Vamos começar esclarecendo, LIly Renée não fez por mal. Eram os anos quarenta, poucos países tinham rede consistente de telephonia e radiodifusão. Os americanos estavam de olho na guerra e, até a política de boa vizinhança, deflagrada para garantir o apoio latino-americano aos aliados, estavam convictos de que não deveriam sequer olhar para o quintal do vizinho, se preocupando apenas com os seus problemas internos. Exageraram, é claro.
Na época, sem material de pesquisas disponível ao público, ganhando pouco por página e com prazos apertados, os quadrinhistas faziam verdadeiros milagres com tinta e papel. Artista rico sempre foi exceção, com quem fazia quadrinhos nunca foi diferente. Era ralar a noite toda para o editor aceitar receber o material, que poderia ser rejeitado, e o coitado teria que fazer tudo de novo.
Em um romântico país da América Central, preservador da cultura herdada da colonização espanhola, mas atento à modernidade que vinha dos países do norte, vivia a agente secreta Ritta Farrar. Rita foi uma artista completa, com uma carreira promissora em Hollywood, com planos para a vida e suspiros para seu noivo, Bill.
Sua história mudou radicalmente quando ele, Bill, morreu no ataque a Pearl Harbor. Amargurada, querendo morrer e se entupir com balas Juquinha amanhecidas, ela foi cooptada pelo serviço secreto, com a missão de monitorar possíveis actividades do Eixo, se tornando agente naquele exótico e selvagem país próximo ao Caribe... o Brasil... Não riam! Praticamente só gente do governo, e intelectuais de boas universidades, sabiam onde e o que realmente era o Brasil. Ela assim que o mundo nos via. Provavelmente, ainda é assim que muita gente lá fora nos vê. Infelizmente, é assim que muita gente aqui dentro se vê.
Rapidamente Ritta, sob o cognome "Señorita Rio", conhecida pela identidade falsa de Consuela Maria Ascencion de Las Vegas, ganhou a co-alcunha de "Rainha dos Espiões". Praticamente uma James Bond de saias. A personagem é tão inverossímil quanto o agente 007, mas se considerarmos as limitações da época, daria uma franquia tão bem sucedida quanto. Vamos ver as credenciais da moça; Muitíssimo bem treinada em artes marciais, especialmente a lida com armas, brancas e de fogo, inclusive as de artilharia pesada. Especialista em se manter oculta, fugir e desarmar o inimigo. A tudo isso, some-se seu talento de show-girl, seu corpo de show-girl, seu rosto de show-girl, seu carisma de show-girl, enfim, a mulher é maravilhosa!
Ao contrário do que quase sempre acontece, sua inteligência é tão destacada nas aventuras, quanto seus dotes plásticos. Trata-se de uma das heroínas mais bem construídas e convincentes já feitas, especialmente em uma época em que personagem feminina, só precisava ser bonita e nada mais.
À parte a patuscada de colocar um país de 8,5 milhões de km² na minúscula América Central, fora dar o espanhol como idioma de um país colonizado por portugueses, a personagem é muito consistente. As aventuras, nem tanto, mas lembremos da falta de recursos e de tempo que os quadrinhistas enfrentavam.
Ela não tinha capacidades sobre humanas, só sua inteligência e os recursos materiais, mandados secretamente pelo governo americano. Não voava,. não respirava debaixo d'água, não ficava forte, não virava tubarão, não lia pensamentos, não tinha telecinese, não corria mais do um cavalo e não tinha necessariamente um final feliz, já que sua felicidade tinha sido morta pelo ataque japonês. Até pedir ajuda, e esta chegar, tinha que se virar sozinha com os inimigos, muitas vezes ficando a um fio da morte.
Infelizmente, com o capitão América enfrentando o próprio Hitler, e seu super soldado Crânio Vermelho, as atenções do público mais maciço das publicações, ias para os heróis que vestiam a bandeira, literalmente.
Ritta, pelo contrário, era totalmente estrangeirizada. A inspiração era claramente Carmen Miranda, com uns generosos toques de Gilda, vivida por Rita Haywort.
Apareceu pela primeira vez na revista Fight Comics, em Junho de 1942, durando até 1951. Até que teve vida longa, sejamos francos, a maioria não durava um ano, nas bancas. Com o esfriamento das lembranças dos anos duros da guerra, a maioria de seus personagens também foi sendo esquecida; ou vocês acham que não é duro ver a vizinha receber a visita de um ou dois militares tristes, que sempre começavam com "Eu sinto muito", ouví-la desabar no choro, e saber que o teu marido pode ser o próximo.
Para saberem mais, esqueçam a wikpédia, vão directo ao Pappy's Golden Age, que tem um acervo vasto, conhecimento de causa e tudo para baixar de graça, clicando aqui.
Na época, sem material de pesquisas disponível ao público, ganhando pouco por página e com prazos apertados, os quadrinhistas faziam verdadeiros milagres com tinta e papel. Artista rico sempre foi exceção, com quem fazia quadrinhos nunca foi diferente. Era ralar a noite toda para o editor aceitar receber o material, que poderia ser rejeitado, e o coitado teria que fazer tudo de novo.
Señorita Rio
Em um romântico país da América Central, preservador da cultura herdada da colonização espanhola, mas atento à modernidade que vinha dos países do norte, vivia a agente secreta Ritta Farrar. Rita foi uma artista completa, com uma carreira promissora em Hollywood, com planos para a vida e suspiros para seu noivo, Bill.
Sua história mudou radicalmente quando ele, Bill, morreu no ataque a Pearl Harbor. Amargurada, querendo morrer e se entupir com balas Juquinha amanhecidas, ela foi cooptada pelo serviço secreto, com a missão de monitorar possíveis actividades do Eixo, se tornando agente naquele exótico e selvagem país próximo ao Caribe... o Brasil... Não riam! Praticamente só gente do governo, e intelectuais de boas universidades, sabiam onde e o que realmente era o Brasil. Ela assim que o mundo nos via. Provavelmente, ainda é assim que muita gente lá fora nos vê. Infelizmente, é assim que muita gente aqui dentro se vê.
Rapidamente Ritta, sob o cognome "Señorita Rio", conhecida pela identidade falsa de Consuela Maria Ascencion de Las Vegas, ganhou a co-alcunha de "Rainha dos Espiões". Praticamente uma James Bond de saias. A personagem é tão inverossímil quanto o agente 007, mas se considerarmos as limitações da época, daria uma franquia tão bem sucedida quanto. Vamos ver as credenciais da moça; Muitíssimo bem treinada em artes marciais, especialmente a lida com armas, brancas e de fogo, inclusive as de artilharia pesada. Especialista em se manter oculta, fugir e desarmar o inimigo. A tudo isso, some-se seu talento de show-girl, seu corpo de show-girl, seu rosto de show-girl, seu carisma de show-girl, enfim, a mulher é maravilhosa!
Ao contrário do que quase sempre acontece, sua inteligência é tão destacada nas aventuras, quanto seus dotes plásticos. Trata-se de uma das heroínas mais bem construídas e convincentes já feitas, especialmente em uma época em que personagem feminina, só precisava ser bonita e nada mais.
À parte a patuscada de colocar um país de 8,5 milhões de km² na minúscula América Central, fora dar o espanhol como idioma de um país colonizado por portugueses, a personagem é muito consistente. As aventuras, nem tanto, mas lembremos da falta de recursos e de tempo que os quadrinhistas enfrentavam.
Ela não tinha capacidades sobre humanas, só sua inteligência e os recursos materiais, mandados secretamente pelo governo americano. Não voava,. não respirava debaixo d'água, não ficava forte, não virava tubarão, não lia pensamentos, não tinha telecinese, não corria mais do um cavalo e não tinha necessariamente um final feliz, já que sua felicidade tinha sido morta pelo ataque japonês. Até pedir ajuda, e esta chegar, tinha que se virar sozinha com os inimigos, muitas vezes ficando a um fio da morte.
Infelizmente, com o capitão América enfrentando o próprio Hitler, e seu super soldado Crânio Vermelho, as atenções do público mais maciço das publicações, ias para os heróis que vestiam a bandeira, literalmente.
Ritta, pelo contrário, era totalmente estrangeirizada. A inspiração era claramente Carmen Miranda, com uns generosos toques de Gilda, vivida por Rita Haywort.
Apareceu pela primeira vez na revista Fight Comics, em Junho de 1942, durando até 1951. Até que teve vida longa, sejamos francos, a maioria não durava um ano, nas bancas. Com o esfriamento das lembranças dos anos duros da guerra, a maioria de seus personagens também foi sendo esquecida; ou vocês acham que não é duro ver a vizinha receber a visita de um ou dois militares tristes, que sempre começavam com "Eu sinto muito", ouví-la desabar no choro, e saber que o teu marido pode ser o próximo.
Para saberem mais, esqueçam a wikpédia, vão directo ao Pappy's Golden Age, que tem um acervo vasto, conhecimento de causa e tudo para baixar de graça, clicando aqui.
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