Eu vou começar o texto de hoje explicando quais são minhas intenções. Uma delas é não se mal interpretada naquilo que vou expressar aqui. Creio que vai gerar discórdia, mas isso acontece porque as pessoas são diferentes e, conseqüentemente, seus pensamentos e idéias também. Por isso, pretendo ser respeitada e não ler ofensas nos comentários. Eu vou expressar minha opinião e não gostaria de ser tachada disso ou daquilo.
Enfim, vamos ao que interessa. Eu sempre tive uma certa simpatia pela esquerda, digamos assim. Sempre simpatizei com os ideais mais revolucionários e, como bem definiu um amigo meu, eu sou “vermelha”. Eu acho que poucas coisas na minha vida me surpreenderam tanto quando, vindo trabalhar na semana passada, voltando das minhas férias, ouvi no rádio que Fidel Castro renunciara ao cargo de comandante de Cuba. Naquele momento, um turbilhão de imagens, fatos, frases e acontecimentos passaram pela minha cabeça. Fiquei surpresa, pois jamais pensei que Fidel renunciaria ao cargo assim; achava que só sairia dali morto. Enganei-me. E, tentando absorver a notícia, veio na minha mente a imagem daquele homem de 80 anos doente e lembrei o quanto fiquei triste quando o vi naquela situação. Porque, pra mim, Fidel é a representação da força, sempre foi. Vê-lo debilitado de certa forma me fez enxergar que até mesmo aqueles mais resistentes – Castro lutou na Revolução de 1959 ao lado de Che Guevara, escapou de centenas de atentados contra sua vida e se defendeu de tentativas de invasão de seu território – sucumbe quando se depara com um “adversário que fez todo o imaginável para se desfazer de mim”, como o mesmo define a doença que o acomete desde 2006 na carta de renúncia. Por mais teimoso que Fidel Castro possa parecer, o bom senso e os limites físicos prevaleceram na hora de decidir renunciar, após 49 anos no poder.
Creio que ele sai do governo, mas continua a ser o ideólogo do regime comunista, que, na minha opinião, prevalecerá mesmo sem Fidel como comandante. Nada indica que o país mudará o rumo tão cedo, já que seu irmão ocupa agora o cargo. O grande desafio de Raúl Castro é preencher o vazio deixado por uma lenda viva. Independente da sua posição política ou ideologia defendida, você há de convir que Fidel Castro foi – e continua sendo - um dos personagens mais importantes da história mundial do último século e do início deste. Não perguntei se você concorda com o estilo de governo do cubano, apenas enfatizo que ele é uma pessoa que perdurará por muito tempo na mente das pessoas – que o diga os americanos. Creio que algumas reformas serão implementadas, mas alguns dos ganhos da Revolução Cubana também devem continuar, como o sistema de educação, a baixa desigualdade econômica e o serviço de saúde que a ilha possui.
Assim como admiro Fidel, também tenho senso crítico para discernir as coisas que ele também fez de mal a Cuba. A censura da imprensa, por exemplo. E, por conseqüência dessa censura, não permitir que as pessoas desenvolvessem a crítica, uma opinião própria sobre o cenário político, social ou econômico do país em que vivem. Grande parte dos cubanos não conheceu outro líder a não ser a figura de Fidel Castro. A maioria não conhece outra maneira de se governar aquele país. São pontos negativos? É claro que são. E agora mais do que nunca serão destaques na mídia internacional. Como já fez a capa da revista Veja dessa semana, da mesma maneira que “desmitificou” Che Guevara algumas edições atrás. Jornalismo passa longe daquilo que faz essa publicação, mas esse é assunto para um outro texto.
Enfim, vamos ao que interessa. Eu sempre tive uma certa simpatia pela esquerda, digamos assim. Sempre simpatizei com os ideais mais revolucionários e, como bem definiu um amigo meu, eu sou “vermelha”. Eu acho que poucas coisas na minha vida me surpreenderam tanto quando, vindo trabalhar na semana passada, voltando das minhas férias, ouvi no rádio que Fidel Castro renunciara ao cargo de comandante de Cuba. Naquele momento, um turbilhão de imagens, fatos, frases e acontecimentos passaram pela minha cabeça. Fiquei surpresa, pois jamais pensei que Fidel renunciaria ao cargo assim; achava que só sairia dali morto. Enganei-me. E, tentando absorver a notícia, veio na minha mente a imagem daquele homem de 80 anos doente e lembrei o quanto fiquei triste quando o vi naquela situação. Porque, pra mim, Fidel é a representação da força, sempre foi. Vê-lo debilitado de certa forma me fez enxergar que até mesmo aqueles mais resistentes – Castro lutou na Revolução de 1959 ao lado de Che Guevara, escapou de centenas de atentados contra sua vida e se defendeu de tentativas de invasão de seu território – sucumbe quando se depara com um “adversário que fez todo o imaginável para se desfazer de mim”, como o mesmo define a doença que o acomete desde 2006 na carta de renúncia. Por mais teimoso que Fidel Castro possa parecer, o bom senso e os limites físicos prevaleceram na hora de decidir renunciar, após 49 anos no poder.
Creio que ele sai do governo, mas continua a ser o ideólogo do regime comunista, que, na minha opinião, prevalecerá mesmo sem Fidel como comandante. Nada indica que o país mudará o rumo tão cedo, já que seu irmão ocupa agora o cargo. O grande desafio de Raúl Castro é preencher o vazio deixado por uma lenda viva. Independente da sua posição política ou ideologia defendida, você há de convir que Fidel Castro foi – e continua sendo - um dos personagens mais importantes da história mundial do último século e do início deste. Não perguntei se você concorda com o estilo de governo do cubano, apenas enfatizo que ele é uma pessoa que perdurará por muito tempo na mente das pessoas – que o diga os americanos. Creio que algumas reformas serão implementadas, mas alguns dos ganhos da Revolução Cubana também devem continuar, como o sistema de educação, a baixa desigualdade econômica e o serviço de saúde que a ilha possui.
Assim como admiro Fidel, também tenho senso crítico para discernir as coisas que ele também fez de mal a Cuba. A censura da imprensa, por exemplo. E, por conseqüência dessa censura, não permitir que as pessoas desenvolvessem a crítica, uma opinião própria sobre o cenário político, social ou econômico do país em que vivem. Grande parte dos cubanos não conheceu outro líder a não ser a figura de Fidel Castro. A maioria não conhece outra maneira de se governar aquele país. São pontos negativos? É claro que são. E agora mais do que nunca serão destaques na mídia internacional. Como já fez a capa da revista Veja dessa semana, da mesma maneira que “desmitificou” Che Guevara algumas edições atrás. Jornalismo passa longe daquilo que faz essa publicação, mas esse é assunto para um outro texto.
Eu, independente daquilo que acredito, defendo ou tenho como ideologia de vida, percebi, no momento em que ouvi aquela notícia no rádio, que Fidel Castro estava saindo do comando de Cuba para entrar definitivamente na história do mundo. E em um lugar de grande destaque.
"É preciso ser conseqüente até o final". Frase do arquiteto Oscar Niemeyer utilizada por Fidel Castro em sua carta de renúncia.
9 comentários:
O problema agora é ensinar o cubano a votar, pois cedo ou tarde ele terá que fazê-lo.
Mel, muito bonito seu texto.
E que bom que vc deixa claro as controvérsias dessa "beleza" ideológica da dinastia Fidel.
Cuba passou por entraves de desenvolvimento irreparáveis durante esses quase 50 anos de poder nas mãos do velho comandante.
Agora um novo capítulo começa.
Vejamos o que será que será.
=*
É verdade, Nanael. Esse é um dos grandes males que Fidel deixou.
Olhem isso:
'A capa da New Yorker realça a vulgaridade da Veja' | no Azenha 10:44 No seu Vi o Mundo, Luiz Carlos Azenha comentou ontem a desequilibrada capa da Veja desta semana, que dedicou a Fidel Castro um desrespeitoso 'Já vai tarde'. Cita a New Yorker que fala de um Fidel 'rowdy street fighter and student leader; unstoppably audacious politician; revolutionary icon of the lordly profile; self-invented tropical socialist; epic enemy of the United States'. Comenta - "Classe é outra coisa. Nao é só questao de estampa. A New Yorker da semana traz duas belas reportagens sobre Fidel Castro. Uma de Alma Guillermoprieto, que começa com o parágrafo acima (.....)". Rebate - "Podem acusar Fidel de qualquer coisa, menos de exibicionismo vulgar". Daqui: http://www.bluebus.com.br/show.php?p=1&id=82230
Quando eu digo que essa revista é uma merda tem gente que ainda discute... Até a New Yorker concorda comigo. =P
Não creio que vá mudar muita coisa, de fato o irmão de Fidel já está como presidente a algum tempo e não vejo diferenças neles a curto prazo.
É um belo texto Melzinha, mas me permita discordar dele em 2 pontos, face as informações que tenho de amigos e conhecidos cubano e brasileiros que foram pra lá tanto a passeio quanto trabalho:
1- "a baixa desigualdade econômica" eu não creio que isso seja algo louvável quando é obtida pelo fato de quase toda a população ser pobre ou miserável, tudo é racionado no mínimo possível, qualquer algo a mais é via mercado negro, até a carne.
2- "serviço de saúde que a ilha possui" - não temos como negar que os médicos cubanos são excelentes e toda a população tem acesso a saúde, porém todo o avanço deles na área médica não obedecem os padrôes da OMS, tratamentos e remédios são testados diretamente em seres humanos, sem estudos em cobaias não-humanas, ou seja, se der certo deu, se não, fodeu, e como a informação sofre censura a parte ruim desses avanços não é divulgada e vendida.
Você tem todo o direito de discordar, Dark, querido.
nanael, os cubanos tem classe... por favor, quem tem educação não se deixa enganar fácil...
Mel, amei sua opinião, pq é a mesma da minha... Ressaltou os pontos bons do Fidel, mas não o transformou em Deus... Mostrou as falhas dele também!
Parabéns!
E Dark... Prefiro ser pobre mizerável e ter um monte de pobre mizerável comigo do que ser pobre mizerável e ver um ricão com um carro importáve só pra luxar... Sério... E eu nem sou totalmente comunista... And anyway (pra provar que não sou totalmente comunista...rss...) Cuba só é mizerável por causa do embargo econômico...
penso - e sou - exatamente igual.
Perfeito texto Melzinha.
Perfeito porque equilibra a figura de Fidel de forma sincera, não o eleva ao lugar mais alto do pódio, mas também não o esculhamba. Você o colocou como o ser humano que é, ou seja, que acerta e erra...
Bom fim de semana...
Na teoria socialismo ou comunismo ,sei lá, confundo os dois, é muito bom. Mas sempre que vejo exemplos na prática vem sempre junto "no pacote" uma ditadura. É assim com a China. Tudo bem, o esquema capitalista também não é tão liberal assim, mas não dá pra comparar com uma Cuba da vida. Eu que já conheci gente de lá sei disso, se lá fosse tão bom assim não ia ter tantos fugitivos. Sei lá, capitalismo é ruim? Em muitos pontos com certeza. Trocar pra socialismo é a solução? Duvido muito. Só ia trocar o nome dos problemas, mas na pratica ia ser quase a mesma coisa.
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