Buscando por animações de temas livres da Disney, aqueles que quase nunca ou nunca são encontrados nos parques temáticos dos estúdios, encontrei uma pérola. Pelas indumentarias e pela excelente qualidade da animação, a obra é do terceiro terço dos anos 1940, no máximo o parto dos anos 1950.
Antes de mais nada, advirto que não há absolutamente nada de obsceno, então os caçadores de filmes banidos podem ir procurá-los n'outro lugar. Mas não pensem que ninguém se indignou, atentem para o contexto e saberão que isso deve ter ocorrido. Acredito mesmo que grupos de dogmopatas bradaram contra os estúdios alegando que estavam pervertendo sua juventude, incitando as moças de família à degradação moral, à lascívia, à imoralidade! Moças devem acreditar até a morte que as crianças são trazidas pela cegonha, ou mesmo concebidas pelo espírito santo... Mesmo que nem as retardadas com mais de dezesseis anos acreditem mais nisso, e que todas saibam de mães solteiras, o que invalida toda a gritaria!
Tampouco esperem algo de revolucionário para a época. Não se mostram órgãos sexuais, nem mesmo disfarçados, não mostram nem mesmo contornos dos seios. Não há nada de pornographico e nada de libertário... quer dizer, há algo de libertário sim, mas não na acepção que está em voga. Vamos aos comentários sobre a obra.
The Story of Menstruation é uma animação curta, são apenas cerca de dez minutos, não mais do que nove, se descontarmos a introdução e os créditos. Tecnicamente é o que se espera da Disney, que faz(ia) desenhos curtos semanais com mais qualidade do que a maioria das animações de gala de ouros estúdios. Os jogos de luzes e sombras beiram a perfeição, mesmo para um filme que não foi lançado para concorrer a prêmios, mas apenas a título de esclarecimentos e orientação para a vida.
A narração é feminina, toda em inglês, usando um tom de voz suave, materno, mas também firme. Embora não entre em detalhes sexuais, nem de longe mesmo, explica com a competência e a delicadeza necessárias. Ah, isto faz falta nos dias correntes. As pessoas se acostumaram a ser tratadas como coisas, o que acabou se refletindo nas mídias. Diga-se tristemente de passagem, até mesmo as e os ginecologistas tratam as pacientes com certa brutalidade, como se elas quisessem ardentemente sangrar e sofrer dores horríveis todos os meses.
Para quem ainda rumina pensamentos de que cólica menstrual é frescura de mulher, experiente suportar a dor de uma facada no fígado todos os meses. Todos os testes de simulação de que tenho notícia, levaram os voluntários a nocaute logo na primeira fase.
Voltando ao filme, ele encanta pela delicadeza dos traços que confere às personagens. Não, não esperem diversidade de biotipos em um filme quarentista. Esta sensibilidade poderia até ter passado pelas cabeças da equipe, mas o departamento de market teria mostrado razões fortes para barrar a idéia. Pelo menos uma: NINGUÉM O TERIA VISTO. É uma ferida na história americana.
Ainda assim, aqueles que souberem não ser desnecessariamente chatos, conseguirão se encantar com a sutileza da abordagem. Começa, por exemplo, mostrando que tudo o que há na menininha recém-nascida, continua a existir na moça já madura. Tudo com uma naturalidade e neutralidade que os filmes de hoje não têm. As mudanças de humor, o mal-estar, dicas de alimentação e exercícios, tudo o que as moças até hoje precisam saber para enfrentar melhor aqueles dias terríveis, está no filme.
Por ser institucional, ele mostra uma cartilha feita na época, que infelizmente não será encontrada lá, muito menos por cá, a não ser que colecionadores se disponham a digitalizar e rodar o material. Por ser antigo, o vídeo não é de alta qualidade, mas vale cada segundo de admiração, pela qualidade da obra.
O filme só peca mesmo pela duração. É um assunto que ATÉ HOJE suscita dúvidas. Ao contrário do que podem os leitores pensar, a geração dos anos oitenta/noventa se mostrou quase toda incapaz de tocar no assunto com suas filhas. Por isso o filme ainda hoje se mostra valioso, em sabendo relevar moldes culturais de época, e por isso mesmo ele deveria ter uns vinte minutos a mais.
Sem delongas, aproveitem, porque é um filme com a antiga qualidade Disney de animação.
Antes de mais nada, advirto que não há absolutamente nada de obsceno, então os caçadores de filmes banidos podem ir procurá-los n'outro lugar. Mas não pensem que ninguém se indignou, atentem para o contexto e saberão que isso deve ter ocorrido. Acredito mesmo que grupos de dogmopatas bradaram contra os estúdios alegando que estavam pervertendo sua juventude, incitando as moças de família à degradação moral, à lascívia, à imoralidade! Moças devem acreditar até a morte que as crianças são trazidas pela cegonha, ou mesmo concebidas pelo espírito santo... Mesmo que nem as retardadas com mais de dezesseis anos acreditem mais nisso, e que todas saibam de mães solteiras, o que invalida toda a gritaria!
Tampouco esperem algo de revolucionário para a época. Não se mostram órgãos sexuais, nem mesmo disfarçados, não mostram nem mesmo contornos dos seios. Não há nada de pornographico e nada de libertário... quer dizer, há algo de libertário sim, mas não na acepção que está em voga. Vamos aos comentários sobre a obra.
The Story of Menstruation é uma animação curta, são apenas cerca de dez minutos, não mais do que nove, se descontarmos a introdução e os créditos. Tecnicamente é o que se espera da Disney, que faz(ia) desenhos curtos semanais com mais qualidade do que a maioria das animações de gala de ouros estúdios. Os jogos de luzes e sombras beiram a perfeição, mesmo para um filme que não foi lançado para concorrer a prêmios, mas apenas a título de esclarecimentos e orientação para a vida.
A narração é feminina, toda em inglês, usando um tom de voz suave, materno, mas também firme. Embora não entre em detalhes sexuais, nem de longe mesmo, explica com a competência e a delicadeza necessárias. Ah, isto faz falta nos dias correntes. As pessoas se acostumaram a ser tratadas como coisas, o que acabou se refletindo nas mídias. Diga-se tristemente de passagem, até mesmo as e os ginecologistas tratam as pacientes com certa brutalidade, como se elas quisessem ardentemente sangrar e sofrer dores horríveis todos os meses.
Para quem ainda rumina pensamentos de que cólica menstrual é frescura de mulher, experiente suportar a dor de uma facada no fígado todos os meses. Todos os testes de simulação de que tenho notícia, levaram os voluntários a nocaute logo na primeira fase.
Voltando ao filme, ele encanta pela delicadeza dos traços que confere às personagens. Não, não esperem diversidade de biotipos em um filme quarentista. Esta sensibilidade poderia até ter passado pelas cabeças da equipe, mas o departamento de market teria mostrado razões fortes para barrar a idéia. Pelo menos uma: NINGUÉM O TERIA VISTO. É uma ferida na história americana.
Ainda assim, aqueles que souberem não ser desnecessariamente chatos, conseguirão se encantar com a sutileza da abordagem. Começa, por exemplo, mostrando que tudo o que há na menininha recém-nascida, continua a existir na moça já madura. Tudo com uma naturalidade e neutralidade que os filmes de hoje não têm. As mudanças de humor, o mal-estar, dicas de alimentação e exercícios, tudo o que as moças até hoje precisam saber para enfrentar melhor aqueles dias terríveis, está no filme.
Por ser institucional, ele mostra uma cartilha feita na época, que infelizmente não será encontrada lá, muito menos por cá, a não ser que colecionadores se disponham a digitalizar e rodar o material. Por ser antigo, o vídeo não é de alta qualidade, mas vale cada segundo de admiração, pela qualidade da obra.
O filme só peca mesmo pela duração. É um assunto que ATÉ HOJE suscita dúvidas. Ao contrário do que podem os leitores pensar, a geração dos anos oitenta/noventa se mostrou quase toda incapaz de tocar no assunto com suas filhas. Por isso o filme ainda hoje se mostra valioso, em sabendo relevar moldes culturais de época, e por isso mesmo ele deveria ter uns vinte minutos a mais.
Sem delongas, aproveitem, porque é um filme com a antiga qualidade Disney de animação.
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