William Bradley Pitt |
Ao contrário dos outros megalomaníacos que assolaram a humanidade, o cidadão em questão não usa de violência de qualquer espécie, pelo contrário, posa de bom moço e declara publicamente seus temores pelos rumos que o mundo tomou. Todas as investigações já feitas não foram capazes de extrair provas materiais de seus planos. Muito pelo contrário, ele conta com um verdadeiro exército midiático que acredita piamente estar se metendo em sua vida, ganhando dinheiro com demonstrações naturais de bom mocismo e humildade.
A verdade é outra, ela está lá dentro, no esconderijo secreto que ele tem em sua casa, no subsolo, em baixo da cozinha, a poucos passos da geladeira. Muito, mas muito conveniente. Tão discreto e prático quanto conveniente, ele aproveita os intervalos entre os monitoramentos de seus planos para fazer uma boquinha, e com isso consegue parecer ainda mais inofensivo. Quando as pessoas vão acordar? Quando?
A primeira e essencial parte de seus planos já foi concluída. Ele é amado, admirado, desejado, invejado e respeitado até pelos despeitados. Não há nada capaz de desaboná-lo. Mesmo quando deixou o primeiro casamento para iniciar outro, isso foi visto como um acto de coragem e liberdade de quem corre atrás de seus sonhos mais caros. Mas não foi só isso.
O cidadão em questão abandonou os estudos, que estavam para ser concluídos, e saiu como um doido pelo mundo, atrás de recursos para iniciar seus planos de dominação mundial. E começou de forma humilde, como um humilde garçom de um humilde restaurante, na nada humilde Los Angeles. E começou pagando micos homéricos para iniciar sua carreira, no que aproveitou para treinar a resistência à frustração, que é comum mesmo nos planos mais bem elaborados. E novamente ele foi bem sucedido, muito bem sucedido. Todos caíram feito patinhos no capilé daquele cara tão legal e solícito.
Mesmo os profissionais mais experientes, mesmo os que de início torciam o nariz para ele, mesmo os mais neuróticos executivos acabaram se rendendo aos seus predicados. Ficou tão bem visto por todos, que já começou a mostrar suas garras afiadas e robustas, sem o mundo em geral se dar conta dos riscos iminentes que corre.
Tudo começou com a adoção de crianças pobres de países miseráveis. O mundo inteiro se desmanchou de amores pelo casal, especialmente pelo grandalhão com cara de mau. Não que ele não as ame, absolutamente, mas o gênio estrategista por trás do rosto de deus grego concilia facilmente deveres e prazeres, de um modo que nenhum vilão na história da humanidade conseguiu.
Antes era apenas um profissonal requisitado, especializado, vejam só, em papéis de heróis humanizados do período da guerra. Ele contou subliminarmente quem realmente é, mas ninguém se deu conta. Foi aplaudido pelo seu trabalho e por dar chances a outros profissionais, arregimentando uma admiração e uma gratidão preciosas para o próximo passo de seus planos, que é interferir abertamente nos assuntos nacionais do mundo inteiro, sendo ele o herói a mediar discussões acaloradas de políticos de corações duros e miolos moles.
Mas tudo isso é apenas o ornamento do poderio que ele almeja. Ele não quer que as nações caiam aos seus pés, não quer devastar cidades para servirem de exemplo, não quer controlar os centros financeiros do mundo, não quer nem mesmo decidir os novos sabores de pizzas. Ele quer um poder extremamente difícil de ser burlado, ao qual é imensamente difícil resistir, um poder que é admirado a ponto de quem o tem ser chamado de herói.
Ele quer ser seu pai. Não se iludam com os meros seis pequerruchos que o casal ainda tem, eles são apenas o que a imprensa mostra, apenas o que o grande público conhece, apenas o que mesmo os serviços secretos têm conhecimento. Os agentes mais neuróticos e psicóticos da CIA, M6, Mossad e até mesmo os espiões aposentados por demência do Império de Palpatine, sabem a verdade. Na realidade já são milhares, talvez milhões pelo mundo.
Os planos dele são virtualmente perfeitos, a ponto de até mesmo suas imperfeições serem utilizados em proveito de sua execução. Afinal, quem acreditaria que aquele ídolo de milhões, aquele musculoso atiçador de bacurinhas seja, na verdade, o virtual imperador do mundo? Quando o planeta menos esperar, quando todos estiverem confortáveis em suas realidades falsas, ele descerá entre nuvens de mil megatons dizendo "MUNDO! EU SOU SEU PAI". E não haverá uma resistência liderada pela princesa Leia para combatê-lo. Então será tarde demais.
Agora pegue seu documento mais próximo. Pode ir, eu espero... Pegou? Veja nele quem são seus pais... Viu? Tem certeza? Olha que não! Na verdade, na verdadeira verdade que não querem que saibamos agora, os seus pais também foram secretamente adoptados por ele. Seus pais, você, retroativamente seus avós, bisavós, trisavós, talvez até mesmo os hominídeos que separaram o ramo evolutivo da humanidade. Com essa autoridade paterna consolidada, não haverá absolutamente mais nada a ser feito.
Seu nome é Bradley, popularmente conhecido como Brad. Um nome muito simpático, convenientemente simpático.
Imaginem o cenário de um só homem decidir as leis, as punições, as mesadas, o comprimento da sua saia, os palavrões que a televisão pode falar, até os temperos que poderão ser colocados no fast food. Com autoridade patriarcal, ele poderá fazer tudo isso. Como pai reconhecido de cada ser humano, ele poderá e fará isso...
- Muito bem, rapazinho, tempo esgotado!
- Mas pai, eu ainda não terminei de escrever minha teoria conspiratória!
- Sem "mas", garoto. Sua mãe e eu temos compromissos e temos que levar a família inteira. Sem conversa, vamos logo tomar banho, ela detesta se atrasar!
- Só vou salvar e...
- Chega! Pronto, publiquei do jeito que estava. Agora pro banho, vamos!
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