segunda-feira, 29 de junho de 2009

Será que você poderia...

... não falar sobre o tempo? Não entendo essa gente obcecada em falar disso o tempo inteiro. De vez em quando, eu até comento que está frio, ou que meus pés estão congelados, ou que eu gostaria de ter ficado em casa dormindo, por causa da chuva. Mas tem gente que extrapola. Gente capaz de passar a manhã inteira falando do clima, recitando de cor as previsões do Jornal Nacional, as do jornal impresso e as do vizinho da frente. Vai fazer nove graus? É óbvio que vai, estamos em junho e moramos no Rio Grande do Sul. Qual é a novidade? Estranho seria fazer essa temperatura em novembro. Aí, sim, seria o caso de passar o dia falando nisso.

... não comprar cds do Michael Jackson? Não agora. Outro dia, ouvi falar que os discos dele estão entre os mais vendidos da atualidade. Só por que o cara morreu? Aonde estavam esses “fãs” antes, quando o próprio Michael poderia se sentir amado e usufruir do dinheiro das vendas? Eu sei onde eles estavam: falando sobre as bizarrices do cantor e se lixando para as músicas. Comprando os cds agora, você vai passar atestado de “deslumbrado com a morte de um ídolo pop”, o que é uma grande besteira, pois Michael não foi o primeiro da sua estirpe a morrer, nem será o último. E vai também ajudar a sustentar aquele bando de urubus, que está, neste momento, sedento pela herança de seu parente famoso.

... desembuchar? Não sou capaz de entender o que se passa na cabeça de Gisele Bündchen. Dizem que ela está grávida, mas ela não confirma. Sendo assim, deve ser verdade, pois ela é especialista em negar qualquer coisa que lhe perguntem. Depois, a verdade sempre acaba aparecendo. Foi assim quando surgiram rumores de que Gisele namorava o Leonardo Di Caprio, foi assim na época do casamento às escondidas. Acredito que ela não queira ser mais uma celebridade super-exposta na mídia, o que é louvável. Mas custa tanto assim dar uma resposta sucinta? “Sim, estou grávida”. Pronto. Não precisa entrar em detalhes. Responder as coisas logo, sem rodeios, de uma vez só, evitaria um monte de especulações.

... abrir as benditas janelas do ônibus? Já escrevi sobre isso, mas não custa repetir. Ainda mais agora, com essa gripe nova, que já matou um aqui no Estado e blá-blá-blá. Eu não quero morrer de gripe suína! Imagine, que coisa degradante. Estou pensando seriamente em voltar para casa a pé, depois do trabalho. Não quero respirar o mesmo ar de uma cambada de gente que eu nunca vi na vida. Dia desses, fiz um discurso no ônibus. Não foi bem um discurso, comecei a falar sobre isso, sozinha. Uma coisa meio Mallu Magalhães. Deu certo: o tiozinho do meu lado abriu a janela. Pelo olhar que ele me lançou, tive certeza de que ele achou melhor não contrariar uma pessoa insana.

... participar dessa campanha do Kibe Loco? Sem comentários, minha gente.

"Peça e será atendido", não existe um livro com este nome? Não custa tentar...

sábado, 27 de junho de 2009

Merchandising

Mais um blog by Luna e Meg: Algodão e Acetona (AA para os íntimos)!
Se você gosta de esmaltes...Sijogue! Se você é tarado por mãos, errr, sijogue. Eu e Luna estaremos exibindo nossas mãos na medina, arrastando nossos sáris nossas mãos no mercado!

Eu pensava que pensava

Até o início do século, eu era cético, gelidamente cético. Entretanto, há cousas que jamais fiz, entre elas desrespeitar a crença alheia. Da mesma forma que não gostava do assédio dos que se dizem cristãos, também não gostava do ataque de outros céticos aos crentes.

Eu não zombava da astrologia, mas torcia o nariz e contava os segundos para que o assunto terminasse. Mas a argumentação dos outros céticos para condená-la sempre me soou infantil, simplesmente porque eles não estudam aquilo que criticam. Se cercam de estatísticas, cálculos sofisticados e muita retórica, mas ir de facto ao estudo sério e criterioso (como se esperaria de um cientista) eles não vão. A principal argumentação é o grande número de fraudes publicamente escancaradas. Aliás, esse tipo de cético adora um espetáculo de humilhação. Este erro a minha consciência histérica não registra.

Hoje sei o que é de verdade a astrologia, a magia, a religião, a fé, o milagre, sei diferenciar uma parábola fabulosa de um relato histórico. Mas para isso eu precisei mergulhar no mais baixo e gélido abismo de meu próprio inferno.

Eu respeitava os crentes, mas em mim o ceticismo era implacável. Cheguei a duvidar de praticamente tudo, guardando no banco de dados tudo aquilo que não satisfazia minha lógica medíocre. Medíocre porque era extremamente fria e se apoiava em um cientificismo extremamente pragmático. Cheguei ao cúmulo do materialismo quando conclui que a própria existência era inútil, porquanto impossível. Conclui que eu mesmo não existia. Bem, eu estava pensando a respeito, logo gerando um efeito, portanto eu existia sim. A matéria não cria e não perde, transforma. Então aquela conversa de que o universo teve um início antes do qual nada existia, caiu por terra. Não nego a teoria (para mim um facto) da grande explosão, mas ela foi conseqüência de uma concentração brusca e intensa de matéria como nossas mentes limitadas não podem conceber. Não saiu do nada.

A maioria dos céticos simplesmente conclui que cometeu algum erro de cálculo e que deve confiar cegamente nos diplomas e na pompa dos acadêmicos. eu conclui ter cometido algum erro, mas nunca confiei na infalibilidade de um homem, ainda mais no jogo de poderes e vaidades que é a comunidade científica, bem mais machista e racista do que os leigos podem supor, como qualquer entidade que detenha um poder significativo.

Isto e um tsunami de outros factores frearam meu ceticismo, que se viu obrigado a olhar para si mesmo, contrariando o pouco orgulho que eu tinha. Porque ateísmo tem muito de orgulho, bem pouco de crença na inexistência, que não existe.

Desde então passei a não acreditar no que queria e não desacreditar no que não me convinha. A porta para a verdade estava não aberta, mas arrancada do portal e transformada em lenha para a lareira. Aos poucos as parcelas de verdade me vieram pelos meios mais estranhos, como Brida, de Paulo Coelho. A certa altura do livro, em que ela e a mestra estavam conversando, meus ouvidos zuniram com a reprimenda irlandesamente sutil da própria Brida: "Estamos falando de você, idiota!". Não foi um pensamento pura e simplesmente, ou não teria virado a cabeça para ver quem me xingou.

Nos anos que se seguiram eu li tudo o que me caía em mãos, a respeito. Antes eu simplesmente guardava para quem gostasse de superstições. Um dia me deparei com um artigo sobre Michel Gauquelin, muito bem escrito por Edil Carvalho, que me esclareceu muito. O que estudei mais tarde confirmou o que tinha lido na matéria. Mais do que isso, me provou que havia muito mais verdade nos contos de fada do que eu supunha. Provavelmente disfarçaram tudo na linguagem figurada para burlar a inquisição.

Embora por alguns séculos tenha havido uma separação até necessária, descobri que religião é uma área da ciência, não sua rival. Foram seiscentos e sessenta e seis anos de atraso, que teriam se arrastado até os dias de hoje se os papas tivessem tido a ciência biológica e matemática nas mãos. A propósito, para quem acha que houve injustiça na eleição de Ratzinger, eu digo que foi bem feito, está sendo um castigo para ele ter que moderar suas posições e sua língua, ainda mais por estar sendo obrigado a dialogar com outras religiões.

Mas quem abriu de facto as portas do mundo de verdade para mim, foi a Mestra Eddie. Ela tem o mérito de não se contradizer, como também de explicar a contento (não em excesso) o que ensina. Fora que ela tem uma visão de disciplina e méritos muito parecida com a minha, então nos bicamos bem. Ela me mostrou que fantasia é acreditar que o nada fez o tudo e o sugará de volta algum dia. Como se a natureza fosse burra para fazer algo com o único intuito de desfazer. Ela é a bela morena no retrato acima, à direita, mas é casada, parem de assanhamento.

Assim como conclui que o cérebro não armazena nada, não memoriza, não raciocina, enfim. Não tem estabilidade para guardar dados. Ele é uma ligação entre o corpo e o seu ocupante. Longe de ser um computador, é mais um conjugado de antena filtrante com roteador e moden. Mas isto é outra história. Ao contrário do que muitos vão pensar, eu não me transformei em um bicho-grilo que quer viver de amor em um mundo onde o trabalho físico é imperioso. Quem já leu meus textos sabe que não. Tenho os pés muito firmes no chão, como bom taurino com ascendente em virgem e Saturno ruleando no mapa astral. Meu pensamento ainda é cético. Como é possível meu pensamento ser e eu não? Da mesma forma como meus cabelos continuam crescendo e eu não. Tendo o pensamento cético, eu não caio nas garras de pastores e bispos que vendem milagres, óleos santos de Israel, saladete santa de Jericó ou viagra santo de Itu. Aliás, vocês têm idéia do quanto o sujeito precisa estudar, trabalhar e viver a vocação para se tornar bispo? Gente, não é conseguir popularidade, curar um ceguinho e angariar recursos no prazo de poucos anos. A maioria dos padres não consegue chegar a bispo, é uma questão seríssima de competência e afinidade com a vocação. Não um ou o outro, tem que ter a ambos e em grau elevado.

Tudo isso me levou a outra conclusão: Os teístas são os maiores fabricantes de ateus. Foi o que o Mestre disse por intermédio de seus "anjos" mais próximos, o maior inimigo do cristianismo não está fora da igreja, está nos bancos, bem próximo do altar, crente de que detém a verdade absoluta e inquestionável nas mãos. As bizarrices que enchem o Youtube são prato cheio para os ateus radicais. Enquanto os fiéis não tomarem tipo, tudo o que disserem soará como alucinação coletiva, ainda que o tumor realmente tenha se pirulitado do cérebro sem deixar marcas.

Médiuns não têm o desejo de serem especiais, salvo os corrompidos que vendem milagres e chamam de demônio qualquer espiritozinho mequetrefe que incomode alguém. Para começar, mais da metade da humanidade é reencarnacionista, logo quase toda a humanidade é teísta, então são os ateus que teriam esse desejo de serem especiais e chamar atenção.

Jamais tive distúrbios cerebrais e meus encephalogramas são um atestado de sanidade. Eu já vi uma salamandra saracoteando pelo rodapé do meu quarto, enquanto fazia a prece diária, que dura de cinqüenta minutos a uma hora. Posto que nenhum distúrbio deu as caras, ela realmente estava lá. Posto que minhas preces são sempre voltadas para o alto, era uma criatura boa e comprometida com as causas do Cristo.

Aos irmãos de caminho e outros religiosos em sintonia com minhas palavras, peço que respeitem os ateus. Lembrem-se do que Ele disse: Não sabem o que fazem. Eles realmente pensam que sabem tudo e que o que não estiver dentro das previsibilidades de que dispões, não existe nem tem o direito de existir. Não tentem demovê-los, da mesma forma como vocês não gostam que o façam consigo. É chato. Eu lembro bem da minha época de cético e afirmo: É chato pra lá de Bagdad. Vocês não vão conseguir dissuadir um cético nem que estejam realmente imbuídos de santidade, ninguém muda uma pessoa a não ser ela mesma. Insistindo, o tiro sai pela culatra, é bem melhor tê-los como amigos. Eles não rezam, então rezemos por eles, isso não interfere no livre arbítrio.

Aos reencarnacionistas, sugiro estudar a fundo a mitologia grega e um pouco de psicologia, vocês vão se surpreender com o aprendizado.
Se antes eu pensava que pensava, hoje sei que só rudimento. Aos que estão pensando que finjo ser a criatura mais humilde do mundo, vá cuidar de sua vida.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Raiva

É um buraco no meio do estômago. Uma sensação de eletricidade percorrendo o corpo, como uma necessidade premente de fazer algo. Mas não algo de bom. Algo que traga tanta dor à alguém, como essa que você sente.

É sentimento negativo, sim. Faz mal, sim. Mas quem é que está livre de sentir isso?

O próprio JC, não sentiu isso ao tirar do chão as barracas dos vendilhões do templo?

Por isso, a raiva tem seu lado transformador.

Pode trazer algo de bom, sim. Mas vai sempre tirar algo de você também.

Mas chega um ponto, que não dá pra engolir.

Você tem que por isso pra fora (sem piadas erotomaníacas, por favor). Tirar isso de dentro de você.

Mas quando você, conscientemente, não quer ferir ninguém, comofas/?

A Raiva está aqui, alojada na boca do estômago. Me fazendo escrever um dos textos mais cruelmente toscos de toda a existência do Talicoisa.

Não posso bater em ninguém, não posso fazer mal a outrem.

Não posso fazer mal aos outros, tampouco a mim mesmo.

Eu só quero que isso saia de mim. Me permita encontrar paz. Me permita encontrar sossego interior, pra seguir minha vida.

Mas porque isso não vai embora? Porque eu preciso aliviar essa tensão, dissipar esse nódulo.

COMO?!?!

Ainda não sei. Mas eu volto semana que vem. Se Deus permitir, mais calmo.



E pra extravasar, só um pouquinho: http://www.youtube.com/watch?v=5WejPtT5760

Plantão talicôsico maicoujequissoniano

Perdão, Fio, mas isso aqui vai no teu dia...



Coisas que ocorrerão após a confirmação da morte de MJ e seu lapso temporal:

1. Piadinhas/montagens sobre a morte/estado de Michael antes da morte/decomposição/Michael Zumbi: 0,1 segundos

2. Três zilhões de uso do termo "o rei do pop", que a lenda diz que ele exigiu que lhe fosse atribuído e repetido toda vez que seu nome fosse citado: 1 segundo

3. Teorias da conspiração: 1,02 segundos

4. Charges de Michael no céu/inferno/uadéver: 1,03 segundos

5. Programas sobre a carreira do "rei do pop, desde o sucesso na infância até sua progressiva degradação" e outros clichês quetais: 1,04 segundos

6. Entrevistas com fãs famosos/pseudofamosos/amigos dos dois grupos anteriores/totais desconhecidos: 1,05 segundos

7. Entrevistas com imitadores de MJ/fãs-clube: 2 segundos

8. Entrevistas com autoridades da medicina (legal, plástica e geral), bem como da psiquiatria/psicologia/sacerdote e/ou similar de qualquer tipo de religião existente/médium (ou uadéver) que previu a morte de MJ: 2,01 segundos

9. Lançamento fonográfico e correspondente pirataria da "vida e obra de MJ": 2,02 segundos

10. Listas idiotas das coisas que ocorrerão a partir da confirmação da morte de MJ: 1 dia

E por falar em bonequinhos e pessoas que tem legiões de fãs (vide post abaixo)...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quer um gole de Jesus?

Dia desses, ao passar pelo meu itinerário habitual, deparei-me com um out-door com um anúncio que me deixou engomada, passada a ferro e no cabide.
Água mineral 100% Jesus, a serviço do reino de Deus. Não sei se vocês sabem, mas sou protestante, de denominação luterana. Ver aquela propaganda me fez pensar em tantas coisas, mas cito aqui cinco delas:
1. Até onde vai a cara de pau das pessoas ao usarem a religiosidade alheia para vender seus badulaques?
2. O que diriam os reformadores ao verem as igrejas atuais, ditas evangélicas, fazerem as mesmas coisas contra as quais eles tanto lutaram? Sim, porque tem óleos santos, fitinhas abençoadas y otras coisitas más...
3. O que pensaria o próprio Cristo, ao ver seu nome numa garrafinha de água mineral?
4. O que mais eles vão lançar?
5. Jesus serve até como contra-propaganda? Nos EUA fizeram campanhas contra determinados produtos perguntando "Jesus compraria?"

Mas não venham vocês pseudoateus rirem da minha cara. Também tem camiseta, bótom e o escambau de Che Guevara e até bonequinhos de Karl Marx. Não é só a minha fé que está à venda...

Olha que fófis esse Marxinho!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

What are you doing?

Bebendo: Coca-cola, sempre. Apesar do frio.
Comendo: Nada, mas quero uma omelete. Será que, se eu adicionar um pouco de sopa em pó, em vez de queijo, fica bom?
Vestindo: Calça jeans, camisa branca e uma blusa preta de lã.
Jogando: Flags of the World, no Sporcle. Já consegui decorar todas as bandeiras, de todos os países. A minha estratégia foi jogar primeiro aqueles jogos com as bandeiras de cada continente. Depois, foi fácil vencer o Mundial. Se isso servisse para alguma coisa...
Lendo: Terminei ontem “Os Cinco Porquinhos”, da Agatha Christie. No computador, estou lendo toda a saga de Avalon, um livro de cada vez. E ainda quero retomar o "Persuasão", da Jane Austen, que eu consegui naquele site de troca de livros...
Baixando: Pet Sounds, dos Beach Boys, que eu ouvi num especial de rádio e gostei. Tem tudo a ver, já que só ouço música velha mesmo...
Ouvindo: Madonna cantando "Material Girl".
Tempo: Frio moderado e chuva moderada. Dia cinza, ótimo para ficar em casa.
Pensamento maldoso do dia: Por que a Vanessa da Matta não dá um jeito naquele cabelo? O meu cabelo não é nenhuma maravilha, mas eu não apareço na tevê. Dica.
Pensamento maldoso do dia II: A Miley Cyrus tem cara de burra. Como se não bastasse, ela imprime brega, como diria a Érika Palomino. Triste a geração que tem isso como ídolo.
Trabalho: Cansei. De não fazer nada. Hoje foi o dia mais parado da história da humanidade.
Desejo 1: Jogar The Sims 3. Mas não tenho, ainda. E acho que meu computador não vai suportar a "carga". Vai encesiar de vez!
Desejo 2: Terminar de ver a décima temporada de E.R.
Desejo 3: Dormir.

Há quem diga que o Twitter é chato, porque a maioria das pessoas só escreve irrelevâncias. Mas os blogs também não servem para você escrever as suas impressões pessoais? Tudo aquilo que você viu, ouviu, gostou, não gostou, quer, não quer, comprou, quer comprar. Tudo aquilo o que aconteceu, enquanto você fazia planos.

E o que é a vida cotidiana, senão um amontoado de irrelevâncias, uma após a outra?

sábado, 20 de junho de 2009

Mickey mau, muito mau!

Disney criou o Mickey para ganhar dinheiro, tirar parcelas dos salários do operariado para o consumo sem tréguas de um artigo fútil. Foi um criminoso que simpatizava com o nazismo até que este se tornasse uma ameaça aos Estados Unidos.

Morte ao Mickey! Morte ao Pateta! Morte à Branca de Neve, que já morreu uma vez, mas não custa dar uma colher de chá!

Os simbolismos imperialistas e satânicos dos personagens Disney são inúmeros, como as orelhas do Mickey. Elas jamais se viram. Não interessa por que ângulo se olhe, elas estão sempre de lado e em diagonal, como a suástica nazista, os dedos do satã e a calçola da minha sogra, que vive pendurada no meu varal. Usam imagens de bichinhos falantes para alienar nosso povo desde a infância. Chega! personagens infantís têm que ser grotescos, repugnantes e responder mal aos pais.

Todos os que colaboram com a Disney também devem morrer. Como aquele faxineiro traidor das causas proletárias, que deveria ter deixado a poeira estragar os originais dos primeiros filmes, levando assim a Disney à falência. Claro, ele ficaria desempregado e a família passaria fome, mas é um preço justo a se pagar pelo fim do império do mal. O que é o choro de uma mísera criança pequena, se comparado à glória de uma ditadura proletária?

O mesmo para todos os colaboradores de todas as multinacionais, que deveriam fazer greve perpétua para desestabilizar as forças reacionárias. O mecânico que monta um motor para um carro de marca estrangeira deve ser flagelado pelas próprias ferramentas.

Vamos boicotar os heróis pasteurizados importados e prestigiar os nossos, aqueles que a pressão econômica e a competência dos artistas estrangeiros sufocam; como o Zé Lavrador, herói revolucionário em prol das causas camponesas e dos povos da floresta; o Mascarado Favelado, justiceiro que luta contra as forças do regime estabelecido em prol da descriminalização das drogas; o Universitário Gremista, que adia indefinidamente sua formatura para abrir os olhos dos filhinhos de papai, que tomam Toddy de manhã e querem viajar nas férias, em vez de fazerem piquetes e jogarem coquetéis molotov na polícia; o Politicamente Correcto Solitário, nem precisa dizer porque ele é solitário. Estes e tantos heróis que vivem a vida de verdade, não uma fantasia que exibe a vida como se ela fosse boa, heróis feios, sujos, sem educação e que nunca tomam Coca-Cola nem banho. Heróis como o povo brasileiro.

Hai hai hai mil, vai pra fora do Brasil!

Vamos queimar as revistas de licença estrangeira! Morte ao Wolverine! Ele sim, uma representação fiél das intenções imperialistas. Morte ao Garfield! Morte à Luluzinha, que nossos heróis nacionais já estão providenciando! Morte à Lady Death! Morte aos zumbís! Morte ao Gasparzinho! Morte à Família Adams.

Não é porque eles são talentosos, organizados, profissionais, cumprem com prazos e cobram o preço justo que devemos comprar seus quadrinhos. Compremos nossos gibís, ainda que mal desenhados, sem pé nem cabeça, amadorísticos, azedos e que não valham o papel-jornal em que foram xerocados. Toda a renda será revertida em viagens à China, à Coréia do Norte e à Cuba, na primeira classe, para nossos líderes libertários trazerem novas idéias e novos métodos de cabular aulas, já que as desculpas dos protestos já estão perdendo efeito.

Os costumes importados que as publicações da Disney trazem, dissolvem a nossa cultura nacional, dissolvem a cultura local e imaculada de cada comunidade proletária, que jamais deveria sequer ter energia eléctrica para que sua cultura jamais evolua, e assim seja preservada para a posteridade, para que seja estudada como objecto de pesquisa que cada aldeão é.

Disney não morreu, ele está escondido em alguma mansão secreta, sustentada pelos rios de dinheiro que os pobres e inocentes trabalhadores jogam, inocentemente em sua pureza virginal, no leito perverso e pernicioso do Grande Capital. Sua morte foi uma jogada de marketing para alavancar as vendas dos productos Disney, para que não paremos de pensar em Disney, para que não paremos de comprar Disney. Chega! Isso precisa ter um fim! Vamos boicotar a Disney. Vamos parar de comprar Disney. Vamos parar de pensar em Disney. Nunca mais diremos o nome Disney. Poque quanto mais se fala em Disney, mais se pensa em Disney. Vamos, façamos um exercício. Repitam comigo: Esquecerei a Disney, esquecerei a Disney, esquecerei a Disney... Repitam ad infinitum até que tenham esquecido a Disney. E também o Mickey, seu mais fiél e astuto agente. Amigo de um chefe de polícia, e todos sabemos que a polícia é má, é contra os ideais libertários pregados pela Coréia do Norte, pela China e por Cuba, paraísos proletários estabelecidos na terra. Lá não existe Disney, nem Mickey, nem Super Homem, nem Mulher Maravilha... Heim? Peraí, não vamos radicalizar, heroínas são portadoras da revolução, e legalizar a heroína é uma das bandeiras da revolução, assim como o sexo totalmente livre, o aborto como método anticoncepcional, o fim dos banhos e de ter que chegar em casa antes da meia-noite.

Todos os males que assolam nosso país vêm de fora. É por causa de Hollywood que nossos cineastas não conseguem estar em todas as salas de cinema. Um conlúrio com o governo Lula dificulta o acesso de nossos artistas aos recursos públicos, e todos sabem que é impossível fazer cultura sem o dinheiro público, ainda que Disney tenha provado o contrário. Não discutirei o impacto da meia-entrada obrigatória, é uma conquista estudantil e o grêmio é soberano, não deve satisfações a ninguém.

Os filmes clássicos da Disney só têm brancos, desrespeitando a pluralidade racial e étnica, mostrando que gente pobre pode subir na vida e alegrando a platéia. Filmes não são para alegrar, filmes devem revoltar, quem vê um filme vede sair da sala de cinema e começar a quebrar tudo. Ajudar é coisa de imperialistas, o proletariado tem é que destruir. Morte à meiguice, à bondade, à gentileza, ao casamento e a todas as instituições estabelecidas para a perpetuação das forças burguesas no poder.

No tempo do AI-5 é que era bom, a gente tinha contra o que se revoltar e não precisava usar desculpas esfarrapadas.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Übermensch

Ele andava pela calçada da praça. Era uma tarde fria de inverno. As folhas caíam das árvores, criando um tapete amarelado.

Sento-se no banco. O livro que carregava embaixo do braço, "Assim Falou Zaratustra", pos a seu lado.

Olhava a triste paisagem à sua volta. O mundo que conhecera de garoto havia desaparecido. Agora, apenas jovens com roupas estranhas, que não brincavam, apenas olhavam um para o outro com um olhar choroso.

As moças, tão graciosas de seu tempo, já não tinham mais a mesma graça. Não andavam como antes. Não tinham mais aquela leveza. Não tinham mais sensualidade. Só a sexualidade transbordante. Não escondem mais seus corpos, brincando de seduzir. Mostram o que todos querem ver. Sem pudor.

Os empregos não pagam mais tanto quanto antigamente. Os empregos não são mais os mesmos. Não se passa 20 anos numa empresa. Hoje, quando se sai de uma empresa, se sente alívio. Não mais pesar por deixar os amigos e companheiros de tantos anos.

Não se agrega mais determinados valores às coisas. Não se vive mais, plenamente, como era antes. Ele é de uma época em que viver plenamente era saber que se vivia. Não usar de substâncias para esquecer que se vive, porque a realidade é muito dificil de aguentar.

Ele vem de uma época em que Deus não "está morto", como diria o filósofo de bigodes proeminentes.

Ele olha em volta, e sente uma lágrima escorrendo por seu rosto.

Mas um fogo se acende dentro dele, nesse momento.

É hora de mudar. De deixar o casulo. Ser o "homem novo" que o Cristo falou.

Ele olha para cima, e agradece aos céus por isso.

Vê um pequeno garoto chutando folhas. Lhe oferece o livro, e diz que é "apenas algo pra lembrar pro resto da vida". O garoto sorri, e vai embora, carregando o livro. Senta-se na sarjeta, e começa a ler.

Ele sorri.

Fecha os olhos, com coragem.

E a vida acaba.



Ou começa...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Goggomobil tapando buracos

Todo mundo preocupado com a crise, os carros ficando mais econômicos e alguns fabricantes até encolhendo seus modelos. A Chrysler se associou à Fiat e passará a vender alguns carrinhos italianos com retoques e novos emblemas. Para quem não sabe, por lá o Opala é um carro médio, enquanto nós o consideramos enorme.

Divulgador do antigomobilismo e conhecedor do assunto, me lembrei de uma das mais bem sucedidas marcas de micro carros da história; Goggomobil. Como o acima.
Lançados pela Glas, empresa alemã que produzia implementos agrícolas e ia mal das pernas, o primeiro modelo foi o sedã T 250. Mal passava de 75km/h, mas na Alemanha ainda empobrecida dos anos 1950, o que importava era a autonomia, ele passava de 20km/l em uma época em que os 10km/l do Fusca eram uma bela marca.
O segredo do sucesso dos carrinhos da Glas era não ter segredos. Simplicidade a toda prova. Tanta simplicidade que, no primeiro ano, o T 250 só tinha limpador no lado do motorista, e os vidros eram fixos, mais tarde seriam de correr. Com menos de três metros de comprimento (O Mille tem cerca de 3,64m) e cerca de 390kg, ele economizava não só o combustível, mas matéria-prima. A Europa não tinha o cabedal para lida com plástico reforçado que os americanos aplicaram no Corvette com sucesso (até hoje), então eles eram feitos de aço estampado, como os carros normais ainda são, mas espero que isto mude logo.
A marca desapareceu em fins dos anos 1960, dois anos depois de a BMW a ter comprado. Antes, porém, a marca bávara experimentou um relativo sucesso com a experiência da Glas, construindo o modelo 700, que salvou a montadora da bancarrota. Dez centímetros menos que o Mille, era pequeno até para os padrões europeus, mas muito maior do que os micro carros normais (a maioria nem se parecia com carro), usava o motor da motocicleta BMW R67, com o qual ia a 125km/h.
A Goggomobil licenciou a produção de seus modelinhos (sedã, coupé, furgão e derivados) em várias partes do mundo, inclusive na Argentina, que teve muito mais juízo do que nós e aceitou bem a novidade.
A questão agora é a chance de termos novamente carrinhos em miniatura como aqueles, circulando em grande número pelas nossas ruas. Não acredito que o quase invisível Peel p50 (à direita) volte, ao menos não como carro de série. Há quem faça réplicas, mas são caras. A firma mais famosa é a inglesa Andy's Modern Microcars, que cobra em Libras pelo artesanato.
Mas veículos com dimensões mínimas para pelo menos duas pessoas trafegarem em segurança, que atinjam não menos que 80km/h, estou certo de que seriam idéias para o uso cotidiano em nossas cidades, ainda mais nas ruas estreitas que nossas prefeituras nos insultam, chamando de "avenidas".
Se até os Estados Unidos tiveram seus "micro carros", sendo a Crosley a marca mais longeva, com aquelas ruas imensas, em uma época em que carros com menos de cinco metros eram considerados pequenos, por que nós não tomamos vergonha e aceitamos a idéia? A Gurgel lançou um modelo próprio para isso, mas nossa estupidez elitista nos fez torcer o nariz. Incluo na bronca os sindicalistas que se dizem defensores dos valores brasileiros, mas não deram a mínima para a mais expressiva indústria automobilística nacional já fundada, pensando apenas nos "direito dus cumpanhero trabaiadô".
Temos hoje uma pequenina manufatura que produz uma réplica da Isetta, um ovinho fabricado no Brasil pela Romi, sob licença, nos anos 1950/60. Mas mais uma vez a gasolina barata nos fez torcer os narigões para uma solução efetiva. Gosto de carrões, mas não gosto de uma boa idéia ser desperdiçada. Micro carros (desde que tenham a segurança actualizada) são uma idéia genial. Dá pra enfiar três em uma garagem normal, e um ou dois em uma garagem de condomínio.
Eu gostaria muitíssimo de ver esses negocinhos que parecem de brinquedo, tomando o lugar dos carros comuns, na hora do rush. Para quem está começando a carreira de motorista, seriam uma maravilha, principalmente na auto escola, pois são simpáticos, ajudam muito a perder o medo da direção.
Espero, sinceramente, que o fim do mundo (porque o mundo como o conhecíamos acabou, lamento) tenha injetado humildade suficiente para que aceitemos carros de tão pequeno porte. Não dá para se exibir para a molecada, graças à Deus, são carros necessários. Nada impediria que opcionais luxuosos fossem incluídos nos pacotes, mas definitivamente o tamanho limita tudo. Não daria para esticar as pernas, não daria para por cem quilos de som (alguns não tinham cem quilos) e não dá para apostar corrida com o Vectra GT do vizinho.
As mulheres seriam as maiores clientes, com certeza, pois mesmo o Peel P50 foi feito para levar uma pessoa e uma sacola, ou seja, ir e voltar da feira com mais conforto e segurança do que em um ônibus urbano. Eu compraria um Crosley, pois é mais encorpado e ainda custava pouco.
Quando eles voltarem (Pois Deus é misericordioso além do infinito e eles voltarão) façamos o que deveríamos ter feito há sessenta anos, guardemos nossos carros para viagens ou compras, usemos micro carros no cotidiano.
Edição: Vejam só, termino de tapar o buraco e publicam o texto normal de hoje!

A incrível mosca de Obama

Todo mundo já deve ter visto o vídeo no qual o presidente dos EUA mata uma mosca, e depois graceja pedindo para que a filmem. Não deu outra: close no inseto, morto no carpete.

Se vocês observarem bem, verão que o bicho com o qual se digladia Obama mal aparece no vídeo. Nem de longe pode ser o mesmo cadáver, mostrado ao final, em close. Dublê de dorpo de inseto: taí uma coisa que eu achei que jamais veria. E não fui só eu quem achou que o de cujus foi colocado ali de propósito, para ser filmado: o Querido Leitor também. Dá uma olhadinha no que a Rosana Hermann diz ali no PS.



Algum assessor colocou uma mosca morta ali, para parecer que o Presidente foi certeiro, com certeza, Rosana! Mas será por puro puxa-saquismo? Eu acho que não. Os estadunidenses adoram suas instiuições. Ali, tratava-se de enaltecer a Presidência e a República, não o presidente em si. É a função, o símbolo, não a pessoa o que se trata de preservar.



Por falar nisso, uma das lendas que cercam a criação dos ursinhos de pelúcia vem de uma história de preservação de símbolos. Dizem que Theodore Roosevelt gostava muito de caçar ursos, mas tinha péssima pontaria. Em uma de suas caçadas, condoídos com seu presidente e zelosos de seus símbolos, os cidadãos da região onde ele estava colocaram um urso empalhado, para elevar a auto-estima de Theodore e preservar a instiuição republicana, por ele representada. Diz que deste gesto nasceu a idéia de criar os ursinhos de pelúcia e chamá-los de Teddy Bear (lembrando que Teddy é apelido de Theodore), e mais ainda: de dar ursinhos Teddy para seus pimpolhos.



A outra história conta que o presidente ficou com pena de atirar num filhote de urso oferecido a ele, o que imediatamente foi usado pela mídia e daí elevando o bichinho de pelúcia a um dos brinquedos mais amados dos EUA. De qualquer forma, mostra a força que tem a instituição da presidência, a ponto de tecer lendas até mesmo da criação de brinquedos.



Voltando à mosca... será que vai ter mosquinha de pelúcia pra vender de hoje em diante?












Fofinha, néam?

sábado, 13 de junho de 2009

Adeus, Luluzinha

Não satisfeitos em matar a Turma da Mônica, a indústria de quadrinhos do Brasil se esmerou em assassinar uma das personagens mais antigas e fiáveis da história.

Luluzinha nasceu pelas mãos de Marjorie Henderson Buell, a Marge, em 1935, em charges para a revista The Saturday Evening Post. O sucesso foi grande. Depois da Segunda Guerra Mundial ela ganhou sua própria revista, pouco depois veio seu antagonista, o Bolinha. Eram estórias de crianças agindo como crianças, resolvendo seus problemas como crianças. Nada de neuroses politicamente patéticas para camuflar preconceitos. Bolinha era gordo, ela não tinha esta alcunha à toa.

O mérito de mostrar crianças agindo como crianças é o facto de elas não guardarem rancores, Luluzinha e Bolinha brigavam como cão e gato, mas depois vontavam a brincar como se nada (ou quase) tivesse acontecido. O mais importante é que as estórias originais tinham conteúdo. Crianças não são anjos nem demônios, eles se esquecem disso.

O que fizeram foi comprar os direitos autorais para uso no Brasil, da marca, e inventaram um mangá dos mais vagabundos. Sem presonalidade, sem propósito, sem argumento, sem o toque de Marge, que foi solenemente deixado de lado em nome de uma mercadologia estpúpida que não leva em conta a qualidade do entretenimento, mas unicamente o filão de mercado. Ei vi o mangá, estava cheio de "bichôs".

Luluzinha perde seus lindos e característicos cachos, Bolinha fica magro (hereeeeeeeges!) e cheio de trapos para dizer que está "na moda", enfim, mataram a personagem. Luluzinha jamais seria politicamente correcta, desceria o pau para defender aquilo em que acredita, mas nunca tentando poupar farpas. Aliás, quem conheceu a verdadeira sabe o quanto as suas podiam ser afiadas. Tudo terminava bem nas estorinhas? Nem sempre, mas sempre havia coerência e o leitor, desde os recém-alphabetizados até os mais velhos, ficavam satisfeitos com a trama.

A mesma editora que tira bons títulos do mercado sem dar satisfações ao leitor, como se estivesse fazendo um favor em vender, usa como trunfo a aparição de artistas e personalidades da vida real na Lulu Zona. Me desculpem os fãs de bobagens fúteis de televisão, mas virou um Malhação de papel, sempre abordando de forma superficial e inconsistente, temas aparentemente vitais e actuais. É aqui que mais peca, querer ser sempre actual.

Eu gostaria sinceramente de ver a Luluzinha em várias versões em épocas diferentes e para públicos diferentes. Por exemplo Luluzinha criança, nos anos 1940/1950; Luluzinha adolescente, nos anos 1950/1960; Luluzinha mocinha, nos anos 1960/1970; e finalmente Luluzinha mulher, nos anos 1970/1980. Isto sim faria diferença para a melhor e, de quebra, ajudaria as pessoas a compreenderem as épocas retratadas, no que também veriam onde erramos para haver esse quadrinicídio generalizado.

Se um dia der lucro e não der cadeia glamourizar uma Lulu prostituta sob a coleira de um Bola traficante, eles assim o farão. Se valem de nossa conhecida letargia para fazerem das suas sem quererem saber de nossas posições. Depois saem por aí, reclamando que "quadrinho não vende no Brasil", que o público está viciado em mangás japoneses, et cétera. Por que será? Será porque as tramas são consistentes? Será porque os desenhos são bonitos e bem feitos? Será porque as editoras só prestam serviços e os autores, donos das obras, ouvem o que o leitor quer? Será tudo isto e mais um pouco? Sim. Quem já leu Nana, sabe do que estou falando.

Por estas e outras tenho cada vez mais desprazer em ir à banca do Valteir e ver o monte de lixo que encobrem as boas obras. Gibis bons, como o da Tina, são mandados de vez em quando e muito irregularmente. Imaginem a Luluzinha. Pois o mesmo feito aos quadrinhos é feito com tudo, desde programas de tevê, passando por alimentos até automóveis e apartamentos, estes com garagens para mini bugues, nunca carros normais, por causa da especulação.
Jean Okada desenhou uma versão adolescente dela, que ficou bastante coerente do que seria a turma dela nos dias de hoje, principalmente por ter respeitado aqueles maravilhosos e característicos cachos naturais e bem penteados, formando duas flores de cabelos na frente. Infinitamente melhor do que o mangá genérico que acabou levando o nome. O Jean sim, deveria ter ficado com a missão de desenhar a garota já crescidinha.

Luluzinha e Bolinha eram dois monstrinhos, muito longe de serem os anjinhos de candura que muitos pais sonham que seus filhos poderiam ser. Mas eram crianças, nenhuma criança sadia é uma ilustração, para ficar quietinha e jamais dar dores de cabeças à família. Mas daí a se tornarem marginais, como alguns editores fazem com bons moços de outrora, também é um quadrinicídio com requintes de crueldade.

Não publicarei aqui aquele mangá fajuto, para não dar mais publicidade, apenas presto uma homenagem à Marjorier, que como mulher teve o esmero materno de criar uma criança, que era a verdadeira acepção de uma criança. Publico uma versão do genial Jean Okada.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

De amor, tesão, e coisas afins...

Sim, dia dos Namorados e Adriane aproveita pra atropelar meu dia. Que os pulgas de mil cabelos infestem suas partes pudendas, e que seus braços sejam muito curtos pra se coçar, herege!

Bem, voltando ao assunto...

Dia dos Namorados. So what?

É como os dias santos. O povo só lembra que Deus existe quando tem um dia em que a rotina tem que ser alterada. Como na sexta-feira santa, que tem que se abster da carne vermelha. Ou no Natal, quando tem que comprar presentes e fazer uma ceia bem farta.

Ou na Páscoa, que tem que comprar ovos de chocolate.

Poucos lembram que Deus está lá todos os dias.

Poucos lembram que é necessário vigiar e olhar, e orar, e etc.

Do mesmo jeito que poucos lembram que aquela pessoa que está à seu lado, precisa de atenção, cuidados, carinho, afeto, sexo, e tudo mais, todos os dias.

Especialmente aqueles à quem a rotina já atingiu.

Um casamento pode ser mortal pra um relacionamento. Porque você se acostuma demais com quem está do seu lado.

Mas não escrevo hoje apenas olhando aspectos negativos. Tudo isso é só pra lembrar que não existe apenas UM DIA pra lembrar que alguem especial está ao seu lado.

Isso tem que ser lembrado TODOS OS DIAS.

Feliz Dia dos Namorados, à todos. Em especial, à nossa Rafa. Parabéns, Ordinária!



Só pra manter o bom humor... :P

Como cantar o "T"

A música brasileira tem, ultimamente, muitas de suas pérolas mais preciosas relacionadas ao sexo. Sutilezas líricas como "créu, créu, créu" fazem parte de nosso dia-a-dia. Mas nem sempre foi assim. Nem sempre se cantou o sexo e o tesão. Assim, em pleno dia dos namorados, nada como lembrar de músicas que cantam o famoso "T", desde as primeiras aventuras com a palavra. Quatro de tesão (com trocadilho, faz favor), e, com diria o pessoal do Video Show, direto do túnel do tempo...

1. Escrito nas estrelas: "pois sem você meu tesão/não sei o que eu vou ser/agora preste atenção/quero casar com você". Sexo e tesão, com muita rima óbvia e um singelo pedido de casamento. Sintam a linha dos dançarinos vestidos de coraçãozinho. Era 1985, mas ainda se falava de casório. Awnnnnnnnnnnnnnnn!
2. Olhar 43: "E pra você eu deixo apenas/Meu olhar 43,/ Aquele assim meio de lado/Já saindo/Indo embora, louco por você (que pena)/Que desperdicio! (tesão)". A música, gravada em 1985, que lançou o termo "olhar 43", fala de amor à distância, de vontade de ter a mulher amada, em meio a muito órgão sintético. Era a década de oitenta, e TODO MUNDO tinha música com órgão sintético e/ou solo de saxofone. Tesão, mitologia e uma mulher que só escuta o adversário numa canção em que TODOS cantavam "p." nenhuma me vez de "coisa nenhuma". Indício da sutileza paquidérmica que estava por vir?
3. Nem um toque: "faz de tudo/pra chamar minha atenção/(tesão)". Paquerinha e tesão susurrados nesse hit da Deusa de 1987, que também fala do amor pretendido mais ainda não realizado. Apesar de tudo, ainda era uma romântica geração, néam?
4. "Me chama que eu vou": "Te sinto por dentro/Te levo na palma da mão/Te toco no centro/Te abro tesão/Brincando, bolindo/Ardendo sem medo do prazer". Sutil como uma manada de elefantes dançando a Macarena, esta música-chiclete abria (ou melhor, escancarava) as portas para uma torrente inesgotável de sensualidade (rá!) que afundaria a década de 1990 em "É o tchan!"(primeiramente Gera Samba, como todo mundo sabe) e coisas do gênero. Sei que alguns vão querer meu couro - no sentido não-tesão do termo - por ter publicado essas tosqueiras. Mas vão cantá-las o resto do dia, ah, se vão!

Cante o tesão você também! ;)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

All you need is nose

Estava eu fazendo hora e esperando por alguma inspiração para o texto de hoje, quando me deparei com a notícia mais importante desde a renúncia do presidente de Madagascar. Menina, diz que a ex-Miss RS está querendo processar o cirurgião plástico que acabou com o nariz dela! Só se fala em outra coisa aqui no Rio Grande do Sul.

Bruna Felisberto declarou: “Meu nariz ficou muito pequeno. Ainda estou vendo com meu advogado, mas pretendo processar o cirurgião plástico porque me senti prejudicada”.



Olha, nem achei que o nariz ficou assim tão feio, não. Mas vai saber. Hoje de manhã, num programa de rádio, estavam chamando a ex-Miss de Michael Jackson. A coitada já passou da idade escolar e vai ter que conviver com apelidos. Triste. Tivesse pensado duas vezes antes de fazer uma plástica desnecessária, e isso não aconteceria. Antigamente, havia uma música que dizia: “Você já é bonita com o que Deus lhe deu”, mas as escravas da beleza não acreditam nisso.

Falando em injustiças, eu processaria também os jurados do Miss Brasil. A Miss RS usou o melhor traje típico de todos os tempos: uma roupa cheia de cachos de uva pendurados. O traje homenageava, ao mesmo tempo, a Serra Gaúcha e o Lasier Martins. Ela não venceu a prova. Os jurados não têm visão. Não sabem o que é siacabância.

Para finalizar, quero dizer que nariz pequeno não é problema. E que existe gente solidária com o drama da ex-Miss.

domingo, 7 de junho de 2009

Plantão Talicôsico Urgente

Como seria a notícia da ausência de minha publicação semanal, caso eu tivesse alguma notoriedade.

Adriane não publicou na quinta, e, segundo aqueles jornais/revistas/sites que...

...adoram exagerar números: seus zilhões de leitores ameaçam invadir a sede da Talicoisa Corporation exigindo explicações.
...tentam transformar a notícia num evento mundial: protestos pelo mundo marcam a ausência da publicação.
...sempre chamam um expert no assunto para comentar: nosso convidado especial, o Dr. Fulaness de Cicranon, explica o impacto da não publicação do texto.
...buscam a tragédia em cada simples folha de árvore que cai: a comoção toma conta dos leitores. Desnorteada, em pranto contido, uma jovem indaga com olhar perdido: "Por quê, meu Deus, por quê?"
...acham que tudo é culpa do governo. Qualquer governo: a incompetência das autoridades em solucionar o caso fica dia a dia meis evidente, deixando a população, como sempre, à margem da verdade dos acontecimentos.
... querem mais é tacar fogo no circo e depois culpar a barbárie caso haja revoltas reais: a população tem mais é que se revoltar mesmo! Tem que aparecer ônibus queimado, vidro quebrado, pra ver se alguém toma alguma providência!
... adoram instigar o "melhor que há na polícia" e fomentam a idéia de linchamento: pega eles, poliçada! Mete bala! Esses marginais, esses canalhas, têm mais é que ser jus-ti-ça-dos!
... transformam qualquer notícia em fofoca das celebridades, sub-celebridades e afins: dizem que fulana foi vista num clima pra lá de romântico (*) num barzinho. É o cupido à solta em pleno mês dos namorados.
(*) Segundo o site-de-buscas-mais-consultado-da-atualidade: Resultados 1 - 10 de aproximadamente 1.440 para "clima pra lá de romântico". Traduzindo: nem é clichê...

Qualquer coincidência com as frases acima e jornais/revistas/sites da vida real é mera semelhança.

sábado, 6 de junho de 2009

Novos modos de cobrar 1

Passagem de ônibus por peso

Justificativa: Ônibus são veículos de grande porte para grandes cargas, levam cerca de seis toneladas de pessoas, quando lotados. Isto se considerarmos o peso médio de setenta quilos, mas sabemos o quanto os maus hábitos têm engordado a população. Instalando-se uma balança em cada ônibus, um computador calcularia o quando a pessoa pagaria. Tomemos a tarifa goianiense de R$2,25 como base. Algumas pessoas pagariam seguramente o dobro, outras meia-passagem, mas conheço gente que seria paga para viajar, então precisaria haver uma tarifa mínima. Uma boa pedida seria aceitar cartão de débito ou crédito, porque ninguém tem, por exemplo, R$2,17 trocados e separados na bolsa. Isto não só tornaria mais justa a cobrança, como incentivaria a população a cuidar melhor da nutrição, moderar nas refeições, desjejuar no trabalho para economizar uns centavos todos os dias (jejum de vez em quando é bom), et cétera.

Apareceriam os bocós usando isto para incentivar a anorexia, mas se usa qualquer pretexto para incentivar o que não presta, não seria a falta de um que impediria a invenção de outro.

Prós: Como já citado, a população seria encorajada a andar mais um pouco e a comer alimentos mais saudáveis. A demanda aumentaria a produção de alimentos ricos em fibras, tornando-os mais baratos. Imaginem uma barra de cereais de boa qualidade custando menos que um chocolate vagabundo, daqueles que feitos com Toddy velho e gordura hidrogenada.

Contras: Há o risco de várias rebeliões. Primeiro a dos obesos, que se sentiriam discriminados, á margem de toda a argumentação técnica e vídeos explicativos. Quem não dispensa um rodízio numa churrascaria está se lixando para o desgaste prematuro de pivôs de suspensão, bem como para os custos de sua substituição e os riscos envolvidos; Segundo a das mulheres em geral... Vamos ser francos, uma balança para este fim teria que ser vistoriada e calibrada constantemente, ela teria obrigatoriamente que mostrar a massa real da pessoa. Quem jura ter só 54kg se recusaria a pagar por 60kg, e ainda daria uma surra no coitado do cobrador, que só está lá para fazer a medição. Também geraria constrangimentos, como pessoas que passariam a usar roupas ínfimas para pagar menos, com certeza os mais desinibidos veriam então uma desculpa para praticar naturismo urbano, então viraria caso de polícia. Terceiro a dos estabelecimentos de alimentação. Churrascarias, pizzarias, pit-dogs, redes de lanches rápidos e afins fariam um lobb pesadíssimo contra. Ver o faturamento cair vertiginosamente os levaria até mesmo a sabotar as tais balanças, financiar depredadores, estimular o uso do carro particular em detrimento do trânsito e por aí vai. Quarto dos pais e mães de família. Imaginem uma gestante sendo punida por seu estado interessante.

Alternativa: Convênios. Notas fiscais de restaurantes, supermercados e até mesmo de lojas genéricas dariam descontos, valeriam (por exemplo) 0,5Kg para cada Real gasto. Isto seguramente evitaria a terceira rebelião. Escolas poderiam fazer o convênio para compensar o peso do material escolar que seus alunos carregam e, sabemos, é excessivo. Daria para descontar até 15Kg de cada estudante. Haveria então o estímulo à produção de materiais mais leves e compactos, preocupação que infelizmente não temos hoje em dia. Estacionamentos pagos, no centro da cidade, poderiam permitir descontos para o motorista fazer a parte mais estressante do percurso de ônibus, deixando seu possante em um lugar do qual fica fácil voltar para casa, sem tanto trânsito. Administradoras de cartão de crédito, pelo motivo supracitado, seriam as maiores conveniadas, incentivadoras e usuárias da publicidade móvel dos ônibus, já que pagar com cartão nos livra do incômodo de catar moedinhas de um centavo no fundo da bolsa; elas lucrariam horrores com os pequenos gastos individuais e diários.
Agora, por que me deu de escrever este texto esdrúxulo? Porque o anterior (um tapa-buracos) foi denso demais. Precisava relaxar um pouco.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Nada demais...

Era só mais um dia. Daqueles em que nada se perde, e nada se cria. Mas nada tampouco se transforma.

Ele estava apenas com as compras para o jantar daquela noite. Uma calça surrada, praticamente de pijama. Uma blusa que mal lhe cobria os braços.

A irmã comprava qualquer coisa para a vizinha. Ele apenas acendia mais um cigarro. E olhava o movimento na rua. Pessoas indo pra lá e pra cá. Algumas com frio, outras com calor.

Ele tornou o olhar pra dentro do estabelecimento, procurando saber onde diabos se demorava a irmã.

Foi quando viu.

E quis esquecer...



E ela nem notou sua existência...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Coração de cristal

É difícil conversar com pessoas com as quais jamais encontrei, cujos rostos jamais vi se mexendo e cujas vozes jamais ouvi.

Há uns anos eu não me importava com isto, mas no último lustro minha vida virou pelo avesso, ou talvez tenha virado para o lado certo, pois escapei de me tornar ateu; isto sem ter que encher bolsos de um espertalhão, foi por conta própria.

Hora me xingando, hora me agradecendo, as pessoas começaram a desabafar comigo (logo comigo!) e contar detalhes de suas vidas.

Pode parecer banal, na maioria das vezes é, mas nestes melindres que é a vida eu já peguei gente desesperada. Uma tentou suicídio, outro conseguiu. A que tentou só agora, ano e meio depois, começa a se recuperar e reavivar sua chama. Ela e tantas outras pessoas passaram pela minha caixa de mensagens, ás vezes mudando de e-mail e usando pseudônimos, algumas sem a mínima noção desapareceram rapidamente.

Houve gente precisando do meu ombro, justo quando eu mesmo mais precisava de um. Eu, que cheguei a me preparar espiritualmente para a clausura, precisei atender a até sete cartas electrônicas por dia. Não simples cartinhas de "Oi, blz", mas mensagens densas, do tipo que se deve ler duas, três, quantas vezes forem necessárias para saber o que dizer à pessoa.

Ainda hoje sou um homem recluso e prezo a discrição, tenho quase que phobia pela notoriedade. Mas hoje sou blogueiro e há pessoas que pedem para eu falar de alguns assuntos.

É um dharma que conquisto, é certo, mas também é certo de que se trata de um trabalho tremendamente perigoso. Como transportar um coração de cristal fino para transplante; preciso ser ágil para chegar a tempo, mas cuidadoso o bastante para evitar a mínima trinca, ou o paciente padece.

Para vocês que já riram de alguns dos meus textos, digo algo que Hollywood descobriu há décadas: O palhaço é um homem triste, é o sujeito mais taciturno e retraído do mundo. É fácil para ele fazer rir, arrancar um riso dele são outros quinhentos. O pior é que nem sempre ele está disposto a fazer graça, como o cirurgião nem sempre está no melhor de sua coordenação. Mas quando a emergência se apresenta não há jeito, ele tem que pintar o rosto, subir ao palco e cordializar suas entranhas para fazer rir. Ainda que lhe custe uma lágrima. Muitas vezes custa.

Não reclamo, longe disso. Este nem deveria ser um texto tão denso, deveria ser apenas um tapa buraco para evitar um hiato muito grande até o próximo colega publicar. Mas foi o que saiu.

Hoje me escrevem bem menos, acredito que já cumpri com minha missão para com a maioria, da mesma forma alguns permanecem e outros chegam. É duro ter a vida alheia aos seus olhos, quando a tua mesma está complicada, mas não sei se eu compreenderia bem a dor do outro se estivesse escrevendo de um Apple com inernet sem fio de banda larga, em um chalé em Campos do Jordão. Talvez agora eu pudesse me dar este suporte, se a grana sobrasse para tanto, mas não sei se há cinco anos seria assim.

Não reclamo. Podem vir quantos precisarem, não estou no mundo a passeio e não será agora que vou enforcar o serviço.