No princípio, foram os livros. Quando eu era adolescente, sonhava em trabalhar e comprar quantos livros eu quisesse. Questões como “será que o salário vai chegar para tudo isso?” nem me passavam pela cabeça. Coisas de quem nunca trabalhou. Eu cresci, comecei a trabalhar e a juntar minha pequena biblioteca. Faltava espaço, mas eu ia guardando meus exemplares aqui e ali. Finalmente, comprei uma estante só para os livros. Que alegria! A estante me serviu muito bem – por algum tempo. Agora, já não cabe mais um manuscrito de duas páginas nela. Onde guardar tantos livros? Os que eu já tenho, os que ainda terei e os que chegarão em cinco dias úteis, vindos diretamente do Submarino?
Lembro também da minha primeira bolsa. Era daquelas de pano, de usar a tiracolo, comprada numa feirinha hippie. Essa bolsa me acompanhou pela adolescência toda, viu todos os meus bons e maus momentos. Eu era fiel a ela e ela a mim. Nossos anos de parceria acabaram quando eu rompi o pacto de fidelidade e comprei outra bolsa. A primeira de uma série. Quando consegui meu primeiro emprego, minha mãe me deu uma bolsa “decente”, preta, de couro legítimo. Segundo ela, eu não poderia andar pela cidade com uma bolsa de pano, já que o Woodstock acabou faz tempo. E assim, comecei a juntar vários e vários exemplares de saquinhos com alça. Tenho algumas caras, outras baratérrimas. Amo as vermelhas. Já me desfiz de algumas. Mesmo assim, o problema persiste. Onde guardar tantas bolsas? As que eu já tenho, as que eu ainda terei e a vermelhinha, que vou comprar amanhã. Custa só quinze reais, gente. Preciso dela.
Já escrevi aqui sobre o meu primeiro esmalte, o preto reluzente da Big Universo. Acontece que nenhuma mulher pode ser feliz sem ter pelo menos um branquinho, um vermelhinho, um azulzinho, um rosinha, um roxinho e... outro vermelhinho. E assim, vamos juntando mais e mais e mais esmaltes. Uma caixinha, que pode ser de plástico ou de madeira, é o suficiente para guardar todos os vidrinhos. Só que a gente vai descobrindo outras cores, outras marcas, e quer experimentar todas. E aquele vermelhinho que está lá, guardadinho, ganha novos companheiros. Um pretinho, um marronzinho, um laranjinha. Quem sabe, um glitterzinho. E a caixinha transborda. Foi o que me aconteceu. Já tenho mais ou menos 160 vidrinhos – e somente dez unhas, porque não uso cores berrantes nos pés. Onde guardar tantos esmaltes? Os que eu tenho, os que eu ainda terei e os das coleções novas da Impala e da Colorama – oi, quero todos! – que chegarão em setembro?
Muito prazer, meu nome é Débora e sofro de compulsão por papéis impressos que contam histórias, saquinhos com alças e vidrinhos coloridos.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Preciso de espaço!
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5 comentários:
Guria, tu és maravilhosa. lamento assaz que não tenhas ido à recepção para Audrey.
Uia! Sou maravilhosa só pq sou compulsiva?
Não, pelos motivos da compulsão: livros, bolsas e esmaltes; traduzindo: intelecto, elegância e feminilidade.
Me identifiquei demais! Estava conversando esses dias com uma amiga sobre pretensões para o primeiro salário! Haha!
Compre uma bolsa, um livro que você quer faz tempo e uns dez esmaltes (que são baratinhos).
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