sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Buck Rogers - Primeirão!


  Houve uma época em que nenhum herói se atrevia a voar alto demais, foi uma época em que as estrelas só serviam de orientação ou para descansar os olhos à noite, uma época em que todos os heróis esperavam os aliens chegarem à Terra para só então tentarem repelir a invasão. Foi a infância dos quadrinhos, que até então satirizavam quase sempre apenas pessoas ordinárias. Mas isso mudou!

Buck Rogers Flying by Cig Case

  Criado por Philip Francis Nowlan para duas novelas na revista Amazing Stories em 1928, Antony Rogers conseguiu sobreviver à obra e tornou-se herói em tiras de jornal, despertando os sonhos e as esperanças das crianças no futuro como BUCK ROGERS! O herói do futuro!

  Continuando a aparecer muitas vezes em tiras e revistas, quase como um free lance, nosso herói foi finalmente adoptado pela Whitman em 1933, conseguindo doze boas edições pelo selo da Western Publishing, e nele ganhando o formato que o tornou conhecido. De mão em mão ele sobreviveu e ainda hoje tem fãs ardentes pelo mundo, quem sabe até em outros!

  Em essência, Rogers é um militar que sofreu um incidente ao sair da atmosphera terrestre, entrando no que hoje seria chamado de buraco da minhoca, ficando inerte e preservado até acordar no planeta Terra do Século XXV, quando a astúcia e a malícia do Século XX praticamente já não existiam e se faziam
Buster Grabbe, o primeiro Buck Rogers.
extremamente necessárias, tonando assim o herói do século passado no herói também do futuro. Seu primeiro intérprete no cinema foi o campeão de natação Buster Grabbe, que encarnava como ninguém a estética masculina da época.

  Por suas aparições rápidas, Buck Rogers pode ser considerado um herói relâmpago, que vem, desde o pau no inimigo e volta para o limbo, deixando em uma legião de fãs o gosto de quero mais. A última edição relevante foi em 2009, com treze capítulos, por assim dizer, do Zero ao Doze.

  A última série televisiva de sucesso foi reprisada à exaustão no Brasil, durou de 1979 até 1981. foi estrelada por Gil Gerard como William Buck Rogers, que fazia par não declarado com a encantadora casca-grossa Coronel Wilma Deering, vivida por Eryn Gray. Embora as reprises e o carisma do personagem façam parecer mais, como o Manda-Chuva original, foram apenas 33 episódios; mas pareciam mais de cem, é sério.

  Em uma época em que filmes e séries de heróis podiam ser extremamente toscos, alguns extrapolando os limites da vergonha alheia (né, Marvel?) a série conseguiu evitar se levar muito à sério e os recursos de então foram muito bem aproveitados, mas algumas mudanças na segunda temporada desagradaram ao próprio Gerard, como a inclusão de um homem pássaro que era o último de sua espécie; Marvel demais para o público do herói. A segunda temporada durou só onze episódios. Só o que prestou desta temporada foi o Twiki, um robozinho tosco, claramente uma fantasia que todo mundo fazia de conta que era um robozinho fazendo "beeree-beeree-beeree".

Duck Dodgers original.

  Rogers tem a virtude de ser muito humano sem ser canalha, ele às vezes paga mico por sua origem tão antiga, mas sabe dosar a malandragem de nossos dias para aplicá-la onde, e tão somente onde, ela for necessária. Do mundo em que ele vive, posso dizer que praticamente tudo com o que lida se tornou realidade.

  É um dos heróis que há anos pede por uma trilogia em longa-metragem. E como tudo o que é bom, ganhou uma sátira. A Warner Bros escalou alguém que é exactamente o oposto dele para o papel. Patolino foi Duck Dodgers no Século 24¹/², ele ganhou recentemente uma nova série para a televisão, o original é que ainda está em banho-maria, e assim focará até essa onda de filmes de heróis passar e as pessoas "desenjoarem" do tema.