quarta-feira, 19 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXIX

    Autovitória. A estação 279 sinaliza o fim de alguns traumas e complexos que sucumbem após décadas de agressão íntima. Embarquem, o trem vai partir.


No dia seguinte o casal está na Culture Train, lendo com cuidado o contracto bilíngue (...) sem letras miúdas, para a alegria dos dois míopes. Tudo certo, eles assinam e têm em sua conta conjunta o primeiro milhão e meio de dólares prometido. Como se sentem? Sentem-se ricos, principalmente porque esse milhão e meio é só o primeiro (...) É tudo tão absurdamente grandioso (...) que se sentem amamentados por uma baleia azul. Fazem turismo pela fazenda, com centenas de photos, se estupefando pelos museus, mas é no cantinho sagrado de Glenda que a bruxa para, para ela é como se tivesse passado sem receber por um portal dimensional. Ela se sente em casa, sendo estudada pela outra Eddie. Quando a brasileira pensa que não terá mais surpresas, na volta à cidade é visitada por Lidia...

- O prazer é meu. Preciso falar com você sobre sua responsabilidade para com o seu país.

- Eu tenho?

- Sente-se. Você percebeu que esteve na presença de várias crianças índigo e cristal?

Ah, a nossa boa Lidia! A Lidia que todos conhecem tão bem! Capaz de iniciar uma conversa com uma reprimenda sem a menor hesitação (...) mas não além do limite, a apache sabe até onde deve ir. A carioca sai da conversa com as idéias bem mais claras e organizadas (...) A semana de estadia vai ser mais proveitosa do que os dois imaginavam! Renato conhece o resto da turma dos Rodrigues da cidade, visitando os responsáveis pelo abrasileiramento de muitos hábidos sunshadowers, que lhe inspiram com sua história desde o convite para trabalhar em Michigan, até o dia em qua pediram moratória para continuar na terra e ajudar a bisneta cristal. Ela acompanha a parceira de música e vida dupla, em uma visita ao escritório de Elias (...) O encontram com um rascunho e um pequeno aparato, que parece ser um solenoide de vários estágios, muito longo, com vários estatores e um cilindro de neodímio.

Ele testa uma última vez, o pequeno ímã vai como uma bala para o alvo de massa amortecedora, olha para Phoebe, pensa um pouco...

- Isto seria possível no espaço?

- Será. Com décadas de pesquisas e investimentos pesados, será.

As duas se sentam à mesa e se põe a ouví-lo (...) Embora saibam ambas que a engenharia seria extremamente complexa, o conceito que ele expõe é simples; anéis magnéticos gigantes acelerariam a nave, atraindo e depois repelindo para o próximo anel, até ela atingir a velocidade desejada. A posição de cada estação aceleradora seria corrigida por foguetes de energia atômica ou equivalente. O arranjo permitiria que a nave fosse bem mais leve e barata (...) e os anéis, em órbitas ao redor do sol, seriam aproveitados enquanto durassem, o que uma boa engenharia poderia fazer com que chegasse a milhares de viagens.

Em mensagens cifradas, ainda do escritório, as duas conversam com Richard a respeito, mostrando o modelo que ele fez com sobras de perdas e peças de reposição. O velho Gardner, observa, raciocina e sentencia com “Vamos planejar um lançamento de foguetes com propulsão híbrida, para testar a idéia”. Liga para Nelson e Krumb, vai tratar directo com os donos dos porcos. O mínimo que os colaboradores dentro da NASA dizem é “Vale à pena tentar” (...) Eddie e Renato vêem a lenda se tornar realidade, Patrícia reúne um grupo de sua mais estrita confiança e, como diz Luppy, vai salvar o mundo. Star ouve com atenção, o conceito é tão simples que ela compreende sem maiores explicações, que só são necessárias quando entram nos detalhes de engenharia que permeiam o resultado de um momento de profunda introspecção. A redução de custos operacionais é o fator mais atraente para o governo, por isso planejam um modo de os amigos da CIA visitarem Elias e descobrirem tudo (...) é a única forma segura. Tudo decidido, todos se põe a fazer o que lhes cabe.

&

Na confortável cama de casal do quarto de hóspedes, Eddie aproveita que Renato ainda não dormiu, por estar muito ocupado com a enxurrada de comentários e compartilhamentos nas redes sociais, e planos para a nova vida de rico...

- Fiquei preocupada com a Nancy...

- Por causa das filhas clones mortas?

- Sim, por isso. Ela tenta disfarçar pra não preocupar os outros, mas a aura dela tá carregada de dor e mágoa! Eu falei com a Glee...

- “Glee”? Já estão íntimas assim?

- Ei, me escuta! Falei com ela, parece que a Nancy não quer interferências... Ela acha que precisa suportar tudo sozinha. Só que eu não sou da família! E como sou muito abelhuda, vou fazer algo a respeito. Não me perturbe, meu corpo vai dormir, mas eu não!

Na manhã seguinte ela explica que precisou colocar fios terra astrais no casal, para descarregarem o excesso de frustração e raiva, que foi muito complicado penetrar naquelas carapaças dendurecidas pela perversidade de que foram vítimas ainda jovens demais, mas doravante os dois conseguirão lidar melhor com suas muitas perdas estúpidas.

Trabalho terminado também para Renata, que dá por encerrado o drama de Marina por Enzo. As duas saem para o início do dia com sorrisos de triunfo, Marina sobre si mesma (...) a mulher apaixonada deu lugar à fã ardorosa, o que Victoria sempre foi. Encontra Sanaa puxando Lana, que não larga sua boneca de cara sem forminha. Entram ambas para a alegria da avó estressada, com as boas notícias. Tudo para aliviar a carga que a amiga carrega, especialmente após uma jornada dura salvando o mundo... de si mesmo. Os outros netos e as bisnetas chegam aos poucos, enchendo a casa de alegria e alisando aquele cenho cansado. Eddie e Renato, durante as conversas com Aubrey e Marcel, tomam conhecimento desse peso de responsabilidades (...) Eddie pensa em investigar e recebe uma ligação de Glenda...

- Nem tente. Ela é muito mais poderosa do que você pode imaginar. Se tentar investigar neste plano, ela descobre antes que dê o segundo passo; se tentar nos outros, a avó dela descobre antes que dê o primeiro. Espere para ganhar a confiança dela, o que você fez por tia Nancy e tio Ritchie, já conta a favor.

Regras colocadas de forma clara e inequívoca, ela volta aos planos originais para aproveitar a estadia (...) Voltam ricos para o Rio de Janeiro (...) receberam um know how precioso para a nova fase de sua editora. Decidem manter alguns segredos e demorar algum tempo para se mudarem para uma casa grande com quintal e jardins, que seus cães vão cavar sem piedade. Quanto menos gente souber o que têm agora, melhor.

Marcel trabalha com a Culture Train para traduzir e lançar o quanto antes o primeiro livro da saga, enquanto uma equipe de roteiristas o transpõe para a linguagem de cinema. Claro que algumas expressões e piadas terão que ser adaptadas ou mesmo trocadas por equivalenetes (...) Relatórios regulares são mandados para os mecenas, que comentando com a família, acabam inspirando os outros artistas do clã, como Elizabeth, Prudence, Aisha e Sabaya...

- Nós quatro! Um livro de intervalo a oito mãos, o que me dizem?

Topam. Cada uma vai escrever cinqüenta páginas com seu ponto de vista sobre o que for acertado, depois as quatro se unem, estudam os textos e juntam tudo numa salada só (...) Se algo der errado, Aisha é a espiã de verdade entre elas.

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