Enfim o bálsamo. A estação 274 faz justiça ao bravo e ferido povo polonês. Todos à bordo, o trem vai partir.
Hora de ver a arena e dar uma palestra. Estão
todos lá, alguns se controlando para não pularem nos pescoços uns dos outros.
Não estão em trajes militares, mas os grupos estão bem distintos pelas roupas,
quase uniformizados. Patrícia olha para Renata e Naomi, elas já estão a
observar aquele sujeitos e anotando o que percebem. Vão o Capitão Gardner para
sua palestra e os músicos para a checagem. Ele (...) enfatizando o improviso para suprir a ausência de recursos. Phoebe
fica encarregada de ouvir e alertar a qualquer ocorrência (...) Lá fora eles acompanham o que acontece no ambiente, enquanto
vistoriam e discutem sobre as instalações bem acabadas. Vez ou outra ele eleva
o tom, chamando a atenção dos músicos, mas só está sendo didático, falando a
linguagem que aqueles militares compreendem, e passando as mensagens cifradas
em comentários que variam de espirituosos a sarcásticos.
A primeira pausa coincide com o primeiro
teste acústico, e ele libera todo mundo para ouvir da plateia. Fim de folga,
voltam todos para a segunda parte da palestra, em que ele usará o trabalho da
banda como exemplo de como eles devem se comportar em situações de extremo
risco, bem como a coleta de informações relevantes para seus comandos (...) Voltam para o hotel assim que cada
um recebe uma cópia das gravações, então Richard volta a manter a discrição que
seu porte permite. Seu próximo encontro será com seis daqueles soldados (...) mas isso será à noite, depois da
coletiva. Por agora, Renata e Naomi informam o que perceberam em vários alunos,
o medo de falhar e receber uma punição era comum.
A coletiva é quase uma apresentação, com
maioria absoluta de croatas entre os credenciados. Embora não tenham feio
passeios a pé, eles sabem que viram e querem suas impressões da cidade (...) Voltam para a
privacidade do hotel, pensar em qualquer coisa que não seja trabalho, até os
soldados escolhidos chegarem para receberem as instruções. Quando chegam, os
cinco os recebem, é uma operação de suma importância e Princess quer estar
presente. Eles recebem não só as instruções, como a localização de vários
paióis nucleares (...) esperam que seja o suficiente. Gostariam de ter mais
pessoas naquele grupo, mas a confiabilidade é mais importante do que a
habilidade; habilidade se adiquire. Agora sim, poderão voltar aos outros e
relaxar.
Agora o ensaio é sério. Richard fica em
frente ao palco, acompanhando aquela seqüência metódica de procedimentos (...) até a hora
do almoço, com as principais canções do show já definidas. Voltam para o hotel,
onde terão uma refeição balanceada, um descanso e a sesta. Já aqueles
chocolates todos vão todos para o compartimento de carga do Airtrain (...) Apreciar as
photos tiradas nos trajetos, faz parte do descanso, por agora é o que podem ter
de Kiev. Publicam algumas em suas páginas, links em seus perfis e vão à sesta,
porque os ucranianos querem ter aquela sensação que os russos levaram dos shows
em Moscou e São Petersburgo (...) Assim que Rita os anuncia, a cidade estremece com fãs
de todas as partes do país fazendo valer a fama da Ucrânia; eles saem da arena
não só com a satisfação de terem conhecido seus ídolos, mas também com a
sensação de dever cumprido.
&
Avistam o rio Vístula e já sabem, mas o
piloto comunica assim mesmo os procedimentos para a “varsovissagem”. Patrícia
assegurou que desta vez terão um encontro com o Andrzej Duda e Mateusz
Moraviecki, e absolutamente nada mais. O Airtrain aterrissa e os poloneses
mostram por que sobreviveram a dois jugos cruéis e prolongados consecutivos, os
cismógrafos ficam loucos. Assim que a porta se abre e Klauss faz sua
tradicional corrida ao pé da escada, memórias da segunda guerra vêm à tona.
Richard entope a entrada do 747 e é como se os americanos tivessem chegado em
tempo hábil (...) Patrícia aparece glamourosa em seu vestido
rosa claro rodado com gola canoa e mangas médias levemente bufantes; o ruído da
gritaria é ensurdecedor.
A maior e mais importante banda da história
desce e com ela as lágrimas copiosas dos poloneses que sentem uma desforra que
estava faltando (...) Sites
especializados e as páginas da Dead Train transmitem ao vivo, a Culture Train
publica textos irreverentes felicitando os fãs pela primeira de uma série de
apresentações.
O êxtase vem com a farta distribuição de
carinho a que eles têm direito, e a promessa de Ronald de que “Agora vocês
fazem parte do nosso roteiro permanente” (...) Pelo caminho eles acenam e atiçam a população
como se ainda estivessem em 1962, até chegarem ao hotel diante do qual
atravessam um mar revolto de populares, jornalistas, paparazzi, youtubers e
algumas coisas ambulantes que se atreveram a usar sessenta e quatro
cromossomos; todos ficam felizes.
Patricia reconhece de imediato um grupo, hoje
de colaboradores, que foi fuzilado e começou vida nova (...) o dono do hotel e seus
fieis ajudantes. Claro que há abraços, eles ainda não se esquecem de que estão
vivos graças à intervenção enérgica de Princess. Claro que há surpresas, mas
elas voam para Sunshadow agora mesmo, sem apelação, todas as trinta toneladas
de chocolate (...) Enfim, o
hotel é inteiro só da banda.
Sobem às suítes e vão aos balcões, de onde
saúdam o público e causam mais histeria. Depois ao auditório e as recomendações
de sempre, incluindo desta vez pontos ainda sensíveis e traumáticos (...) Phoebe recebe a autoridade de sempre e todos são liberados para o
reconhecimento do território. À noite há o encontro com presidente, primeiro
ministro e suas famílias (...) o
presidente Duda se lembra e entrega um envelope que o filho de um amigo mandou,
no bilhete Patrícia lê “Por que vocês não vieram?”. Ela compreende, sabe do que
se trata e escreve “Se um só soldado americano tivesse posto os pés na Polônia,
naquela época, uma chuva de bombas nucleares devastaria tudo. Não era o que
queríamos fazer, era o que precisávamos fazer para que seus avós sobrevivessem
e construíssem a Polônia de hoje, mas agora que entramos, nunca mais vamos
deixar vocês”. O adolescente chora aliviado quando recebe a resposta.
Patricia vai sóbria para a cama. Renata e
Rebeca percebem. Toda a vida dupla da líder e amiga passa diante de seus olhos
verdes. Foi a primeira vez que um jovem em sua efervescência juvenil lhe
questionou sobre isso (...) Eles quase nunca fazem o que querem, gostariam de dar doces
para todos o tempo todo, mas só o que têm na maioria das vezes é remédio
amargo. O sono vem lenta e inclemente (...) Mas ela acorda bem, para começar o dia da forma tradicional com seus comparsas
de artes marciais.
A banda vai festiva para a vistoria e ensaio.
A arena montada tem o estilo da cidade velha. Fazem testes acústicos, plantas
ornamentais são colocadas em pontos cacofônicos, os food trucks são
reposicionados e então sim, começam a ensaiar a sério com “Forgotten”. Voltam
ao hotel para a refeição e a cesta, porque à noite Madeleine inicia uma
hecatombe...
- Senhoras e senhores, preparem seus grito de
vitória, porque vai começar mais um épico do DEAT TRAIN!!!!
E o tempo deixa de existir por uma noite.
Pelo menos por agora, por esta gloriosa noite, as cicatrizes da Polônia não
doem.
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