domingo, 7 de fevereiro de 2010

O que só eu sei...*

Não, não é pra falar de coisas que só interessam a mim.

Mas pra falar de experiências pessoais.

Experiências essas que o meio acadêmico tanto despreza, por serem "estatisticamente irrelevantes".

Estatísticas só servem pra mostrar que estatísticas não servem pra nada.

Como muito bem dito pelo Leandro Hassum no espetáculo Nóis na Fita. No caso, um sketch falando sobre os jornalistas.
Seu companheiro, Marcius Melhem diz: "Estatísticas comprovam que 30% das pessoas envolvidas em acidentes de carro estavam alcoolizadas". Ao que ele responde: "70% bebeu água e se fodeu."

Pois é. Acadêmicos gostam de vomitar estatísticas pra provar um ponto de vista. Mas esquecem que a estatística prova apenas que o grupo pesquisado tem esta ou aquela opinião, e ainda que hajam diferenças (mesmo que grandes) entre as escolhas dos grupos, ainda assim, as diferenças existem.

É exatamente uma coisa de só enxergar o que se quer enxergar.

E quando se fala de experiências pessoais, clamam (e reclamam) exatamente disso.

Mas o fato do outro enxergar tal fato de outra forma invalida o que você sente ou entende?

Estudando Filosofia, Religião e História, além é claro de Psicologia, compreende-se que as "verdades" científicas são mutáveis. Logo, a própria Ciência muda de opinião.

Mas há acadêmicos que se fiam unicamente em "verdades" científicas. O que a Ciência não pode provar, não existe. Especialmente quando se trata de fé.

Mesmo que seja lugar-comum, ainda "há razões que a própria razão desconhece", e "há mais coisas entre o Céu e a Terra do que compreende nossa vã filosofia". A Ciência tinha CERTEZA de muita coisa que hoje compreende como errado.
Como exemplo, os cientistas tinham CERTEZA que se um trem passasse de 90 Km/h, todos os passageiros morreriam asfixiados.
Claro, em São Paulo, especialmente, é bem fácil morrer asfixiado num trem, mas não por causa da velocidade, mas da superlotação.

Sem contar quando falamos de Astronomia, todas as "certezas" que foram sendo derrubadas, uma a uma, até entendermos que a Terra não era achatada, não era o centro do universo, e que nós girávamos em torno do Sol, e não o contrário.

Sim, a Igreja é que impediu que essa compreensão viesse mais cedo.

Eu não defendo a Igreja, não sou católico nem protestante. Não defendo as religiões, porque são dominadas por homens, e logo, perversas e perversíveis.

Só não concordo com os ataques a Deus.

Mas o ponto é: experiências pessoais são válidas, SIM. Podem trazer o que quer que seja, mas será apenas pra mim.
Quem dividiu experiências pessoais e se deu bem, foram Jesus Cristo, Buda, Krishna e alguns outros caras. (E aos fanáticos de plantão, foi apenas uma brincadeira; não me falta o respeito a qualquer um desses emissários de Deus)

Mas as pessoas teimam em julgar a religião por algo feito pelos homens.

Tomando o exemplo, em NENHUM Evangelho, Cristo diz para que queimássemos "bruxas", ou que destruíssemos patrimônios culturais irrecuperáveis (vide Biblioteca de Alexandria), nem nada disso.

A famosa Jihad islâmica nada tem a ver com homens-bomba, e sim com o que chamamos de "Reforma Íntima", no espiritismo. Com a transformação do "homem velho" no "homem novo", como diz Jesus.

Estes erros foram cometidos por homens que comandam outros homens. Não veio do "Alto".

Por isso, eu assino embaixo quando Lennon canta "Imagine".

O que precisamos é realmente de uma "brotherhood of man, with no countries, no religion, with all the people living life in peace".

Mas ainda tem chão até a gente alcançar isso.

E a mudança precisava justamente acontecer nos meios acadêmicos, que são exatamente aqueles que PRETENSAMENTE guardam nas mãos o poder. Porque SABER é poder.



Sing it again, John...


E só pra relembrar a música, numa das versões mais lindas que eu já vi e ouvi, na série Glee


* Sim, estou fora do meu dia, e atrasado, but who cares?


2 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Só me tornei adulto quando aceitei que a única verdade é que não sabemos absolutamente nada.

Rafaela disse...

Gostei. Hoje eu estou de poucas palavras.