quinta-feira, 4 de março de 2010

Morra o povo brasileiro


Antes que me apedrejem, o título é meramente provocativo. Agora vamos às explicações.

Recentemente, recebi mais um daqueles inúmeros e-mails que aparecem volta e meia desancando o povo brasileiro: um bando de pequenos corruptos, que não sabe votar, pedichão, que "sempre dá um jeitinho", que troca o voto por um par de chinelos, que perde tempo vendo copa do mundo e "Brigui-bródi", gente feia, analfabeta, que só gosta de lixo.

E quem fala isso? Brasileiros. Todos. Mas ninguém se coloca entre o povo. Ninguém é povo. E vá você alertar para a falácia, vá. Vão dizer que você não tem senso de humor, que não é crítico nem consciente.... então resolvi usar esse espaço pra rebater algumas acusações contra esse povo ao qual pertenço. Como sou brasileira nata, sou parte do povo brasileiro. Não é patriotismo bobo, é lógica semântica, apenas.

Um dos insistentes argumentos reapareceu quando das cheias em Santa Catarina, as recentes, de 2009. Os saques, incluindo de coisas supérfluas, foi usado como exemplo de como o povo-brasileiro-é-corrupto-sem-educação-quer-levar-vantagem-em-tudo e talicoisa. Aí tentei lembrar às pessoas que na Louisiana tinha se dado a mesma coisa. Mas lá é um bando de gente sem educação e sem cultura também, diziam uns; um bando de latinos (rá! E tu que falas és o quê, nórdico?), um bando de latinos-negros (caraca, é nessas horas que se vê o preconceito), diziam outros. É uma região pobre, falavam ainda alguns. Como se ricos e formados não roubassem, mas isso é outra história.

Então o Chile, normalmente citado como modelo educacional, é devastado pelo terremoto de oito ponto oito na escala Richter, com epicentro lá no Pacífico. E a população (de todas as classes sociais e formação) saqueou, invadiu, incendeou, pegou até geladeiras. Ninguém fez piadinha com o povo chileno (não que eu ache correto, por favor). Falaram de desespero da maioria e de alguns que extrapolavam e queriam, sim, lucrar com o ocorrido. Mas, diferente do que fizeram com o povo brasileiro, não se tachou um grupo todo por causa de alguns.

Comparando as duas situações, eu só queria entender o porquê dos brasileiros gostarem tanto de falar mal de si mesmos. E mais, falar mal de si mesmos como se tivessem acima de tudo, como se falassem de outras pessoas.

Entendo que existem piadas e trocadilhos de outras nações acerca de si mesmas, é natural e até saudável rir de suas próprias manias/trejeitos/outros. Mas essa agressividade realmente me é um bocado estranha, ainda mais com esse traço esquizofrênico dissociativo, ou seja: de se colocar fora de um grupo ao qual a pessoa pertence. E, antes que me chamem de alienada e tals, não sou contra críticas construtivas.

Ah, só pra finalizar: programas-lixo fazem sucesso por toda parte. E não é só a classe baixa e com pouca instrução que assiste.


4 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Esses europeus sádicos e promíscuos falam de direitos humanos, mas usam aborto como método anticoncepcional ou apenas como meio barato de escolher o sexo da criança, e terceirizam tudo à China só para economizar em salários que não querem pagar aos seus próprios trabalhadores, falm de ecologia quando toleram a caça às baleias e os massacres dos golfinhos no Japão, são um bando de alienados pervertidos que falam mal do Brasil se esquecendo de seu próprio passado recente... Fácil, né. Vamos então baixar o tom, também o Jerry.

Adriane Schroeder disse...

Nossa!
Melhor que isso só o Robim williams dizendo.
Mas e quando os ataques virulentos partem de nós mesmos, o que fazer?

Nanael Soubaim disse...

Fui sarcástico, querida. Notaste que ganhamos mais um seguidor?

Adriane Schroeder disse...

Eu lho sabolho! És o melhor nisso. Seguidor? Oba!