O garçom se aproximou, para anotar seu pedido.
Ele pediu um dry martini. Não era o seu preferido, mas só queria que o garçom fosse embora. Não queria companhia, nessa noite. Nenhuma.
Só queria por os pensamentos em ordem, repensar a vida. Tomar novas decisões. E ter paz no coração.
Não olhava em volta. Não percebia o mundo. Apenas pensava nos últimos dias.
Em tudo que havia ocorrido.
A batalha interna pela própria vida ainda não havia terminado.
"O pior já passou", pensou ele. De fato, já havia passado, sim. Mas ainda não era o fim.
Segurou o crucifixo em seu peito, pedindo novamente forças pra seguir em frente.
O garçom voltou com seu martini.
Ele tomou um gole. Desceu amargo.
Mas tudo bem. Era só pra ficar sozinho, mesmo. Não gostava de martini.
Olhou para as roupas pretas. O colarinho branco.
Sabia que teria que tomar uma atitude, a partir de agora.
Olhou, dessa vez, em volta. Na verdade, não conseguia fixar pensamentos.
Se deu conta que havia um piano, e um negro careca e sorridente tocava.
Ao olhar do outro lado do salão, se deparou com os olhos verdes.
"Play it again, Sam...", pensou ele.
E a noite mal havia chegado.
"Play it again, Sam..."
3 comentários:
Fio, amei o texto!
Adoro estes teus contos "noir".
Estava com saudade deles...
:)
http://www.youtube.com/watch?v=Wo2Lof_5dy4 8)
Fio, que saudades! Há tempos não conversamos, hein.
Gostei muito do conto! :)
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