Mary tinha seis carneirinhos... |
Há muito tempo a
Cidade Maravilhosa tem sido mais motivo de prantos do que de sorrisos, isso eu
li e ouvi de nativos, tanto da capital quanto de Niterói; especialmente desta,
que acaba recebendo o esgoto do que até a recente má fama carioca rejeita. Quando
tudo parecia polarizado entre pseudointelectuais esnobes e festas de lavagem de
dinheiro sujo, surgiu em Agosto de 2012 uma esperança: Bloody Mary & The
Munsters!
A banda quebra
totalmente o estereótipo de que o Rio de Janeiro só produz apologias ao crime e
à promiscuidade. O estilo é retrô, com repertório rockabilly de alta qualidade.
Outro estereótipo quebrado é o de que bandas assim só surgem na região sul e na
serra paulista, que são mais propensas a acolher a cultura retrô-vintage.
A receita é muito
honesta, uma vocalista (muito) bonita acompanhada de seis marmanjos (nem tanto),
os sete atendendo por apelidos: vocal Bloody Mary (Mariana Oliveira), baixo
acústico Zombie (Marcus Ramalho), piano Doctor Beast (Daniel Bessa), sax e
flauta Madness (Lincoln Castro), trompete Crocodile Louis (Iury Hainfellner),
bateria The Raven (Eduardo Manu) e guitarra Filkenstein (Felipe Braga). O que
mais parece a nova formação da Família Adams é o elenco de artistas que gostam
de rock cinqüentista, pin-up, memorabilia, carros antigos e vida com estilo.
Muito estilo, diga-se de bagagem.
O que os diferencia
de tantas bandas que aparecem e somem causando o mesmo impacto nulo, é que eles
sabem o que querem. Aliás, sabem o que e como conseguir. Sua vida, até o
momento, é cantar em eventos e bares na noite carioca, devolvendo à cidade um
pouco do glamour e da alegria de outrora, mas sem precisar apelar para álbuns e
vídeos da vovó.
Eles vendem seu
trabalho e seus discos (CD, fita e VINIL) cantando ao vivo, com todos os riscos e todas as
conseqüências inerentes ao ofício. Como ainda não têm nem quatro anos de
estrada, eles não podem contar com relações públicas, assessores e equipe de
divulgação. Seu departamento de marketing é o perfil da banda no Facebook.
Assim, eles, dependem totalmente de escolher bem onde vão cantar, cantar bem e contar com a beleza hollywoodiana
e o charme retrô da vocalista.
O trabalho bem feito
rendeu a simpatia dos antigomobilistas, que são um público muito exigente, e os
convites para os vários eventos regulares do gênero no Rio de Janeiro já
aparecem. O que esse público tem de tão diferenciado? Simplesmente o nível,
meus queridos. Antigomobilistas estudam muito sobre seus carros preferidos, a
ponto de muitos deles se tornarem mais conhecedores de épocas e locais
específicos do que historiadores formais. Em suma, eu estou recomendando na
condição de antigomobilista, mesmo que ainda não seja um colecionador, porque
isso custa caro... Tens aí cem mil temers para trazer um Kaiser ‘52 dos EUA?
Não, Né!
Eles ainda não têm
nenhum Grammy e nenhum disco de urânio, mas numa época em que cantores são em
sua maioria, justificadamente, descartáveis, os sete conseguem entregar um
trabalho cultural competente e longe de polêmicas ideológicas, por conseqüência
também do poder público... Exceto quando precisam de alvará para se apresentar,
é claro, aí o rock vira melodrama. Enfim, os sete amigos de Niterói trazem de
volta desde os clássicos dos astros do jazz até as revoluções dos Beatles, sem
fazer feio nesse repertório tão amplo. A proposta? Trazer de volta os encantos
do Rio de Janeiro a um público que já se acostumou, com pesar, a chamar sua cidade de “Hell de
Janeiro”. Aproveite e se cure um pouco da realidade.
Visite-os aqui e aqui 8-)
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