domingo, 23 de dezembro de 2007

Experimento 1: Balada

A primeira coisa que vão notar em mim é que eu sou tão baladeira quanto a minha avó de 79 anos. Menos, até. Ela vai rezar o terço com as amigas, e só volta às 2 da manhã. Eu já estou de pijama às 8.

É bom experimentar coisas novas. Por isso, fui a uma confraternização do trabalho na casa noturna de tema mexicano que era o point de todos os meus colegas de escola aqui em Brasília nos anos 90. Foi a primeira vez que eu pisei lá, e já digo que não fiquei muito impressionada.

Na minha imaginação, o lugar era um templo à decadência juvenil. Um lugar freqüentado por pessoas vestidas nas grifes mais caras, dançando sensualmente ao som das músicas mais modernas e vivendo as fofocas e intrigas típicas de filhinhos de papai que têm mais dinheiro do que juízo. Tipo Gossip Girl, só que ao vivo.

Os Drinques
Pra começar, na mesma noite, uma companhia de vodcas baratas lançava sua linha aromatizada com frutas. Cada sabor tinha sua representante escultural, oferecendo para degustação o drinque correspondente à cor da sua roupa. Uma coisa, assim, meio Power Rangers encontra Coyote Ugly. Sinto muito dizer, mas seria preciso muito mais do que peitinhos coloridos para me convencer a tomar aquele troço. Afinal, só porque sou uma, não significa que tenha de tomar drinque de mulherzinha (= coloridinho, enfeitadinho, superdoce e caro). Meus colegas do sexo masculino não tiveram o mesmo escrúpulo. Teriam tomado até fluido de bateria, desde que fosse oferecido por uma daquelas meninas.
Pedi uma dose de tequila. Pura. Só para ter o gosto de tomar o drinque mais másculo da mesa.

A Música
Pensei que o repertório de clichês acabaria com a chegada da banda de rock profissional. Me enganei feio. Foi um desfile de basiquinhos que a gente cansa de ouvir em festas: YMCA, Please don't let me be Misundestood... Nem foi preciso algum mala gritar “Toca Raúúúúl!”, porque a bendita banda tascou-me um Pluft Plact Zum. (Sim, você leu direito). Fiquei com pena, porque a técnica dos caras até que era boa.

A Dança
Quando tocaram Whisky a GoGo, fiquei até tentada a dançar em cima da mesa com as sandalhas na mão. Infelizmente, não tinha bebido o bastante. Preferi continuar com o traseiro chumbado na cadeira, observando o pessoal – hã – dançando. Foi um festival de chutinhos e de braços ondulantes.
Ainda preciso achar um jeito de lavar as retinas, depois de ter visto um certo patrão dançando twist.

Outras variáveis
Quando vou a festas, geralmente me sinto uma mocoronga sem graça, em comparação às moças mais malhadas e produzidas. Talvez fosse cedo demais para que a proverbial “Gente Bonita” aparecesse, mas enquanto estive naquela casa noturna, dava para contar nos dedos as pessoas realmente atraentes, incluindo as degustadoras de peitinhos coloridos. Pela primeira vez, me senti a pessoa mais sexy do lugar. Isso, ANTES de pedir a tequila.

Conclusões:
1) As fajitas estavam boas.
2) Entre observar funcionários públicos bêbados caindo sobre a mesa vizinha numa tentativa de dar um show de dança de salão, e discussões sobre se a promoter é ou não travesti, confirmei o óbvio: Odeio lugares cheios. Odeio lugares escuros. Odeio barulho, gente falando alto e músicas grudentas que só estão na moda porque pagam jabá para as rádios.
3) Talvez haja algum charme oculto nas caipiroskas e nos sucessos da Jovem Pan que escape ao meu entendimento. Talvez, em outras condições de temperatura e pressão, eu repita esse experimento.

Até lá, posso ser encontrada no meu lar doce lar, tomando chocolate quente na frente da TV e esperando a minha avó voltar do terço.


Zoom no gogó da moça à esquerda...

11 comentários:

Frankulino disse...

Boa Marina... soube misturar tudo o que há na cultura pop...

Quanto a festa... talvez o fato de você ter ido com uma ideia pré-concebida tenha atrapalhado...
Talvez você não tivesse com o espirito de festa

ou talvez o lugar fosse ruim mesmo... o que não significa que não existam lugares bons...

Pergunta pra sua vó onde ela REALMENTE vai na noite do terço...


rs

Bjus

Fabiana disse...

Há mas eu adoro as bandas profissionais. Nada como dançar YMCA e outros clichês... Eu me acabo nessas festinhas.

Fabiana disse...

Um Feliz Natal para todos aqui desse condomínio, que vocês continuem nos brindando com textos tão divertidos quanto variados. Adoro todo mundo aqui.

Fabiana disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Rafaela disse...

Não gosto muito de balada, mas me amarro nos drinques de mulherzinha!

Anônimo disse...

Ih, Frank, não acho que teria me divertido tanto se tivesse ido na melhor festa, da melhor casa! Eu adoro uma tosqueira! Mas meu gosto é um pouquinho diferente...
Lembre que está falando com uma moça que aos 13 anos já tinha 40...

Também gosto da playlist que vem junto com o "Kit DJ". Só queria ouvir umas músicas diferentes...

Obrigada pela gentileza, Fabiana! Espero que tenha um Natal e um Ano Novo cheios de sucessos do KC&The Sunshine!

E Meg, minha colega de condomínio, que seus Kir Royales estejam sempre a seu gosto!

Luna disse...

Parabéns pelo texto cheio de veneno, Marina.

Vou te mandar um buquê de hortênSias, vindas diretamente do meu jardim. Só não vou pedir pro botânico alemão levar pessoalmente...Ciúme, sabe?

Melissa de Castro disse...

Ah, Marina... balada é mó legal... hehehehe

Adoro drinks de mulherzinhas e miacabo com músicas estilo YMCA! Acho TUDO!

Beijos!

Nanael Soubaim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nanael Soubaim disse...

Balada, no meu tempo, era filme de cawboy. Geralmente só um chegava vivo ao fim do filme.

Anônimo disse...

"Balada, no meu tempo, era filme de cawboy. Geralmente só um chegava vivo ao fim do filme."

No meu caso em particular, a sobrevivente fou eu...
Obrigada pela visita, Nanael! Vou ficar até besta, de tão homenageada que fiquei!:*