Oficialmente ontem, o patricarca da minha família colheu sua rosa número 79. Para celebrar uma data tão importante como essa, resolvi escrever pro velho [e ler em alto e bom som, pra toda a família ouvir, em uma de nossas reuniões]. E estes escritos, divido agora com os senhores.
São Luís, 29 de abril de 2008.
Acontece que ontem, antes de produzir o desenho do vô, eu tive que revirar os antigos álbuns de fotografias e as modernas pastas de arquivos de computador em busca de imagens do nosso velho.
E como não podia deixar de ser, junto com as fotos revirei um sem número de recordações que me fizeram perceber a graça e a importância desses momentos que passamos juntos, em família.
E, olha, já vivemos momentos assim muitas vezes. Mesmo sendo a nossa família um enorme depósito de deficiências, ninguém há de alegar que nos falta amor. E é esse mesmo amor que faz com que a gente se reúna e se confraternize.
Foi assim há algum tempo atrás quando nós, os netos, ainda éramos crianças e achávamos o máximo as viagens de férias para a casa do vô. E as fotos me fizeram lembrar deste quando em que eu e mais um primo, cavávamos divertidamente um dos canteiros da vovó, quando fomos surpreendidos pelo vô Portela e seu implacável cinturão de couro. É claro que ele nos pregava essas peças só pra rir a nossas custas. E que gargalhada deliciosa tem o vô... Daquelas que o fazem corar como um tomate.
Talvez ele nunca tenha se dado conta, mas a nós, os netos, crianças que éramos, o interessante mesmo era que o vô se mudasse para mais e mais cidades. Ignorávamos os esforços e dificuldades envolvidos nesse processo. A novidade era o que nos movia. A novidade e a felicidade de encontrar ali todos os primos e tios. E receber a bênção de cada um deles. É fato que há sempre membros que vivem distante e por isso não podem estar presentes. Bem como aqueles que já se foram e que não mais estarão conosco. Mas há algo que me faz pensar que o brilho de nossa família unida, jamais será afanado.
Ora, eu precisei crescer um pouco mais para perceber que este rosto que enxáguo todas as manhãs antes de sair de casa, este corpo, esta voz existem por intermédio do meu vô. Assim como todos nós que carregamos esse brasão PORTELA na identidade. É graças à prestigiosa união do Vô Portela e da querida vó Agostinha que mais uma vez nos reunimos.
E é com segurança que confesso querer ser um pai e um avô como o meu vô Portela. Quero mais que isso. Quero ter pra mim esse caráter do qual ninguém zomba. Quero que seja também minha essa trajetória tão cheia de espinhos, mas tão gloriosa. Quero ter sempre Deus como alicerce e luz para o meu caminho. Quero ter esse bom humor que não se cala nem em momentos de crise. Quero essa sensatez, quero até essa caneta que nunca sai do bolso. (Ora, ela é um claro sinal de homem precavido). Ah sim, também quero ter uma interminável coleção de carros.
Meu vô Portela nos é a maior expressão de orgulho e é o nosso mais resplandecente exemplo. É o signo da nossa união e é o que dá significado ao que entendemos como família. E é por isso que declaro: quando eu crescer, quero ser como meu vô.
Do seu neto,
Davi Portela
Quarta que vem, voltamos à programação normal.
8 comentários:
Eu quero ter um neto assim como você, um dia....
Vovô Coelho se orgulha, com certeza! Das coisas da vida, a melhor é ver germinadas as sementes.
Vovô Portela deve tah feliz, hein?
Ter um neto talentoso assim!!
Felicidades a ele!!
E a vc tbm!!
"Papai" Dave!!
Seu avô deve estar no maior orgulho ;)
Eu amo tanto o meu vô, é como se fosse um pai para mim!
Que vovô sortudo esse.
E que orgulho de ter um neto assim, hein!
Lindo, menino Dave!
Eu já tinha lido a carta. Fiquei emocionada! Que bom saber escrever bonito assim...
Velho Portela disse "Que vc continue assim, muito romântico."
Valeu meu povo.
Grande Abraço.
Vc escreve lindamente.
E continue assim muito romântico,como disse seu vovô.
Alessandra
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