Foi muito comum, até fins dos anos noventa, exibirem durante todo o mês de Dezembro, filmes novos e reprizados com temática natalina, quase sempre com o mesmo título: A verdadeira história de Papai Noel. Não que os títulos forrem realmente todos iguais, mas a preguiça reinante nos setores de tradução, fazia que com que as versões brasileiras o fossem. Era tanto filme ou animação diferente, com o mesmíssimo título, que as crianças devem ter oscilado entre o ceticismo completo, e uma tremenda crise de existencial... Isso me lembrou Matrix... É, pode ter sido isso.
Os argumentos eram diversificados. Os mais comuns, eram de um Nikolau que fabricava brinquedos na floresta, para distribuir às crianças pobres. Com o tempo, o número de crianças atendidas, e a idade de Nikolau, cresciam, e ele já sentia dificuldades para andar na espessa camada de neve, sob um frio de rachar e com um saco de presentes cada vez mais pesado. O mongo levou anos para perceber que precisava de um veículo. Naquela época a Kombi ainda não existia, então ele optou por um trenó. Como cavalos não suportariam o frio, optou por renas, como moto-veículos de tração.
A capacidade de as renas voarem, tinha explicações tão sortidas quanto. A mais recorrente rea por magia... Na verdade, a mais recorrente mais parecia milagre mesmo. A maior parte era por aspersão de pó mágico, que mal tocada a pelagem das renas, sem nem penetrar nela, e elas já saiam voando por aí. O que não explicavam, é como o trenó se comportava como se fosse uma última rena da fileira, em vez de voar pendurado, deixando cair tudo pelo caminho.
Houve também os que representavam Nikolau como um subversivo fora-de-lei, em terras onde a caridade e os brinquedos eram proibidos. Ele já foi até preso. Bem, aqui há uma certa lição que foi mal aplicada, sobre abuso de autoridade e de como um político estúpido, consegue estragar tudo com uma canetada só.
Bizarras, e que ainda hoje têm quem produza, ainda que em muito menor quantidade, são os filmes de comediantes que tentam ajudar Papai Noel... Como "Ernest Salva o Natal"... Dá vontade de chorar, com aquelas piadas.
Mais amena, mas que também começou a ficar muito batida, foi a longeva moda de fazer personagens de desenhos, ajudarem Papai Noel. Teve de tudo. Desde a turma do Zé Colméia, até os Smurfs. Nem os Flintstones escaparam. Pelo menos eram menos pretensiosos do que os filmes com comediantes.
Não que eu seja contra filmes de Papai Noel na época do natal, longe de mim. O problema é que a falta de criatividade e bons roteiros, começou rapidamente a ficar evidente. Mas houve alguns que cativaram pela história bem cuidada, pela beleza photográphica e pela preservação de uma certa ingenuidade, sem cair na idiotice. É o caso de uma animação em stop-motion de 1970, narrada e cantada pelo grandioso Fred Astaire, com o título de... "A Verdadeira História de Papai Noel".
Eu poderia contar o filme, mas é melhor vocês mesmos o assistirem, vale à pena.
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