sábado, 7 de abril de 2012

Ronnie Von; o príncipe

Photo: Divulgação TV Gazeta

Sob câncer, com uma força de vontade capricorniana, madrugou nos primeiros minutos de 17 de Julho de 1944, uma baita de uma segunda-feira, em Niterói... Leva uma bifa o brasileiro que me perguntar onde é Niterói! Actor, apresentador, cantor, compositor, escritor, economista, piloto de caça, ídolo de milhões, sonho de consumo das donas Mirtes, pé-de-valsa e sei lá mais o quê. Creio que com duas horas de conversa comigo, ele vira especialista em engenharia automotiva; o homem é o cara! Nome da figura: Ronaldo Lindenberg Von Schilgem Cintra Nogueira.

Sua infância foi muito estranha! Jogou bola, correu, caiu, machucou, passou gelol, voltou a correr, quebrou coisas, levou no lombo por isso, chorou perdas duras e foi acolhido pelos pais. Estudar era um suplício, afinal ele tinha que aprender para passar de ano, não tinha essa lambança de ser empurrado por psicopata-pedabobos. Precisava ler para fazer uma pesquisa escolar, tinha que andar até a biblioteca, anotar tudo o que fosse importante à mão, com lápis, levar para casa o que foi anotado, corrigir, passar a limpo e só então organizar tudo para fazer o trabalho. Músicas eram outra dificuldade! Para tê-las em casa, imaginem só, era preciso comprar os discos!

Coitadinho do Ronnie Von, que vidinha triste sem amenidades, facilidades, imediatismos e permissividades! Cheia de traumas e incoerências pedabobológicas politicamente impatéticas. Tadinho do Ronnie Voooonnn! Chuif!... UMA PINÓIA! O cara foi cuma criança feliz, saudável, com resistência a doenças que derrubariam vocês em três tempos! Ele nunca teve moleza, nem havia isso na época, mas teve uma vida confortável, com boas oportunidades que soube agarrar com vontade. Tornou-se um homem de verdade, um cavalheiro do tipo que faz muita falta em nossa sociedade pubiana.

Em 1960, aos quinze anos, entrou para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar de Barbacena, onde pilotou um Fokker T-21, com apenas dezessete anos... E tu, mané, se gabando de pegar o carro da tua mãe escondido, heim! Apesar de ter passado em 72º lugar, entre quatro mil candidatos, que concorreram a 240 vagas, 16,66 candidatos por vaga, para a alegria das moças, descobriu a tempo que não era sua vocação. Se acham que não precisa de vocação para a carreira militar, experimentem entrar sem gostar, especialmente a aeronáutica. Mesmo assim, a experiência forjou seu já bom caráter. Em uma entrevista à Isto É (esta aqui) afirmou que lá aprendeu disciplina, organização, hierarquia e respeito à lei; cousas que não existem só no mundo militar, são parte da natureza e, nela, são implacáveis.

Estudou economia à noite, trabalhando com um tio durante o dia, administrando empresas de operavam o mercado de capitais. Se hoje isto ainda enrola a cabeça de muita gente, imaginem na época. Mas sua carreira solo durou pouco. Após casar-se com Aretusa, mãe de seus dois anjinhos, tentou trabalhar no mercado paralelo de capitais, montando uma distribuidora de valores, mas precisou vender até o carro para honrar seus compromissos. Foi particularmente doloroso, porque o carro foi presente de casamento do pai.

Mas eis que surge uma luz no fim do túnel, com Ronnie trabalhando no que aparecia, para manter as boquinhas famintas que tinha em casa. Os Beatles desembestaram pelo mundo e atrairam o interesse do nosso amigo em 1964. Claro que ele soube dos garotos de Liverpool por jornal, rádio e tevê, garoto, na época nem se falava em computados sem pensar em filme de espionagem. Em 1965 o amigo Eli Barra, integrande do cover Brazilian Beatles, o apresentou ao productor Glauco Pereira, que abriu o sorriso e contractou Ronnie. Aliás, ele fez a proeza de criar uma versão bem feita e coerente de uma música do quarteto, gravando "Meu bem", em cima de "Gilr".

Foi apresentado no programa "Brazilian Beatles Club", da sudosa TV Excelsior do Rio de Janeiro, cantando "You've Got to Hide Your Love Away". Daí acabou a pendenga, os sete anos de privações acabaram, os esqueletos de vacas voltaram para o Nilo e as vacas voltaram a ser gordas e produtivas. Até hoje.
Ganhou o apelido de "Pequeno Príncipe" no programa "Corte Rayol Show", em 1966, ano em que ganhou seu próprio programa, "O Pequeno Mundo de Ronnie Von". Em 1967 gravou "A Praça", de Carlos Imperial, e estourou nas paradas. Neste programa ele deu chance e mostrou para o Brasil um monte de gente que fez história na música popular, como toda a patota da tropicália e Os Mutantes; de início, o nome era "Os Bruxos", mas Ronnie os convenceu a mudar o nome. Com o fim do programa, passou uns dias em um bairro hippie, quando foi à Disneylândia, voltou psicodélico e actual com o que se fazia lá fora.

Seu sucesso causou ciúmes, dizem as más línguas, até no trio de ouro da Jovem Guarda. Mesmo não participando do programa "Jovem Guarda", capitaneado por roberto Carlos, ele fez parte do movimento e é reconhecido como seu integrande oficial.

Trabalhou em muitos filmes, freqüente com Os Trapalhões, inclusive actuou no argentino  "Taxi Uno". Neste, aliás, encontrou a amiga de infância e amor juvenil, Cristina, com quem se casou e é feliz.

"Tranquei a Vida" o lançou internacionalmente. A música melancólica, em uma época em que as músicas francesa e italiana eram fortes no Brasil, marcou para sempre sua carreira e, de certa forma, sua vida também.

Teve muitos programas, sempre com seu público já fiel e cativo, como tem até hoje, apresentando o "Todo Seu" na TV Gazeta, sem arroubos de audiência, mas com índices seguros, nos quais a emissora pode se apegar para garantir os patrocínios. E a mulherada participa, não se enganem! O nível do programa é bem alto, coisa de utilidade pública mesmo.

Seu casamento durou doze anos, depois do quê precisou ser pai e mãe. Aqui o aprendizado na aeronáutica lhe valeu como salva-vidas. A experiência lhe rendeu a inspiração e experiência para se aventurar nas letras e lanças o livro "Mãe de Gravata", onde repassa sua experiência, seus erros e acertos, para quem precisa cuidar de seus filhos em situações adversas; no mundo de hoje, existir já é uma situação adversa, então compre e leia com vontade. Todo este cabedal seduz diariamente Cristina, sua esposa e companheira fiél.

Não há escândalos em seu currículo. Ele mantém a porta de sua casa fechada a quem não interessa. O facto notório e comovente foi em 1979, quando contraiu Polineurite Neuro Radicular, que o deixou na cadeira de rodas por meses. Peninha? Há! Respeita, rapá! Ele afirmou em alto e bom tom "Só saio do palco se me abaterem a tiros, e mesmo assim vou lutar para que isso não aconteça". Uma resposta para a imensa corrente de orações dos fãs em seu favor. Se há uma palavra para descrever sua postura diante das cacetadas do mundo, é "DIGNIDADE".

Ronnie é um homem bom, ordeiro, gentil, honesto, íntegro, culto, experiente, alguém que muitas mulheres temem encontrar, porque temem ser uma ilusão grande demais para suportarem uma eventual decepção. Ele entende as mulheres, compreende sua alma e a toca com a delicadeza e firmeza necessárias, daí muito idiota, até hoje, comentar que ele é gay. Para quem não conhece seu programa, lá há o quadro "Visão Masculina", onde só homem entra, para que eles possam desabafar, falar, colocar seus bichos para fora e aprender com o mestre o que fazer. Sujeitinho legal, heim!

Para saber mais, basta digitar "Ronnie Von" no buscador e ter uma miríade de informações a seu respeito, inclusive uma penca de entrevistas relativamente recentes e confiáveis. Letras, músicas e vídeos aos borbotões estão ao seu alcance, sem que precise copiar, corrigir, passar a limpo, organizar, et cétera.


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1 comentários:

Anônimo disse...

Sempre gostamos de ler sobre Ronnie... Mas por favor, "fiel" não tem acento e "a mão" não tem crase! Escrevemos "a lápis", e não "ao lápis". Então escrevemos "a mão", não "à mão". Esse "a" é preposição somente, não pode levar o acento, pois não existe crase.