sábado, 8 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXVIII

    Patrícia May. A estação 268 traz um fantasma de traumas passados que estava oculto pelas cortinas do tempo, e ninguém está livre dele. Embarquem, o trem vai partir.


Richard é avisado por amigos do exército que um sujeito foi detido em uma zona de exclusão, ele estava fugindo de autoridades, sem com isso interromper suas actividades de incentivo ao suicídio e à barbárie entre crianças e adolescentes (...) além de ameaçar matar a família de quem desistisse...

- “Coragem”?

- Sim, Capitão, é um dos argumentos para iscar a efervescência hormonal das crianças.

- Já que ele fala tanto em “coragem” e vocês estão tão próximos da zona de guerra, exponha-o aos mesmos rigores que eu enfrentei, depois perguntem-lhe novamente sobre “coragem”.

Ele se vira para seus pais e irmãs, explica a história e Patrícia liga imediatamente para colaboradores na região, para que complementem as lições (...) Voltam a falar do convite que Elias recebeu para um almoço na Casa Branca, e dos amigos da CIA que agora são parte da guarda da família presidencial. Sandra está com o pai, ouvindo dele a desconfiança que nunca deixou de ter com homens públicos, especialmente os de cargos eletivos.

Lidia chega com Stanley, para a alegria do brasileiro, ciente do convite, se oferecendo para aconselhamentos. Ela começa avisando que ele sabe que será só um almoço, pelo menos desta vez (...) Ser um imigrante que chegou em estado de penúria, mas hoje responsável por milhares de empregos americanos, pesaria só por si muito a seu favor. De lá ela vai à Máquina de Costura, deixando o menino com o avô, informar do que conversou com o rapaz. É nítido seu desconforto, mas (...) Ele liga confirmando e escolhe uma das datas disponibilizadas. Perto dali, Sandra explica a um repórter que tudo o que impede a clonagem humana é o caráter, uma pessoa sem escrúpulos não teria dificuldades em descartar fetos até atingir a genética desejada, se tiver a perseverança necessária...

- É muito difícil! Basicamente, seria um pequeno holocausto.

- Isso é assustador! Então nada impede que algo assim já esteja acontecendo?

- Infelizmente não, a quantidade de pessoas que simplesmente não se imortam com o outro, é grande o bastante para eu ter quase certeza de que essas tentativas já acontecem. Se uma bem sucedida já aconteceu, é quase impossível saber.

Já. Uma movimentação na fronteira com a Baixa Califórnia, chama mais atenção do que as autoridades são capazes de manter em sigilo. Tudo termina com a morte de um homem e o resgate de uma menina, que viu três adolescentes serem mortas por ele, após se recusarem a manter relações sexuais. King George se infiltra entre os socorristas (...) Vendo seu porte, o chamam para ajudar a arrombar uma porta, o que ele faz sozinho e sem dificuldades. É um pequeno laboratório que o herói decifra rapidamente, com uma passagem do smartrain hackeia o disco rígido (...) À noite, na base da liga, com os cientistas...

- ELE CLONOU PATRÍCIA!

Ela sabe do que aconteceu (...) mas chora quando Josephine lhe conta do que um jovem enfermeiro fez, quando ela estava internada, após o atentado. Recolheu e congelou o máximo de seu material genético até a tecnologia permitir que realizasse o sonho de Conrad, com a ajuda de prostitutas que alugaram seus ventres, depois usando os clones para isso (...) o DNA é todo o de Patrícia. A menina de quase três anos, a última viva de sete Patrícias, sem parentes, é entregue aos que reconhecem como seus pais biológicos: Nancy e Richard. A pequena tenta como pode não ser tocada, está apavorada.

Cientificamente, sua obsessão conseguiu um feito extraordinário, às custas de jogar fetos viáveis no lixo (...) Conseguiu produzir clones a partir de 1998, que lhe serviram de escravas sexuais assim que entravam para  puberdade (...) mas descobriu que a perfeição das cópias trazia também os defeitos do objecto de desejo, seus cérebros funcionavam como o dela e o desejo de independência acabou se tornando um problema, que resolveu matando quem tentou ir embora. Para Patrícia é como se tivesse sido assassinada seis vezes.

Enquanto os órgãos federais e a organização investigam, Renata está na casa religiosa, esperando por uma resposta para seu início de decepção. Vem Naomi prestar as devidas satisfações à obreira exemplar...

- Eram espíritos devedores que pediram por isso, não que haja justificativa para o que ele fez. Por isso não pudemos contar nada a vocês. Mas agora elas estão bem.

- Você sabe que sua neta vai sofrer muito, por muito tempo.

- Não por muito tempo. Patrícia May vai ajuda-la, enquanto ela ajuda a tratar de seu trauma.

- Para mim continua a ser uma estupidez injustificável.

- Sua indignação se parece com a de Glenda, então faça o mesmo que ela, ajude-a a ter uma vida saudável, fará bem a você também.

Ela concorda. Vai ver primeiro a amiga, a localiza na casa de solteira, onde ajuda os pais a vencer a timidez da pequena (...) Renata se anuncia (...) se aproxima com as palmas das mãos à mostra, enquanto conversa e explica que aquelas pessoas são sua verdadeira família. Aos poucos, algo de que o casal se lembra bem, a brasileira começa a se encantar com a beleza daquela criança, é como ver a amiga naquela idade. Os outros a imitam, a pequena ganha confiança e diz “Não me bate não, eu não quero dormir dolorida de novo”...

- Ninguém vai tocar em você – afirma o brutamonte, da forma mais carinhosa que sua fúria permite. Nunca mais.

Nancy a pega e leva para o cantinho da escola, onde ela inicia sua vida acadêmica ao pianinho (...) Patrícia vê sua pequena irmã clone se divertir sob orientações da mãe, e as lágrimas não são mais de tristeza. Liga para os outros, autoriza que a visitem, mas com cuidado. A imprensa, enquanto isso, explora à exaustão, alguns com piadinhas sobre uma “liquidação” de Patrícias, mas a parte séria do jornalismo prefere pedir informações à imprensa oficial e ao escritório central (...) As reações são muito parecidas com as suas, embora saibam que o software daquele pedaço de gente não tem como ser tão parecido com o original quanto o hardware. É acompanhada pela fiél amiga até a Máquina de Costura, onde os comparsas as esperam. Ela afirma primeiramente que não precisam adiar o próximo show, nem os de Lisboa, Kiev e Varsóvia, que foram prometidos há tempos. Quanto a Patrícia May, acredita que encontraram o fio de sua meada, saberão desenrolar com o tempo. Da Casa Branca (...) vêm os sentimentos do casal presidencial, em seguida o próprio Putin liga e oferece toda a ajuda que a Rússia puder dar nessas investigações. O Pentágono também manda seus sentimentos, mas lamenta que o método de clonagem tenha morrido com o sujeito.

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