A Irlanda nos presenteia com mais uma demonstração de gigantismo musical, em termos de qualidade. Eu recomendo o quarteto (aqui, aqui e site brasileiro aqui) Celtic Woman.
Formado em quinze de Setembro de 2004, no The Relix, da Universidade da Cidade de Dublin, as três vocalistas e a violinista colecionam sucessos de crítica e público, por não se renderem às fórmulas fáceis e se manterem firmes nas raízes célticas de sua civilização. As sacerdotisas da música celta são Chloë Agnew, Lisa Kelly, Lisa Lambe e Máiréad Nesbitt, a violinista; que faz suas aparições como se fosse uma fada serelepe no palco. A formação já sofreu mudanças, sendo Chloë e Lisa Kelly da formação original.
Como Enya, o Celtic Womam canta também em gaélico - língua original da Irlanda - e outros idiomas, além do inglês. Tudo nas apresentações delas remete às comemorações da Irlanda antiga, como as danças, os arranjos, o modo medievalesco de executar muitas canções e a percussão, esta com potencial hipnótico forte.
Os shows têm ares de celebração ritualística, o que é proposital. Tudo é muito elaborado, com uma métrica geralmente só encontrada entre os japoneses. Nenhum detalhe está lá por questões estéticas nem para pegar carona em modismos, a verdade é que Roma e Vaticano não conseguiram eliminar a cultura celta. Os celtas existem principalmente no Reino Unido e na Bretanha, norte da França, e neste século decidiram mostrar-se retomando seus idiomas e suas tradições, como o uso de coiffe (hoje opcional) pelas moças.
Em comum, todas as formações têm o esmero e o respeito como norte de seus trabalhos. "Assim está bom" não tem lugar no grupo, é preciso atingir o ponto exacto, a perfeição para que elas e sua equipe se dêem por satisfeitas e então se mostrem ao público. Os vestidos muitas vezes são de gala e elas dançam cantando com desenvoltura, como se fossem vestidinhos rústicos de camponesas. Aliás, pode-se notar facilmente o teor folclórico de suas danças, que são bem ordenadas e executadas com cuidado, apesar do aparente descompromisso.
O trabalho delas pode soar muito elitizado para o gosto reinante, mas é conseqüência de dois factores: manutenção da identidade cultural de seu povo, que há milênios vê na música uma forma de comunhão com Deus, então há espaço compulsório para a alegria e a espontâneidade, mas não para relaxamentos; Tudo é feito como na cultura ancestral, com o envolvimento de toda uma comunidade nos festejos, o que resulta em um grande número de músicos para guarnecer as sacerdotisas cantoras. Em suma, as canções do Celtic Woman são autênticas mesmo quando compartilhadas de outros cantores. O facto de terem as vozes bem empostadas não quer dizer que estejam só fazendo seu trabalho, para os antigos celtas não havia diferença entre lazer e trabalho, eles faziam o que gostavam e se entregavam complertamente à sua actividade, como as moças.
Ao contrário de Superfly, elas não se interessam muito pelo experimentalismo dos anos psicodélicos, pois o que cantam é a preservação e divulgação das tradições celtas, especialmente as irlandesas. A alguns,que não aprenderam que culturas diferentes não fazem as mesmas cousas pelos mesmos motivos, as performances podem fazê-las parecer muito convidativas, mas isto faz parte da cultura celta e das religiões mais antigas, ainda não deturpadas. Nada tem a ver com os motivos popularescos que tanto vendem por cá. Talento e técnica são ítens excludentes para quem quer integrar o grupo.
4 comentários:
Amazing Grace é simplesmente lindo.
Adorava cantar no coral, numa das versões em português.
A religiosidade dos celtas é praticada no dia a dia, até nas festividades.
É uma coerência ampla que as próprias escrituras recomendam:
"Quer comamos, quer bebamos, somos do Senhor" e "Servi ao Senhor com alegria".
Nem a misoginia e o elitismo patológico de Roma conseguiram tolher isto dos celtas. Graças a Deus, no bom senso das matronas irlandesas.
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