quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mulé Dinovela

A gente sabe que novelas trabalham com estereótipos, e que são só meios de entretenimento (bem, se vocês considerarem algumas recentes, são é meios de aborrecimento, mas essa é outra história).

Mas, gente, precisa fazer tanta caricatura da figura feminina? Vejamos alguns exemplos.

Caso 1: a vilã. Sem ela, a novela não teria a menor graça. Quando se tem uma vilã de peso, a novela é inesquecível. Mas os autores não são assim tão generosos com as musas que fazem as Mirtes se agarrarem à poltrona e decantarem suas más qualidades com frases como "Mas essadaí é uma boa bisca!". Apesar de fazerem as vilãs serem invariavelmente classudas, eles cometem algumas injustiças com elas. Citemos: o final das vilãs é SEMPRE definido em categorias muito simples: morrem (e, algumas vezes, do mesmo jeito que mataram algum desafeto); enlouquecem (em vários casos, deliram achando que venceram), vão presas. Os únicos casos diferentes de que me lembro foram os finais de Bia Falcão, que se mandou com o michê-gostosão da trama, e de Yvonne, que fugiu lépida e fagueira da prisão. Mas... que foi presa, foi presa - apesar de não ter sido lá uma vilã tããão arebatadora. Outro ponto é que, quando a vilã diz algo que todo mundo (inclusive e principalmente os telespectadores) pensam de algum personagem mala-sem-alça, a coisa é vista como vilania, não como desabafo coletivo. Ou vai dizer que você também nunca teve vontade de pegar a mocinha (vide caso 2) pelos cabelos e dizer, como a Nazaré Tedesco: "sua anta nordestina!"?. Ah, além de terem muito estilo e classe, as vilãs é que usam os melhores xingamentos e apelidos. Ao menos isso, já que elas, lindas, inteligentes e riquíssimas (quando não são, se tornam), acabam perdendo tempo demais com o mocinho sonso da vez, ou com seu cúmplice boboca da vez. O que é uma outra injustiça com elas.
Caso 2 - A mocinha. Poucas têm sido amadas ultimamente. A maioria é uma tremenda mala-sem alça-sem rodinhas-de-papelão-e-em-dia-de-chuva. Não dá pra amar uma personagem que passa horas fazendo sorriso de boazinha alternando com cara de sofredora e emendando um discurso politicamente correto atrás do outro. Inclusive, já houve algumas novelas em que o público torceu ardosoramente pra que a dita se estrepasse, amando de paixão a vilã, por motivos mais que óbvios (vide caso 1). E, se o nome dessa criatura for Helena, eu corro pras montanhas.
Caso 3 - A suburbana burra-gostosa. Personagem que tem aparecido em diversos folhetins, algumas das quais mantém quase os mesmos diálogos e até o guarda-roupa, como nos casos da Babalu, da Darlene, da Leila e da Rakelli.
Caso 4 - A suburbana que tem vergonha da família e se torna uma das principais vilãs da trama, ou a vilã-mor. Adquire todas as qualidades da vilã, mas - infelizmente - sofre as mesmas injustiças. Ás vezes (e ´novamente a audiência dispara), a dita tem um final - ao menos para ela - muito feliz.
Não tem só a maravilhosa Maria de Fátima não. Estão nessa categoria a Rosália, de Dona Xepa, a Raquel (que é má, porque a Rutinha é boa), entre tantas outras.

Se é pra fazer caricatura, aprendam com a melhor. Paola Bracho diria:
"Eu desprezo essa gentinha!





Que outras "Mulé Dinovela" vocês conhecem?

3 comentários:

Nanael Soubaim disse...

Ah, o que não daria por uma mocinha que chute canelas, tenha classe e imponha respeito. As de hoje só não são assassinadas na trama porque já estão mortas, mas esqueceram de cair.

Adriane Schroeder disse...

Verdade. Queremos mocinhas lutadoras. Quando elas vão à luta, a audiência sobe, né não?

Nanael Soubaim disse...

Ah, a Paola; Mocinha e vilã com uma só actriz, na mesma novela, com toda a cafonice e glamour desprezante que só os mexicanos sabem fazer.