Fluminense do Grajaú desde 15 de Março de 1956, Oswaldo Viveiros Montenegro (website) mudou-se para São João Del Rey aos sete anos. A tradição de serestas fez bem ao menino, que alçou uma carreira sólida, embasada em seu talento, seu gosto apurado e no respeito para com o público que conquistou.
Voltou ao Rio com treze anos e já conquistou um prêmio de música, com "Canção de Ninar par Irmã Pequena". Daí em diante, ninguém mais segurou o garoto, mas o salto veio em 1972 com "Automóvel", no último Festival Internacional da Canção, da Globo.
O profissionalismo disciplinado é uma de suas marcas registradas, a ponto de já ter contrariado fãs relapsos, que chegam atrasados ao show acreditando que cinco minutos não são um atraso. Para ele, cinco segundos já atrasam o serviço. O público pagou pelo show descrito no bilhete, não faz sentido prejudicar o grupo pela falta de indivíduos.
Antes de continuar, ele tem uma promoção para clipes de fãs, vejam aqui e participe quem tiver inclinações e conteúdo.
Sua voz aveludada combina a maturidade com o frescor da índole juvenil, oferecendo a maciez do couro bem curtido aos ouvidos. Não é e nunca foi para todos os públicos, pretensão que ele não tem, seu estilo livre de rótulos é marcado pela execução feita dentro do que for necessário, mas sempre refinada, ainda que músicas como "Bandolins" tenham o toque de rusticidade da madeira de uma mesa de fazenda.
Oswaldo não se furta o direito de pedir licença e cantar obras de colegas, às vezes até os superando, como em "Como é Grande o Meu Amor Por Você", onde empresta um toque mais intimista de véu de tule, à canção de Roberto Carlos. O toque de seda se adiciona a cada dedilhar no violão, às vezes seda úmida de lágrimas.
O romantismo se acentua em "Lua e Flor", que se utiliza de metáforas com tato de cerâmica antiga, para contar com sabor de lágrimas e aroma de baunilha da perda de um amor platônico.
Talvez essa facilidade tão grande em se declarar no palco seja o que incomoda seus detratores, pois a naturalidade com que diz "Eu te amo" em qualquer contexto dá aos fãs a pecha de masoquistas, porque muitas vezes sofre-se e não desliga-se o rádio.
Mas apesar de todo esse talento e desenvoltura, não é prejorativamente vaidoso, se valendo facilmente de parcerias, algumas inusitadas, como em "Drop's de Hortelã", onde canta com Glória Pires uma letra despretensiosa e alegre, mas ao mesmo tempo com uma melancolia disfarçada, como que "rindo para não chorar". Apesar do título, a mim a canção tem mais odores de confeitaria e textura de pão-de-ló, mas é uma confeitaria vazia, com a temperatura já morna pelo fim de tarde.
Com o grandioso Zé Ramalho ele também fez parcerias memoráveis, como em "Do Muito de Do Pouco", com seu tom severo e toque de pele rude, ou alça de uma mala pesada.
O refinamento da sobriedade em couro espesso vem com "A Lista", onde ele conclama o ouvinte a cordar para a vida antes que ela passe e não se prenda ao que não vale à pena. O odor é de incenso de Néroli, com toque duro de madeira de lei envernizada.
O que o diferencia, em sua vida pessoal, da maioria dos outros artistas, é que ele não expõe sua vida pessoal. Até conta algo, se houver uma entrevista, mas não revela. Sua elegância em pessoa combina com a profissional.
Barbudo e cabeludo desde o início, parece ser um integrante do Bee Gees. Já o imaginei fazendo um especial como integrante honorário.
3 comentários:
Sou doida no OsWaldo Montenegro...
Então dance ao som dos bandolins.
Adoro Bandolins!!!
E vc já ouviu Oswaldo tirando sarro de si mesmo? Eu morro de rir com ele cantando o ue dizem dele: "eu sou um chato, meu Deus, não me aguento, só me tacando no mar"
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