quarta-feira, 8 de junho de 2016

Eu recomendo: Bloody Mary & The Munsters

Mary tinha seis carneirinhos...


  Há muito tempo a Cidade Maravilhosa tem sido mais motivo de prantos do que de sorrisos, isso eu li e ouvi de nativos, tanto da capital quanto de Niterói; especialmente desta, que acaba recebendo o esgoto do que até a recente má fama carioca rejeita. Quando tudo parecia polarizado entre pseudointelectuais esnobes e festas de lavagem de dinheiro sujo, surgiu em Agosto de 2012 uma esperança: Bloody Mary & The Munsters! 


  A banda quebra totalmente o estereótipo de que o Rio de Janeiro só produz apologias ao crime e à promiscuidade. O estilo é retrô, com repertório rockabilly de alta qualidade. Outro estereótipo quebrado é o de que bandas assim só surgem na região sul e na serra paulista, que são mais propensas a acolher a cultura retrô-vintage.


  A receita é muito honesta, uma vocalista (muito) bonita acompanhada de seis marmanjos (nem tanto), os sete atendendo por apelidos: vocal Bloody Mary (Mariana Oliveira), baixo acústico Zombie (Marcus Ramalho), piano Doctor Beast (Daniel Bessa), sax e flauta Madness (Lincoln Castro), trompete Crocodile Louis (Iury Hainfellner), bateria The Raven (Eduardo Manu) e guitarra Filkenstein (Felipe Braga). O que mais parece a nova formação da Família Adams é o elenco de artistas que gostam de rock cinqüentista, pin-up, memorabilia, carros antigos e vida com estilo. Muito estilo, diga-se de bagagem.


  O que os diferencia de tantas bandas que aparecem e somem causando o mesmo impacto nulo, é que eles sabem o que querem. Aliás, sabem o que e como conseguir. Sua vida, até o momento, é cantar em eventos e bares na noite carioca, devolvendo à cidade um pouco do glamour e da alegria de outrora, mas sem precisar apelar para álbuns e vídeos da vovó.


  Eles vendem seu trabalho e seus discos (CD, fita e VINIL) cantando ao vivo, com todos os riscos e todas as conseqüências inerentes ao ofício. Como ainda não têm nem quatro anos de estrada, eles não podem contar com relações públicas, assessores e equipe de divulgação. Seu departamento de marketing é o perfil da banda no Facebook. Assim, eles, dependem totalmente de escolher bem onde vão cantar,  cantar bem e contar com a beleza hollywoodiana e o charme retrô da vocalista.


  O trabalho bem feito rendeu a simpatia dos antigomobilistas, que são um público muito exigente, e os convites para os vários eventos regulares do gênero no Rio de Janeiro já aparecem. O que esse público tem de tão diferenciado? Simplesmente o nível, meus queridos. Antigomobilistas estudam muito sobre seus carros preferidos, a ponto de muitos deles se tornarem mais conhecedores de épocas e locais específicos do que historiadores formais. Em suma, eu estou recomendando na condição de antigomobilista, mesmo que ainda não seja um colecionador, porque isso custa caro... Tens aí cem mil temers para trazer um Kaiser ‘52 dos EUA? Não, Né!


  Eles ainda não têm nenhum Grammy e nenhum disco de urânio, mas numa época em que cantores são em sua maioria, justificadamente, descartáveis, os sete conseguem entregar um trabalho cultural competente e longe de polêmicas ideológicas, por conseqüência também do poder público... Exceto quando precisam de alvará para se apresentar, é claro, aí o rock vira melodrama. Enfim, os sete amigos de Niterói trazem de volta desde os clássicos dos astros do jazz até as revoluções dos Beatles, sem fazer feio nesse repertório tão amplo. A proposta? Trazer de volta os encantos do Rio de Janeiro a um público que já se acostumou, com  pesar, a chamar sua cidade de “Hell de Janeiro”. Aproveite e se cure um pouco da realidade.

Visite-os aqui e aqui 8-)

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