sábado, 31 de maio de 2008

Ela roubaria este livro

Eu sei que só de escrever a palavra best-seller eu já dou condições para que as mentes férteis e línguas ácidas da turma do "não li e não gostei" (da qual eu faço parte, lê-se Paulo coelho) trabalhem á mil por hora na grande arte da esculhambação generalizada e sem fundamento (e que eu adoro).

Porém hoje eu me dignei a comparecer em uma lan house cujos teclados fazem o mesmo barulho de uma máquina de escrever - e a letra T exige um esforço enorme para aparecer- para defender um livro das maledicências que seu número de semanas no topo da lista dos mais vendidos da Veja pode trazer.

O meu primeiro argumento em defesa de A menina que roubava livros é que sim ele é um best-seller, mas ele é limpinho, ele não foi escrito por que a moda editorial mandava tal. Isso mesmo, ele está entre os mais vendidos, mas não ele não fala de Maria Madalena e Jesus, A vida árabe hurts ou de como usar sua mente pra conseguir qualquer coisa.
Outra coisa, a história É interessante, nada de muito linear, com personagens que são a mesma coisa o tempo todo. Na verdade, a vida de Liesel (a protagonista) é o resultado do que aconteceu na vida de todos os outros personagens, o que torna o enredo bastante intrincado e com vários níveis.

A estilo de narração também é notável, o narrador é personagem, porém um personagem distante, um funcionário que só age quando seus serviços são necessários, ele está ali, mas não está sempre participando ativamente da história. Ah, outro detalhe, o narrador(a?) é a Morte, e nos dar uma visão totalmente inusitada e perspicaz- por vezes fria- do fim da vida.
Outra coisa muito interessante na narração é que ela não está carregada daquele estilo sistemático e totalmente clichê de tentar prender o leitor consagrado por Danielle Stell e Sidney Sheldon, na verdade, a Morte nos adianta muitas das coisas que iram acontecer, até mesmo coisas que estragariam o livro, porém o interesse não morre, o que prova que o que nos prende são os personagens e a escrita do livro, não a curiosidade de saber o final (como nos livros do Dan Brown).

Mas a coisa que mais nos trás prazer em todas as 480 páginas é o apelo humano presente no livro, a humanidade e o amor - que andam em falta ultimamente- dos personagens. Sem precisar fazer drama exagerado - como em O caçador de pipas-, o autor mostra como o humano pode ser bom, como ele pode se dar o luxo de pequenas felicidades em plena Alemanha Nazista. A menina que roubava livro é uma leitura excelente, tudo bem, ele contém alguns elementos best-seller, como vocabulário fácil, porém ele é diferente de tudo o que está aí e nos impõe várias reflexões, tudo isso sem ser escrito pelo Augusto Cury.

Para o pessoal do não li e não gostei... Leiam e passem a gostar.

5 comentários:

Anônimo disse...

Perfeita crítica, frank!Foi exatamente o que está escrito que eu senti ao ler "A menina que roubava livros".
Mas o melhor comentáiro foi esse : "Sem precisar fazer drama exagerado - como em O caçador de pipas-, o autor mostra como o humano pode ser bom, como ele pode se dar o luxo de pequenas felicidades em plena Alemanha Nazista. "

O caçador de pipas, inicialmente, me pareceu um bom livro. Mas o drama exagerado estraga, com isso o livro se tornou até apelativo.

Parabéns!
[semana caprichadíssima no talicoisa ;D ]

Jamile Gonçalves disse...

Não li, mas acho que vou gostar.
Pode ser?
aahauhahua
Por enquanto tô atrás de Quando Nietsche Chorou...
Terminei agora O Mundo de Sofia, e sim! Já li um livro de Paulo Coelho...
Desse eu posso falar: Li e não gostei.
;)

Melissa de Castro disse...

Estou lendo A menina que roubava livros e já estou gostando.

E não acho Caçador de pipas exagerado...

Anônimo disse...

aaaaaaai frank amei,eu sabia q vc ia acertar na critica dsse livro...não que O CAÇADOR DE PIPAS seja ruim,mas A MENINA QUE ROBAVA LIVROS é melhor rsrs

Frankulino disse...

simn, o caçador de pipas é um bom livro, mas é meio Maria do Bairro...