Na época mais crônica da crise de saudosismo, em meio a uma massa tão crítica de incompetentes bem promovidos, quando muitos já pensavam em contractar médiuns para que as divas negras voltassem a cantar na Terra, eis que ela surge.
Adele Laurie Blue Adkins (aqui, aqui, aqui e aqui) nos veio em cinco de Maio de 1988, descendo por Tottenham, Norte de Londres. Descobriu aos quatorze o que queria fazer da vida, quando um microphone acabou caindo em suas mãos.
Sua carreira decolou graças ao moribundo MySpace, onde três demos chamaram a atenção da XL Recordings, assinou com ela e logo de cara ganhou três certificações de platina com o álbum 19. Desde então já são mais de 3,3 milhões de discos vendidos... Imaginem se não existisse download.
Por causa de excessos que freqüentemente lhe custavam a voz, Amy Winehouse acabou transferido para a colega a preocupação dos fãs e da crítica com sua voz. No blog que mantém em seu website, ela nega e procura tranqüilizar a massa de fãs que sabe que tem, embora se recuse a vestir a carapuça de musa que tão bem lhe cabe.
Recatada, discreta em relação à sua vida pessoal, esta sempre foi fonte de inspiração para suas músicas e suas performances, tal qual era com as divas negras... também as brancas, que algumas conseguiram se destacar, vá lá.
Há os críticos com dor de cotovelo, que dizem que seus fãs são gente de meia idade que não sabe baixar músicas, por isso compram tantos discos. Bem, eu vou dizer uma cousa, eu sei fazer download, ainda que apanhe nas primeiras tentativas, mas não faço. Vejo diariamente ofertas de músicas e filmes "de grátis" a povoar os caminhos entre um site e outro.
Há também os fãs de frutas rebolantes que a chamam de gorda... Gorda??? A mulher tem uma voz do Alabama, uma viceração musical texana, uma classe tipicamente britânica para cantar, fora o carisma novaiorquino que exala, e os sujeitos só conseguem dizer que ela é gorda? Essa menina é linda, tem um rosto delicado, um sorriso doce e um olhar meigo como raramente de vê em artistas de sua estirpe; e mais raramente ainda tudo no mesmo pacote. Some-se a isto uma voz possante como um Chevrolet V8 huge block e doce como uma Alfa Romeo... E tão emocionante quanto os dois juntos.
A tristeza no amor, que é um dos pilares de suas canções, acaba sendo o consolo de fãs egoístas como Alexandre Inagaki, do blog Pensar Enlouquece.
Já há sites dedicados à ela no Brasil (como este e este) além de seu perfil no My Space (aqui) ainda estar em pleno funcionamento. Podem clicar nos links e se deleitarem com ela. Facebook? Sim, aqui está o perfil dela, mas não espere que ela leia um comentário entre os milhares que está acostumada a receber. É mais ou menos como o Barack Obama, precisa ser um comentário muito fora do comum, ou de uma relevância extrema para se destacar entre os outros e merecer atenção particular. Não é como nós, pobres mortais, que festejamos quando meia dúzia comenta o que escrevemos. Para vocês terem uma idéia, o clipe Rolling In The Deep já tem mais de cento e cinqüenta milhões de visitas em dez meses. Repito: 150.000.000 visitas. A maioria dos vídeos de sucesso tem um milésimo disso, com mais de um ano de publicação.
Aos que temem que a moçoila um dia corte os pulsos com papel crepom, deprimida com sua vida trágica e amargurada, ela avisa que é exactamente o contrário disso, em suas próprias palavras: "Sou o oposto daqueles comediantes que são divertidos no palco e
depressivos sob portas fechadas. Numa gravação posso até parecer triste,
mas na vida real estou bem satisfeita. Só que, quando eu estou feliz,
eu não escrevo músicas. Fico lá fora, rindo, vivendo um amor. Eu não
teria tempo pra compor. Se eu estivesse casada, chegaria uma hora em que
diria: 'Querido, eu preciso me divorciar, já se passaram três anos, eu
tenho um disco pra escrever!'". Neste caso talvez uma tragédia que mutilasse o marido a inspirasse... Não, melhor não. Com o tempo ela há de descobrir mais fontes de inspiração do que seu próprio sofrimento.
Interessante notar que em sua lojinha virtual (toda cotada em Libras) nem tudo leva seu rosto, nome ou iniciais. Alguns artigos têm a estampa de um basset. Antes de reclamarem dos preços (de seis a dezoito Libras cada peça) lembrem-se de que a imagem é parte do meio de vida de um artista. A caneca do basset custa oito libras.
Sem mais, vejam e ouçam Adele:
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