quarta-feira, 29 de junho de 2011

Animamundi 2011

Respeitável público, o espetáculo (e os chororôs) vai começar!

Começará novamente o maior evento de animação do Brasil! O internacionalmente reconhecido e prestigiado (website) Animamundi!

O evento se derá  no Rio de Janeiro de 15 a 24 de Julho, e de 27 a 31 de Julho em São Paulo. Ou seja, Nem para Brasília vai e Goiânia ficará só lambendo televisão de novo, mas deixe estar.

A primeira edição foi em 1993, pelas cabeças de Marcos Magalhães, Aida Queiroz, Cesar Coelho e Léa Zarugy. O diferencial desde então é apresentar animações difíceis de se encontrar no grande circuito comercial, dando chance a novatos, veteranos que não conhecemos e gente talentosa que nunca teve seu lugar ao sol.

Com o público veio o patrocínio, com o patrocínio veio mais público, a coisa ficou grande e gerou ciúmes. Burocratas e tecnocratas fatalmente começaram a se infiltrar e as discussões começaram. Hoje o Animamundi precisa conter vaidades e até injustiças, como qualquer evento de grande porte e grande orçamento. Gente que incentivou no começo saiu chutando o balde, gente que torcia o nariz hoje não desgruda, enfim, são tropeços da vida. Preciso dizer que o apoio do MEC o deixa maias vulnerável ainda? Não, né, mas ele é necessário.

À parte tudo isso, é com o que de melhor podemos contar no  Brasil em termos de animação, ainda que mágoas não tenham cicatrizado até hoje. São várias categorias:
  • Curta Metragem - competitiva, provavelmente a mais popular;
  • Curta Infantil - competitiva;
  • Panorama - não competitiva;
  • Portfolio - competitiva;
  • Animação em Curso - não competitiva;
  • Longa - competitiva, só para quem tem bala e muito conteúdo;
  • Longa Panorama - não competitiva;
  • Longa Especial - não competitiva;
  • Galeria - não competitiva;
  • Futuro animador - não competitiva, mas uma das que considero mais importantes.
A mostra é de nível internacional, desde tipicamente enlatados americanos com maquiagem alternativa, até obscuros e raros trabalhos do oriente médio estão na lista de concorrentes e/ou participantes. É uma chance excelente para o brasileiro se acostumar com nuances de outras culturas, que telejornais e discursos acadêmicos são incapazes de traduzir.

Para quem mora no Rio e se interessar, há cursos de animação. Passe um e-mail (aqui) ou ligue 21-2543-8860. Ou desligue esse computador e vá para a Rua Elvira Machado n° 05, no Botafogo. Quem é de outros Estados e quer fazer o curso, esquece, nem o Daniel Azulai (aqui) consegue abrir escolas por todo o país. Os cursos (aqui) são os seguintes: de férias, básico adulto, básico infantil, básico para professores, storyboard, stop motion e avançado adulto.
Os preços, bem, isto aqui não é um blog comercial, nem tem pretensões, posso dizer que estão ao alcance de quem abrir mão de umas idas ao botequim. Muitos talentos estão escondidos sob a aparente apatia para com as obrigações da vida, muitos talentos são encobertos justo pela apatia de quem não encontrou seu caminho.

Não subestimem o poder de educação e formação de caráter de uma boa animação. Seus exageros adentram com facilidade no inconsciente e são capazes de educar com eficácia enquanto o expectador se diverte. Animamunde-se.

sábado, 25 de junho de 2011

Batman, o bat-grilo!

Batmóvel sem graça, mas muito eficiente.

Enquanto The Dark Knight Rises não sai, o morcegão ataca no teatro em Julho, na Inglaterra.

O último filme do Batman reabilitou o herói. O cavaleiro das trevas sofreu com roteiristas que fumavam cousas proibidas durante o trabalho, bem como directores que tinham uma paixão escancarada e arrebatada pelos vilões. No último o Coringa também brilhou como nunca, mas Bruce Wayne, que é o alter-ego de Batman e não o oposto, conseguiu ser um herói que preste, especialmente ao negar ao arqui-rival o que ele mais queria, que o matasse.

O próximo Batman, se vai prestar, eu não sei, sei que o morcegão do teatro virou bicho-grilo, ao menos (aqui) no batmóvel. Se parecendo muito com os carros futuristas dos anos trinta e quarenta, com formato de foguete, o bólido agora usa células de combustível à hidrogênio como fonte de energia. Extremamente discreto em relação ao trambolho de 2005, e pobre de estilo em relação ao belo batmóvel de 1989, ele levou apenas quatro meses para ser construído em fibra de carbono. Sim, é um tempo relativamente curto, de onde suponho ser um carro que passe desapercebido à noite, por sua simplicidade aliada ao preto fosco. Mas duvido que vá para a tela do cinema.

Já o novo filme do Batman é tão misterioso quanto seu protagonista, só sabe-se que está previsto para estrear em vinte de Julho de dois mil e doze (aqui). Christian Bale como Batman, Anne Hathaway como Mulher Gato, Gary Oldman como comissário Gordon, Michael Kane (vejam que cousa) como Alfred, Tom Hardy como Bane, Marion Cotillard como Marion Tate, Joseph Gordon-Levitt como John Blake, Hosh Pence como jovem R'as al Ghul, Morgan Freeman como Lucius Fox, Nestor Carbonel como o prefeito e outros personagens sem nome como Diego Klattenhoff e Daniel Sunjata. Direção de Christopher Nolan.

Chamou minha atenção a indicação de Anne Hathaway para Selina, a Mulher Gato. Ela foi protagonista em Diário de uma Princesa, de 2001, seu último filme é Amor e outras drogas de 2010. Ela é boa actriz? É. Ela tem um certo apelo? Tem. Então do que estás reclamando, seu escritor gagá? De nada, ainda não vi o resultado do filme. A questão é que Selina Kyle é uma mulher perturbada que vive entre dois mundos, pode ser generosa e altruísta como uma verdadeira heroína, que ela não é, mas sua capacidade de ser fria e cruél rivaliza com a do Coringa. Trata-se de uma personagem tão sombria e complexa quanto o próprio Batman, e tão fácil de ficar caricata quanto ele. Sua capacidade de sedução é animalesca, mas não é de seu feitio baixar o nível, não até ter a vítima sob seus encantos. Afinal ela foi criada em 1940, época das mulheres ostensivamente sedutoras, possivelmente inspirada nas pin-ups e na Dragon Lady, famosa nos quadrinhos de Terry e os Piratas, precisa manter a classe. Não rouba qualquer porcaria, rouba só o que lhe interessa, o crime é mais um estilo do que meio de vida. Só ela é capaz de fazer Batman de bobo, e ainda ser perdoada por isso. Selina também é órfã, mas ao contrário de Bruce nunca teve ninguém por si, e seus interesses são sua única causa perene; porque parece já ter desistido de um enlace com seu amor. Mulher Gato é a única vilã que sabe com certeza quem é Bruce Wayne. Talvez costume tentar matar Batman como uma tentativa de decidir em que mundo vive de uma vez, ele é o fio de decência moral que ela tem, mas é um fio forte e esperto demais para ser rompido.

Perceberam o quanto a personagem é delicada e fácil de ser estragada? Anne precisaria passar algum tempo em um manicômio judicial para incorporar Selina com perfeição. E, mesmo que charmosos, seus olhos tristonhos não corroboram. Qualquer filme que não mostre uma Mulher Gato poderosa e arrebatadora, não merece ir para a película. Agora, como eu passei de uma peça teatral para uma análise psicológica de uma super vilã? Não me perguntem, eu só escrevo.

domingo, 19 de junho de 2011

Miss Puff


Ela é bonita, inteligente e independente. Usa seu indefectível chanel curtinho de franja densa e cílios densos, que juntamente com sua pele alva e a boca pequena, dão-lhe um ar de melindrosa.

Esta é Miss Puff. Não, não é a professora do Bob Esponja. Trata-se de uma animação para adultos, mas sem as apelações grotescas a que estamos habituados, onde os personagens são desenhados, todo o restante é real. O que eles fazem é filmar os cenários, inclusive o prédio onde Miss Puff mora, e em cima da filmagem colocam a animação. O que serve também para se conhecer o cotidiano da gente simples, mas orgulhosa, da China, já que os nativos se mostram muito à vontade diante das câmeras.

É uma criação do site chinês Youku (aqui e aqui), o youtube da China, que aborda com competência a nova geração de chineses, especialmente de Beijim, que consegue sua independência financeira muito cedo e tem uma queda indisfarçável pelo modo ocidental de vida. Especialmente o american way of live. A tecnologia, especialmente aparelhos da Apple, está intensivamente presente na rotina de todos os personagens, mesmo os mais simples.
Não sei se há um personagem fixo além da protagonista, me parece que não.

As tramas não são extraordinárias, mas são guiadas com a competência da disciplina oriental, conseguindo belos resultados tanto de crítica quanto de público. Já são quase oito milhões de acessos aos vídeos da série, se é que enquanto digito o número não foi extrapolado.

Miss Puff não tem poderes sobre humanos, ela é uma jovem com todos os defeitos e virtudes que lhe cabem. É imatura, mas é generosa; é volúvel, mas é gentil; é passível de traição, mas é uma amiga fiél. Por seu intermédio a série mostra relações extraconjugais, amigos homossexuais, gente pobre, enfim, o cotidiano real e sem maquiagens de Beijin, que mesmo de cara limpa é bem bonitinha. Web site da cidade aqui.
A animação é em duas dimensões, o que dá um certo charme de colagem animada à série, especialmente vendo as pessoas pasarem pelos personagens. Mas é uma colagem bem feita, que tem até sombras compatíveis com a iluminação da locação.

O que denuncia a clara origem chinesa, é o viés poético de muitas cenas . Como quando ela trai o rapaz que conheceu em um encontro de internet. Ele Queria algo sério, estava realmente entusiasmado com aquela moça gentil e desinibida, mas ela tinha outros planos e foi para a cama com outro sem pestanejar. Nada de explícito é mostrado, mas é uma série feita para bons entendedores. No fim ela fica à janela do apartamento, vendo o dia se tornar noite, uma clara alusão à culpa por ter magoado o rapaz. Por ser feita para quem sabe entender, o idioma não é problema, compreende-se o que eles querem dizer sem dificuldades, inclusive porque quase todas as situações são universais do mundo moderno.

É uma boa chance, aliás, para o brasileiro perder o preconceito que tem contra os chineses, e a mania que temos de confundir um povo com seu governo. Já pensaram se os outros países nos considerassem a todos corruptos e desumanos como os que elegemos?

Não, a série não tem pretensões de vir á televisão ocidental, ao menos por agora, especialmente para o Brasil. Mas a internet existe para isso. Já não há quem veja por ela, enlatados americanos que só estreiam na tevê aberta quando saem do ar por lá? Então não custa digitar "Miss Puff Youku" e encontrar a animação. Não tem erro.

A série já chamou atenção ocidental (aqui) e a pirataria não demora a fazer suas traduções toscas para atender à demanda nascente.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Dom de cantar

Cantem com Deus
Eu costumo dizer que gente boa não morre, desencarna. Quem morre é o perverso.

Ontem desencarnou Eduardo Gomes de Faria, que fez dupla com Eustáquio Gomes de Faria, a famosa dupla Dom e Ravel (aqui, aqui e aqui) dos anos setenta.

Era uma época difícil, como os livrinho de história (cada vez mais "estória" do que documento) já devem ter lhes mostrado. Era tão difícil, que havia o slogan estatal "Brasil: ame-o ou deixe-o". Minas Gerais disse "fui" e exportou uma população inteira para os Estados Unidos.

A dupla gostava de cantar o amor ao Brasil, ao contrário do pessimismo reinante. O regime, vendo o conteúdo, decidiu se valer do repertório de Dom e Ravel como hinos populares, tocados em comícios, pronunciamentos de autoridades e propagandas oficiais. Mesmo assim sofreram censura.

Hoje a esquerda politipata, que tornou-se tão reacionária e cega quanto a direita politipata, festeja o passamento de Dom, que vai se encontrar com Ravel e cantar com ele a um público que sabe apreciar o amor incondicional. Essa gente não sabe, mas eles também foram vítimas de acusações sem provas e levados aos porões da ditadura. Eles também foram indenizados, pois o trauma custou-lhes a carreira, e depois a ingratidão rancorosa da nova república os legou ao esquecimento.

Eu cresci em quartéis, onde todos lamentavam a injustiça de que foram vítimas, por terem contrariado a vaidade dos protegidos do regime, quase todos hoje aliados do governo. Sim, revoltatinhos de boutique, eles contrariaram o regime que vocês os acusam de terem servido, de um modo como vocês são incapazes de imaginar

Eles também fizeram uma canção em agradecimento ao homem do campo, algo tão poético e sensível como os cornodoloridos são incapazes de fazer. Sem melodramas e sem orquestras imensas para acompanhar letras pífias.

Primeiro foi Ravel, aos cinqüenta e seis anos, em 2000, ontem Dom o seguiu com sessenta e quatro anos. Óbitos precoces, certamente acelerados pelos maus tratos recebidos. Eles eram rapazes franzinhos, na época. Tinham mais cabelo do que carne.

Provavelmente a música "Você também é responsável" ajudou a despertar a ira dos direitopadas que estavam no poder, pois tem tom de movimento social. Em uma época em que o governo chamava para si toda a responsabilidade (e poder) dos destinos do país, convocar a população civil a fazer a sua parte era altamente subversivo.



Viram? Só não fizeram escândalos infantilescos com discursos futilmente prolixos, mas a convocação à responsabilidade individual e social é clara.

Época triste. Nunca pensei que sairia de uma ditadura, onde até soldados se mostravam descontentes com o regime (eu estava lá, nos quartéis, eu testemunhei) para cair em uma ditabranda, onde os simpatizantes transformam seus "heróis" em deidades e aplaudem absolutamente tudo o que fazem.

A seguir, a homenagem que eles fizeram aos camponeses.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Rainha má é linda!

Sim, ela é capaz de ser má, lindamente má.

Julia Roberts volta à cena!

Começa na próxima segunda-feira a filmagem do conto-de-fadas "Branca de Neve e os Sete Anões". E adivinhem quem será a Branca?  Lilly Collins (aqui). Júlia fará a Rainha má mais linda da história da trama. Pena que fique feia e morra no final... Ou não. Afinal trata-se de um filme baseado no conto dos Grimm (aqui), declarados patrimônio da humanidade, talvez nem leve o título do clássico. A moça de Smyrna é tão talentosa quanto imprevisível.

Collins até tem um jeitinho doce, mas para ser Branca de Neve é preciso muito mais do que isso, é fácil cair na diabetes cênica com esta personagem, pelo que acredito que Júlia se sentirá mais à vontade em seu papel do que a protagonista.

Será uma comédia de ação, segundo o UOL, e está previsto para estrear em Março de 2012.
Já há fãs reclamando que Julia não tem cara de má, que ela é que deveria fazer a Branca em fase mais adulta, de preferência em um filme mais adulto. Mas vamos acalmar os ânimos, crianças, é só uma comédia! Cheia de ação, promete o estúdio, mas uma comédia! é para fazer rir e não para abalar os nervos com golpes e tiroteio. E Júlia é uma actriz de primeira grandeza, ela é perfeitamente capaz de fazer uma vilã perfeita, de deixar os marmanjos babando com isso e ainda lançar moda. Imaginem aqueles lábios generosos se recolhendo e o cenho franzindo lentamente. Pimba! Foi-se a imagem de mocinha pelo ralo.



Os fãs mais ardorosos, maioria diga-se de passagem, podem ficar tranqüilos. Ninguém se arriscaria a cometer o erro crasso que a Globo cometeu com Cissa Guimarães em "Direito de Amar", onde a personagem Paula foi tão baixa e desprezível que comprometeu a carreira da actriz por muitos anos. Aquela sim, foi uma vilã convincente, até demais.

A imagem mais sólida de Roberts é a que se mostrou em sua participação em Vila Sésamo, em 2008, que mostrava uma mulher de modos simples e extremamente maternal. E pelo que sei é a Julia Roberts mais próxima da real, como se vê abaixo:



Mas toda boa mãe sabe ser madrasta, basta precisar. Varas de marmelo são acessórios de primeira linha quando se quer educar uma criança rebelde.

Não, não precisam se esquecer de "Comer, Rezar e Amar", o que acontecerá não será a subversão da imagem da moça. Ela sempre foi uma boa mulher, em praticamente todos os trabalhos, então uma megera faz falta em seu currículo. é capaz de ela gostar se tornar-se uma megera tão competente e carismática quanto Elizabeth Savalla; a propósito, o twitter da brasileira aqui.

A imagem mais famosa dela, ainda hoje, é a da prostituta carismática de "Pretty Woman", que fez com Richard Gere (aqui e site oficial aqui). Foi por ele que quase todos se apaixonaram por Julia Roberts. Web site dela aqui.


Um "segredo": Sei de pelo menos três casos semelhantes à trama de "Uma Linda Mulher" (aqui), todos com final feliz. Então, se cenas de cinema podem ter correspondentes na vida real, então Julia pode ser uma boa madrasta má.

As filmagens ainda vão começar, então aguardemos pelos boletins na rede e pelas críticas competentes de Ricky Nobre e Dave Coelho.

sábado, 11 de junho de 2011

Paródia de um hoax


Recebi hoje, pela enésima vez, um e-mail que parodiei assim:

Oi, você que não me conhece e nunca viu meu nome em lugar nenhum! Provavelmente eu nem exista, mas vamos lá. Os vírus pegaram meu e-mail pela lista de contactos de um (agora ex) amigo e estão disparando besteiras usando o meu nome para todos os contactos que tenho. Meu MSN também já está rubro de vergonha!!! Leia a mensagem abaixo:
 
Olá, nós somos Andy e Panda, somos os picaretas que viciaram vocês no Messenger.
Lamentamos informar que a partir do verão de 2011, ou 2010, ou 2009, ou 2008, depende da actualização do robô que manda essa porcaria, o Messenger será pago, igual faremos com o Skype, mas pagaremos pouco porque ele trabalha muito mal.

O problema é que temos muitas pessoas com várias contas, e agora temos só 171 nomes livres, ignorando na maior cara-de-pau que o mundo está cheio de nomes próprios e apelidos ridículos, que computador nenhum conseguiria enumerar. E por que cobraremos em vez de simplesmente fazer uma triagem, já que seus nomes verdadeiros constam em nossos arquivos? Não sei, vamos pensar nisto no próximo hoax que inventarmos, um dia alguém se toca e coloca isso num blog.

Então,  para que você continue usando grátis o Messenger, envie esta mensagem cheia de vírus e cavalos-de-tróia para, no mínimo, dezoito amigos seus, e o seu Messenger ficará rubro, de vergonha. Por que dezoito? Sei lá, a gente tentou bolar um número que não parecesse amadorístico. Então envie para seus amigos, para que eles também caiam na conversa. Assim que você clicar em "enviar", os arquivos maliciosos serão instalados no seu computador.

Se precisa de provas clique no link: WMW.MSN.PQP:COM e veja a veracidade desta mensagem.
Agora, vocês devem estar se perguntando por que a Microsoft não me mandou um e-mail de próprio punho como sempre faz, cada vez que tem uma novidade? Bem, se você se fez esta pergunta, apenas clique lá e cale o bico, pro-haz!


Agora é sério, crianças. Eis aqui e aqui dois sites que ajudam a identificar hoaxes, eles têm listas crescentes e já imensas. As pessoas se aproveitam da boa fé alheia para espalhar arquivos maliciosos, ou simplesmente rachar de rir da sua cara ao ver as bobagens sendo divulgadas.

Mesmo que o hoax, em princípio, não tenha qualquer intenção de prejuízo, um esperto que não cair na conversa poderá facilmente inserir cavalos-de-tróia e mandar adiante, aproveitando os contactos recebidos na própria mensagem.

Assim como o seu banco não manda mensagem por e-mail, o seu provedor de e-mail não manda mensagens por terceiros. Bill Gates costuma ajudar pessoas sem que seus clientes precisem eternizar correntes e hoaxes.

O Google Earth não é em tempo real e o governo americano não censura imagens por isso, na verdade ele se vale delas. As instalações secretas são suficientemente bem guardadas para justificarem o nome, então só países que fazem tudo a céu aberto teriam o que temer... E por isso também vocês não me matem de vergonha, combinando com um primo de dar tchauzinho para o céu, para o outro ver pelo computador!

O site da ong Câncer de Mama não sairá do ar. Eles dependem muito de doações por confirmação de acesso, clicando no botão rosa à esquerda, mas os patrocinadores não deixarão de ajudar por causa disso.
Lembrem-se: EU nunca iniciei campanha de um centavo por e-mail para ajudar a trocar a coluna cervical de uma criancinha pobre. Se algum "nanaelsoubaim" aparecer na tua caixa falando a respeito, apaga que é vírus!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Os Muppets estão voltando!

Eles estão voltando!

Em um país onde poucos se lembram em quem votaram nas últimas eleições, é difícil conceber um programa de televisão que dure trinta e cinco anos consecutivos, ainda mais sem ter negligenciado suas origens e fazendo sucesso com um público sem idade certa. Desde os bebês, que gostam das cores e do jeito de brinquedo tosco, até os mais velhos que se lembram de como eram bons os programas, antes que politicamente correctos e incorrectos começassem a se engalfinhar.

Nascido em Leland, Mississipi, em 24 de Setembro de 1936, Jim Henson (here) mudou-se com a família ainda criança para Maryland, onde conheceu e se apaixonou perdidamente pela televisão. Em 1954, universitário, conseguiu emprego na tevê, como manipulador de bonecos, que também criou e logo foi chamado para a rede ABC. Em 1969 foi convidado a participar do projecto Vila Sésamo, onde a paixão só fez aumentar.
Foi para a Inglaterra, onde realizou o sonho, que tinha desde vinte anos antes, de fazer um programa só com seus bonecos em 1976: The Muppets Show. Eis a página deles aqui. Jim faleceu em 16 de Maio de 1990.

Seus personagens (aqui, no maravilhoso Mofolândia) atravessam gerações e fazem um tremendo sucesso até hoje, mantendo uma das poucas ilhas de politicamente equilibrado que restam na cultura mundial, especialmente a pop. Apesar de todos os erros e falta de recursos, que hoje abundam para quem não sabe se valer deles, as gerações que viram esse programa cresceram sem acreditar que um índio dormindo no ponto de ônibus é lenha de fogueira.

Nós aprendemos a ter humor, não forçar achar graça de humorista que pisa no cimento como se fossem ovos, nem em idiotas que são deliberadamente ofensivos; humor é tragédia mais tempo, não pisar na dignidade alheia. Quem não conhece este equilíbrio não deveria sequer pisar em um palco.
Talvez este equilíbrio em fio de navalha seja um dos maiores motes dos Muppets. Dá para confiar as crianças á televisão, quando eles estão na tela; dá para ligar quando há adolescentes em casa, sem medo de eles chiarem; dá para reunir os amigos adultos e ver o programa, para rachar de rir. A linguagem é universal, simples e eficazmente universal.

Claro que o tempo passou, novos temas precisaram ser abordados e a tecnologia não poderia (como não o foi) ignorada. Novas técnicas de manipulação, edição de imagens e computação graphica são utilizadas. Mas não para preencher lacunas, são utilizadas para fazer tudo parecer ainda mais engraçado e nonsense. A intenção original do programa é mantida, educar as crianças como elas gostariam de ser educadas. Dar-lhes noção de civilidade sem fazer a vida adulta parecer chata, ao contrário do que os incompetentes descartáveis vivem pregando. Mostrar que ser um bom cidadão não significa amarrar os próprios sentimentos numa camisa de força e jogar seus sonhos em um baú empoeirado, em um canto esquecido do sótão.
Ainda me lembro de quando era exibido no Brasil. Com a ajuda do Mofolândia, vou citar os personagens principais:
  • Caco: Kermit no original. É um sapo esperto e carismático, que comanda o hospí... digo, a turma de bonecos. É um líder nato, que vive um eterno romance com Miss Piggy;
  • Miss Piggy é claramente inspirada em Merilyn Monroe. Linda, sexy (sim, as crianças não ficaram deformadas por isso) e inteligente, morre de amores e ciúmes pelo Caco. É especialmente perigosa por ser forte e praticante de artes marciais;
  • Urso Fozzie: Ele conhece milhares de piadas de cór, só que nenhuma tem graça. Há trinta e cinco anos ele tenta ser engraçado, mas só consegue quando ele é a piada;
  • Gonzo: O showman, o pau pra toda obra, quando há um buraco no espetáculo ele vira de bala humana(?) a faquir. Que bicho é o Gonzo? Boa pergunta... Jim, que bicho é esse?
  • Animal. Inspirado no baterista da banda The Animals, tudo o que todo mundo diz a seu respeito é que ele é um animal;
  • Shatler e Walford; dois velhotes que vivem no camarote, dando uma de críticos e tirando sarro dos outros muppets. Os únicos críticos "profissinais" que vale à pena ouvir, asseguro;
  • Rowf; O pianista. Só isso? Não, ele entra na bagunça e despeja seu carisma na tela, em meio às risadas do público;
Há muitos outros, há novos, mas estes são os principais, praticamente os pilares do show.
Eles também estão na telona. Acharam que não, ó, vocês que perderam por terem nascido tarde? Depois de onze anos, eles voltam à sala de projecção em seu novo filme: The Muppets (aqui a ficha completa e aqui dublado) a estrear em 23 de Novembro, nos Estados Unidos, estrelado por Amy Adams e Jason Segel. Trata-se de uma comédia humorística, que é diferente de comédia romântica. Comédia humorística é para fazer rir, o romance vem de carona.

O filme tem um ingrediente interessante, mistura os anos cinqüenta (aparentemente época em que seu lugarejo vive) com o mundo horroroso e cheio de recursos de hoje, quando chegam a Los Angeles. A mistura fica homogênea quando o mocinho tenta salvar um teatro de bonecos de ser transformado em poço de petróleo... Mais actual só se o filme pudesse ser exibido ao vivo. O trailer mostra essa linda mistura, com correria e cenas de musicais típicos dos anos de ouro de Hollywood, para dar as pitadas exactas de romance e comédia. Quando vem ao Brasil eu não sei, sei que será um estouro.

Alguém aí tem tevê a cabo? Então tenta sintonizar no Muppets Show para já ir aquecendo e não ser pêgo de surpresa, porque vocês, crianças, não sabem o que é algo surgir do nada quando não se espera, nem quando se espera, mas do jeito que não se espera. Isto faz parte desses bonecos.

Agora, alguém tenha a fineza de falar com um médium para perguntar ao Jim: Que bicho é o Gonzo???

sábado, 4 de junho de 2011

De Cher com amor

Coomenagem à ternurinha zangada, amiga Luna.


Um casamento dá certo não necessáriamente pela sua durabilidade, pois sabe-se lá que amarras podem obrigar duas pessoas a se tolerarem, como regras hipócritas e coação social. Há casamentos, porém, que resistem ao divórcio. Casais que continuam se amando mesmo quando não dividem mais a cama e o sobrenome.

A amizade muitas vezes é o que sustenta um casamento, depois de alguns anos. A amizade entre Cher e Sonny sustentou seu matrimônio quando o casamento acabou.  Durou dez anos e as pessoas acreditavam que fosse piada me mau gosto, quando os jornais anunciaram o fim. O que acontece no íntimo de um casal, só o casal conhece. Eles começaram a carreira em dupla com "I got you babe", que chegou ao topo das paradas em 1965, gerando uma carreira profícua e sólida, com canções que fizeram a diferença na época, e fazem ainda hoje. Se separaram maritalmente em 1974. Aos que se perguntam porque um casal que se ama tanto se separa, digo que o casamento é uma instituição utilitária, nem todos precisam dele pelo resto da vida. Como com Elizabeth Montgomery, o casamento deles cumpriu bem seu papel e saiu de cena quando já era desnecessário. Mas o matrimônio continuava mais forte a cada dia. Cher continuou crescendo como diva, em sua carreira ainda vigorosa, com um repertório bem vasto.
Duas pessoas podem se amar sem que isto signifique compartilhar orgasmos. Na verdade contam-se nos dedos as pessoas que saem de uma relação sexual felizes, em vez de simplesmente aliviadas pela satisfação de um instinto, ou pressão de "amigos" para ser o garanhão da cidade. Sonny e Cher se amavam tanto que não precisavam trocar fluidos para comprovar isso. Se amavam tanto que não precisavam provar isso a ninguém. Se amavam tanto que, mesmo sem dar a menor pelota para a opinião alheia, seus fãs enxergavam claramente o amor entre os dois, sabiam que estavam felizes assim e, como fãs de verdade, também ficavam felizes com eles.

Cher, muito mais regateira do que Sonny, encampou a luta em defesa dos homossexuais e passou a se vestir em eventos como o show de mulher que ela é, pois "gay" em inglês significa "alegre". Embora escandalizasse grupos desnecessários, transmitia no tranco a alegria que seus pupilos queriam mostrar sem serem molestados por isso. Com o tempo o mote sexual caiu no lugar comum, ela continuou se vestindo como se fosse dormir, em eventos de estrelas, e quem sabe ler entrelinhas percebeu que ela não queria escandalizar cousa nenhuma. Seu comportamento acabou abrindo brechas para a tolerância.
A alegria explícita, porém, recebeu um trauma duro e pesado em 1998. Sonny morreu. Ele já se casara mais duas vezes e deixava uma viúva inconsolada... Uma? Não, duas viúvas inconsoladas. Mas uma delas não é uma mulher normal, uma reles adição às estatísticas populacionais. Cher chorou cantando "Believe" em 1999, falando do casal. Mesmo lançada no último ano, resumiu todo o pouco que valeu à pena nos anos noventa, tornando-se um marco e um advogado da década. O luto de duas famílias era grande o suficiente, queria que o restante do mundo se alegrasse.

Eu conheço casais que foram extremamente felizes e se enquadraram com perfeição no molde clássico. Conheço um casal que mesmo com a partida da mulher, continua casado e ele não tem a mínima vontade de outra relação. Sim eles existem, mas como o casamento gay, o casamento hetero clássico e sem hipocrisias tornou-se crime para a sociedade de extremistas que temos hoje. Cher soube ser amiga de casais clássicos também. Se há algo que aprendeu com Sonny, é que o matrimônio não precisa de um casamento, mas também não é antônimo dele. A tolerância sem hipocrisia tem um peso e uma medida. Cher tem a medida das deusas e o peso dos anjos.

Toda festeira é encrenqueira, eu sei disso muito bem. Mas pessoas de nível moral superior só encrencam por motivos justos, quase sempre em prol de outros. Então vamos deixar para blogueiros invejosos a listagem de defeitos e malfeitos que ela tenha nas costas, eles são mestres em esconder seus males detrás dos alheios. Me reservo o direito de falar e dizer o que há de bom nessa gente que a imprensa faz questão de detratar, apenas para vender notícia. Cher lembra muito minha amiga e sacerdotisa da verdade suprema do Corcel Azul-calcinha, a amiga Luna, que se difere da outra diva por meio metro e alguns milhões de dólares a menos na conta bancária. Não houvesse outro, este seria um motivo para simpatizar com a actriz e cantora.

Não sei dizer a lição que cada um tira daquilo que vive. Eu aprendi a aprender até mesmo lendo gibi do Zé Carioca. Com os cantores dos bons tempos, e eu posso dizer isto porque conheço a diferença abissal, aprendi tanto com seus acertos quanto com seus erros, mas também com o que queriam passar com suas obras. O casamento entre Sonny e Cher é um aprendizado para a vida inteira, porque dura até hoje, quando só um deles ainda suporta as dores e desgostos da vida terrena. Ela ainda tenta ensinar, enfiar nas cabeças duras das crianças enrugadas, que só o amor vale à pena. Não o amor animal, cujos hormônios sustentam e consigo levam embora quando acabam. Não o amor de maionese, onde muitos padres e pastores viajam legal para convencer os casais que "Deus manda pro inferno, há, há, há, há, há" para fazer laços duradouros, mas também sufocantes.

O amor ente Sonny e Cher, este sim vale à pena porque ainda dura e não deu a mínima para a morte de um corpo. Eles ainda se amam e ele quer que ela aproveite o máximo que puder, antes de se reencontrarem. Ela sabe disso e não quer decepcioná-lo. Não vai provocar uma besteira para antecipar e, ironicamente, inviabilizar o reencontro. Quer estar pronta para quanto puder subir aos orbes mais altos e reencontrar seu amor. Porque amor por si ela sabe que seus fãs de verdade também têm, não pode ser egoísta e dar cabo de uma missão que se tornou coletiva quando começou a cantar, em uma roupa que mais parecia um pijama, típico da loucura dos anos sessenta.

Para quem nunca viu, é cantando que os deuses choram.