sexta-feira, 29 de junho de 2012

A voz floral de Fátima Guedes


Desde seis de Maio de 1958, esta moça fina e de bons modos espalha seu pólen. Desde 1973 ela espalha o perfume adocicado de sua voz elfica por este Brasil afora.

Ela prima pelo talento e pela discrição. Tem sempre músicas bonitas com interpertações angélicas a oferecer para seu público, mas não demonstra o menor apreço pela badalação da fama fácil. Aliás, quem não a conhece até pode pensar que não gosta de ser artista, porque trabalha na surdina do barulho que as tranqueiras descartáveis fazem, em programas ruins; que são regra, diga-se de passagem.

Pouco se fala dessa mulher bonita e singela, criada na zona norte do Rio de Janeiro, onde começou a compor enquanto debutava. Ganhou oprimeiro prêmio por "Passional", em 1973, no Festival de Música da Faculdade Hélio Alonso. mas o primeiro LP só veio em 1979, com três canções de sua autoria, a convite do cantor, compositor e produtor Renato Corrêa.

Com uma carreira muito regular, levou a vida como uma mulher normal, sem afetações de estrelas, sem escãndalos, sem nem mesmo participações em shows de horrores, digo, reality shows. Parece ter os pés muito firmes no chão para se deixar levar por fogos de artifício.

Morou um ano em Los Angeles, no início dos anos noventa, apresentando-se em casas de jazz. Sem alarde. Voltou ao brasil e aqui continuou sua carreira. Se algo deu errado? Não, ela se aprimorou muito, tirou grande proveito pesoal e profissional, o certo é que ela teve uma experiência nova, conheceu gente nova, aprendeu e ensinou, depois voltou.

Gente grande já cantou suas obras, como a boneca Wanderléia com "Bicho Medo" e a grandiosa e esplendorosa Elis Regina, com "Meninas da Cidade", também Maria Betânea, Nana Caymmi, Simone, Alcione, Bety Carvalho e uma penca emepebista que só fez atestar sua competência. Seus maiores fãs acabaram sendo os seus colegas de profissão.

Sua canção símbolo, que confirmou a maturidade musical, é "Lápis de Cor", que ela precisa cantar em todos os shows que faz. Não é para menos, é uma música bonita e singela, que lhe permite passear com a voz como quem passeia em um jardim primaverio.

Estreou em 21 de Maio, no Casarão Ameno Resedá, Rio de Janeiro, o show "Transparente", sem mais detalhes. Estranhamente, o endereço que todos os websites dizem ser de sua página oficial, não funciona. Nem adianta procurar no facebook tembém, não consegui. A moça é muito discreta. Muito se ouve sua voz, pouco se ouve da cantora, quase nada da cidadã.

Fátima também é professora de música, desde que aprimorou seus graves em Los Angeles. Notaram o grande diferencial? Ela não é só cantora, ela dá cursos de música, ela entende do babado, ela sabe o que está fazendo, não precisa de softwares para ajudar, desses que transformam gritos de gatos no cio em vozes humanas medianas.

O que a Anvisa ainda não descobriu, graças a Deus, é que Fátima é uma médica musicoterapeuta de nascença, que distribui analgésicos vocais sem receita, capazes de reverter depressões profundas e até alguns quadros psicóticos graves. Recomendo para todos os que têm bom gosto e nenhuma vergonha de ser gente, especialmente as crianças.




Fontes, muito esparsas, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Vídeos de fátima, clique aqui.

2 comentários:

ADEMAR AMANCIO disse...

"Onze fitas" na voz de Elis regina é linda,e a letra infelizmente é atualíssima.

Nanael Soubaim disse...

Parece ter sido escrita ontem.