domingo, 16 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXVI

    Fofuras e conspirações. A estação 276 mostra as diferenças entre levar à sério e se levar à sério, e suas conseqüências. Embarquem, o trem vai partir.


Ok, sobre o atentado ao show, a coletiva imprevista tem a ajuda por teleconferência da polícia de Duhram. Um detetive explica o que já pode contar e pede desculpas a Sunshadow (...) Agora sobre as demonstrações de aptidão física muito acima do considerado normal para humanos, há coisas que podem ser contadas, há coisas que não podem ser contadas (...) Ok, agora sobre Melinda e Aubrey, elas estão se arrastando com seus barrigões, proibidas por Nancy de pernoitarem em Los Angeles até que os bebês estejam em seus braços e elas recuperadas dos partos. São duas meninas. Vão cuidar delas, ver que picaretas as estão importunando agora e dar eles mesmos os recados devidos. Josephine já está lá, com Nancy, quer conversar com os seis e ter certeza de que estão bem.

Com elas está Patrícia May, que como foi com Patrícia, não é poupada pela mãe da realidade só porque é criança (...) E a doadora involuntária da genética chega, com seus comparsas e a nova formação. Ronald e Rebeca são afagados, enquanto Mandy é acolhida pelos professores do balé, emocionada, com um convite em mãos para o Ballet Canard Noir se apresentar em Paris. Anos de trabalho, de dedicação, de investimentos pesados e disciplina férrea finalmente recompensados. Vai encontrar os pais, na tecelagem, naquela classe discreta fora da qual nem saberia se expressar. Logo a casa do pato preto está em festa. Josephine ajuda, liga e reserva um camarote no teatro (...) a organização do festival alardeia aos quatro ventos que Jose De Lane confirmou presença, e as pessoas passam a agir de modo pouco civilizado para conseguir ingressos, inclusive com táticas de máfia.

Em Sunshadow (...) toda a trupe acompanha Mandy à Maison Petty Green, onde encomendam os figurinos dos bailarinos que representarão o balé. Agora virá a seleção dos enviados. Não será um concurso, mas será uma grande conquista para seu currículo (...) haverá chefes de Estado lá. Patrícia chama Richard, quer a Culture Train encarregada da organização, para que Mandy só precise se ocupar da parte artística...

- Peça a gente nossa que ajude, até para evitar ações de invejosos e ataques de idiotas.

- Bem lembrado, vou providenciar agora mesmo. Que hotel você prefere? Talvez uma mansão nos arredores de Paris, ou... Que tal aproveitar a estadia para vídeos promocionais do balé e algumas peças publicitárias? Me lembrei agora de várias.

- Uma delas para um filme – complementa Arthur. Selecione os bailarinos, vamos providenciar agora os trabalhos.

A fidalga arregala os olhos vendo o planejamento (...) inclusive com a decisão de Josephine de se hospedar na mesma mansão. Tudo acertado, Richard e Arthur se põe a caminho, e no caminho havia uma menininha curiosa, perguntando “O que é tudo isso que vocês estão fazendo? Eu também quero fazer” (...) Quando lhe dizem que seu pai trabalha o dia todo, então ela quer mesmo fazer. Josephine olha para a afilhada, olha para Nancy, que confirma o que ela está pensando...

- Eu sei o que vocês duas estão pensando e não estou gostando... Não é possível que essa menina tenha puxado tudo a mim! Você não pode ser tão parecida comigo, não é bom...

- Mas eu quero, eu gosto de você.

Pronto, o início de depressão se transforma no mais gritante e inequívoco momento de ternura. Nancy e Richard não se furtam de algumas lembranças da infância, quando Patrícia fazia praticamente o mesmo que a pequenina faz hoje, exercendo seu carisma com altas doses impunes de fofura explícita. Agora ninguém mais se lembra do atentado (...) a levará mais vezes consigo, para que aprenda desde cedo a se defender.

Mas a imprensa insiste em esmiuçar o atentado. Tobby chama seus comparsas de imprensa e planeja uma matéria séria a respeito, para tirar foco e patrocinadores dos abutres. O último atentado será o pontapé para falarem dos riscos a que pessoas famosas se expõe, por não se intimidarem com a criminalização informal da opinião, que tomou o mundo. Julia começa a selecionar material de seu acervo, enquanto o assunto principal da matéria retoma a parte chata do trabalho (...) O Brasil está incluído nessa chatice, enquanto dele voam Fabrícia e seus pequenos, para continuarem com o tratamento (...) Enquanto o 777 cruza a linha do Equador, Daniel autoriza oficialmente o uso da rede municipal de transmissão e recarga por indução. Toda a frota municipal já conta com espiras sob os assoalhos. Mais uma polêmica lucrativa para a imprensa (...) Eles não sabem e seu público não se importa como aquilo funciona, só querem causar espanto e medo, para conseguirem patrocínio.

&

Sakura leva um maestro japonês para conhecer o estúdio da Dead Train (...) Assim que entram, ela sentencia “É o tio Enzo” pelo que ouve...

- Ele toca violino?

- Sim, muito bem, mas não é o que ele está tocando.

- Ah, claro, é um sintetizador. Deve ser dos melhores, demorei a perceber a diferença.

- Também não... Ah, a entrada está liberada. Vamos, entre...

E o que ele vê é a confirmação do título midiático: Enzo Crepaldi, o grande mago da guitarra, com sua leal Stratocaster, usando de técnica refinada, extrai um som de violino metálico por suas habilidosas mãos (...) Ele executa trechos de obras clássicas mais populares e faz alguns improvisos, abusando de sua capacidade de distorcer as notas e inspirar a nova formação. Ao fim, a ovação esperada, e os cumprimentos exagerados do japonês (...) está muito interessado na técnica que Enzo utilizou. A técnica, sem problemas, mas a prática faz as mãos do cantor se posicionarem assim que ele intenciona um acorde (...) ele sequer precisaria ver o que está fazendo. O maestro sofre tentando imitar.

É convidado à reunião de fim de tarde da banda. Naburo pensa em um modo delicado de abordar o assunto do último atentado (...) Fala discretamente a Sakura, em japonês, se esquecendo de que os outros também estão compreendendo, até se ver cercado por eles. Apesar da cobertura muito restrita da imprensa ocidental, Sakura é um ídolo inconteste em todo o oriente (...) Não é novidade por lá, suas boas relações com a música clássica, mas para os paparazzi (...) a companhia daquele homem é uma novidade interessante para seu público. E lá vai Mikomi, suspirar por mais paciência, enquanto tem a suspeita tarefa de falar sobre a filha em uma matéria (...) Matthew empresta sua cara de pau e seu sarcasmo ácido, cutucando indirectamente os colegas da parte mais rasa do jornalismo.

Vai aos sites na mesma hora (...) incluive com reproduções de publicações orientais a respeito da cantora. O prestigiado maestro Kenzo Naburo é oficialmente apresentado ao ocidente (...) É levado para conhecer as ruas e o trecho de estrada com alimentação por indução (...) Quando põe os pés para fora, descobre que ficou repentinamente famoso na América...

- Senhor Naburo, uma declaração!

- O senhor é amigo da Sakura?

- O senhor fala inglês?

- Veio conhecer a orquestra da cidade?

- Desculpe, acho que mamãe já o apresentou à imprensa, e esses fominhas querem qualquer bobagem que valha algo aos patrocinadores.

- Ah, claro, a famosa senhora Mikomi Spring! Poderemos conversar, se nos acompanharem pela cidade subterrânea e pelas ruas de recarga contínua.

Meu Deus, ele fala inglês! E fala bem! Isso não pode ficar impune, é imediatamente informado aos sites da imprensa rasa! Os bocós demoram a se dar conta de que Naburo é famoso e requisitado no mundo da música clássica (...) descende de uma longa linhagem de maestros, que tem doutorado em instrumentos tradicionais japoneses, enfim, começam a se achar mais bobos do que de hábito.

O maestro fica muito impressionado. O aproveitamento de espaço, tão caro para seu arquipélago, é elevado a outro nível em uma cidade de um país gigantesco, com espaço horizontal sobrando. Experimenta um mini carro em estilo anos 1940 sem fonte própria de energia, feito para turistas (...) sob o registro sistemático dos paparazzi, com Henry no meio para garantir alguma profundidade à cobertura. Naburo afirma que com um fornecimento confiável de energia, aquilo seria uma solução sólida e perene para todas as metrópoles do mundo. Quando o maestro pergunta de quem foi a brilhante idéia e quem financiou aquela estrutura maravilhosa, todos apontam (...) para Patrícia.

Sandra e Giovanni pedem licença, está quase na hora de pegarem Fabrícia e os meninos no aeroporto. Elias e Enya já estão lá (...) Os três são percebidos antes de aparecerem, pela tagarelice dos meninos. Aparecem e os dois já querem correr para os padrinhos. Ana Clara e Elisa terminam de preparar as suítes e os acepipes (...) Sandra dá o sinal e os outros voltam à Máquina de Costura, enquanto Sakura leva seu hóspede para casa. Com o mundo desabando lá fora, Fabrícia, Raimundo e Francisco são recebidos ruidosamente (...) os dois têm dificuldade em falar um idioma só, estão crescendo em um ambiente poliglota.

Têm alguns dias de tranqüilidade na sacra dureza cotidiana, Patrícia com mais duas crianças para animar a casa, enquanto gerencia o salvamento do mundo e os negócios da corporação, às vezes unindo ambos. Quem diria que aquela mulher encantadora e cheia de vida tem quase setenta anos? E quem diria que a amiga escultural e repleta de viço já tem setenta anos? Renata traz novidades de Naomi...

- Hein???

- A deixei na escola e ele me pediu permissão para fazer parte da organização, quando tiver idade. Já escolheu até o codinome: Astral.

- Sim, mas como ela soube que somos a Organização e que temos codinomes, é que constitui o problema. Se os guias de vocês contaram isso a ela, então não se duvide que estão contando a mais gente, que provavelmente nós não conhecemos!

- Ai... Vamos à casa religiosa?

Vão. Lá a médium só ouve “Está tudo indo bem. Tudo está andando como deve, em breve vocês vão colher os doces frutos de seu plantio” e a comunicação cessa...

- Eles querem dizer que é pra gente esperar sentadas, é isso?

- É. Basicamente é isso. A gente tem que esperar pra ver o resultado. Vamos falar da adesão da Naomi?

O que mais? (...) A menina está agora com Fabrícia e os garotos na BYOP, em um trabalho extra classe, falando de coisas que sabe e pode contar sobre os destinos do Brasil (...) Fim do prazo, todos recolham seus dispositivos e voltem à fundação, para trabalharem o que conseguiram. Passam por Patrícia e Renata pelo caminho. A menina olha para a mãe, que acena com um joinha, e seu sorriso brilha mais forte.

As duas vão falar com Josephine. Ela está com Luis, conferindo as medidas para as roupas novas para o evento em Paris. A diva ouve atenta, suspira e se conforma; não adianta ir atrás dos conspiradores. Pede que Chocolate comece a orientar a menina até ela ter idade para integrar a guarda imperial. Julia é avisada, durante as edições para o próximo programa. Avisam Ursula também (...) manda Barbara ir conversar com ela. Enquanto isso, um colaborador universitário descobre quem é o mentor do atentado ao show em Durham. É gente nova no mundo das conspirações, ele acredita que está predestinado a ser o imperador das Américas e unificar o mundo sob seu cetro. Queria aproveitar a onda de terrorismos para tentar desestabilizar o sistema e se promover (...) ele tem assessoria quase eclesiástica de um professor aposentado, simpatizante de regimes totalitários (...) tem adeptos em vinte países pelo mundo, inclusive...

- Só estamos avisando, Vladmir, porque não queremos outro Rasputin na Rússia. Não faça nada contra eles agora, eles se consideram heróis e serão tratados como mártires, se forem pegos agora.

- Como o daesh?

- Um pouco piorado. Se consideram a única alternativa à barbarização do planeta, ainda que precisem usar meios bárbaros para tanto.

- Quem está avisando o presidente Trump? Você não vai querer se revelar.

- Amigos da CIA...

A conversa é rápida (...) Mal Patrícia desliga e um ícone pisca na borda superior direita da tela, é Rebeca, por rede social, mandando um link do tweeter; o presidente cogita convidar a banda para um jantar.

0 comentários: