sexta-feira, 14 de junho de 2019

Dead Train in the rain CCLXXIV

    Enfim o bálsamo. A estação 274 faz justiça ao bravo e ferido povo polonês. Todos à bordo, o trem vai partir.


Hora de ver a arena e dar uma palestra. Estão todos lá, alguns se controlando para não pularem nos pescoços uns dos outros. Não estão em trajes militares, mas os grupos estão bem distintos pelas roupas, quase uniformizados. Patrícia olha para Renata e Naomi, elas já estão a observar aquele sujeitos e anotando o que percebem. Vão o Capitão Gardner para sua palestra e os músicos para a checagem. Ele (...) enfatizando o improviso para suprir a ausência de recursos. Phoebe fica encarregada de ouvir e alertar a qualquer ocorrência (...) Lá fora eles acompanham o que acontece no ambiente, enquanto vistoriam e discutem sobre as instalações bem acabadas. Vez ou outra ele eleva o tom, chamando a atenção dos músicos, mas só está sendo didático, falando a linguagem que aqueles militares compreendem, e passando as mensagens cifradas em comentários que variam de espirituosos a sarcásticos.

A primeira pausa coincide com o primeiro teste acústico, e ele libera todo mundo para ouvir da plateia. Fim de folga, voltam todos para a segunda parte da palestra, em que ele usará o trabalho da banda como exemplo de como eles devem se comportar em situações de extremo risco, bem como a coleta de informações relevantes para seus comandos (...) Voltam para o hotel assim que cada um recebe uma cópia das gravações, então Richard volta a manter a discrição que seu porte permite. Seu próximo encontro será com seis daqueles soldados (...) mas isso será à noite, depois da coletiva. Por agora, Renata e Naomi informam o que perceberam em vários alunos, o medo de falhar e receber uma punição era comum.

A coletiva é quase uma apresentação, com maioria absoluta de croatas entre os credenciados. Embora não tenham feio passeios a pé, eles sabem que viram e querem suas impressões da cidade (...) Voltam para a privacidade do hotel, pensar em qualquer coisa que não seja trabalho, até os soldados escolhidos chegarem para receberem as instruções. Quando chegam, os cinco os recebem, é uma operação de suma importância e Princess quer estar presente. Eles recebem não só as instruções, como a localização de vários paióis nucleares (...) esperam que seja o suficiente. Gostariam de ter mais pessoas naquele grupo, mas a confiabilidade é mais importante do que a habilidade; habilidade se adiquire. Agora sim, poderão voltar aos outros e relaxar.

Agora o ensaio é sério. Richard fica em frente ao palco, acompanhando aquela seqüência metódica de procedimentos (...) até a hora do almoço, com as principais canções do show já definidas. Voltam para o hotel, onde terão uma refeição balanceada, um descanso e a sesta. Já aqueles chocolates todos vão todos para o compartimento de carga do Airtrain (...) Apreciar as photos tiradas nos trajetos, faz parte do descanso, por agora é o que podem ter de Kiev. Publicam algumas em suas páginas, links em seus perfis e vão à sesta, porque os ucranianos querem ter aquela sensação que os russos levaram dos shows em Moscou e São Petersburgo (...) Assim que Rita os anuncia, a cidade estremece com fãs de todas as partes do país fazendo valer a fama da Ucrânia; eles saem da arena não só com a satisfação de terem conhecido seus ídolos, mas também com a sensação de dever cumprido.

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Avistam o rio Vístula e já sabem, mas o piloto comunica assim mesmo os procedimentos para a “varsovissagem”. Patrícia assegurou que desta vez terão um encontro com o Andrzej Duda e Mateusz Moraviecki, e absolutamente nada mais. O Airtrain aterrissa e os poloneses mostram por que sobreviveram a dois jugos cruéis e prolongados consecutivos, os cismógrafos ficam loucos. Assim que a porta se abre e Klauss faz sua tradicional corrida ao pé da escada, memórias da segunda guerra vêm à tona. Richard entope a entrada do 747 e é como se os americanos tivessem chegado em tempo hábil (...) Patrícia aparece glamourosa em seu vestido rosa claro rodado com gola canoa e mangas médias levemente bufantes; o ruído da gritaria é ensurdecedor.

A maior e mais importante banda da história desce e com ela as lágrimas copiosas dos poloneses que sentem uma desforra que estava faltando (...) Sites especializados e as páginas da Dead Train transmitem ao vivo, a Culture Train publica textos irreverentes felicitando os fãs pela primeira de uma série de apresentações.

O êxtase vem com a farta distribuição de carinho a que eles têm direito, e a promessa de Ronald de que “Agora vocês fazem parte do nosso roteiro permanente” (...) Pelo caminho eles acenam e atiçam a população como se ainda estivessem em 1962, até chegarem ao hotel diante do qual atravessam um mar revolto de populares, jornalistas, paparazzi, youtubers e algumas coisas ambulantes que se atreveram a usar sessenta e quatro cromossomos; todos ficam felizes.

Patricia reconhece de imediato um grupo, hoje de colaboradores, que foi fuzilado e começou vida nova (...) o dono do hotel e seus fieis ajudantes. Claro que há abraços, eles ainda não se esquecem de que estão vivos graças à intervenção enérgica de Princess. Claro que há surpresas, mas elas voam para Sunshadow agora mesmo, sem apelação, todas as trinta toneladas de chocolate (...) Enfim, o hotel é inteiro só da banda.

Sobem às suítes e vão aos balcões, de onde saúdam o público e causam mais histeria. Depois ao auditório e as recomendações de sempre, incluindo desta vez pontos ainda sensíveis e traumáticos (...) Phoebe recebe a autoridade de sempre e todos são liberados para o reconhecimento do território. À noite há o encontro com presidente, primeiro ministro e suas famílias (...) o presidente Duda se lembra e entrega um envelope que o filho de um amigo mandou, no bilhete Patrícia lê “Por que vocês não vieram?”. Ela compreende, sabe do que se trata e escreve “Se um só soldado americano tivesse posto os pés na Polônia, naquela época, uma chuva de bombas nucleares devastaria tudo. Não era o que queríamos fazer, era o que precisávamos fazer para que seus avós sobrevivessem e construíssem a Polônia de hoje, mas agora que entramos, nunca mais vamos deixar vocês”. O adolescente chora aliviado quando recebe a resposta.

Patricia vai sóbria para a cama. Renata e Rebeca percebem. Toda a vida dupla da líder e amiga passa diante de seus olhos verdes. Foi a primeira vez que um jovem em sua efervescência juvenil lhe questionou sobre isso (...) Eles quase nunca fazem o que querem, gostariam de dar doces para todos o tempo todo, mas só o que têm na maioria das vezes é remédio amargo. O sono vem lenta e inclemente (...) Mas ela acorda bem, para começar o dia da forma tradicional com seus comparsas de artes marciais.

A banda vai festiva para a vistoria e ensaio. A arena montada tem o estilo da cidade velha. Fazem testes acústicos, plantas ornamentais são colocadas em pontos cacofônicos, os food trucks são reposicionados e então sim, começam a ensaiar a sério com “Forgotten”. Voltam ao hotel para a refeição e a cesta, porque à noite Madeleine inicia uma hecatombe...

- Senhoras e senhores, preparem seus grito de vitória, porque vai começar mais um épico do DEAT TRAIN!!!!

E o tempo deixa de existir por uma noite. Pelo menos por agora, por esta gloriosa noite, as cicatrizes da Polônia não doem.

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