Mostra-me em teu vôo
tua liberdade;
eu te mostrarei, em teus limites,
a minha prisão.
Canta sem motivo,
num dia chuvoso;
eu te mostrarei minhas lágrimas,
num dia pleno de sol.
Faz-me o desafio de ganhar o céu,
eu te responderei, da minha gaiola,
que aqui tenho, pelo menos,
comida e água.
Rebelde, em acrobacias tentas seduzir-me,
mas tenho os pensamentos presos à terra,
os pés bem plantados no poleiro.
Eu posso gritar minha mágoa
e mostrar-te que também não és livre:
teu limite é a tua asa,
o teu vôo, teu cárcere,
minha lágrima, tua culpa,
meu protesto, teu julgamento.
Vai e voa!
E mostra-me que talvez valha a pena
ter a prisão que tens.
Vai e canta!
E diz-me que teu canto é tua arma
e que meu medo é a tua alma
e que eu também posso ser
um pouco como tu és.
(o Poema ' Pássaro" foi escrito em 1989, por esta vossa colaboradora.)
2 comentários:
Dia triste, não? Lutos, despedidas, frustrações... Também escrevi um texto denso no Palavra. Estamos sintonizados.
Belo pergaminho, sacerdotiza.
Hum, então vamos lá ler!
sintonia é bom, não?
:)
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