era comprada com o troco da padaria, mas hoje vale o mesmo que uma motocicleta pequena.
A moça viajava de carona, sentada de lado, sem medo de se queimar no escapamento, nem de se ferir com os raios da roda traseira. Primeiro porque a roda, bem pequena, está oculta sob o veículo; segundo porque o escapamento, bem curto, está oculto sob o veículo.
Interessante que pouca gente se dava conta da cena. A moça de beleza singela, nos seus joviais trinta e poucos anos, usava um longo vestido branco rodado. O rapaz também estava a caráter, mas da mesma forma que se ignora o noivo em um casamento, também estava o meu grupo interessado na figura da moça.
Não era uma beleza extraordinária, mas estava extraordinariamente bela com os cabelos presos por um laço, sapatos delicados e pose que uma motocicleta não permitiria.
Talvez por estar ciente das limitações de sua condução, o rapaz não respondia à provocação de um garotão em uma motocicleta de entrega, que acelerava insistentemente. Bastou a moça fazer cara de nojo e ele acelerou, furou o sinal, deixando o casal em paz. Mas onde está um guarda de trânsito numa hora dessas?
O vento moderado lhe balançava a saia do vestido e as anáguas. Uma senhora que parecia querer atravessar o vidro do supermercado, se mostrava admirada com o facto de ela usar anáguas. Pareciam brumas a esconder um tesouro secreto, de um tempo em que era um tesouro secreto. A menina ao seu lado, talvez sua neta, achava "uma gracinha", mas não deu tom de que dispensaria suas calças ultra baixas, não enquanto suas amigas estivessem olhando. Eu nem sabia que ainda se vendiam anáguas!
A cena me lembrou algumas passagens de Roman Holiday. Mas foi um delírio saudosista. Audrey é que era mulher de verdade. Provavelmente aquela moça era, pelo menos, fã do trabalho da diva, se parecia com ela.
A Lambretta começou a pipocar mais frenética e saiu com o sinal verde. A saia balançando, as anáguas esvoaçando como um rastro de névoa e todo mundo voltando às compras.
Felizmente existem dvds em supermercados.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vampiro do crepúsculo, tire seus dentes daqui! Ou: Haja alho!

Não li os livros da moda, não assiti ao filme, não vi as séries recentes sobre vampiros, mas vejo o mundo tomado por eles. Haja alho!

É interessante como esse ser sugador de sangue ressurge e aparece quando menos esperamos. E eu não me refiro ao imposto de renda.

Assim, não tenho nada a comentar sobre o fenômeno, só "ouvi dizer" que o livro é no estilo enrola-diz-o-quanto-eles-são-lindos-enrola-mais-um-pouco e tals. Taí a Meg que não me deixa mentir.

Contudo, intrigou-me esse ressurgimento de um dos mitos mais persistentes e antigos da humanidade. Lendas de vampiros podem ser encontradas na Europa, na África, no Oriente Médio, na Ásia maior. A aparência, a origem e os modos de matar os seres vampirescos mudam um pouco, mas a capacidade de sugar a vida, principalmente através do sangue, todos têm em comum.

A lenda que conhecemos mais de perto é a famosa releitura de várias lendas vampirescas unidas à história de Vlad, o Emapalador, trazida à Europa por Bram Stoker, que o reibaixou de príncipe da região da Valáquia a conde da Transilvânia. Uma das coisas que eu acho muito intrigantes é a ausência de morcegos hematófagos na Romênia. Ou em qualquer outro lugar da Europa, já que o animal é nativo da América do Sul. Assim, a transformação em morcego hematófago se torna outro mistério na lenda adaptada por Stoker. Também um fato misterioso é que, embora Stoker tenha sugado (não resisti!) a história do Empalador, não aborda esse ponto em seu livro. Quem mostrou a - digamos assim - referência foi Coppola, no filme "Drácula de Bram Stoker".

Do livro de Bram Stoker em diante Drácula não saiu mais do imaginário ocidental. Um dado curioso é que o livro foi lançado na mesma época em que o cinema foi inventado. Desde então, o cinema não perde sua mania dracúlica, e volta e meia ressuscita o mito, quase sempre retomando a história de Stoker. Temos vampiros no teatro, bem antes do cinema, nas telonas, em livros, quadrinhos, músicas em diversas línguas, até em novelas. Enfim, tem vampiro pra todo gosto. Afinal, vampiro vende.

E todo mundo quer dar sua mordidinha no mito. Zé Vampir que o diga.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quer saber por que eu estou assim?

Porque eu abri a janela esta manhã e o dia estava cinza e chuvoso. É chato a gente se deixar influenciar pelas condições climáticas, mas acontece.

Porque não fica calor nunca nessa porra. Estou usando um casaco de lã. Em novembro.

Porque eu tenho um computador novo, mas gostava mais do antigo. Todas as minhas coisas estavam lá. Minhas músicas, meus textos, minhas fotos, meus e-books, meus emoticons.

Porque eu não consigo me livrar da bagunça que me assola. Minhas coisas passam três dias, quando muito, em ordem. No resto do tempo, tudo parece uma zona de conflito.

Porque, se alguém casar comigo, serei eu que deixarei toalhas molhadas em cima da cama e roupas usadas espalhadas pelo chão.

Porque eu reencontrei o tiozinho de cinquenta anos e ele me lançou olhares incessantes. Chega até a ser obscena, uma coisa dessas. Eu nem tenho mais idade para ser Lolita. Ele que vá bancar o Humbert Humbert em outra freguesia.

Porque eu li no jornal sobre os vinte anos da queda do muro de Berlim e me senti incontestavelmente velha.

Porque eu ainda não tive tempo de ir ao correio mandar o presente da Rafa. Daqui a pouco já é natal e eu ainda não mandei.

Porque daqui a pouco é natal. Porque existe natal.

Porque eu não consigo acessar a internet no trabalho. Isso me faz precisar ser mais criativa do que a população em geral, naquelas horas do dia em que não tem nada para fazer. Eu queria fazer nada igual a todo mundo.

Porque eu não sou casada com um aventureiro inglês, que me levaria com ele para países exóticos e distantes, como o Turcomenistão.

Porque eu não sou casada com um inglês comum, que me levaria para passar as férias nas Bahamas, usaria aquelas camisas ridículas de turista e ficaria queimado de sol já no primeiro dia. Tudo sem perder o charme.

Porque eu, provavelmente, nunca irei ao Turcomenistão. Nem casada, nem solteira. Não consigo sequer imaginar um motivo para ir a um lugar desses.

Porque estou sendo muito criativa no meu local de trabalho, escrevendo este texto à mão. Odeio a minha letra. Não consigo escrever em cima da linha, as palavras flutuam. Meu l minúsculo é do tamanho do e. Meu d parece um a.

Porque minha mãe disse que vai passar na tevê "aquele filme de vampiro, com aquele cara que vocês acham bonito". Minha mãe me tirando para adolescente que gosta de Crepúsculo!!! Me respeeeeeeite!!!

Porque daqui a pouco a expressão "respeite meus cabelos brancos" não vai ser só figura de linguagem.

Porque não consigo achar graça no Robert Pattinson. Ele tem cara de boneco de biscuit. Taí um inglês que eu não levaria para o Turcomenistão. Ou levaria e deixaria lá. Seria até um alívio para ele, acho. As turcomenistanas nem devem saber o que é Crepúsculo. Abençoadas sejam!

Porque eu passo o dia caindo de sono. Quando caio na cama, ele some. Evapora.

Porque eu não posso ler para chamar o sono. Acabo sempre envolvida com a história e quando percebo já são três da manhã. Tentarei "O Ateneu". NOT.

Porque eu tenho ideias geniais para novos textos, mas nunca consigo colocá-las em prática.

Porque eu nunca mais escrevi no meu blog, minha máquina fotográfica está sempre sem pilhas e eu odeio carregar guarda-chuvas.

Porque eu quebrei a porra da unha. Tudo culpa desse bando de puta invejosa, caralho! Quero que todas elas se fodam e vão pra puta que pariu! Tão pensando o quê? Se soubessem invejar direito, eu teria era quebrado a merda da perna, meu bem! [Ficou boa a minha imitação da Vani?]

Agora passou.

domingo, 8 de novembro de 2009

Compre menos


Compre melhor. Não gaste cem reais em mil cousinhas que logo sumirão pela casa, pelas ruas e da tua memória. Gaste cem reais em algumas poucas que farão a diferença, que chamarão a tua atenção cada vez que passar por ela, que terão lugar cativo na casa e todos na vizinhança, se virem, saberão de quem são.


Não compre por impulso algo que deverá durar mais do que um ano. Na verdade nem chocolate barato se deveria comprar por impulso. Na verdade não se deveria comprar chocolate barato, eles pouco têm de cacau e costumam dar diarréia. Em vez de uma caixa cheia de caramelos achocolatados vendidos como chocolate, compre dois ou três bombons mais finos. O próprio preço vai induzir à degustação e ao máximo aproveitamento do acepipe, desenvolvendo paralelamente a boa educação e a paciência, que andam tão escassas em nossa era. Para mastigar só por ansiedade, compre um pedaço de cana, dura bem mais e te injeta a dose de açúcares adequados para acalmar o cérebro.


Não encha a casa com productos feitos por mão-de-obra escrava de presos políticos, não vão durar e logo terão que ser trocados. Compre poucos com carcaças espessas, botões bem ajustados, displays ordeiro e manual do proprietário de fácil leitura.


Não vá às lanchonetes ruins, se entupir de massas estranhas e gorduras hidrogenadas que só Deus sabe como foram manuseadas. Vão de vez em quando a boas pizzarias, bons restaurantes, onde se pode comer com calma, escolher com um cardápio totalmente escrito no nosso idioma. Além da segurança sanitária (e dos sanitários) os custos individualmente maiores tornarão a refeição um programa, te farão esperar pela próxima ida e de cada uma delas ter uma boa experiência para contar.


Não compre móveis de quem só tem preço para oferecer. O artigo até pode durar algum tempo, mas não se sabe sob que condições seus custos foram reduzidos. Compre aos poucos os móveis de que necessita, com paciência, sem demonstrar interesse na compra. Deixe que o vendedor te convença a levá-los (o que os "preço-é-tudo" da vida não se importam em fazer) e explicar as vantagens daquela madeira, daquele aço, daquele acrílico resistente, do vidro grosso, daquele desenho. A expressão "móveis de família" não é um adereço, é um valor do qual a maioria das nossas famílias carece. É recurso que poderá ser utilizado para outros fins, como planejar a aposentadoria.


Não vá a toda festinha paga e regada a álcool e sabe-se lá mais o quê. São absolutamente todas iguais em sua falta de conteúdo e segurança. Organize os interessados e arrecade verba para uma festa a cada seis meses, da qual todos possam sair sem medo de serem perseguidos por um psicótico que não foi com a sua cara, no salão de dança. Se aproveita muito melhor pelo engajamento coletivo, pelo custo, pelo envolvimento pessoal com o evento.


Não compre dezenas de publicações medíocres. Além da baixíssima qualidade editorial, o material usado em suas delgadas edições é pouco pior que o papel-jornal. Seus "editores" pouco fazem mais que usar "control+C" e "control+V" para colocar comentários sob protographias, pois textos não há. Compre poucas revistas, mas compre as bem acabadas, com matérias inteiras, imagens originais e material que permite o manuseio despreocupado. Deixarão de ser meios de entretenimento para serem material de pesquisa, no futuro.


Evite ao máximo comprar descartáveis. A praticidade aparente estimula a indolência, que cobrará um preço muito alto, especialmente das crianças. Compre utensílios de matéria-prima nobre, são fáceis de limpar e estimulam a boa disposição, que renderá bons juros especialmente para as crianças.


Consumir melhor é vantajoso para todos, exceto para os desonestos. As empresas vendem menos, mas vendem por mais productos mais aperfeiçoados e que demandam mais mão de obra, mais controle de qualidade, que sustentará um bom valor de revenda por muitos anos. A durabilidade expõe o objecto a falhas e acidentes, reerguendo o combalido ramo de assistência técnica, que ultimamente só tem servido para trocar peças, jogando fora as defeituosas. Peças que são projectadas para acelerar a montagem, mas cujos desenhos geralmente tornam o conserto mais caro do que a reposição.


Consumir melhor dá muito mais trabalho para a publicidade, que precisa se armar de argumentações consistentes e deixar a apelação para segundo plano. Fica difícil colocar uma modelo de biquíni, em pose agressiva, no comercial de um producto para um público consciente. Para vender seria então preciso mostrar o que interessa, respeitar a inteligência do consumidor e ter algo realmente interessante para vender.


Compre menos, mas compre melhor. Desde vendedores mais calmos e atenciosos, passando pela maior distribuição de renda, esta prática também tem resultados de foro íntimo. A ansiedade e o temor da defasagem são cortados pela raiz, as crianças se acostumam com a decoração da casa e passam a não ver tudo como descartável, o macacão sujo de graxa passa a ter a importância que lhe cabe e seu usuário fica mais bem visto. No fim das contas, até a natureza ganha, pois a mineradora pode ser melhor remunerada pelo minério a menos que extrai.

Nunca é demais lembrar, quem compra melhor também vota melhor.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Tiooooooooooooooooo!!!"

Crianças são fantásticas.

Quando você é pai delas. Quando não é...

É bem legal, também. Mas tem horas que você sente vontade de jogar um contra a parede.

Mas daí tem LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) e tem ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que dizem que você não pode sequer encostar na criança. E você tem que encontrar meios pra trazer disciplina e limites pra crianças que mal sabem o que é isso.

Pirralhos de 8 anos dizendo "Você não manda em mim!", "Não encosta em mim, você não é meu pai!" e outros quetais.

Ai, que saudades da palmatória.

Mas isso era considerado um método "primitivo", que "limitava a criança". E hoje, crianças que não repetem de ano não sabem lidar com frustração.

Obrigado, PSDB e Governos Covas, Alckmin e Serra por estragarem cada vez mais a Educação.

E não podemos esquecer também do inesquecível e imensurável FHC, que, na pessoa da Secretária de Educação herdada do governo do Estado de São Paulo, criou a progressão continuada pra aumentar o IDH do país. E acabar de vez com a Educação.

Mas...

As crianças conseguem te fazer continuar seguindo em frente. Não por você mesmo, mas por elas.

Cada sorriso no rosto delas, cada brincadeira que fazem, trazem pra você a memória de quando era você brincando, sorrindo. Quando você não precisava se preocupar, não precisava pensar em contas pra pagar no final do mês.

E você sabe que elas merecem um futuro melhor. Ainda que você tenha que arrumar meios de convencê-las que só a Educação vai trazer isso pra elas.

E lembrando sempre que elas mal sabem ler, escrever, ou fazer contas.

Mas só quem trabalha com elas sabe o quanto pode ser divertido. O quanto pode ser gostoso.

O quanto é bom você chegar ao trabalho e elas virem te abraçar, felizes em te ver. Mesmo que 5 minutos depois você tenha que dar uma suspensão, uma advertência ou alguns berros.

Mesmo assim, eles esquecem, e continuam gostando de você.

E entendem depois que foi pro bem delas.

A gente cresce e esquece disso. E acaba criando inimigos na vida. Como somos babacas, né?

E nesse meio tempo, a melhor parte do meu dia é ouvir, a cada 5 minutos:






"Tiooooooooooooooooooo!!!"


quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Ela merece mais de cinco real!


Hoje nossa querida Meg faz aniversário. Como a segunda-feira passada teve cara de domingo, esqueci de escrever um texto. Por isso, aproveitarei o dia de hoje para relembrar os melhores momentos da nossa amizade super glamourosa, fazendo uma lista de coisas que temos em comum.

#Cumpádi Uóxinton, axé music e outras tosqueiras que só a Bahia nos dá: Como foi que isso começou, hein? Lembro que no começo do blog, Meg escreveu um texto falando mal do Tchan (herege). Em seguida, nós começamos a baixar e compartilhar via MSN grandes sucessos do axé. Luís Caldas, Netinho, Banda Reflexus, tudo isso faz parte da nossa trilha sonora. Eu, hein!

#Fleetwood Mac: Eu nem sabia que existia outra pessoa além de mim que gostava dessa banda. Tão incomum conhecer alguém pela internet e essa pessoa ter os mesmos gostos...Fleetwood Mac é banda que só gente velha escuta. Bem, pelo menos, nosso gosto musical não se limita a “Ilha, ilha do amor, Madagascá!”.

#Voldemort: Harry Potter é coadjuvante. Dica pra ele. O que importa mesmo, nesse mundo da bruxaria fictícia, é Aquele-que-não-tem-nariz.

#Césio 137: Coisa horrível a gente fazer piada com isso. Mas somos seguidoras de Lord Voldemort, mulheres venenosas que não poupam ninguém. Encesiamento é com a gente mesmo. Infelizmente, não posso revelar aqui como essa história de césio surgiu entre nós.

#Cup Noodles: Substância quase tão radioativa quanto a citada acima, que consumimos (literalmente) aos baldes. Será que mais gente gosta?

#Hobbit size: Sou mais alta!!!!!!!!!!!!!!! Sou mais alta que a Meg! Pelo menos uma vez na história deste país consegui ser maior que alguém.

#Show: Nosso esmalte da amizade. Quando ele foi lançado pela Risqué, foi uma correria louca para encontrá-lo. No MSN era só: “Achou?”, “Não, ainda não!”, “Putiviados!”, “Eu queroooooo!”. Um dia, andando por aqui, encontrei e mandei para a Meg. A atendente dos Correios disse uma frase que virou bordão entre nós: “Pra que mandar esmalte pra lá? Salvador não tem esmalte?”.

#btphyo: Nossa despedida oficial nas conversas eme-esse-ênicas. Nem me lembro direito o que significa: B-beijo, T-tchau, PH- Nanael (oi?), Y- coidipobre (porque pobre sempre coloca Y nos nomes dos filhos) e O-ordinária. Adoro nossos problemas mentais massacrantes.

Esqueci de alguma coisa? Ah, sim! Parabéns, beeska! Quebra tuuuuuuuuuudo hoje, ordinária! Tcha-an! Tchutchutchu pá!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Venenosa

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Calmamente assistindo a aula de Processo Civil e aí um colega me passa um bilhetinho:
"Que seios lindos os da XXXXXX. Por quê será?"
O que acabou me fazendo pensar no seguinte:
1) Amizade é isso aí. Se fosse a Debs, o bilhetinho provavelmente seria tipo "Olha só pro quibe daquele nelore!".
Se viesse do Fio, talvez fosse igual ao que o meu amigo me mandou. Ou então perguntando sobre meu caphetaum membrudo.
E do Franj? Alguma coisa sobre o novo web hit de algum travesti de Natal, ou sobre o novo affair da Lindsay Lohan...
2) Eu nem sou amiga da XXXXXX. Não faço ideia se já rolou algum silicone peitoral.
Talvez seja sutiã de enchimento, sutiã de bombinha inflável. Ou talvez ela tenha sido abençoada pela genética. Só sei que outro dia ela perguntou qual era a diferença entre FGTS e Décimo Terceiro.
Isso pode significar que o que foi pros peitos não foi pra cabeça.
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Hoje eu vi uma notícia que me deixou perplexa: Guilhermina Guinle recolhe as fezes de seu cachorro nas ruas do Leblon.
É EGO mais uma vez se superando. Qual será a próxima? Thaís Araújo (pra não sair da vibe Leblon) limpa o xixi do seu gato?
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O Twitter é uma das minhas maiores fontes de risada. Aonde mais eu poderia descobrir que ouve uma tentativa de homicídio em Luzilândia? E que cortaram a metade do nariz do dono do bar?
São coisas que somente Lucas Celebridade traz pra você. God bless Twitter.
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Texto aleatório


Eu tou sem inspiração nenhuma pra escrever. Aí, como já fiz um texto sobre buscas aleatórias de frases no Gugou, pensei em cometer o mesmo crime, iniciando minha pixquisa com a palavra que justifica este aqui: inspiração. Vamos lá, apontando os primeiros resultados de cada palavra no auto-preenchimento.

1. Inspiração vai direto para perfumes. Sabe aqueles que "inspiram-se" em fragrâncias conhecidas? Pois é. Cópia agora mudou de nome e tem até cêenepêjóta.

2. Já perfumes o Gugou complementa com importados. Difícil a batalha das essências nacionais, hum?

3. Importados ligam-se a China... duvido que estejam falando de seda, marfim e quetais. O povo é besta, mesmo, quer usar um inspirado-em-marca-chique-feito-na-China e ainda dizer que é originalíssimo.

4. Já China se relaciona com aquela empresa de comida-chinesa-na-caixinha. Tanta coisa interessante da China e geral só quer saber de marcas "alternativas" e fast-food "tradicional" (em tempo, adoro essa comida).

5. A palavra caixa em inglês que vai na empresa acima liga a cinemas, algo de que eu realmente gosto mas quase não frequento. Preguiça aliada a um monte de outros fatores.

6. Cinema, a palavra, se complementa com a expressão "com rapadura". Acho intrigante.

7. E rapadura, gente, que se segue de açucarada? Oi, tem rapadura salgada e eu não sabia?

8. Açucarada não liga a coisa nenhuma. Estranho. Lembra-me o Quebra-nozes, por causa da fadinha. Mas, se não liga a nada, vamos a essa palavra, ué.

9. E vocês nem adivinham a que está acoplado o nada. Repara: "nada consta"!!! Incrível, frase típica de atestado de bons antecedentes e quetais, a primeiríssima ligada ao nada. Significativo.

10 Consta, para fechar essa listinha, vai pra música Dueto, de Chico Buarque, com a expressão "consta nos astros nos signos nos búzios". De um texto sem inspiração para Chico Buarque? E com Narinha Leão Cantando. É pra inspirar... no sentido original, não no sentido "cópia descarada" da palavra, né não?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Respeite seus funcionários

Motivos? Eis alguns:


  • Seus funcionários são pessoas, não maquinários. Ao contrário destes, eles se aperfeiçoam com o tempo e serão de grande utilidade no treinamento dos novatos. Poupa-se dinheiro e prejuízos de confiar o aprendizado a empresas terceirizadas, esta que nem sempre têm mais que compromisso financeiro com a sua empresa. Acabou o dinheiro, eles podem muito bem passar para o concorrente o que puderam descobrir de vocês. Um bom funcionário veste a camisa da empresa que o trata com dignidade, que lhe paga o quanto pode, ampara quando necessita e incentiva o aperfeiçoamento, tanto social quanto profissional. Não sei se a faculdade de administração lhe disse, mas um funcionário feliz é o melhor vendedor que existe;

  • A onda do "politicamente correcto", antes de ser deturpada e fazer com que todos tenham medo de si mesmos, trouxe às massas consumidoras o interesse por quem lhes presta o serviço. É muito fácil fazer imagens sonorizadas sem ser percebido, há até canetas que gravam mais de uma hora de vídeo com boa qualidade, existem sítios internéticos gratuitos para hospedagens dessas gravações. Muito antes que vocês consigam uma liminar para a exclusão do material, este já terá corrido o mundo. Mesmo que o vídeo seja tirado do ar, o autor pode repassá-lo por e-mail para quem quiser. Então entram o Ministério do Trabalho, os sindicatos (por mais pelegos que sejam) aproveitarão para arrancar-lhes o couro e os veículos de comunicação, antes calados pelos anúncios, terão todo o prazer em botar a boca no trombone e exibir o material que porventura tiverem;

  • A concorrência está de olho nos seus melhores funcionários. Volks e Ford tomaram os melhores engenheiros de uma concorrente que, por ética, não direi quem é. A grande maneira que eles encontraram foi localizar uma insatisfação e oferecer condições de eliminá-la. Funcionário feliz não troca de empresa, mesmo que o salário oferecido seja maior. Funcionário infeliz se sente previamente traído, então não esita em pular a cerca e juntar trapinhos com outra empresa. No que ele desabafa para o Departamento de Recursos Humanos, descobrem pontos fracos que a sua empresa conseguia ocultar. Por exemplo: Há um impasse financeiro, por algum motivo sua empresa precisa de financiamento e está negociando com os bancos, mas mantém a pose na base da publicidade; O simples relato de alterações no cotidiano fará o concorrente descobrir o problema, então vai investir pesado na ampliação de sua fatia porque sabem que vocês não têm condições de contraatacar. Quando tiverem, será tarde. Tudo por causa de um ex-funcionário magoado;

  • E por falar em mágoa... Sabe quem é aquela faxineira? É alguém que conhece os corredores da empresa, sabe onde ficam as câmeras e, dependendo do tempo de casa, das falhas de segurança. Sabe quem é quem, quando entra, quando sai, pode levar para terceiros o lixo que aparentemente não tem utilidade. Se ela estiver insatisfeita e for demitida por isso, então vocês saberão o quanto realmente vale o trabalho que ela fazia. Discrição faz parte das atribuições de um bom funcionário, mas raramente vejo uma emrpesa pagar a contento por ela. Se há uma invasão na sede ou uma abordagem aos caminhões, os primeiros suspeitos serão os seguranças e os motoristas, dificilmente o pessoal da limpeza. Não é para subverter a hierarquia da empresa, é simplesmente para não usá-la como divisória e mecanismo de opressão.

Dizem os religiosos que o pior inimigo de uma religião, está sentado assidualmente nos bancos do templo. O mesmo podemos dizer de uma empresa. Não adianta atacar com fogo pesado a concorrência se a estrutura funcional estiver podre. Não é o banco que vai socorrer sua empresa, quando estiver em dificuldades, é o funcionário fiél, se houver um. Eles podem apromorar, sozinhos e sem qualquer investimento, a qualidade dos productos e serviços, mas também podem jogar na lama a boa fama que seus antecessores levaram anos para construir.
Ele vai falar com familiares e amigos para darem preferência aos productos e serviços da empresa que o trata bem, ou da concorrente que prometeu tratamento e salário dignos.
Seus funcionários são o maior patrimônio que vocês podem ter. Não devem ficar alienados dos rumos da empresa. Melhor do que executivos que nunca saem do ar-condicionado, eles conhecem o contentamento e o descontentamento do consumidor, não por estatísticas fajutas que lhes custam fortunas e raramente dão retorno, mas na vida real.
Respeite seus funcionários. Pague-lhes o que puder ser pago. Trate-os como colegas de trabalho e eles saberão retribuir.