terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Em 2008...

... fiz novos amigos na faculdade, fiz novos amigos virtuais.
... não pude ir para São Paulo com a Debs. Chorei horrores, mas passou.
... conheci o Fio e o Fabíneo, a Avenida Paulista virou nosso point.
... fui no Bob´s do maluco do “EU QUERO MEU DINHEIROOO”.
... fui no show da Madonna com a minha mãe.
... comprei mais livros e filmes do que meu dinheiro permitia, não me arrependo nem um pouco, até hoje ainda estou pagando.
... escrevi milhares de maluquices neste blog, no MSN e no Encesiadas.
... ouvi tanto axé este ano que nem acredito direito. Coisas que você faz quando tem problemas mentais.
... meu cabelo passou de curtinho e castanho para comprido e ruivo, provavelmente em fevereiro já estará totalmente diferente.
... fiz um fake no Orkut, lá eu sou amiga do Gregory House.
... prestei vestibular de novo, outra vez. Ainda espero o resultado.
... cozinhei para minhas amigas lá em casa. A cozinha não explodiu, ninguém passou mal, portanto, já fiz até planos para o cardápio de 2009.
... não tive filho (oi? Muito cedo, beijos), não escrevi um livro, plantei flores (isso conta?).

Idéia descaradamente copiada da Luna. Estou curtindo um sol belo e azul, só falta a água de coco.
E em 2009 eu sei que a siacabância continua! Nada de odu, beleza?

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Em 2008...

... quebrei a barreira dos 30 anos e percebi que não é assim tão ruim;
... Meg quebrou a perna antes de viajar para São Paulo comigo, e isso sim, foi ruim;
... todo mundo só falava do Batman e eu nem gostei do filme. Talvez porque tenha encarado uma sessão dublada, heresia das heresias;
... me diverti muito escrevendo Laços de Magia;
... tive certeza de que não ia morrer num desastre de avião, porque a Dercy Gonçalves tinha morrido um dia antes e eles deviam estar muito ocupados lá em cima;
... um maluco quis beijar meus pés, na frente do MASP. Só porque me achou linda, toda pequena e delicada - e se encantou com meus pés 33;
... li menos livros do que deveria, mas quase todos valeram a pena;
... gastei rios de dinheiro no “balaio das Americanas”;
... finalmente terminei de ler a saga de Harry Potter, com Dave Coelho me acompanhando à distância e comentando os livros;
... meus cabelos brancos se multiplicaram velozmente. Estou começando a acreditar que, quando a gente arranca um, nascem dois no lugar;
... conheci Fio e Fabio;
... descobri que tenho problemas mentais;
... o Garotas que dizem ni acabou;
... Chinese Democracy foi lançado, e ninguém ligou. Só eu;
... comi pamonha pela primeira vez. Nem curti;
... desaprendi a andar de salto alto;
... aprendi a não ligar para nada que não mereça minha atenção;
... não fui a um show da Ivete Sangalo, que eu queria ver de perto (problemas mentais detected);
... cantei Black Bird, dos Beatles, sem parar;
... fiz um corte de cabelo de que gostei. Nunca na história deste país meu cabelo foi tão curto (tirando a vez em que peguei piolho e minha mãe me transformou num Joãozinho);
... não tive filho, não escrevi livro, nem plantei árvore.

Agora, é só esperar o ano que vem. Que ele tenha tanta siacabância quanto este, que está quase no fim.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Quadradando

Vocês pensam que sou antiquado? Pensam vocês que tenho gostos do tempo em que o onça era um filhote? Acreditam mesmo que eu traria, se pudesse, os anos 1940 e os adaptaria ao século XXI? Acham que eu tenho cara de faraó? Pois àqueles que responderam "sim" a todas as perguntas, meus parabéns. Acertaram.

Ontem procurei o sítio da Jantzen, que conheci graças à obra de George Petty, seu maior e mais icônico ilustrador. É uma marca que completa cem anos em 2010, cujos maiôs estacionaram nos anos 1960. Pois acreditem, têm muita demanda e são caros. Não são as chamadas roupas com "atitude". Para quem não viu a propaganda nos intervalos comerciais das novelas, não se preocupe, não é lerdeza tua, o público que eles atendem não perde tempo com porcaria. Ainda se fosse nos tempos da Pão-Pão Beijo-Beijo ou Os Imigrantes, quem sabe, mas não as manequices politicamente patéticas de hoje. Não são para quem aprecia frutas de glúteos grandes, são para mulheres que compram uma peça boa em vez de seis ruins. Para quem não sabe, melancia velha murcha rápido.

Há alguns anos deixei de usar espherográphicas, como já citei noutro texto, desde então quase que só uso bico de pena. São canetas relativamente caras, mas são para a vida toda. E não estariam nas vitrines se não houvesse demanda, como a minha. Tenho uma amiga que aprendeu a escrever com uma tinteiro, uma mulher jovem e bonita, mais jovial do que a imensa maioria das adolescentes.

Há mais de um ano deixei de comprar prêt à porter, as pólos que ainda tenho estão envelhecendo e serão substituídas por camisas sob medida, feitas pelas mãos de anjo do meu amigo José Antônio Ferreira, alfaiate há mais de trinta anos. Calças jeans já não uso mesmo há uma década ou mais, as de alfaiate me agradam muito, são muito mais confortáveis. Vem gente da Espanha que, passando férias por cá, lhe faz encomendas, pois lá já não se encontram roupas sob medida sem que se pague os olhos da cara. Roupas na medida certa, nem apertadas, nem folgadas. Infelizmente o Zé ainda não tem site, nem mesmo e-mail.

Não sei quanto tempo faz que não uso tênis. Vamos ser sinceros, há sim sapatos muito mais confortáveis do que a maioria deles. Francamente? Foi-se o tempo em que mesmo a aparência me era simpática, tempo das antigas Conguinhas em sua austeridade e confiabilidade. Todos parecem ter saído do triturador de papel, tamanho o número de remendos. Já não sou adolescente, não tenho qualquer intenção de me destacar na paisagem ou parecer um "manô, da peripheriá", muito menos imitar competidores pseudo-olímpicos.

Dei de presente para a nossa amiga Clarissa Passos, aquela que esquenta chá com aranha no microondas, duas marchinhas de carnaval, que ela pretende fundar um bloco no ano que se avizinha. Eu gosto de marchinhas, as prefiro aos samba-enredo que já me enfadaram há décadas, assim como as peruas que ficam babando na mesa, começam a pular e exibir o silicone quando a câmera as focaliza, para depois voltarem a babar deprimidas na mesa. Já trabalhei em "festas" de carnaval nos anos 1980, sei do que estou falando. Como disse a mestra Eddie Van Feu, se o teu conceito de diversão imprescinde de bebedeira, é melhor revê-los; incluo aqui a vontade de transar no meio do salão, diante das câmeras só para parecer moderno, macho, ou descolado. Não há alegria nesses eventos. Os Bexiguinhas de Mauá me vingarão! Ah, ah, ah, ah, ah, ah!

De um anos, mais ou menos, para cá, deixei de rezar o Pai Nosso, a Ave Maria e o Salve Rainha. Agora rezo Pater Noster, Ave Maria e Salve Regina. Tudo em latim. Não, não é para agradar ao Ratzinger, embora ele pule de contentação se souber. Faz muito mais sentido e, para quem estudou religião à sério e sem tentar se defender de idéias que não conhece, sabe que faz diferença, tanto ao espírito quanto ao sistema nervoso central. Isto vale também para diferenciar as boas das más músicas, estas só estimulam a virilha, esvaziando todo o resto.

Sou moderníssimo em minha mentalidade, chego a ser subversivo para muitos conceitos e preconceitos. Naquilo que faz diferença, naquilo que realmente é importante, estou séculos adiante da massa humana. Não sou descolado, estou inteirinho da silva. Natal, para mim, não é para se embebedar e destruir um carro novinho em cima de uma criança que atravessava a rua. Não me importo com a nudez, conheço moças que mal tampam as nádegas e cruzam as pernas sem aparecer nada, deselegância é mais questão de atitude (aqui sim, cabe o termo) do que de comprimento. Uma cousa não é moderna só porque foi lançada hoje, há menos de um minuto. O machismo não é moderno, mas tem sido valorizado pela mídia, com roupagem "moderna".

Vamos falar sério, as cousas boas evoluem por si mesmas. Quando seu ciclo termina, se transformam noutra espontaneamente. Se gostar dessas cousas boas, que mal chegaram a ser aproveitadas e já são até discriminadas na pele de quem as aprecia, é ser quadrado, então sou um cubo. Porque já faz tempo que demonstrar educação à mesa, pedir licença e admirar uma bela moça sem tentar agarrá-la é motivo para discriminação. Sinto isto na pele. Sabe que mais? Às favas! Quem paga minhas contas sou eu.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Post de meio que despedida

O tempo que passei avaliando se eu deveria mesmo fazer esse post, foi bem menor do que o tempo que eu passei tentando arrumar uma maneira de iniciá-lo. O TC é minha primeira casa na Internet, é esse o primeiro site que abro quando conecto, esse é o site que eu mais gosto... Não só por ser muito bom, ou por que atráves desse blog eu conheço um pouco mais dos meus colegas de msn. Enfim, os motivos de gostar daqui foram expressos durante esse ano em que fiz parte dessa siacabância toda...

Acontece que muita coisa mudou desde que, por impulso, fiz a proposta de abrirmos um blog... Neste momento, vivo uma fase totalmente diferente da minha vida, uma fase estressante, para dizer a verdade... segundo meu mapa astral, essa fase contraditória e de bloqueio criativo só passará lá pra Março...

Essas coisas de astrologia assustam, eu REALMENTE estou vivendo uma fase de forte irritabilidade e de bloqueio criativo- vocês devem ter percebido pela falta de posts ultimamente. O fato é que nada mais me empolga, não tenho mais aquele entusiasmo, e essa falta de ânimo também atingiu o blog. Na verdade, atingiu toda essa coisa de Internet.

A Internet anda representando uma espécie de corrente a qual estou ligado, e essa corrente tá começando a ser incomoda... Sei lá, acho que isso não faz muito sentido...

O que quero expressar durante todo esse post é que quero mudar, deixar de lado tudo o que me prendendo ou me trazendo preocupações infundadas...

Nem sei se é isso mesmo...

Ah, se nem eu mesmo entendo, você é que não irão entender... O fato é que estou dando um tempo de Tali-coisa, de msn, de janelão... Enfim, dumbucadodicoisa...

Espero que vocês sejam compreensivos, mesmo não intendendo é nada...

Só fiz esse post para não ser muito Marinão...


Bjo, até... Até... Até... Ah, não sei, mesmo!!!!



Fio, desculpa postar no teu dia...

Mas ele, outra vez...

As areias eram mais brancas do que ele pensava, ou tinha visto em fotos. Entrava pelos vãos dos dedos. Era fofa, no começo... Mas ia ficando úmida e dura, até chegar à água. A água era gelada, mas esquentava conforme ele se mantinha nela.

A imensidão do mar era impressionante. Por um momento, se lembrou da professora de Geografia dizendo que o planeta era quase todo mar. Professora Adriane. Ele nunca esqueceu dela. Foi sua primeira vítima. Uma pequena injeção do veneno certo, durante um exame médico. Ela jamais soube de onde veio. Havia sido contratado por uma esposa traída.

Voltou à cadeira, embaixo do guarda-sol. Pegou seu whisky. O gelo havia se desfeito, com o calor escaldante que fazia. Os cigarros haviam acabado. Levantou-se e recolheu tudo, e voltou ao Hotel.

Banhou-se, e deitou na cama. O dinheiro sempre era bom, mas tinha a mania de gastar muito, também. Um sistema de compensação, por manter sua alma em débito com o Inferno.

Desceu para o jantar. Alimentou-se bem, e foi passear. Comprou cigarros. Sentou-se num banco, no calçadão. Um homem pequeno, de pele morena e feições brejeiras, sentou-se ao seu lado.

Tinha um certo brilho no olhar. Virou-se pra ele e disse: "Você ainda não perdeu sua alma. Mas tome cuidado". O pequeno homem lhe deu uma corrente com uma estrela de 6 pontas como pingente, piscou para ele, pôs um óculos escuro e foi embora.

Ele olhou novamente para o mar... Mesmo com a escuridão, era lindo ver tudo aquilo. Uma mulher morena, e ainda menor que o homem que havia lhe proferido a enigmática sentença, se dirigia à ele. Ela olhou bem no fundo dos seus olhos e disse: "Tenho um serviço pra você."

Ele a ouviu atentamente. O serviço era na própria cidade. Não teria gastos com transporte, e receberia o dobro do normal. Mas teria que deixar o mar... Por enquanto.

Aceitou o serviço, e voltou ao Hotel. O serviço deveria ser executado naquela mesma noite. Arrumou seus apetrechos, as malas e as despachou. Carregava consigo apenas o que era necessário. Fechou sua conta. E se dirigiu ao endereço.

O endereço era de um pequeno bar, escondido da agitação das avenidas. Entrou, e pediu uma mesa, para o atendente. Um rapaz moreno, de óculos, e que falava estranhamente. Enquanto se dirigia para uma mesa no canto, passou por dois homens que discutiam Sartre e Nietzche, Wittgenstein e Melanie Klein, e vez por outra diziam "copo de leite light" e "chiclete de maracujá diet" e riam-se.

Sentou-se e ficou observando. A vítima ainda demoraria a aparecer.

Ao lado, no bar, uma moça pequena, de cabelos longos e escuros, preparava drinks. No cardápio, drinks com nomes estranhos como "Siacabância", ou "Piroca Havaiana on the Beach". A moça gritava os nomes dos drinks conforme os preparava. A música ambiente era música folclórica local.

Na hora determinada pela cliente, a vítima apareceu por entre as cortinas. Um homem pequeno, de olhos tristes e boca carnuda tocava o piano.

A vítima estava num vestido preto, com fendas e decotes. Os cabelos negros. A pele branca. A boca carnuda e vermelha. Os olhos verdes.

Ele teria como fazer o serviço dali mesmo. Mas não conseguia se mexer.

Ficou hipnotizado pelos olhos verdes. A voz doce. E aquele corpo...

Ela se movia com graça pelo pequeno palco. A voz encantadora fluía pelo ambiente.

Aquele seria o mais difícil de todos os serviços.

Mas ele, outra vez, tinha que cumprir o serviço.



E ele aguarda...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Para o Natal

Sei que a essas horas todo mundo está falando no natal, e talvez alguns de nós sequer têm paciência para ouvir sobre isso.

A essas alturas, já passaram quase todas as reportagens tradicionais da época: as pessoas que se vestem de Papai Noel para alegrar as crianças carentes, o comércio e o brasileiro-que-deixa-tudo-para-a-última-hora (como se fôssemos só nos...), a comemoração em diferentes culturas, a pessoa que enfeita sua casa com motivos natalinos para todo canto, a reportagem sobre a Lapônia, "a-terra-do-Papai-Noel", os presépios de todo tipo e por aí a fora.

Também o natal dos famosos, os amigos-secretos, receitas exóticas e tradicionais... e algumas reportagens vêm desde JULHO, mostrando a fabricação de panetones e enfeites.

Sim, já se falou muito sobre o natal, e você provavelmente já recebeu cartões animados e cheios de brilhinhos, talvez mensagens de slides estilo power point e até com musiquinha, daquelas que nos dão vontade de ser blasê.

Mas eu queria falar mesmo era sobre o Natal, com maiúscula. Talvez você nem acredite em Deus, nem Cristo. Porém, ainda que para você seja apenas uma lenda, pode refletir sobre seu significado. As partes mais conhecidas sobre a data combinam passagens dos evangelhos de Mateus e Lucas (ambos nos caps.1-2). Ali, se fala de esperança, de renovo, de generosidade, de alegria, de fé, de gratidão. Nenhuma dessas palavras pode ser atribuída a uma só religião, nem destituída daqueles que afirmam não ter religião alguma.

Todas essas palavras podem nos ensinar a nos tornarmos pessoas melhores, porque, mesmo que alguém não creia nela, trazemos até no nome da espécie a marca da criação (homo sapiens sapiens, humano que sabe que sabe, mas feito de terra, do latim humus, humanus). Assim, temos a marca da divindade, ainda que para alguns simbólica, e da simplicidade ao mesmo tempo.

Nada pode traduzir o Natal melhor que isso: deixar essa marca de divindade e simplicidade transparecer, e não só nesta época. Sem medo de parecer piegas.

Feliz Natal!

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Hobbitizando em São Paulo




segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Duas rodas e algumas historinhas

Uma vez, no Natal, eu e meu primo ganhamos bicicletas iguais, exceto na cor. Tudo para não dar briga. A minha bicicleta era vermelha, a dele era azul.

Falando em Natal, bicicletas são os pedidos mais recorrentes de quem escreve cartas para o Papai Noel dos Correios. O mais legal é que muitas pessoas pedem e acabam levando.

Quando ganhei minha bicicleta vermelha, fiquei muito feliz. Mas nunca consegui aprender a andar sem rodinhas. Com o tempo, a coitada foi deixada de lado. Posteriormente, foi doada, não se sabe para quem.

Falando em Natal, de novo, uma vez fomos assistir à Chegada do Papai Noel, num estádio. Na entrada, cada criança ganhava um cartãozinho, com um número. Meu irmão foi sorteado. Ganhou uma bicicleta.

“Ganhou a bi-ci-cle-ta!”. Era essa frase que o Bozo dizia, euforicamente, quando uma criança sorteava uma na Urna da Alegria. A bici (naquele tempo, não se dizia bike) era o prêmio máximo do programa.

Foi com essa bicicleta que eu finalmente aprendi a andar. Já tinha dez ou onze anos. Uma velha! Sentei na bici e minha mãe foi me empurrando e conversando comigo. Igual a gente faz quando vai tirar sangue. A enfermeira puxa assunto, para você não se lembrar de ter medo. Falei com a minha mãe e ela não respondeu. Só aí percebi que estava andando sozinha! Fiquei dividida entre prestar atenção no caminho e me emocionar com o fato de ter aprendido.

Depois de aprender a andar de bicicleta, pude participar das brincadeiras sobre rodas das crianças da minha rua. Nós dávamos voltas e mais voltas, corríamos, fazíamos revezamento, cantávamos. Nossos cachorros nos acompanhavam. E ainda tem gente que prefere gatos...

Um dia, eu caí. Em cima de uma pedra pontuda. Furei o joelho. Foi só a pele, não o osso. Saiu muito sangue. Ganhei uma cicatriz. A única que tenho, pois fui mocinha bem comportada na infância. Continuei correndo. Era bem mais legal do que andar.

Quando eu cresci, passei a só andar de bicicleta na praia. Até que fui veranear na casa do meu tio. Ele só tinha Barra Circular na casa. Nem morta que eu ia andar numa daquelas! Não era só frescura: eu não alcançava nos pedais. Ainda não alcanço, acho. Acho nada: tenho certeza.

A capa de Chinese Democracy, disco do Guns que levou milênios para ser lançado, exibe uma bicicleta com uma baita cesta de vime no banco traseiro. Este cd foi o presente de Natal que dei a mim mesma.




Eu queria ter escrito um texto sobre o Natal. Tudo o que eu consegui foi lembrar de bicicletas...

sábado, 20 de dezembro de 2008

Ensaio

O ambiente é austero, mas não oprime. É uma transição do art nouveau para o art déco, típico do fim dos 1920 e início dos 1930. As cadeiras de madeira encurvada, com assentos rebatíveis são indefectíveis. Não é um ambiente muito grande, mas há espaço de sobra para quase tudo o que pessoas comuns queiram fazer. Só não se pode fazer uma mostra de carros antigos porque as escadas são estreitas e suas entradas têm vigas baixas. Mas quem faria uma exposição de carros antigos na época? Os carros antigos de então eram as raridades do século XIX, a maioria das quais já transformadas em lingotes nas siderúrgicas. E quem pensaria em levá-los ao auditório do colégio? Mesmo hoje isso é uma panacéia, as escadas dão bem para pessoas; e chega.

As paredes são de um bege terroso com uma fina faixa preta separando o tom de um verde musgo, as cortinas vermelhas escarlate liberam janelas muito amplas, com vidros basculantes, que vão da faixa preta até quase o forro.

O piso é de azulejos originais da época. São azuis, com um tipo de sol laranja com raios em dois tons em um vértice, uma "rampa" verde escuro no adjacente, que sobe até dois losangos invertidos nas mesmas cores do sol. Quatro peças juntas formam uma bela figura, quase que hélices de avião. Não fazem mais cousas assim hoje em dia. As tintas que hoje se usam, são frágeis demais para dispensarem a vitrificação, o azulejo ficaria branco com um mês de uso, mas aqueles estão lá há oito décadas. Imaginam o que é agüentar o trânsito contínuo de alunos por oito décadas? Cobravam caro, mas o que vendiam não causava os transtornos de precisar trocar todos os anos.

Ao fundo, acima da entrada, um balcão cobre toda a largura do salão, com o parapeito dividido em cinco elementos de dois retângulos segmentados, muito simples e elegante, como era voga na época. O palco pede algumas reformas, mas ainda hoje funciona bem, as cortinas deslizam como se fossem novas, embora já tenham sido trocadas um monte de vezes.

Olhando para o forro, vê os dois tons de amarelo (pastel e terroso) em dez planos inclinados, nos quais o forro paulista bitonal forma numerosos "V" em direção ao palco. Também pede intervenções, mas também funciona e encanta de magnífico modo aos olhos.

À direita, pouco antes de uma das entradas para o palco, está o velho piano de armário. Já um pouco desbotado, como um senhor grisalho, mas nem pensa em se aposentar, prefere ser consumido pelas chamas enquanto dispensa seus últimos acordes.

Se pergunta como tudo aquilo sobreviveu ao culto do egoísmo e à frieza dos descartáveis que invadiu os anos 1980, e se agravou muito na década seguinte. Tudo tão lindo!

Conhece aquele tipo de ambiente. Embora os papas tenham extirpado da bíblia, por pressão política e ameaças declaradas de gente temerosa por seus próprios actos, padres já lhe confidenciaram que a misericórdia divina não nos deixa à mercê de um prazo tão curto que é a vida mundana. Já foi adulta na época em que aquele estilo arquitetônico dominava as cidades. Na verdade, aquele ambiente que tanto afugenta a maioria dos jovens, lhe é doce em lembranças e sensações. O coração bate forte demais, o diafragma lhe perturba e as pregas vocais estão inquietas, não vai esperar pelos outros, começará a ensaiar agora mesmo...

- Ave Maria, Vergin del ciel, Sovrana di Grazia e Madre Piadeh, accogli ognor la fervente preghiera, non negar a questo straziato mio cuor tregua al suo dolor. Sperduta l'alma mia ricorre a Tee pien di speme si prostra ai Tuoi pièti invoca e attende che Tu le dia la pace che solo Tu puoi donar. Ave Maria.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Mas ele...

Ele olha fixamente para o retrato. Nele, um homem e uma mulher sorriem, abraçados. Mas ele não os conhece.

Logo ao lado, um pequeno mosquito passeia sobre as marcas de água deixadas pelo copo de whisky. Mas ele não bebeu nada.

Do outro lado, um maço de cigarros amassado, com três cigarros mais amassados ainda dentro dele. E um isqueiro bem velho e bem vagabundo. Mais ao lado, um cinzeiro cheio de cinzas e tocos. Mas ele não fumou nada.

Virou os olhos para o outro lado do quarto. Mas ele não havia dormido ali.

Um homem e uma mulher estavam na cama, os lençóis jogados para um lado e para o outro. Roupas jogadas no chão. Aqui um vestido amarrotado. Ali uma camisa branca, com uma mancha de batom vermelho. Mas ele não havia se divertido ali.

Na parede, um quadro com uma paisagem litorânea. Uma pequena casa com teto de palha, areia em volta, o mar ao fundo. Algumas palmeiras do lado, e bem no canto e ao fundo, uma pequena jangada que sumia no horizonte. Mas ele nunca havia ido à praia.

Do outro lado, uma janela. O vidro aberto. Uma cortina branca e amarela. Bonita. Mas ele não sabia o que daria pra ver dali.

A televisão ligada, passando um programa jornalístico. O repórter dizia coisas que ele não era capaz de entender. Nem de ouvir. Mexeu nos botões, mas som algum saía. Mas ele não queria ver nada.

Se aproximou da cama. O sangue escorria por debaixo dos corpos. Molhava toda a cama. A bala penetrou o corpo de ambos, de uma só vez. Dá pra imaginar como foram pegos. Mas ele não queria ver aquilo.

Logo, a perícia chegaria para examinar o local. Seu trabalho ali já estava feito.

Saiu pela porta ao lado do quadro. Pegou o telefone, discou um número e disse: "Está feito" e desligou.

Saiu pela porta da frente do motel. Ligou para a polícia, dizendo que um casal havia sido assassinado.

Passou no banco, o pagamento já estava lá.

Entrou numa agência de viagens. Comprou uma passagem só de ida para uma praia distante.

Entrou num bar. Pediu um whisky. Um maço de cigarros e um isqueiro.

Tão blasê

De uns tempos pra cá, ficou na moda ser blasê (no francês original: blasé, blasée).
Sabe aquele cara de ai-que-nojinho-tédio-eu-não-me-importo-e-desprezo-mesmo? Sim, essa aí. Tem horas que é engraçado, como quando a gente faz a paolabrachoterapia, porque Paola Bracho sabe muito bem como ser blasê com graça e classe. Isso não é pra qualquer um.
Mas atualmente há um exagero nisso. Temos tido cada vez mais pessoas e atitudes blasê. Por toda parte, cada vez mais se vê esse olhar entediado sobre as coisas. Vamos aos exemplos:
1. Sabe quando você está feliz, ou simplesmente quer cantarolar? Com certeza alguém vai te mandar um olhar blasê, porque no mundo de hoje é mais fácil uma pessoa alegre ser repreendida do que uma com cara de poucos amigos.
2. Desenhos animados? Eles também tem seus personagens descaradamente blasês. Alguns são fantásticos, como a Mandy, mas tem horas que é chato ver TODOS os desenhos atuais terem seus blasesinhos, ar entediadozinho, ai-como-eu-sou-superior-que-tédio-dos-outros. Se você começar a procurar, vai encontrá-los no Bob Esponja, nos inúmeros animês japoneses e "ajaponesados", em tudo que é canto. Eles deriam aprender a ser blasês com mestres como Patolino, esse sim um blasê de classe.
3. Crianças? Elas também estão aprendendo a ser blasê. Claro, com o blasê estando na moda e até nos desenhos animados, como dito acima, elas, logicamente, imitam. E quase todo mundo acha uma gracinha (às vezes com cara de blasê, mas acha). Até que um dia você decide abraçar uma criança que alguém falou pra você que estava triste pelo falecimento de um parente e essa criança te faz um ar blasê e te chama de tola, como aconteceu comigo.
4. No trabalho e entre amigos? Todo mundo resolveu ser "cool", "hype", "com atitude" e, é claro, blasê, ao mesmo tempo. É uma praga universal, acreditem. Quase ninguém mais se emociona com coisa alguma e praticamente todo mundo acha tudo tãããão piegas e brega, porque agora eles são todos tããããão descolados e informados e tals.
5. O exagero que ajuda a disseminar o blasê? Também existe, por culpa daquele povo que enche sua caixa de mensagens com apresentações cheias de ursinhos, brilhos, corações e ícones saltitantes, ou imagens disformes feitas com pontos, asteriscos, símbolos de parágrafos e outros; geralmente, uma distorção que vaga e distantemente lembra um ursinho (sempre onipresente), um anjinho ou coisa que o valha (que comentário blasê esse meu!).
Por fim, pessoas, aprendam a se emocionar de verdade com coisas simples. Abandonem o blasê, pelo menos de vez em quando.



Blasê: use com moderação

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Triste fim

Dave: Debs, falando em longe... O Fio quer que o encontro de julho seja em Sampa. Acho válido.

Fio: O Fio quer????

Dave: Mas prefiro que seja na Bahia... Muito mais perto e prático, bjs! Quero dançar axé no Pelô e beber cerveja barata. Ir a um terreiro de macumba e comer acarajé.

Fio: Não seja por isso... A gente vai na represa. Tem tudo isso aí.

Dave: Não, não tem. Garanto.

Fio: Tem sim.

Dave: Fio, a Bahia fica no Nordeste. Não tem tudo em São Paulo. Dica.

Luna: Eu aceito ir pra São Paulo. Ou pra Bahia.

Fio: Perto da Represa Guarapiranga tem a Avenida Washington Luís... Tem uma caralhada de boate que toca axé e forró vendendo cerveja a R$0,95. E terreiro de macumba, conheço vários.

Luna: Mas nenhum tem Mãe Aritana.

Fio: Inclusive baianas da Bahia (de verdade) que vendem acarajé.

Dave: Bahia é outra coisa. Não compara, gato. Bjs!

Luna: Esses lugares onde você quer levar a gente são coidipobre!

Dave: TOTAL coidipobre! Fiquei até com medo dessa cerva de R$0,95.

Luna: A gente paga pouco pela cerveja, mas pode ser assaltado, morto e jogado na represa.

Dave: Jesus! HAHAHAHA!

Luna: Sairemos na capa da Veja: “Grupo de amigos vitimados pelo Maníaco da Represa”.

Fio: Déb está apocalíptica, hoje. Acho bíblico da parte dela.

Luna: O Talicoisa vai ter divulgação, mas não terá mais autores.

Dave: Vai passar no Gugu: “Talicoisers morrem em trágico acidente na represa”. Os fãs tudo chorando.

Fio: Depois, algum site vai mostrar fotos dos corpos mutilados... Vai virar corrente de e-mail.

Luna: Sonia Abraão vai ficar mais de uma hora falando nisso...

Dave: E as mensagens dos amigos: “Morreram, mas morreram com siacabância!”.

Luna: Fantástico fará reportagem sobre os perigos de conhecer gente pela Internet.

Fio: E mostrará o Orkut, dizendo que é um “site de relacionamentos”. E falará também dos perigos de perfis fake.

Luna: Jones dará entrevista, acusando o Fio: “Nunca fui com a cara dele! Ele era psicopata!”.

Fio: “Ele era desiquilibrado! Esta é só a minha OPNIÃO!”.

Dave: “As Garotas que dizem ni estão sendo processadas pelos pais dos talicoisers, porque elas incentivaram a criação do blog”.

Dave: “Estamos aqui com o único sobrevivente, Frank, que não pôde ir a viagem porque estava de castigo... Frank, o que o Talicoisa representou pra você?”.

Fio: Aí o vídeo do Frank, vertendo rios de lágrimas, vira campeão de acessos no Youtube.

Dave: Frank vai dizer: “Olia, estol muinto triste...Dão conçigo dizer muinta coisa! Só queria que a Déb soubesse, onde que ela esteje, que eu amei ela muito!!!1”.

Fio: Algum outro grupo de amigos vira fã do vídeo do Frank, começa a usar as frases dele nos janelões do MSN e decide montar um blog. A história é cíclica.

Dave: “Estamos aqui com o velho que comeu e não pagou, um dos maiores entusiastas do Talicoisa, o blog que virou Brasil!”.

Fio: Lasier Martins se emociona e toma mais um choque. “Talicoisa, o blog mais de mesa!”.

Luna: Cumpádi Uóxinton divulgará nota de pesar: “Perdi minhas ordinárias, Luna e Meg... As únicas que ainda se lembravam de mim!”.

Luna: Mãe Aritana: “Eu sabia que eles deviam ter vindo para a Bahia. Mas ninguém consegue mudar o destino. Já estava escrito!”.

Dave: Alguém vai dizer: “O mundo dos blogs ficará mais triste...”.

Fio: William Bonner dirá isso, Dave.

Luna: Ai, não quero mais viajar!

Se alguém ainda não sabia o que era falta de foco, agora já tem uma noção. Não somos bons em planejamento, mas ótimos em desviar o assunto. Assim, o encontro não vai acontecer é nunca! DICA!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Clic

Eu gosto de photographia. Não de fotografia, mas de photographia.

No último domingo de cada mês, vou ao Mercado Aberto da Avenida Paranaíba, photographar os carros expostos e a feirinha de pulgas. Oldsmobile Cuttlas 1961, DKW1966, Maverick01978, Ford A 1929, Fusca 1953, Lambretta 1958... Eu adoro. Por gostar de carros antigos, acabei ficando bom em phorographá-los, pois sei o que os apreciadores pensam e o que gostariam de ver. Capto bem a personalidade dos carros e das peças à venda.

Imaginem um Puma amarelo, como muitos que a garotada despreza. Um carro simples, um metro e dezesseis de altura, desenho ousado sem ser grosseiro. Mas dependendo do ângulo e da iluminação, acreditem, ele impressiona. Clicado na altura dos faróis, em diagonal, o perfil de flecha do conversível se mostra sem pudores.

Também gosto de art déco. Goiânia tem bastante ainda preservado, e o que está sendo restaurado. Em breve retratarei os prédios no meu Flickr, onde publico as imagens dos encontros de carros antigos.

Mas há um tipo de photographia que, por motivo que não me cabe dizer, eu não tenho. Photos antigas de família. Me encanta de sobremaneira uma photographia em branco e preto, com alguns adultos em roupas da época, um monte de moleques ao redor, uma Kombi Jarrinha ao fundo e uma casa com o ano de construção moldado na fachada. Isto para mim é poesia pura, é música visual que chega a me arrancar lágrimas, por vezes dolorosas. Imaginem ver uma molequinha espevitada só de calcinha de babados, toda suja de lama; noutra photographia, colorida, a menina já é uma mocinha mais comportada, usando mini saia e com um long play nas mãos; noutra já é uma mulher feita, com uma criança no colo.

Tu olhas uma de mil novecentos e quarenta e abobrinha, vê aquele espetáculo mais sublime do gênero feminino, pesquisa e "Como assim, faleceu em 1998?". É uma frustração não ter conhecido toda aquela gente, pois com o tempo e os cliques, se pega intimidade com a imagem de qualquer photo que te agrade. Tanto quanto é uma frustração Goiânia já ter a importância e a estrutura que tem, e o site da prefeitura não passar de um balcão de expedição de taxas, sem ter um único arquivo, um albunzinho que seja, de imagens da cidade. Quem enxerga além dos olhos viciados do homem comum, descobre belezas escondidas detrás das fachadas comerciais.

Um bom photógrapo, que espero ser em um futuro breve, aprende a valorizar o motivo que lhe deu a imagem. Para mim dói saber que as pessoas desencarnem mais cedo do que deveriam, é como se ganhasse um livro bem ilustrado, caro e raro, e alguém simplesmente subtraísse as páginas que faltam ler.

Da mesma forma é o urbanismo. Os prédios que substituem os demolidos raramente se equiparam em beleza, qualidade e carisma, até porque a maioria vai abaixo em menos de vinte anos, não terá tempo para fazer história. Uma de minhas predileções é art déco, como já disse. Mas também gosto muito do estilo moderno dos anos 1950/60, que Goiânia também ainda tem muito. Espero photographar ao menos uma duzentas construções, antes que a feiura taxada de modernidade as substitua.

Por mim, eu teria sociedade em linhas aéreas, para poder estar em várias partes do mundo em pouco tempo e delas colher a história, as impressões, as amizades, a sabedoria e as imagens que cada lugar tem sem par com qualquer outro do mundo.

Embora de pior qualidade e lenta para registrar a imagem, a câmera digital é uma excelente escola. Não gastarei cinco mil pilas numa Canon bem equipada enquanto não tiver (verba e) segurança de que posso gastar filmes nela. Um laboratório doméstico também é caro, mas é onde o photógrapho se sente não um tirador de fotos, mas um Photógrapho. Enquanto isto não me é possibilitado, vou dividindo a câmera amadora digital de foco fixo da família. Só por enquanto.

O cotidiano, estejam certos, é a maior fonte de imagens que existe. Que mulher não se sente aliviada ao ver Nicole Kidman num vestido comum, limpando o vômito da filha como qualquer outra? E que mulher não sente vontade de gritar ao ver que mesmo assim é maravilhosa? Daqui a muitos anos, a filha dessa senhora que se descabela vai contar aos filhos que já houve mulher bonita de verdade, sem implante de rosto mecânico, mostrará as photographias e dirá que ela era natural.

Enfim, photographia bem tirada é um tesouro. Um documento de uma época. Aconselho a todos que comprem, ainda que seja aquela caixinha made in Paraguay (China não, é escravocrata) de R$ 50,00. Durará quase nada, mas vai te ensinar na prática e te dar gosto pela photographia, como o fez comigo. A photographia acima é um trecho da Avenida Goiás, que faz esquina com o Mercado Aberto, tirei enquanto esperava o ônibus para voltar para casa.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Em meus sonhos...

Em meus sonhos, tudo dá certo. Em meus sonhos, tudo é bom, é feliz.

Todos estão bem, estão felizes. Estão animados. Ninguém se cansa, ninguém deixa de fazer as coisas por falta de tempo.

Ninguém pega ônibus lotado. Ninguém sofre. Seja de fome, de cansaço, ou de falta de amor.

Ou de excesso.

Ninguém sofre de dor. Ninguém cai e quebra os dentes. Ninguém quebra uma perna antes de viajar. Ninguém fica com vergonha.

Todos tem auto-confiança. Auto-estima. Auto-suficiência.

Ninguém está abaixo de ninguém. Ninguém está acima, tampouco.

Mas mesmo assim, todos são felizes.

Pena que eu tenha que abrir os olhos.

Mas pelo menos, nos sonhos, eu encontro paz.

E encontro ela.

Os cabelos ora negros, ora vermelhos. Os olhos penetrantes.

A boca pronta pra me beijar.

E aquele corpo...

Que me sacia sempre. Que me faz feliz. Que me faz bem. Que me nutre e me devora.

Pena que eu tenha que abrir os olhos.

O silêncio que eu busco na minha alma e na minha mente, e no meu coração. Está lá. A paz interna que eu busco, está lá.

Lá eu não preciso me esforçar pra ser o que eu quero ser. Lá eu sou amado pelo que sou, não pelo que eu POSSO VIR A ser, ou VIR A TER.

Pena que eu tenha que abrir os olhos.

A luz não me cega, a escuridão não me dá medo. O calor não me sufoca, o frio não me prende.
O sabor das coisas é mais acentuado. O calor do beijo é mais gostoso.

O calor dela é mais aconchegante. Bem como seu sabor, mais delicioso.

Pena que eu tenha que abrir os olhos.

E encarar a vida que não é nada disso.

Não quero mais abrir os olhos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sendo a mais velha

Não sei se vocês sabem, mas eu sou a primogênita da família. E unigênita, visto que meus pais não tiveram outra filha mulher.
Ser "a mais velha" é algo muito interessante por um lado, mas também um bocado chato por vários outros.
É interessante porque a gente pode usar do bom e velho despotismo pra cima dos menores porque, afinal, você é o mais velho e eles têm que lhe obedecer. Com os pais da gente dizendo isso de si mesmos, dos tios, primos e afins, seu argumento é facilmente sustentado quando você está a sós com os pestinhas caçulas. Botar a culpa neles também funciona bem, pelo menos enquanto não aprendem usar as mais terríveis armas jamais inventadas pela humanidade: o beicinho e cara de injustiçado do coitadinho que é tão pequenininho e não sabe o que faz. E aqui começa uma pequena parte do inferno dos mais velhos, que terão, para todo o sempre em sua vida, que ouvir coisas assim:
"Você é o mais velho. Tem que dar o exemplo". E isso independente do fato de que o pobrezinho em questão está com dezoito anos nas fuças.
"Leve seu irmãozinho". Frase temida por 10 entre 10 irmãos mais velhos, isso significa desde um mala a pegar no seu pé durante toda brincadeira, arrumar briga e voltar pra casa lacrimajando até empate de namoro.
"Ele não gosta/não sabe fazer ainda". Especialmente ouvida pelas filhas mais velhas, que vêem suas mães criarem reizinhos que têm que ter o bife cortado, a casca do pão retirada, a cama arrumada - por outra pessoa, mas preferencialmente por você, é claro.
"Ajuda teu irmãozinho". Variante da anterior, que algumas vezes também significa auxílio nos deveres - e que alguns dos caçulas usam como expedientes para ter toda tarefa feita por nós, que não temos paciência para ensinar e queremos nos livrar das lições escolares que agora vêm em dose dupla, como se a gente precisasse delas em dobro... prunft!
E, mesmo quando você estiver com 80 anos e o mala com 79, você ainda será o mais velho. Ouvirá piadas sobre a terceira idade desde os vinte anos e terá para todo o sempre as terríveis palavras "mais velho" inscrita em sua fronte com letras de fogo.
Mas ai de quem falar mal de meus irmãozinhos* ou ousar tocar neles!
(*Atualmente, nenês com 35 e 36 anos cada).
Para ouvir sobre problemas com irmãozinhos e mães:
Mamma Maria (eeeeeeeeeee!)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

No ônibus


Moçacarregandoumbalde – Ele quer comprar um som! Vê só, custa mais de mil e trezentos reais! Aí eu falei que não, a gente tem mais é que consertar a casa.

Pegadoradevelhinhos – Ouxi, mas é claro, imagine pagar esse dinheiro todo num rádio...Cês tem mais é que ajeitar a casa mesmo.

Moçacarregandoumbalde – É, mas acho melhor não mexer no dinheiro, vou deixar tudo parado na conta, né? É melhor assim.

Pegadoradevelhinhos – Então guarde mesmo o dinheiro, não vai deixar esse homem comprar o rádio, viu? Se for gastar é melhor arrumar a casa, ajeitar aquela laje.

Moçacarregandoumbalde – Só sei que rádio eu não compro!

[velhinho levanta do banco]

Pegadoradevelhinhos – Menina, esse homem aí me fez lembrar do __________ (incompreensível), cê se lembra dele? Aquele namorado meu, o que tinha a mesma idade do meu pai...

Moçacarregandoumbalde – Ah, lembro. Que fim levou?

Pegadoradevelhinhos – Nem sei, tem uns setenta anos já. Fiquei três anos com ele.

Moçacarregandoumbalde – E teu pai? Não achava ruim, não?

Pegadoradevelhinhos – Que nada, ele até gostava. A aposentadoria do __________ era boa, dava pra sustentar a família inteira, e ele ainda era metido num negócio aí de táxi. Uma maravilha. Ele era todo “grisado”, a cabeça toda “grisada”.

Moçacarregandoumbalde – Ahn.

Pegadoradevelhinhos – Era engraçado quando a gente andava na rua, eu toda arrumadinha com o velho do lado, o povo sempre comentava.

Moçacarregandoumbalde – Ai, mas não sei como tu agüentava um velho...

Pegadoradevelhinhos – Que nadaaaaaaaa, ele não fazia muita coisa! Só fazia mais me cheirar mesmo...

O ônibus chegou no ponto, e eu tive que descer. Enquanto uns véios comem e não pagam, o véio da mulher do ônibus não comia e pagava a aposentadoria!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Welcome to my life



Eu conheci um rapaz e me interessei por ele. Perguntei se ele queria me namorar. Ele disse que não, que já tinha alguém. Fui em frente. Pouco tempo depois, a história mudou: ele começou a andar atrás de mim. Fuçando um pouco, descobri o motivo: a outra havia dado no pé.

Contrariando tudo o que a auto-estima me dizia, aceitei. Começamos a namorar. Em seguida, tivemos um filho. A cara do pai. Mais outro, um pouco menos parecido. A vida foi passando. Apesar da prole e da casa, não chegamos a casar. Passamos a nos ver cada vez menos. As crianças faziam perguntas e eu não sabia o que dizer. Sorte minha de ter uma sogra maravilhosa, apesar de meio louca.

Aí, apareceu outra pessoa. Outro rapaz. Ele se interessou por mim. Fiquei na dúvida. Eu me considerava comprometida com o sumido. Passei por cima disso a tempo. Quem não é visto, não é lembrado. Aceitei namorar o outro.

No começo, foi um caos. Meus filhos não aceitaram o relacionamento. Fizeram boicotes, rebeliões, guerrilhas. Continuei firme e forte. A vida é minha, tenho o direito de ser feliz. E filhos não devem mandar nos pais. Se não estivessem contentes, que fossem morar com o pai. Se conseguissem encontrá-lo.

Minha sogra (ou ex-sogra) me apoiou. Ela chegou a dizer que “foi para a feira, perdeu a cadeira”. Meu sogro (ou ex-sogro) tentou me dissuadir, dizendo que “eu não devia tomar nenhuma atitude precipitada”. Amigos também tiveram a sua chance de dar palpites. Até meu pai se meteu na questão.

Passado o furdunço, meu namorado conseguiu conquistar meus filhos. Nos casamos na igreja e moramos, agora, todos juntos. Meu ex reapareceu, esperneou um tantinho, mas descobri que ele já tem quem o console. Melhor assim.

Nossa família, agora, conta com mais duas filhas. Uma loira cabeça de vento e uma chata, metida à rebelde, que está me fazendo branquear os cabelos. Vivemos felizes, apesar de tudo.

Temos uma escola e uma casa bem melhor do que a que eu tinha com o outro. Meu marido ainda não sumiu. Meu pai está procurando amor, mas não encontra. Minha mãe é meio distante, mas existe. E tenho a minha ex-sogra, que as crianças adoram.

Eu não sabia que criar um perfil fake no orkut seria tão divertido!

sábado, 6 de dezembro de 2008

Do covarde, a misoginia

Foi um ataque surpresa. Quando aquele arremedo de aldeia estava planejando as actividades do dia, o grupo de nômades, só de homens, surgiu do nada e de todos os lados, atacando e subtraindo tudo o que estava ao seu alcance. Um dos aldeões derrubou a criança que carregava e correu para se salvar enquanto os outros lutavam, mas foi pego por dois invasores e surrado, enquanto via a criança ser levada pela mãe para um lugar seguro.
As mulheres levaram seus rebentos e os outros que encontravam para um recanto seguro, de difícil acesso, mas próximo o bastante para que a ajuda não tardasse, se necessária. Elas poderiam bem ter ficado e lutado, mas a prole era grande e mesmo as solteiras agarraram quantas crianças conseguiram para garantir a continuidade da comunidade.
Quando podem voltar, elogiadas pelo homem que as foi avisar, pela presteza e raciocínio rápido, encontram o covarde bradando. Como as testemunhas foram mortas, ele mente que a falta de guerreiros capazes causou as baixas e que quase se inclui também, ainda aponta a mãe da criança que abandonou, afirmando que ela preferiu fugir a ajudá-lo.
O debate seguiu acirrado, dentro do que a linguagem limitadíssima da época permitiu; foi um custo explicar que "A mulher protegeu a criança" e não "O lobo comeu a pêra", já que os phonemas eram quase gêmeos e não havia gramática para ajudar. Mas ficou decidido, com a palavra empenhada pelo guerreiro que as buscou, que elas estavam defendendo os filhos e não fugindo da luta. O chefe ainda lembra da tragédia que ocorreu há quinhentas luas (quase dez anos) quando aquele mesmo bocó convenceu as mulheres de que a melhor forma de proteger as crianças, era ficar e lutar. Um terço dos petizes foi morto ou seqüestrado. Veredicto: elas agiram certo e deveriam continuar agindo assim.
Muito magoado, o covarde e mais meia dúzia de trouxas que lhe acreditaram na palavra abandonaram a aldeia. Espalharam entre os nômades que encontravam que era melhor que ficassem sozinhos mesmo, que mulheres são fracas, covardes, egoístas, et cétera. A mobilidade desses nômades espalhou rapidamente a mentira, em poucos séculos o que era uma estratégia magistral de defesa da espécie, se tornou um símbolo de fraqueza imperdoável. Por onde a mentira vingou, as mulheres foram afastadas das tarefas preparatórias para a luta, e desaprenderam a lutar, dando mais força à mentira. As que eram abandonadas pelos pares, sem acesso a apoio social, passaram a emprestar prazer por comida, dando forma ao que conhecemos como prostituição, que alimentou ainda mais a mentira, mas desta vez uma mentira muito conveniente.
Não há diferenças significativas entre a ficção acima e a realidade, pois pode muito bem ter acontecido. E sabemos que os antigos, principalmente os romanos, eram hábeis falseadores da história, quando não lhes era conveniente.
Sabe aquele hábito dos árabes esconderem as mulheres de estranhos? Certamente remanescentes de quando a intenção era não dar pistas da prosperidade da aldeia, o que hoje é inútil, mas foi deturpado. Nada tem a ver com o Islã, que é historicamente recente. Com a misoginia, a mulher se tornou posse dos homens da família. Quem acompanha os acontecimentos do Paquistão sabe dos horrores que falo, me reservo o direito de não estragar este blog com detalhes revoltantes.
Só nos últimos cem anos, muito timidamente, o quadro começa a desvanecer e a mentira começa a perder força. A América foi criada em bases machistas, embora não o admita. A beligerância ostensiva e a hoje dependência dos americanos em relação às armas é o exemplo mais cabal. A prioridade de uma mulher é defender a cria, o homem, sem ter que amamentar e proteger, usa de quaisquer expedientes e pretextos para se impor ante os outros, ainda que cause um genocídio. Não foi por acaso que eles apoiaram os nazistas, até que estes mostrassem suas garras e ameaçassem seu território, ainda que muito subliminarmente. Os nazistas, aliás, foram extremamente rígidos na determinação de onde e como as alemãs deveriam ficar: sala de estar, cozinha e cama.
Já são vinte milênios de civilização patriarcal, aproximadamente. Progresso? Vou te contar uma cousa, o mundo só evolui quando as pessoas param para se entender. Os ditos "avanços" que as guerras trouxeram já existiam, só foram postos em prática para alisar os egos fálicos. Avanços esses que, em sua maioria, têm uma única mãe: Heddy Lamarr. Toda a tecnologia de telecomunicação que há hoje, inclusive a internet, se embasa nas pesquisas dela, que em vez de brigar, se pôs a resolver problemas, como boa mãe que era. E que tinha vergonha de ser compatriota de Hitler, tanto que deu todas as idéias para os aliados. Um homem teria tido esse desprendimento? Difícil, muito difícil. Por pouco que fosse, teria cobrado direitos intelectuais e ganho muito no volume de produção. Heddy só teve os feitos divulgados pela filha após seu desencarne. Quando as pessoas guerreiam, não há troca de informações e os avanços ficam mais difíceis. Não digo que uma nação não deva se defender, experimente bater numa criança à presença da mãe... e reze. Mas o que tem acontecido nos milênios de misoginia foi nego declarando guerra por puro orgulho, com desculpas como "espaço vital da nação" ou "recuperação de uma província rebelde". Este último é o lema da China para ocupar e oprimir, com a aquiescência das Nações Unidas, o Tibet. E a China hoje comanda a ONU.
Como seria o mundo se aquela mentira não tivesse vingado? Não haveria machismo, logo o feminismo azedo também não existiria. Como as líderes reconheceriam bem a dor de uma mãe que ouve o filho chorar de fome, esta seria um estímulo temporário comum, não uma tragédia mundial. Os homens seriam educados para serem homens, não simples cachorros de combate. Aliás, viram homens de saia? Não? Os escoceses usam kilt, que é um tipo de saia e ai de quem chamar de saia, um dos esportes preferidos deles é, literalmente, levantamento de caminhão. Bem, o facto é que nenhum deles perdeu as bolas, não por causa do kilt. A pressão católica não suprimiu de todo a cultura celta, que está ressurgindo com força, e os escoceses não se importam em usar algo parecido com o que suas esposas usam.
Um último exemplo é a Alemanha de hoje. Mesmo com recessão, causada por blefes de homens sérios e respeitáveis, está conseguindo sustentar a credibilidade do Euro, mantendo-o bem acima do Dólar. É a Alemanha de Angela Merkel, que mesmo com aquela cara de sargento herói de guerra, é uma mulher. É a Alemanha da paz, que aprender com seus erros e hoje não ataca se não for atacada, e ai de quem atacar, que não teme parecer politicamente incorrecta por amadrinhar Israel (Está ouvindo, Adolf? Ah, ah, ah, ah, ah...) em uma época em que o Estado é visto como vilão. Foram os homens da ONU que o enfioaram na Ásia, em vez de ceder um território dos próprios aliados. Foi o egoísmo machista que acendeu o estopim em uma região que nunca foi mole, mas nem de longe tinha os níveis de violência de hoje.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Auto – Retrato

Não sou o que você pensa. Tampouco ligo pra isso.
Mas sei que você pensa errado.

Você me julga pelo pouco que vê. Eu não sou apenas este rosto, não sou apenas esse corpo. Não sou apenas os óculos que me ajudam a enxergar. Não sou esta barba que esconde meu rosto.

Não sou as roupas que visto. Não sou os diversos cigarros que fumo.

Não sou a cerveja que não bebo. Não estou na festa que você está.

Não sou perfeito. Não sou superior. Não sou inferior.

Se pareço metido, tente falar comigo. Nos primeiros 10 minutos, vou agir como um animal assustado. Mas depois passo a agir como um ser humano normal.
E não faço isso porque eu seja doente. É apenas meu modo de ser. Eu procuro conhecer as pessoas, antes de mostrar quem eu sou.

Se pareço doente, talvez seja por ter passado por muita coisa, nessa vida. Não, não vou começar mais um discurso pra mostrar que sou um derrotado. Não vou demonstrar a “Síndrome de Charlie Brown”, como já me disseram.
Mas tente compreender. Não sou “triste”, ou “chato”, simplesmente por que eu quero.
Não vou explicar o que eu tenho, não vou. Porque alguém vai dizer que eu faço isso pra que todos tenham pena de mim.
E uma das coisas que eu mais odeio é SENTIR as pessoas tendo pena de mim.

Não procuro pena. Se em algum momento lhe conto meus problemas, é pra tentar conseguir ajuda. Ou apenas pra desabafar.

Mas é mais fácil julgar. Não é?

Você não conhece nada do meu mundo. Não entende o meu modo de ver as coisas.

E ainda assim, me julga, baseado em conceitos que você aprendeu, e que considera corretos.

Não direi que você está errado. Mas procure ver a vida por outros ângulos.

E talvez, um dia, você me entenda.

É como o sol de verão

Vocês com certeza sabem das calamidades que se abateram sobre Santa Catarina, estado onde vivo. Numa quinta-feira, eu estava ranzinza e tentei me animar escrevendo um post sobre músicas com chuva; no fim de semana seguinte ainda não havia parado de chover e os resultados de tudo isso vocês viram, ouviram e leram. Senti vergonha de minha falta de humor...

Enquanto famílias tentam se recompor e a imprensa local só fala do assunto, pensei em escrever algo alegre e ensolarado, já que, assim como a chuva representa a tristeza e lágrimas na maioria das canções, também o sol representa a esperança, a alegria, a sinceridade e a reconstrução, palavra que se tornou obrigatória por aqui. E ainda é nome de nota musical e tem a clave, mais conhecida da música!

Assim, segue uma listinha de músicas nacionais com esta idéia. E viva o sol!!!




1. "Tudo foi feito pelo sol", gravada pelos Mutantes, é daquelas letras pretenciosamente simples, mas que valem a pena; nos diz que devemos andar sempre ao sol e que tudo que fizermos será brilhante como ele. Eu, claro, lembro-me do apóstolo João nos dizendo algo similar, mas com outro sentido (João, 1:1-14).

2. "Sol de primavera", sempre graciosa, com um monte de mensagens bicho-grilo, ao final canta a alegria de uma nova estação que traz o sol, as flores e tudo o mais.

3. "Pela estrada do sol", que me lembra tardes de domingo vendo "Qual é a música", e a Perla balançando os cabelos e entoando esta bela melodia de esprerança no reencontro. É brega? Com certeza. E eu a-mo!

4. "Estão voltando as flores", que nos traz "um novo céu se abrindo" e "o sol iluminando por onde nós vamos indo". Bela, otimista e ainda faz recordar as bandinhas de praça e os coretos, que infelizmente conheço mais de livros e novelas que de fato.

5. "O girassol", fabulosa canção que Moraes Moreira gravou para os inesquecíveis musicais baseados em poemas de Vinícius de Moraes para crianças. Doce, alegre, divertida e cheia de trava-línguas!

6. E, por fim, a "Canção de Verão", rimada até no título, que traz toda alegria que representam o sol e dias de céu azul. E nós aqui estamos precisando um bocado deles!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Samba do blog doido

Ter um blog é fácil. Difícil é ter idéias para escrever. Não, nem tanto. Difícil é sentar quieta na cadeira e escrever alguma coisa digna. Quem não consegue, pode apelar para os seguintes expedientes:

1-Postar piadas

Todo mundo gosta de rir, não é? Então, gente, vocês conhecem aquela do... Ih, peraí. Não sei contar piadas. Vou catar alguma coisa no Google. Achei. É bem curtinha. Espero que gostem!

As mulheres dizem que homem não presta.A mãe do Leonardo di Caprio declarou que seu filho é um garoto muito prestativo.Logo, Leonardo di Caprio não é homem.

Ih, deu certo não. Alguém riu?

2-Postar vídeos

Já fiz isso, várias vezes. Desta vez, escolhi um dos Carpenters, em homenagem ao Nanael. E em minha homenagem também. Adoro a voz de Karen Carpenter e esse vídeo é bem fofo. Espero que gostem!




3-Postar poemas que não são seus

Não gosto muito de poesia, mas um dos meus poemas preferidos é um do Carlos Drummond de Andrade. O "Poema das Sete Faces". Mas vou colar só um trechinho, porque haja paciência para ficar copiando e colando. Quem quiser ler o resto, bote o dedo aqui. Espero que gostem!

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


4- Postar letras de música
Antes eu falei dos Carpenters. O nome daquela música é Only Yesterday. O vídeo é fofo e a letra também. Vou colar um pedacinho aqui. Espero que gostem!

Only yesterday when I was sad
And I was lonely
You showed me the way to leave
The past and all its tears behind me
Tomorrow may be even brighter than today
Since I threw my sadness away
Only Yesterday

Cantem junto, suas gostosa! É o refrão.

5- Postar pensamentos "nada a ver"

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram,mas na intensidade com que acontecem.Por isso existem momentos inesquecíveis,coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".(Fernando Pessoa)

Será que Fernando Pessoa é realmente o autor dessa coisa? Dou minha cutícula a quem confirmar a autoria. Espero que gostem!

É isso... Consegui fazer o pior post de todos os tempos, reunindo tudo o que mais odeio num blog. Ninguém está livre de faltar com a inspiração...

Mas, ainda assim, espero que gostem!