domingo, 9 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXIX

    A última lágrima. A estação 269 Encerra o luto, mas,não se descuida dos perigos que ainda rondam. Todos à bordo, o trem vai partir.


Sandra é a primeira médica da menina e confirma, ela levou muitas surras desde muito cedo (...) Libera a pequena em seu colorido vestidinho, que ainda estranha, para as bobagens de infância de que foi privada, mas com moderação. Tem o prazer de “carregar a madrinha” nos braços até a mãe, que poderia ser sua bisavó. Leva a novata para conhecer o restante da fundação, depois para a chocolateria, para ela criar laços com a família e com a própria vida. Paparazzi ao redor clicam como loucos, entre eles está Henry, disposto a publicar algo que valha mais do que comentários bobos de celebridades. Stephanie está lá, comentando com a mãe que será professora da própria tia (...) Atrás, uma horda de xeretas que sabem que não poderão entrar, exceto Henry (...) É tratada com afagos por irmã e sobrinha, enquanto toma pela primeira vez um chocolate quente. Nancy ainda chora por dentro, porque tecnicamente ele matou seis de suas filhas, queria ter todas elas agora.

Vão finalmente para a Máquina de Costura, onde a irmã clone comanda o planejamento para os shows em Lisboa, Kiev e Varsóvia, mas tudo mais fica para segundo plano quando a caçula dos Gardner chega, mal cabendo em si com tantas novidades. Rebeca não resiste em carregar nos braços uma Patrícia, que ao menos por enquanto, é menor do que si (...) O susto, sucedido de rajadas insanas de risadas, vem quando a encrenqueira corre com a pequena e pula na piscina, é quando ela tem realmente alguma sensação de liberdade. Chamam todas as crianças com idades próximas e deixam os monstrinhos fazerem a algazarra que lhes cabe (...) À noite, em seu quarto, o que a irmã clone ocupava quando solteira, a menina desata a rir até adormecer. Os pais encostam a porta e voltam ao seu fim de noite. No dia seguinte recebem a mensagem das montadoras, seus carros estão sendo embarcados e chegarão ainda hoje à sua garagem.

Josephine chega com Zigfrida à Máquina de Costura, já reclamando o amadrinhamento de Patrícia May. Elas trazem notícias orais das investigações, que ainda não chegaram aos jornais. Encontraram mais gente cativa dos dois lados da fronteira (...) isso explica a discrição que aquele homem conseguiu...

- Eu sei que você e sua mãe choraram pelas mortes das outras, por isso providenciei a cremação, após a conclusão dos exames.

A francesa lhe entrega uma urna com as cinzas e Patrícia volta a se desmanchar em prantos abraçada à urna, seguida por Nancy, assim que chega e toma conhecimento. O sigilo ainda reina no caso, só a família biológica das moças mortas tem acesso ao que as duas trazem. A decisão é enterrar aquelas cinzas no jardim do quintal (...) choram tudo o que têm a chorar, enquanto Nancy põe terra e mudas de flores sobre as cinzas. Ela cuida daquele jardim até no inverno, será uma forma de se sentir menos culpada pelo que não poderia ter evitado, do resto as psicólogas e a psiquiatra do clã cuidam.

Vão para dentro, enquanto os carros não chegam, para falar da caçula. Eles chegam em dois caminhões fechados das respectivas montadoras, com escoltas. Descem ao mesmo tempo, para o deleite dos apreciadores. A riqueza de detalhes, a expressão severa e serena de cada um, a amplidão da área envidraçada, rodas e pneus em tamanhos proporcionais, os capôs em tamanhos correspondentes e grades cromadas; tudo remete à era áurea da indústria automotiva americana. Patrícia, Richard, Phoebe e Sandra ajudam a vistoriar os carros, para acelerar o negócio, e então o velho Gardner transfere definitivamente mais de meio milhão de dólares para cada um. Lá estão os assentos especiais para crianças, com couro e madeiras nobres marchetadas com detalhes de hakone, projectados e testados especialmente para os modelos, Nancy não consegue não enxergar a caçula neles.

Mary Ann e Fester vão à fundação, buscar a pequena Pammy, como a chamam (...) o casal mergulha em um misto de afeto e medo, vendo que a menina tem praticamente as mesmas tendências da original, até no modo de afagar seus rostos. Mas eles acham maravilhoso ter de novo a sensação de carregar aquele corpinho agitado, ávido por correr o mundo. Vêem Adele com Hope, indo para casa após uma manhã de trabalho, a convencem a gastar alguns minutos para compartilhar a alegria da família. Prudence em especial se identifica com ela. Pelo menos por hoje, naquele pedaço de mundo, está tudo na mais santa paz.

E é essa paz o maior assunto da imprensa, quando voltam para a estrada. O show em Denver não previa coletiva, mas há paparazzi e fofoqueiros pipocando por todas as partes, entre eles alguns poucos jornalistas sérios (...) Por outro lado, a expectativa de que a menina seja tão parecida com sua irmã quando na aparência...

- Não! Não! Nós somos pessoas distintas, ela tem vida própria e vai seguí-la.

Patrícia nem quer imaginar a caçula sentir nos ombros o peso que carrega, mas sabe que a tendência genética à depressão está lá (...) Os teóricos da conspiração temem, por sua vez, que a morte do enfermeiro tenha sido uma queima de arquivo, e que muitas outras Patrícias estejam vivendo em segredo pelo mundo. Mundo que está perto demais de uma guerra, aumentando o estresse da original (...) Entram no hotel dispostos a só falar em música, nada além de música... e de seus bebês, é claro. Zsa-Zsa foi a primeira a puxar Patrícia May para a farra, eles não se cansam de rever o vídeo, Joan chamou os outros para fazerem montinho e ninguém mais se segurou.

Nancy liga para a filha informando que a menina está agora com o pai e Robert Richard, na oficina (...) Patrícia delira! Depois babam mais, agora precisam recolher informações e depois conhecer a arena do show. Um colaborador aborda Phoebe, informa que os simpatizandes dentro do Pentágono decidiram se antecipar ao presidente e irem ter com Elias, na companhia de Nelson. Farão isso com a justificativa da segurança (...) Patrícia gosta de saber disso, será um gradiente valioso, mesmo com a presença de um general inconsciente no grupo, ele só dará mais veracidade ao auxílio que Nelson quer dar ao rapaz. Ele ainda tem que lidar com as instalações quase prontas da Vintage Way of Life na Rússia, precisa estar presente para a inauguração da moscovita.

Em Portugal, uma animação digital de uma locomotiva 4-4-4-4 chegando à estação e descarregando vários carros, com a introdução de “Dead Train” como fundo, chama a atenção dos ghost drivers lusitanos. Lembram-se da promessa e se apressam em ligar para o escritório central, enquanto os ídolos vistoriam a arena (...) Na manhã seguinte, após os treinos matinais, fazem o ensaio padrão Dead Train de qualidade. A platéia improvisada avisa onde o som chega bem e onde precisa melhorar, então afinam tudo e começam a cantar de verdade. A sesta faz os serviçais cometerem o excesso de zelo de calçar pantufas. Na hora certa Patrícia acorda e chama todo mundo (...) Os ônibus chegam e a ansiedade aumenta, os músicos de apoio começam a tocar e a contagem regressiva vem junto, então Madeleine interrompe a execução, vai ao microphone e anuncia os seis amigos de Sunshadow, o resto são contos épicos de uma noite muito bem aproveitada.

Voltam na mesma madrugada para casa (...) Descem com calma, o dia será, como de tradição, uma folga; pelo menos até vir uma emergência. E quase vem. Aisha torce o pulso da tia de Carly e a derruba, ela se aproximou demais de Patrícia May, mesmo com Prudence e Natasha a acompanhando. Os berros de “Satanás está se multiplicando” são tudo o que ela diz, até ser calada por um tapa bem dado pela marroquina...

- Não é naquela criança que está o seu demônio, é na sua loucura em negar o segundo mandamento, e ainda assim se afirmar como seguidora de Cristo! Alguém dê um atestado e interdite esta mulher, ela é louca!

- Louca ou não, vai ter uma lição por ameaçar minha filha!

Nada de puxar cabelos, isso é para amadoras, ela dá um gancho de direita que faz a pastora ver estrelas e sentir a cabeça estourar, antes de desacordar. Nancy pega a filha nos braços e saca a pistola (...) Para seu próprio bem, Chuck chama um psiquiatra para dar um laudo, que logo de cara não deixa dúvidas, ela tem esquizofrenia severa e sofre de messianismo. Precisará de mais opiniões, mas por agora é melhor ela ficar sob guarda de algum parente próximo. Carly desaconselha, afirma, envergonhada, que a custódia do Estado é melhor, ela não tem poderes sobre o juiz como tem sobre a família. Sigourney acolhe a filha (...) até Patrícia e Richard chegarem para terem satisfações da afronta.

Dali, os que estão livres vão para a Máquina de Costura. A pastora fica na cela até ser transferida, acreditando que é Maria Madalena. A menina não entendeu nada além de que alguém levou uma surra (...) Ainda está digerindo essa conversa de “mãe, pai e família”, sabe que gosta do modo como é tratada e das coisas que está descobrindo. Aisha, após a demonstração de competência, é mimada por mãe e avó, enquanto os adultos discutem a segurança dos bebês. A cidade inteira tem uma geração bastante jovem, que é alvo fácil (...) Já a pastora, sai com o advogado para uma clínica psiquiátrica, jurando que pães e vinho brotam do chão em que pisa. Chão que passou por recente recapeamento, para a instalação das espiras de indução.

Dentro dos limites do município, até a rodovia está recebendo o sistema de alimentação eléctrica, a fase de testes não demora a começar, enquanto os carros da cidade ganham receptores (...) o cidadão concordou em pagar uma módica taxa mensal para sustentar o benefício (...) Os outros felizes proprietários recebem seus Cadillac e Lincoln nos dias seguintes, sempre em lotes pequenos, todos eles com diferenças nítidas entre si.

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