sábado, 1 de julho de 2017

Orai

    Orai pela flor de Florianópolis. Orai pelos espinhos que ainda tentam defendê-la!

    Lembrai de seus risos sem pudor, em suas pétalas ao vento, lembrai de sua verve maternal para com os brotos que sequer saíram de seu caule.

    Dizei, ó mundo, dos males que teria esta flor feito em teu meio! Dizei, ingratos, das regras que a acusai de impor e que vós mesmos não tenhais dito com outras palavras!

    Fazei, prole d'outros ventres, saber da bondade austera que essa flor lhes legou, do destemor para com espinhos alheios ao enfrentas deles as pragas, que noutras flores causavam temor!

    Resignai-vos, discípulos desse perfume, com o desfecho que estiver além de vossos poderes, mas não com os rumos do que vossas folhagens puderem alcançar.

    Apressai-vos para vislumbrarem a beleza que ainda ostenta, e o aroma que ainda exala em seu perímetro. Não tardai a fazê-lo!

    Orai, jardins que a flor acolhia, que suas pétalas já estão infestadas por pragas! Orai, colibris sedentos, que ainda podem servir-se de seu néctar, orai de vossos jovens corações.

    Orai, pois as ervas daninhas já lhe tomam a vizinhança.

    Orai, pois os pulgões já pousam em suas folhas e sugam sua seiva vital.

    Orai, que já não há mais o que fazer.

    Orai e esperai.

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