quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

A Primeira Embriaguez de um Homem

Duas garrafas de vinho e sobras da noite de Natal. Esses podem ser brinquedinhos interessantes se você estiver sozinho em casa em pleno dia 25 de dezembro. Depois de usar técnicas primitivas para remover a rolha de uma garrafa, sem para tanto utilizar um saca-rolha, [lavando a casa inteira e a si mesmo com vinho] o acalento mais gracioso pode ser papos internéticos regados a Rufus Wainwright em altíssimo volume.

Diz-se que antes do estado de embriaguez total, o sujeito ainda passa por alguns instantes de uma tontura deliciosa, mas ainda consegue se passar por sóbrio sem grandes esforços. Esse estágio parece ter sido extirpado do processo embriagativo (!) de nosso protagonista. Sim, ficou bebaça sem se dar conta.

O fato é que de dois em dois dedinhos de vinho branco, nem dá pra precisar a que nível de tontagem a pessoa se encontra. Era algo como “Ainda não tô bêbado... Vai mais dois dedinhos...”. Não que o serumano quisesse mesmo ficar bêbado. É justamente o inverso: por não querer se embebedar, ficava medindo o nível de álcool que ainda poderia ser ingerido.

Quando deu por si estava completamente ‘grog’ e não pôde evitar um surto gargalhístico incontrolável. Ria da voz engraçada que nunca havia saído de sua boca, ria da situação de estar bêbado e da ironia de se estar sozinho mesmo tendo uma multidão de amigos. E ria do ímpeto quase incontrolável de ir buscar só mais miseráveis dois dedinhos da bebida. Ria ainda da iminência dos pais chegarem em casa e se depararem com o filhote parecendo com o Leonardo di Caprio em Basketball Diaries.

Ele captou tudo isso como um dado pra vida “eu sei como é estar bêbado”, mas não chegou a entender como alguns humanos utilizavam isso como fuga da realidade e faziam desse momento um rito semanal. Afinal, o estado de embriaguez é passageiro. (E nesse ínterim lhe ocorreu um trocadilho maldito: “Ainda bem que é passageiro. Não poderia ser motorista, visto que quem bebe não dirige” – mas completamente desnecessário!).

Depois de voltar ao estado normal ele lamentou por ter tirado uma conclusão tão babaca de sua primeira embriaguez: A ilusão mora nas garrafas de vinho branco.

5 comentários:

Leandro Merlllin disse...

Pois eh, meu velho. . .

Eis um dos males, que algumas vezes vem para o bem, da humanindade. . . A bendita da cachaça, "que faz o dia virar breu e a noite uma". . . (não irei dar dignidade à esse meio comentário com uma continuidade. . . ¬¬")

Retornamos ao seu lar de filosofia, meu mestre! Parabéns!!

Abraços!!

http://olhardesaldejack.blogspot.com/

Anônimo disse...

Pelo menos sua primeira conversa com o fundo da garrafa foi no conforto do seu próprio lar!E, assim espero, sem nenhum registro em vídeo/foto/áudio/ficha policial.

O que aprendemos de clássicos da Sessão da Tarde é que, não acordando do lado de um presidiário de 200 Kgs chamado Moe, com quem acabou de se casar, já está no lucro!

Espero que a ressaca tenha sido leve. Beijinho, e Feliz Ano novo!

Luna disse...

Bons tempos! Hoje, se eu beber um tantinho só, já me dá sono...

Lindo texto, Dave!

Luna disse...

Esqueci: quando se faz da embriaguez um rito semanal, perde toda a graça. Legal é experimentar coisas novas, não ficar repetindo sempre as mesmas sensações...

Melissa de Castro disse...

Bêbada, bêbada eu nunca fiquei. Mas tonta (um pouco mais) eu fico direto. Surtos de riso então, nem se fala.

E vinho branco é assim mesmo. Igual saquê. Você bebe, bebe, bebe, bebe e quando percebe já está tontinha, dando gargalhadas e sendo simpática com desconhecidos (como o taxista, por exemplo). Acontece, minha gente, acontece...

Beijo, Coelhoso!!