quarta-feira, 16 de abril de 2008

Constatações sobre a vida, o universo e tudo mais sob o prisma da Casa 22

Fique certo de que até os 22 anos, você terá pelo menos uma doença que os médicos não saberão diagnosticar logo de cara. E você perderá a paciência de fazer exames, curando-se pela graça do tempo.


Os preços de fato sobem descaradamente. Os mesmos 400g de leite em pó que hoje custam quase 10 reais, já foram comprados por menos de três pilas, nos tempos em que você mamava nas sagradas tetas da senhora sua mãe.


Você deixa de crescer e passa a somente engordar. Decididamente essa é uma das verdades mais dolorosas da Casa 22. Ora, é algo claro: se você só come e muito pouco se exercita, a tendência é aparentar ser um presuntinho pós-moderno.


Na Casa 22, o amor romântico tão em voga na adolescência, perde consideravelmente seu brilho. Provavelmente esse brilho regressa em casas vindouras, com o desespero “papai, eu quero me casar”. Mas essa discussão não cabe aqui, já que o oba-oba da Casa 22 é o sexo sem preconceito, sigilo total, por um relacionamento íntimo e discreto.


A idéia de que você-não-aproveita-bem-sua-juventude perpassa quiçá toda a Casa dos 20 anos. É justamente esse o impulso que leva os jovens a cometerem excessos. Como o porre que lhe pagou o vômito na saia da namorada. Digo, parceira sexual.


Você não se livra dos estudos na Casa 22. E dificilmente se livra dos estudos na Grande Casa 20. Já que a tendência da trepidante modernidade é o acúmulo indiscriminado de especializações. No que pese a graduação – hoje quase insuficiente – a pós-graduação, os mestrados, os doutorados e mais uma gama de novas escalas que devem ser exigidas nos próximos anos. Certo, dependendo da carreira que você tenha decidido seguir, você jamais se livrará dos estudos. Ânimo!


Independente de que caminhos você percorra, a vida há de lhe mostrar que existe uma entidade superiora que rege os dias dos humanos aqui neste plano terreno: Dinheiro.


Embora você pondere que seu modo de ver o mundo é aceitável diante dos moldes da idade, em menos de 10 anos você perceberá o quanto foi imaturo ao concluir que os Mamonas Assassinas representaram uma perda incalculável ao cenário cultural brasileiro. Na Casa 22 a auto-censura dos anos pregressos é bem marcante.


Você há de querer ver muitos filmes, ler muitos livros e conhecer muitos lugares. Mas é mister que se tenha consciência de que não há tempo e nem dinheiro para tanto. Na Casa 22 você percebe a necessidade de se fazer escolhas e conclui estupidamente que o dicionário é a prova dos bilhões de palavras que você nunca vai usar.


Na Casa 22 você já se coroe de medo das rugas e reumatismos que a vida lhe reserva nas casas que virão. Das bobagens todas, essa é a maior.

5 comentários:

Adriane Schroeder disse...

Inspirado, Dave.
E tudo tanto pela frente, tanto medo e sonho...
:)

fabio_ disse...

De repente, ficamos místicos, né?
A gente fica velho e aa culpa é dos números e dos astros... Tsc!

Nana disse...

Prepare-se para a casa dos 24... ;)

Anônimo disse...

como diria Copélia, "prefiro não comentar."

Luna disse...

Por que será que trocar de idade mexe tanto com a gente? Coisa horrorosa, credo. Acho que você está se saindo bem, Dave. E ainda é cedo para se preocupar com rugas e reumatismos.