quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Espelho, espelho meu!


Eu já tinha falado do papel de rainha má vivido por Julia Roberts (neste artigo aqui) e que ela se sairia bem, apesar das críticas dos fãs mais xiitas. Pois o trailer do filme já saiu e provou que titio Nanis estava certo.

"Mirror, Mirror", equivalente a "espelho, espelho meu" mostra uma Rainha Má carismática, linda, meio ninfomaníaca, e uma Branca de Neve maravilhosa e cheia de atitude; quando eu digo "atitude", é ATITUDE e não essa pasmaceira "descolada" que tomou indevidamente o termo. A princesa mostra que beleza casa-se muito bem com conteúdo, como a pele da antagonista já provou há décadas.

A Branca de Neve, aliás, é Lyli Collins, filha de Phill Collins. A personagem justifica a imagem que temos da princesa, tanto em termos de beleza quanto em termos de maturidade.

Para quem não se recorda e se deixa levar pela babaquice anti-conto-de-fadas, vou refrescar a memória. Branca de Neve ficou órfã de mãe, o rei casou-se de novo e foi morto pela nova rainha, que passou a perseguir a princesa. Apesar de seus esforços e perversidade, ela não conseguiu evitar que Branca crescesse linda e saudável. Ela era tratada como serva no castelo durante toda a infância e adolescência. Quando foi levada pelo caçador, o que ela poderia fazer além de implorar para viver? Não, o conto dos Grimm deixa claro que ela não transou com o caçador, que ainda demonstrava respeito pelos pais da moça. Chegando à casa dos anões, passou a ser a governanta, trabalhando arduamente e demonstrando alegria em trabalhar... Ah, deve ser (também) isto que desagrada tanta gente. Ser feliz sem ostentar e tripudiar tornou-se ítem excludente na sociedade. Como viveu toda sua curta vida no castelo, e depois com os anões, que os Grimm também deixam claro que jamais a tocaram, ela não tinha a maldade de desconfiar de uma figura frágil como a que a madrasta tomou, por isso caiu fácil na conversa da maçã. Ela não ficou esperando sentada pelo príncipe, que já conhecia de vista e galanteios. uma pessoa em coma por envenenamento não tem muitas escolhas além de ficar parada, sob o risco de ser enterrada viva. Até então ela era uma trabalhadora braçal, com atitudes de uma adulta responsável. Memórias refrescadas? Óptimo.

No filme, enquanto está no palácio, Branca é a alegria encarnada de todo o reino, proporcionando festas sempre animadas e dançantes no salão. Quando precisa fugir, Branca encontra anões com jeito e vestes de conquistadores espanhóis, além de outros figurinos engraçados, e além de ser protegida por eles, como no conto, é treinada em artes marciais com arco e espada, tornando-se uma boa combatente. Ela, que já sabia se virar, torna-se perigosa e ainda mais bela por isso, usando roupas adequadas às armas, não só os vestidões pesados da fábula. A piada nonsense recorrente é uma brincadeira com o nome: "Snow What?", "Snow Were?" e tosqueiras do gênero, que arrancam risos de perplexidade. Enquanto isso, a madrasta enfeitiça, literalmente, os homens para conseguir sexo... podem tirar o cavalinho da chuva, porque o filme é voltado para o humor, não para essas saliências que vossas senhorias estão imaginando.

Nesse meio tempo, a cômica Rainha Má se diverte como monarca e soberana do reino, oferecendo cenas hilárias e mostrando o ridículo pelo que muitos passam, quando tentam eternizar a juventude. Um dia ela descobre que sua enteada está viva e manda gente atrás dela, que não foge da luta e cruza espadas como a mocinha crescida que é... E um dos perseguidores é o príncipe... And the love is in the air. Pero non troppo, a trama se desenrola até o 'the end' escurecer o telão. A rainha percebe, com os sucessivos fracassos e retornos humilhantes de seus soldados, que não será pela força que vencerá Branca de Neve, então entra em cena a boa e velha maçã envenenada... E as que comemos todos os dias não o são também?

Não direi que Julia Roberts está maravilhosa porque é chover no molhado, ainda mais em um tipo de papel que ela conhece tão bem, o da comédia. Não adianta, ela não se torna antipática e repulsiva como Odete Roitman, não dá para desejar que ela morra no final. Quem sabe uma pena alternativa...


Há outra versão, sombria e pessimista, bem ao gosto de quem acha que final feliz é alienação, que tudo é sofrimento, que o mundo é mau e que a grama do vizinho sim, é grama verdinha de verdade. É o Snow White and The Huntsman, que tem um jeito de RPG deprê indisfarçável. Nele a Rainha Má faz por merecer a antipatia, ela é uma vampira que rouba a juventude e beleza das outras mulheres, tomando-lhes também suas vidas biológicas:


De minha parte, vejo tenebrosidades demais na vida real, para a ficção quero ver beleza. Mas escolham seu filme e bom proveito. Mirror Mirror estréia dia seis de Abril, no Brasil. Mais detalhes e uma galeria de belas imagens, cliquem aqui.

2 comentários:

Rodrigo Serafim disse...

Eu também prefiro filmes e estórias belas. O mundo já está enfestado de imagens doentias, nas ruas, na televisão.Se podemos escolher, por que não escolher o melhor para alimentar as nossas almas?

Nanael Soubaim disse...

É esta a idéia, com acento. Mas devemos rspeitar o arbítrio alheio, por isso coloquei o outro trailer também.