Vexame. A estação 265 mostra que o terceiro mundo é muito mais uma questão de mentalidade do que de recursos. Todos à bordo, o trem vai partir.
Os carros. Em um amplo prédio sem
identificação, Cadillac e Lincoln apresentam os modelos definitivos (...) Os monoblocos de ligas de alumínio, como
tudo o que é padrão nos projectos, estão todos prontos, o que estão fazendo ali
é definir a personalidade em seus exemplares, como escolher as rodas, cores,
estofamentos, madeiras, marchetaria e alguns caprichos (...) A presença dos
seis amigos de Sunshadow já intimidaria muitos ali, mas Josephine simplesmente
inibe. Deixar meio milhão de dólares em cada carro dá a todos eles o direito de
serem exigentes (...) Richard e Nancy pensam muito nos netos, nas
bisnetas e trisnetas, os seus precisam ter interiores próprios, que permitam à
descendência olhar para os detalhes e se encantarem, não importa se da primeira
ou da milésima vez.
Não houve e nem haverá campanhas
publicitárias (...) assim como a logística de distribuição pôde ser dispensada e uma
série de pesquisas de mercado que sempre oneram os custos de um carro novo (...) Na
saída, a presença inesperada da imprensa. Alguém viu de relance Renata pela
janela de um carro e a notícia se espalhou, toca para Matthew resolver o
problema, antes que eles importunem todo mundo, mesmo os que nunca saíram nem
em uma imagem de multidão...
- Que algazarra é essa aqui?
- Tamasauskas, então é verdade! O que está
acontecendo lá dentro?
- Um monte de gente cuidando da própria vida,
algo que vocês deveriam experimentar fazer.
Enquanto ele distrai os xeretas, os outros
saem pelos fundos. Ele (...) entra, pega Renata e sai o casal tabém pelos
fundos. Vai levar um tempo até eles se darem conta de que estão vigianto um
prédio vazio.
Em casa, risos. Matthew conta (...) foi meia
hora dizendo de muitas formas de que não era da conta deles o que estavam
fazendo lá dentro. Patrícia tem um pequeno desgosto, quando Obama leva as
acusações à Rússia a um patamar muito infantil, expulsando diplomatas. As
coisas ficam mais feias quando Putin faz o oposto, convida os diplomatas
americanos e suas famílias para uma confraternização...
- Ele é cria da primeira guerra fria, conhece
como ninguém os bastidores do poder, não cometeria uma infantilidade
diplomática dessas... Por que esses intelectuais de burocracia não se cansam de
envergonhar a América? Fala a verdade, é um passa-tempo? Esporte? Sadismo?
- Talvez descompromisso de quem encerrou a
carreira – diz Aisha.
- Sim, muito provavelmente é isso... Ele
poderia ter fechado com chave de ouro o mandato, mas não... Meninas venham
aqui, preciso abraçar alguém.
Os dias passam, o mundo desmorona e a neve também,
tudo dentro do previsto. Tudo, menos um luto caro. Debbie Reynolds está chorando
o luto por Carrie e os seis amigos se mobilizam para ampará-la no velório da
filha, mas ela não suporta. O Airtrain enfrenta o mau tempo para o enterro de
mãe e filha, fechando um ano antissocial como poucos conseguiram ser.
&
O início do ano não dá mole, mas (...) estão relativamente tranqüilos. Renata alivia
os humores, corrigindo um paparazzo com...
- Não é “Chicken”! É Divaldo Franco, não
“Frango”!
- Oh... Sorry... As pronúncias são tão...
- Henry, você já conhece bem o português do
Brasil, dá umas aulas pra eles, please!
Ela segue para a Máquina de Costura, conta o
que aconteceu no meio do caminho e espera os ataques de risos terminarem (...) Tempos turbulentos se avizinham, mas eles estão preparados, só
precisam decidir como agir. Não delongam, querem logo partir para a parte
divertida do trabalho; a música (...) Em um instante de relaxamento, eles olham para fora, vêem aqueles paparazzi
todos se congelando lá fora, mas não se atrevem a deixar que entrem, sabem a
bagunça que eles fazem. Vão à copa, fazem um garrafão cheio de chocolate quente
com mel e distribuem entre eles, o que acaba se tornando uma confraternização
da banda com os xeretas sem noção.
À tarde a nova formação chega, com seus
rebentos (...) Phoebe foi com
pouca roupa, uma camisa com uma rosa pintada a mão e uma leggin preta. As
meninas vão agasalhadas, mas não muito. Sandra teve que levar Stanley também,
Carly leva Barry e Joan. Sobrou chocolate para todos terem seu gole. Enquanto
as crianças brincam com as meninas marroquinas, os adultos trabalham bem perto,
leves e ansiosos pelo reinício dos trabalhos artísticos. O primeiro é uma
semana antes do Sunshadow Otaku Week, marcado um dia depois de a organização se
despedir novamente da CIA (...) O novo
presidente tem a língua solta demais e noção de menos para ser confiável, pelo
menos por enquanto (...) Até lá, as visitas dos espiões a Elias serão informais, e eles terão
que se virar para que seus chefes não desconfiem.
O dia seguinte é o da posse. Também é o da
vergonha alheia, com uma pop star fazendo quase ameaças ao novo, gostem ou não,
presidente dos Estados Unidos da América; incluindo explodir a Casa Branca, em
um palanque diante de câmeras e milhares de testemunhas. Os agentes da
organização põe as mãos nas frontes, mal acreditando no que ouviram, vendo bem
próxima dela uma defensora notória e declarada da sharia. Sanaa meneia e a dá
como morta, musicalmente. Se alguém se alia a quem defende algo que quase a fez
se casar com um sociopata simpatizante dos extremistas, então ela é contra esse
alguém (...) As cenas de guerra civil que se seguem são um
empurrão para a direita, o cidadão comum não gosta de ver aquilo, inclusive uma
limousine Lincoln incendiada por anarquistas; carro que era o ganha-pão de um
muçulmano.
Não demoram a se perguntar por que algumas
cidades apenas assistem a toda essa bagunça de fora (...) no que a imprensa residente se apressa em
conseguir alguma coisa, antes que repórteres de fora cheguem e incomodem mais
do que eles a população. São rápidos, agindo de forma orquestrada (...) e avisando de polêmicas que os cidadãos
ainda não conheciam, como Crazy Horse...
- Mas eu não me ofendo, minha tribo não se
ofendeu, nenhuma nação indígena americana se ofendeu! Por que esses desocupados
tomam dores que não estamos sentindo?
- Então posso publicar que você não dá a
mínima para brancos achando índias bonitas.
- Pode publicar que eu estou cagando e
andando, tenho mais o que fazer! Este país não vai sair da situação difícil em
que se encontra, se as pessoas continuarem a perder tempo para pedir desculpas
por ofensas imaginárias! Ninguém me ofende por respirar perto de mim, por
favor, parem com isso!
É uma maratona! Eles (...) dividem o material entre si e publicam antes que a
imprensa de fora deturpe tudo o que o sunshadower disser.
&
Fica pronto o vilarejo aquático de Sakura.
Módulos esphéricos boiam, encimando os edifícios cilíndricos submersos de seis
pavimentos, quase setenta pés separam o último piso da superfície (...) foi a última
contribuição oficial da organização com as agências do governo. Os seis módulos
são ligados por uma plataforma ajardinada, que funciona como praça comum.
Virtualmente um módulo para cada fundador da Dead Train (...) Sakura pega Kenji e
decide que passarão o fim de semana lá. Os anéis contra colisões impedem que
paparazzi cheguem perto demais, então terão alguma privacidade (...) Terão
a ajuda dos curiosos na vigilância, que clicam e tentam imaginar o que haverá sob
aquelas redomas.
Robert chega em casa e encontra Mikomi
conversando com a filha pela internet, a moça está muito empolgada com sua
casinha de descanso (...) Volta com o marido no domingo, após terem
aproveitado quase dois dias de solidão voluntária sob as águas ainda frias do
Michigan Lake. Conseguiram muitas imagens dos peixes. É claro que aqueles
bisbilhoteiros estão lá para recepciona-los (...) Sakura começa a ter saudades do
refúgio, da paz que encontrou dentro daquele tubo de ligas sofisticadas, a
mesma paz que Zigfrida esfrega nas caras de políticos suecos que deixaram o
país perder, por falta de pulso. Bairros de maioria muçulmana estão vivendo sob
a lei do silêncio (...) e
a polícia simplesmente proibida de interferir, pelo bem da “diversidade
cultural”...
- Vocês são uma vergonha para a descendência
de Erik, o Vermelho! Ninguém disse para não acolher refugiados, mas era para
terem imposto repeito e deixado claras as regras da casa, seus bundas-moles do
inferno!
Desliga na cara e vai comer chocolate amargo,
para esvair a raiva. Solveig a encara, ela mostra o dedo médio e ele percebe
que a esposa está bem (...) liga para
Josephine, que pede para falar com a comparsa e explica as coisas como se deve...
- Eles não vão conseguir o que querem, você
sabe disso.
- O problema é a merda que estão fazendo em
países que estavam a caminho da civilização plena! Agora os vagabundos que
batem em mulher vão se sentir à vontade na Suécia! Tô sem cabeça pra fazer nada,
queria um dia ou dois só com o Sol... Sozinhos...
A solução vem de Michigan, lhe oferecem e ela
aceita o isolamento submerso do vilarejo flutuante (...) Eles têm uma
segunda lua de mel lá dentro, com suprimentos, segurança e tranqüilidade
abundantes, além da paisagem. Ficam para o Sunshadow Otaku Week (...) Arranjam fantasias de Penélope Charmosa e Dick
Vigarista, pegam Zsa-Zsa e vão se distrair no festival, enquanto a imprensa
especula o que os dois estavam fazendo naquele tubo gigante.
Glenda se aproxima da sueca informando que
tem gente pronta para agir, à moda vicking, se for necessário, basta chegar o
momento e os radicais não forem mais vistos como vítimas (...) não haverá mais
tolerância da própria população. Seguem com o evento, com câmeras focando o maior
Flash Gordon da história de braços com sua jovial Dale Arden, estilo anos 1930.
A moça, depois de madura, começou a ficar irresistivelmente encantadora (...). Aquela carinha de
Lolita com aquele corpo bem formado desperta fantasias perigosas, muito
perigosas para quem se sente tentado ao acto suicida de tentar um romance com
ela.
O destaque, porém, vem com uma Peggy Olson
que se põe diante de duas ciganas medievais, tenta dizer alguma coisa, mas cai de
joelhos diante de uma delas, chorando como se não houvesse outra coisa a afazer
na vida. Elisa (...) Tem ímpetos iniciais de chutar para longe, mas se contenta em
levantar o braço para dar um tapa e desiste, se abaixa e acolhe o rebento
arrependido. A imprensa ama aquilo! Aisha ama muito mais, pensando “Ela veio
antes de a noite cair”. Vão para a Máquina de Costura (...) No fim
das contas, acontece a reconciliação. Ela não quer morar com a mãe, só queria
tentar ficar bem com ela de novo (...) ela fala de como tem reestruturado sua vida, da frugalidade de seus
hábitos e do pouco sentido que a fome a fez ver em seu passado. Elisa suspira (...) não é só um desabafo
pela pobreza em que tinha caído...
- No que você trabalha?
- Eu faço pequenos serviços temporários sem qualificação,
trabalho não falta pra mim.
- Vem pra mamãe... Você não vai voltar pra
lá. Vamos te arranjar algo aqui e você vai viver perto de mim.
Ela se desidrata em um berreiro que mescla
felicidade, alívio e remorso, então Aisha sai de seu esconderijo e vai contar
pessoalmente aos outros. Glenda parabeniza seus comparsas de outros planos pelo
serviço acima do esperado.
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