De vez em quando, quando eu tenho tempo, costumo ir a um supermercado que fica um pouco longe aqui de casa. Detesto ir lá, porque sempre tem filas enormes. Hoje eu tinha tempo de sobra, então tomei coragem e fui.
Em frente ao supermercado, existe um barzinho, bem simples, que vende churros, aqueles sorvetes horríveis que saem de uma máquina e churrasquinho. Eu simplesmente adoro churrasquinho (pobre, eu?) e sempre que vou àquele supermercado do inferno, dou uma
passadinha no barzinho. Hoje não foi diferente.
Quando eu estava recém entrando naquele ambiente enfumaçado (a churrasqueira fica na rua, mas a fumaça entra mesmo assim!), a moça já estava com o espetinho na mão, olhando para mim. Cheguei mais perto e ela disse: “Acertei”? Eu concordei, já pegando o dinheiro na carteira, quando ela falou: “Nunca me esqueci de ti. Tu és muito educada”. Eu agradeci, meio sem jeito, peguei o churrasquinho e fui embora.
Na saída, fiquei pensando... Que mundo é esse, em que a gente agradece a quem nos trata com educação? Não deveria ser assim sempre? Com que tipo de pessoa essa moça lida diariamente, a ponto de lembrar de uma cliente eventual, como eu, que nem faço nada além de chegar, cumprimentar, fazer um pedido, pagar, agradecer, dizer “tchau” e ir embora?
A verdade é que existe muita gente mal educada nesse mundo. Já trabalhei com atendimento ao público e sei que não é fácil. Tem aqueles que chegam e não dizem nem oi. Pior ainda, aqueles que ouvem o atendente dizer bom dia e não respondem! Como se quem está atendendo não fosse gente, ou fosse um tipo de gente inferior, ou alguma espécie de robô. Isso sem mencionar aqueles que jogam o dinheiro no balcão, em vez de entregar na mão da pessoa, ou os que experimentam trezentas blusas e não levam nenhuma...
Agora, me diga como você se sente, ao ser mal atendido em algum estabelecimento. Não dá vontade de arrancar os olhos daquele balconista insolente? Não dá vontade de espalhar para todo mundo que o atendimento daquele lugar é péssimo? Não dá vontade de espernear, reclamar, chamar o bispo? Não dá vontade de não voltar lá nunca mais? Pois é...
Depois da minha experiência com atendimento ao público, que eu espero não ter que repetir, adotei uma política: “Seja o cliente que você gostaria de ter”. Porque nós todos somos gente. Gente que vende e gente que compra.
segunda-feira, 7 de julho de 2008
Gente que vende e gente que compra
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13 comentários:
O próprio termo que você usa "Gente que compra e que vende" já "robotiza" a gente.
O que eu quero dizer é que às vezes nem é necessariamente falta de educação. Mas é que as relações são tão mecânicas, e tá todo mundo sempre com tanta pressa, que não dá tempo pra "gentilezas".
Só que ninguém gosta de ser mal recebido. Interessante isso.
Você tá melhor a cada semana, minha musa e sacerdotisa do Corcel Azul-calcinha.
Bjsmeensina!
Cada estabelecimento escolhe automaticamente a sua clientela. Meu supermercado preferido não é o mais barato e fica a uns oito ou dez quilômetros de casa, mas lá eu tenho um nome, não um número, e os custos incluem funcionários bem pagos e bem-humorados. Educação não está na moda, amiguinha, assim como a vara de marmelo. Nós somos focos de sobrevivência da gentileza 8)
Exatamente!
gentileza era p ser uma constante no dia-a-dia!
mas as pessoas as vezes acham engraçado alguém educado.
=p
mas o fato é: um Bom dia com um sorriso ou um agradecimento caloroso mudam o dia de muitas pessoas, assim como falta de respeito tb muda.
=)
gentileza gera gentileza^^
Não custa nada.
e Respeito é obrigatório!
U.U
=ppp
Isso é o que me mata no mundo de hoje. O que deveria ser normal é tido como diferente. E aquilo que não presta é tido como normal.
Ótimo texto, Deb. PArabéns, como sempre.
Eu adoro churrasquinha, e eu acho que churrasquinho não é coisa de pobre.
Se é pobre como que ele vai ter dinheiro pra fazer churrasquinho?
Ok, churrasquinho não é coisa de pobre. É só um churrasco pequeno, servido em espetos individuais. Né?
Acho que a questão dos clientes educados é que ser educado é excessão. Então, sempre que aparece alguém mais educado, as pessoas "se apegam".
;)
Eu concordo com você. É meio estranho pensar que as pessoas agradecem por algo que normalmente deveria ser o certo. E eu concordo com o carinha do primeiro comentário, tudo já tá tão mecânico, mas creio que seja já por causa da falta de educação. Enfim, muito bom o texto.
Hoje fui ao supermercado perto de casa com a minha sogra. Ainda não tinha andando a pé nesse bairro, visto que moro aqui a 3 meses. É tudo mais calmo, mais sossegado, diferente do que eu estava acostumada - carros, barulho, correria. Nas proximidades de casa cruzamos com várias pessoas. E nos cumprimentamos - algo surpreendente, uma vez que se trata de Curitiba. Talvez fosse minha filhinha no carrinho, ou a carinha sorridente da minha sogra. Mas só encontrei sorrisos hoje. Foi bom.
Eu procuro ser educada, sempre. Bom dia, boa tarde, boa noite, não me custam nada, nem me arrancam pedaço.
Ah sim e no mercado, empregados educados. Vantagens de um mercado de bairro.
Adri, aqui as pessoas também não são muito abertas. Deve ser coisa do pessoal do sul, mesmo. Obrigada pela visita. :)
E nunca mais foi nos visitar... tsc, tsc, tsc... hehehe. (Jurandir)
Foi um ponto chave, moça! =]~ Isso me ocorre todo dia! Trabalho com atendimento ao público como tu descreveste aqui. O pior nem é quando nos tratam mal, mas os que agem de má fé para dar rodopios e nos enganar para tirar vantagem e, por mais forte que seja a palavra, nos roubar! Todo dia tem figuras assim. Um mundo onde nós temos que tomar cuidado com o troco que devolvemos, tá longe do ideal. Não que precisamos tomar vantagem disso, óbvio! Algo tão trivial como um bom comportamento não devia tomar tanta importância, não é? Mas nesse caso fica "todos somos gente que compra, gente que vende, gente que é enrolada".
Sou um grande fã das palavras de vcs!
Nem te conto. As vezes eu pergunto pra pessoa "vc fala portugues?" ou pro acompanhante "ela consegue me entender?"
E você falou uma coisa certa, vira e mexe eu me sinto envergonhada diante de um "vc é bem educada" como se ser educado não fizesse parte da minha cultura... como se não fosse uma obrigação
eita mundo cão da peste.
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