quinta-feira, 7 de março de 2013

The Karen Carpenter Story

Fonte: The Carpenters Fan Club

Ainda hoje eu não encontrei um modo digno, a altura para escrever particularmente sobre Karen Anne Carpenter. Confesso que ando indolente, mas não é esta a causa. Karen foi uma pessoa extremamente complexa, a ponto de muitas vezes ser considerada um membro à parte na dupla com seu irmão Richard.

Mas há um filme a seu respeito, feito poucos anos após seu passamento. Não aquele feito às pressas, usando bonecas, mas um com actores de carne e osso: The Karen Carpenter Story. É uma hora e meia amassando a buzanfa por uma boa causa. Foi feito para a emissora CBS, exibido em 1º de Janeiro de 1989. Por isso mesmo não se trata de um filme épico, feito para ganhar o Oscar, mas simplesmente para narrar como os dois irmãos caipiras passaram de músicos da banda colegial, para um dos maiores ícones da música pop do mundo. Mas asseguro que merece um remake hollywoodiano, se algum dia Richard o permitir.

A narrativa é rápida, só faz pausas ou se delonga onde se faz necessário, mal se vê o tempo passando. Começa com Karen desacordada no chão de sua casa, os paramédicos tentando reanimá-la e a jovem Karen de antes da fama assediando a Karen desacordada, de patins... Surreal? Talvez, mas foi um recurso muito bom, que deu o tom do filme inteiro e atiçou a curiosidade de vê-lo até o fim... Que nós sabemos qual foi.

Os primeiros trinta minutos são dedicados a isso, mostrar sem detalhes demais, a chegada da família à nova casa, até o crescente desconforto da moça com a fama crescente. Richard é mostrado como o músico competente que é, aliás, um pianista excepcional, muito respeitado pela crítica... E um antigomobilista que põe a mão na graxa. Karen é mostrada como a caçula jovial, manhosa, impulsiva, sem papas na língua e sem meias-palavras, mas quando decide parar com a brincadeira e cantar à sério... Meu Deus!!!!!!

No fim do primeiro terço, Karen começa a ter preocupações com a forma física que desencadearam a obsessão pelo peso. Ela nem se dá conta de que os espelhos que usa, são portas de aço inox de elevadores, que distorcem mesmo a imagem... Talvez tenhamos aqui uma metáfora, porque ela realmente usava as fontes erradas para se enxergar. Sempre foi uma moça espevitada, meiga, com o biotipo favorável à maternidade, mas o susto pela fama monstra e o contacto constante com artistas altas e magérrimas, além de desilusões pessoais, tiveram efeitos nefastos.

É quando ela começa a usar roupas com enchimentos... Embora tenha se punido de forma estúpida e desnecessária, Karem era um anjo de pessoa, mas temperamental e muito esperta, talvez esperta demais em momentos nos quais devesse deixar as cousas passarem. Ela sabia medir com precisão a diferença de tratamentos, o que aumentava sua insegurança pessoal, como se vê aos 45 minutos do filme.

A produção, embora ainda hoje deixe nossas emissoras babando de inveja, é enxuta, sem exageros, sem grandes photographias, focando esforços na vida pessoal e profissional dos irmãos Karen e Richard, mostrando inclusive o esforço dos pais em fazê-los levar uma vida familiar normal; algo muito difícil, àquela altura do campeonato. O facto é que, embora ela jamais admitisse que se metessem em sua vida, ao menos não enquanto seu orgulho não dissesse que poderia, o irmão costumava intermediar e interceder em seu favor. A coesão familiar foi preservada.

Há legendas cronológicas indicando as épocas em que os factos se passam, com ambientação temporal muito caprichada, especialmente nos figurinos... E sempre mostrando a veia antigomobilista de Richard, parece até que ele fez questão disso. Também parece ter feito questão de mostrar que a ascensão não os estragou, mostrando que é possível sim ficar rico e famoso sem se tornar inimigo de seus antigos amigos... Cutucada em colegas de profissão? Imagina...


Imagem do filme
Para quem procura revelações bombásticas, alguma sordidez ou torpeza ainda desconhecida, pode esquecer. O roteiro não nos poupa dos defeitos da moça, mas não os repete até parecerem hediondos. Tampouco o filme glamoriza Karen, sequer foi escalada uma actriz de beleza acima da média para interpretá-la. Para quem espera colheres de chá, com trechos de músicas ou até uma ou outra completa, o filme é razoavelmente satisfatório.

Enfim, os actores são convincentes em seus papéis, no que se vê clara intervenção de Richard. A protagonista não tentou imitar a voz de Karen, usou-se de gravações, claro, ou vocês pensam que nasceu alguém com jóia vocal semelhante? O filme poderia tranqüilamente sofrer alguns cortes para caber na grade de nossas televisões, afinal é um filme deito para televisão. Bem como pode ser estendido e tornar-se uma trilogia, porque há muitos detalhes importantes que ele não mostra, como a crise conjugal que terminou de estragar tudo, mas isso ainda dói muito nos Carpenter e talvez não seja liberado tão cedo.

O triste nem é saber o final. O triste é saber o final, mas mesmo assim esperar que os paramédicos cheguem a tempo e Karen volte a cantar... Mas eles não chegam... E Karen não volta... Desculpem...

Eis o filme na íntegra:

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