quinta-feira, 10 de abril de 2008

A tênue fronteira entre fantasia e realidade

Sempre fui uma grande admiradora de literatura e filmes que abordam a fantasia como tema. Mas são poucas as produções cinematográficas deste estilo que me fazem refletir. E “O Labirinto do Fauno”, de Guillermo Del Toro, é uma dessas obras. E Desde que assisti ao filme sinto vontade de comentar por aqui. Dias desses (não me pergunte exatamente quando) essa vontade foi alimentada por comentários levantados no fórum do Garotas que Dizem Ni e me encorajaram a escrever o texto de hoje.
Vamos ao filme, então. A introdução é uma pequena narração sobre uma princesa que deixou seu reino subterrâneo para conhecer o mundo humano e as conseqüências dessa curiosidade. Em seguida, é apresentada ao telespectador Ofélia, uma garotinha de 10 anos que é grande admiradora de livros de contos de fada. A menina e sua mãe estão indo ao encontro de Vidal, capitão das forças fascistas do General Francisco Franco, que governa a Espanha após o fim da Guerra Civil. Vidal tenta eliminar os rebeldes que são contra o regime imposto por Franco. Este homem é o novo marido da mãe de Ofélia.
Ao redor da nova casa, a garota descobre um labirinto que leva a uma trilha subterrânea. Lá ela conhece o Fauno, criatura fantástica que a convence de que ela é a princesa perdida do reino subterrâneo. E, para que possa voltar ao seu mundo de realeza, ela precisa realizar algumas tarefas. É, a partir de então, que o somos apresentados a cenas e personagens inesquecíveis, em conjunto com a espetacular fotografia do filme.

O interessante do filme e que, consequentemente, me fez parar para pensar, é que Del Toro não deixa claro durante todo o decorrer da história o que é fantasia e o que é realidade. Isso fica a cargo da interpretação do espectador. Essa dualidade é primorosamente evidenciada pela personagem de Ofélia. Durante as tarefas que precisa realizar, a garota se vê às voltas com seres aterrorizantes o que, nos leva a relacionar com a brutalidade característica de Vidal. O capitão se apóia em uma ideologia baseada na violência e é, portanto, uma pessoa rígida. Ofélia é sonhadora e apaixonada por fantasia. Essas duas visões de mundo se contrapõem o tempo todo.

“O Labirinto do Fauno” é, sem sombra de dúvidas, um dos meus filmes preferidos. E não pense que é um filme para crianças, muito pelo contrário. A luta de Vidal contra os rebeldes, que funciona como pano de fundo da trama, é recheada de cenas violentas. Fotografia e iluminação, sempre obscuras, transmitem um clima pesado em contraste com a doçura e a fascinação exercida pelos seres de contos de fadas. Del Toro consegue somar crítica social, política e a fuga emocional de Ofélia de maneira sutil e genial.

O filme é pesado e depressivo para alguns; salvador e esperançoso para outros. Tudo depende da interpretação dos fatos apresentados por Del Toro. Os personagens fantásticos são muito mais sensíveis do que os humanos, o que torna o mundo fantástico muito mais atraente e menos cruel do que o dia-a-dia. Assim, o filme produz uma alegoria das alternativas e escolhas da vida. O que o labirinto representa no contexto do filme? O que é o labirinto senão uma dessas alternativas, aliada à inocência, representada na figura de Ofélia e nas ações decorrentes de suas convicções.

É certo que o mundo em que Ofélia se vê inserida é imaginativo, mas é, ao mesmo tempo, absolutamente real e verdadeiro para ela. Ou para nós, depende do final que você escolhe aceitar dentro da sua mente. O meu final é exatamente o final imaginado e vivido por Ofélia. Porque eu prefiro acreditar que existe um mundo fantástico dentro de cada um de nós. Fuga? Talvez. Pra mim, a vida é feita de escolhas. E a minha é aceitar um mundo de fantasias. Mesmo que ele seja real apenas dentro da minha cabeça.

Hoje é dia de festa talicoisística!

Hoje o menino Dave, o Coelhoso, faz aniversário!!!

Muitas felicidades, moçoilo!

Tudo de bom sempre pra você! =)

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