Vamos abrir uma faculdade.
Contrataremos alguns mestres e doutores desempregados e desacreditados, o ministério não quer saber se eles são mais duvidosos do que ternos de cem reais.
Como prédio, compraremos um galpão antigo em um bairro distante, pode até ser na zona rural. Faremos divisórias de compensado reciclado, pintaremos de cores sóbrias. Tudo será comprado de demolições, inclusive os computadores, com programas pirateados, lógico.
Os cursos poderão ser de fim de semana e a aprovação será garantida, pegaremos as apostilas que as federais descartam no fim do ano e só trocaremos as capas. Usaremos os incentivos fiscais para convencer os empresários a dar estágios para nossos alunos, os relatórios destes serão de múltipla escolha, uma revolução.
Alugaremos o terreno ao redor da faculdade para quem quiser explorar, assim teremos encadernadoras, lanchonetes, lojas de becas e ternos, estúdios phorográphicos, papelarias e tudo o que pudermos usar em propagandas enganosas, mas aparentemente idôneas.
Claro, a campanha comercial! Chamaremos um canastrão decadente, que tenha dado problemas para a mídia e sempre apareça nas colunas policiais. A garotada não gosta do que não presta? Então! Bastará o retardado mostrar o diploma que tirou na nossa faculdade (daremos à escolha dele) e todo mundo vai querer se matricular.
Agora o processo selectivo. O candidato só precisa do diploma de empurrismo do ensino médio, preencher uma prova de múltipla escolha bem imbecil e o computador o avaliará instantaneamente, já programado para deixar passar qualquer um que saiba desenhar o próprio nome.
As mensalidades caberão em qualquer bolso, até nos nossos. Mas vamos tirar o couro com matrícula, taxa de aprovação, taxa de transferência, taxa de material, taxa de estacionamento, taxa de emissão de documentos, taxa de freqüência, taxa dobrada por ausência injustificada, taxa para entrar na directoria, taxa de estágio, taxa de tapete, taxa giz de lousa, taxa de chuva, taxa de sol, taxa de lua e uma contribuição compulsória para o pagamento das taxas.
Os professores ganharão por productividade. Leia-se: três turnos sete dias por semana, sempre com sala cheia, para ganhar alguma merreca. E, claro, serão terceirizados, terão que abrir firma para nos prestar serviços.
Se der algum problema com o reconhecimento dos cursos, recorreremos. Transformaremos lagartixa em dragão, diremos que estamos sendo perseguidos pelas universidades caras e poderosas, com gente do congresso no bolso. De quebra, ganhamos propaganda grátis.
Ao fim de quatro ou cinco anos, quando as primeiras turmas forem passadas, venderemos tudo para algum figurão que queira aproveitar a mutreta e vamos dar no pinote. Ele que se vire com processos, ameaças, prédio prestes a desabar e o ministério finalmente conseguindo cancelar as licenças, que nós teremos ocultado na hora da venda.
Fácil, não? Pois se é mais ou menos isto que já acontece pelo país inteiro, por que conosco não funcionaria? Só precisamos perder a vergonha na cara e esquecer que nossos entes (ou nós mesmos) podem ser vítimas dos profissionais fajutos que vamos colocar no mercado.
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Unicoiser
Postado por Nanael Soubaim às 17:20
Marcadores: Nanael Soubaim
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2 comentários:
Você conseguiu me fazer rir com um tema tão espinhoso e verdadeiro!
Podemos também criar cursos com nomes pomposos, tipo Tecnólogo em cocelioteleologia, e alegar perseguição dasinstituições arcaizantes quando tentarem nos impedir.
Terminologias pseudo-intelectuais? tou dentro!
Onde assino?
:P
Cumpadização Social;
Química com ênfase em acidentes nucleares;
Criação e manejo de nelores;
Literatura com ênfase em produção de fanfics;
Magia brasileira com formação em pai de santo.
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